Peter,
Isso só pode ser uma mentira dela, meu pai jamais faria eu assinar uma merda dessa. Vou à procura dele, entrando no elevador e descendo até o RH. Assim que as portas se abrem, ele está bem na porta. – Por que falou que o RH estava me chamando? – Porque estavam. Pai, assinei algum documento que tenho que pagar indenização para a Viviane? Ele olha para trás e manda eu entrar no elevador, pois aqui tem muitas pessoas e ninguém sabe desse acordo. Assim que as portas se fecham, ele aperta o botão do térreo, e eu refaço a pergunta para ele. E sua resposta me faz até suar frio. – Sinto muito, Peter, isso foi uma exigência do Júlio, levando em conta o que você é, a quantia até que não está alta. Pelo menos, mesmo que tiver alguma traição da sua parte, ambos permaneceram casados, e ela vai dar um jeito de resolver se caso houver fofocas. – Pai, está me mandando para um casamento ou para um internato com castidade? – Ele fica sem entender, e eu penso se devo contar para ele tudo que está acontecendo. Mas para isso, teria que falar o que eu fiz lá no passado com ela, e o que a levou a fazer tudo isso que ela está fazendo agora. – Filho, esse casamento vai ser bom para os dois. Você precisa de responsabilidades, e Vivi precisa se livrar da depressão que ela está enfrentando. Suas palavras me fazem pensar, eu pensei que ela já teve e não que ainda está tendo. Preciso conversar com os pais dela sobre isso, ela não vai me contar, mas tenho certeza que eles vão. Só preciso mostrar que sou um noivo preocupado com a minha noiva, que eles vão abrir o bico. Assim que as portas se abrem, ele sai indo para fora da empresa, já eu volto para o andar da minha sala. Mas assim que as portas se abrem, dou de cara com ela com os olhos vermelhos de tanto chorar. Preocupado, eu resolvo perguntar: – Por que você está chorando, Viviane? – Antes da sua resposta verbal, ela me dá um tapa na cara tão estralado, que posso apostar que o prédio todo ouviu. – Você é o ser mais desprezível que eu já tive o desprazer de conhecer. Eu te odeio tanto, Peter, mas tanto que meu peito até dói. – O que foi que eu fiz dessa vez? – Ela pega no meu braço me tirando da sua frente e entra no elevador. – Vou apanhar e não vou saber nem o porquê? – A resposta está na sua sala. – Ela me olha por baixo com a respiração ofegante. E ela mantém seu olhar demoníaco até as portas se fecharem. Olho para trás e vejo que a minha secretária não está em sua mesa, o que é bom, pelo menos ela não viu a Viviane me batendo. Olho para a porta da minha sala, e as palavras dela se repetem na minha mente, e assim que eu abro a porta, vejo o Ewerton sentado na cadeira, e passo a mão no rosto. Ele se vira e se levanta vindo até a mim com uma expressão bem assustada. – Eu não sabia que ela estava aqui, eu só vim na sua sala trazer esses documentos. Com a mão ainda no rosto vou até a minha cadeira e me sento. O Ewerton foi essencial na época que eu precisei para conquistar a Vivi. Fiz ele fingir que estava atacando ela para ser o seu salvador. Nunca pensei que ela o reconheceria assim, muito menos que o veria aqui na empresa. Agora sim estou completamente ferrado, principalmente se ela for falar para o meu pai. O bom que não terá mais casamento, o ruim, que serei deserdado. – Patrão, me perdoa, eu tentei não falar nada, mas ela começou a falar um monte, me xingar de tudo que é nome, e por último, me ameaçou que ia me denunciar para o seu pai e para a polícia, eu não tive escolhas. – Está tudo bem, eu te botei nessa fria. Fica em paz, meu pai não vai saber de nada, mas se ela contar, assumo toda a bronca. Ele sai da minha sala e eu fico rodando a minha cadeira de um lado para o outro pensando em todas as besteiras que eu já fiz até hoje para conquistar uma mulher só para levar para cama. Mas a pior foi essa. Mas a culpa foi toda dela, ficou se fazendo de difícil para mim, se tivesse se entregado logo, nada disso teria acontecido. As horas se passam, e o fim do expediente acaba. Saio da minha sala piscando para a minha secretária, dando-lhe boa noite. Entro no elevador, e meu celular começa a tocar. – Peter, você está com a Vivi? – meu pai pergunta e eu digo que não, que ela saiu mais cedo. – Os pais dela não estão conseguindo falar com ela. Vê se você consegue encontrá-la. Onde vou encontrar essa mulher às 18:00? Finalizo a ligação com o meu pai e começo a ligar para ela. Ela não me atende, chama até a caixa postal. As portas se abrem e vou seguindo em direção ao meu carro, e assim que entro, mando uma mensagem para ela. “Seus pais estão preocupados com você, onde se enfiou” – Envio, mas não obtenho resposta. Pensei que ela viria com as patadas de sempre, mas ela nem sequer visualiza. Ligo para o meu pai e pergunto se ela já voltou para casa dela, e ele diz que ainda não, que estão todos preocupados com sem ter nenhuma notícia. “Gosto de vir aqui quando estou triste, nunca trouxe ninguém, só você, Peter”. As palavras dela ecoam na minha cabeça. É uma casinha pequena, que fica a duas ruas da casa dela. É estilo uma casa de boneca, mas feita de madeira caindo aos pedaços. Por parecer uma casa mal-assombrada, ninguém vai lá. Dirijo até o endereço e, assim que paro o carro, já ouço o barulho do balanço que range pelo atrito. Desço do carro e entro pelo portão. Lá está ela se balançando, olhando para o chão com um olhar perdido. Vivi? – me aproximo devagar, mas ela não me olha, permanece seus olhos fixos no chão. Viviane. – Lentamente seus olhos sobem pelo meu corpo e param nos meus olhos. – Você está bem? – Por que você fez aquilo comigo, Peter? Que mal eu fiz a você, para ter me tratado daquele jeito? — O que foi que eu fiz para você?Peter,Ela se levanta do balanço irritada, o que me faz até dar um passo para trás.— O que você me fez? Quer que eu faça uma lista para você? Mentiu seu nome, falou que se chamava Peter Carte, e não Mourrett. Colocou um cara para tentar me estuprar, só para ser o meu herói. Tudo em torno de você é uma mentira. — Ela fala batendo de mão aberta no meu peito, me empurrando para trás.— Eu queria te conhecer melhor, e você só se fazia de difícil. Eu não tive outra alternativa. — E lá vem mais um tapa na minha cara. Pelo jeito vou virar saco de pancada dela. — Vamos parar de me bater? Você pode cancelar o casamento, já que eu fui tão mal assim com você. Por que insiste nisso?— Porque o seu pai está obcecado em te ver casado, e eu não vou permitir que você encontre uma boa mulher, que te faça feliz pelo resto da sua vida. Você me tirou tudo que eu tinha, me roubou a coisa que eu mais preservava. E com tudo que eu passei, acabei perdendo... — Ela para de falar do nada, o que me deixa curio
Viviane,O grande dia chegou, o dia em que finalmente começaria a fazer Peter pagar por tudo que me fez. Nossa casa é linda, parecendo uma casinha de boneca. Achei bom, sozinha com ele eu não vou precisar fingir nada, apenas ser eu mesma, e botar todo meu plano em ação . Após a equipe de maquiagem e o vestido colocado, meu pai chegou para irmos à igreja.— Você está linda, minha filha, mas não parece contente, está realmente feliz?— Estou sim, pai, só não consigo acreditar que estou me casando com ele. Parece um sonho. Um sonho que nunca pensei que se tornaria realidade. — Quem diria que o pai dele o obrigaria a se casar comigo e ainda aceitaria todas as minhas exigências.O carro parou e meu pai segurou minha mão. Vesti a máscara da mulher mais feliz do mundo, por estar casando com o canalha da Itália. Paramos em frente à porta da igreja e, após alguns minutos, ela se abriu, revelando ele lá no altar ao lado de seu pai e o homem que ele pagou para me abusar.Com certeza o trouxe par
Peter,— Vim dar os parabéns aos noivos. — Meu pai dá um abraço primeiro nela e depois em mim. — Espero que sejam muito felizes.— Senhor Mourrett, sobre o contrato que o Peter tem que me... — Coloco a minha mão em sua boca. Ela nem é louca de falar nada.— Deixa assim mesmo, querida, não vamos refazer nada não. — Meu pai olha para nós dois sem entender nada. Olho para ela dando um sorriso nervoso, e ela pisca para mim.Tiro a minha mão da sua boca, mas fico atento, caso ela tente falar novamente. Meu pai diz que é hora da dança dos noivos, pego na mão da Viviane e a conduzo até a pista de dança. Uma música clássica começa a tocar, e eu seguro em sua cintura, enquanto ela segura em meu ombro.Traçamos as mãos e começamos a mover nosso corpo de um lado para o outro, como se fôssemos um casal de verdade. Mas os seus olhos me mostram que isso está longe de acontecer.— O que te levou à depressão, Viviane?— Já te respondi isso. — Ela fala virando o rosto para o lado.— Qual é, vamos fica
Peter,Ele balança a cabeça concordando, mas sai dali apontando o dedo, como se fosse para eu ficar esperto. Assim que ele sai, a Viviane se aproxima de mim e fica do meu lado.— Bela mentira, conseguiu enganar teu pai, mas a mim, você não engana. Estava conversando com ela, e ela me falou que você a puxou para dentro do banheiro, mas ouvi o que você falou para o seu pai.— Ah, é claro que ela ia tirar o dela da reta. Acha mesmo que eu ia dar em cima daquela mulher?— Não acho não. Eu tenho certeza. — Olho para ela de cara fechada, e ela continua. — Se eu não te conhecesse, acreditaria 100% em você, mas eu te conheço bem e sei que ela não está mentindo.Imito ela falando sem emitir som, fazendo caretas. Ela é muito esperta, tenho que tomar cuidado com o que faço ou vou ir à falência.— Dessa vez passa, porque não conseguiu se divertir. Deveria ter deixado mais tempo para depois chamar seu pai até o banheiro. Mas não se preocupe, serei paciente na próxima.Pego na mão dela e a levo até
Peter,Quando a porta do banheiro se abre e revela o que ela levou consigo para lá, meu queixo cai no chão. Eu já tinha me esquecido o quanto ela é gostosa embaixo de tantas roupas. Ela passa por mim indo até a mala, mexe e encontra seu perfume, e o passa.Como se estivesse sob o efeito de uma hipnose, me levanto indo em direção a ela. Assim que fico em suas costas, posso sentir o seu aroma. Agora sim, ela está com o mesmo cheiro de quando nos conhecemos.Ela se vira para mim, olhando nos meus olhos, e eu a miro, de cima para baixo e de baixo para cima, pairando em seus olhos.— Você está... Uau. — Não consigo nem falar, pois ela está perfeita. — Isso tudo é só para mim?— Claro... — Ela coloca uma mão em meu peito e me empurra até a cama, onde caio sentado. Do jeito que ela está, se ela quiser me usar, eu não vou negar. — Isso aqui é tudo para você. Para você olhar, porque não vai tocar em nada. — Ahhh desalmada.Puxo a mão dela com força, fazendo-a deitar na cama. Me deito em cima d
Peter,Me troco e vou atrás dela, pergunto na recepção do resort se alguém a viu, e a atendente me fala que ela foi em direção à praia. Saio praticamente correndo, até que avisto de longe uma roda de pessoas em volta de uma fogueira.Conheço ela de longe, mesmo que esteja de noite. Seu cabelo grande se destaca entre as mulheres de cabelos curtos. Um homem está tocando violão, enquanto todos cantam junto com ele.Viviane canta e toca violão, ela fazia isso para mim, mas aqui, ela só está ouvindo, sem cantar nada. Me sento ao seu lado, na única brecha que tem, e as pessoas se afastam para que eu caiba ao lado da minha esposa. Ela me olha surpresa por ter encontrado ela. Claro que não digo que perguntei a ninguém, apenas sorrio para ela, dando o meu melhor sorriso.— Vai tocar e cantar? — Pergunto baixinho no seu ouvido, e ela balança a cabeça negando. — Por que não? Lembro que você canta muito bem.— Engraçado, você se lembra de tudo, né?— Não tem como esquecer. — Falo sorrindo, e ela
Peter,Refaço a pergunta para ela, a segurando pelos braços. Ela não para de chorar, nem mesmo para me responder. Ela se apoia em meu braço quando ia caindo e balança a cabeça negando.— Não, você não merece saber. Eu não te devo nada, nem satisfação. — Ela fala apontando o dedo na minha cara, quase furando os meus olhos.— Se tivemos um filho, eu não mereço saber? — Ela balança a cabeça negando e quase cai de novo, mas eu a amparo, segurando em sua cintura fina.Passo a mão em seu rosto, contemplando a sua beleza delicada. Meu coração se quebra vendo ela assim, e olha que eu nunca me importei com ninguém, mas vendo ela nesse estado e sabendo que fui o culpado de toda sua dor, começo a me sentir um verdadeiro monstro.Mas preciso que ela me diga sobre esse filho. Será que ela engravidou e perdeu ou abortou? Muitas perguntas pairam sobre a minha cabeça, me deixando cada vez mais confuso.Pego ela no colo, vendo que ela não está conseguindo nem andar. Assim que a pego, ela entrelaça seu
Peter,— Você acha mesmo que eu iria dar uma chance a você? Eu te odeio, Peter, não tem amor nenhum dentro de mim. Eu não amo nem a mim mesmo, quem dirá você. — Ela fala me empurrando com as mãos, e eu a seguro, puxando ela para colar seu corpo ao meu. — Me solta...Aperto cada vez mais, e ela começa a se debater, abraço ela no meu corpo, e ela tenta escapar de todo jeito. Mas como não consegue, começa a se acalmar, e ao invés de me xingar, começa a chorar. Não sei como tratar uma pessoa que está com os problemas que ela está, mas imagino que ela se sinta sozinha, que ache que está só.— Vamos superar isso juntos, não sei o que você está sentindo, mas vou tentar te ajudar. — Ela volta à realidade e me empurra com tudo, e vai ao banheiro, mandando eu ir para o inferno com a minha ajuda.Vai ser mais difícil do que eu imaginava. Ela tem que ficar bem, pois assim eu também vou ficar. Minha cabeça está a prêmio na mão dela, e se eu não reagir, vou estar sem uma das minhas cabeças logo log