Capítulo 8

Peter,

Isso só pode ser uma mentira dela, meu pai jamais faria eu assinar uma merda dessa. Vou à procura dele, entrando no elevador e descendo até o RH. Assim que as portas se abrem, ele está bem na porta.

– Por que falou que o RH estava me chamando?

– Porque estavam. Pai, assinei algum documento que tenho que pagar indenização para a Viviane?

Ele olha para trás e manda eu entrar no elevador, pois aqui tem muitas pessoas e ninguém sabe desse acordo. Assim que as portas se fecham, ele aperta o botão do térreo, e eu refaço a pergunta para ele. E sua resposta me faz até suar frio.

– Sinto muito, Peter, isso foi uma exigência do Júlio, levando em conta o que você é, a quantia até que não está alta. Pelo menos, mesmo que tiver alguma traição da sua parte, ambos permaneceram casados, e ela vai dar um jeito de resolver se caso houver fofocas.

– Pai, está me mandando para um casamento ou para um internato com castidade? – Ele fica sem entender, e eu penso se devo contar para ele tudo que está acontecendo. Mas para isso, teria que falar o que eu fiz lá no passado com ela, e o que a levou a fazer tudo isso que ela está fazendo agora.

– Filho, esse casamento vai ser bom para os dois. Você precisa de responsabilidades, e Vivi precisa se livrar da depressão que ela está enfrentando.

Suas palavras me fazem pensar, eu pensei que ela já teve e não que ainda está tendo. Preciso conversar com os pais dela sobre isso, ela não vai me contar, mas tenho certeza que eles vão. Só preciso mostrar que sou um noivo preocupado com a minha noiva, que eles vão abrir o bico.

Assim que as portas se abrem, ele sai indo para fora da empresa, já eu volto para o andar da minha sala. Mas assim que as portas se abrem, dou de cara com ela com os olhos vermelhos de tanto chorar. Preocupado, eu resolvo perguntar:

– Por que você está chorando, Viviane? – Antes da sua resposta verbal, ela me dá um tapa na cara tão estralado, que posso apostar que o prédio todo ouviu.

– Você é o ser mais desprezível que eu já tive o desprazer de conhecer. Eu te odeio tanto, Peter, mas tanto que meu peito até dói.

– O que foi que eu fiz dessa vez? – Ela pega no meu braço me tirando da sua frente e entra no elevador. – Vou apanhar e não vou saber nem o porquê?

– A resposta está na sua sala. – Ela me olha por baixo com a respiração ofegante. E ela mantém seu olhar demoníaco até as portas se fecharem.

Olho para trás e vejo que a minha secretária não está em sua mesa, o que é bom, pelo menos ela não viu a Viviane me batendo. Olho para a porta da minha sala, e as palavras dela se repetem na minha mente, e assim que eu abro a porta, vejo o Ewerton sentado na cadeira, e passo a mão no rosto. Ele se vira e se levanta vindo até a mim com uma expressão bem assustada.

– Eu não sabia que ela estava aqui, eu só vim na sua sala trazer esses documentos.

Com a mão ainda no rosto vou até a minha cadeira e me sento. O Ewerton foi essencial na época que eu precisei para conquistar a Vivi. Fiz ele fingir que estava atacando ela para ser o seu salvador. Nunca pensei que ela o reconheceria assim, muito menos que o veria aqui na empresa.

Agora sim estou completamente ferrado, principalmente se ela for falar para o meu pai. O bom que não terá mais casamento, o ruim, que serei deserdado.

– Patrão, me perdoa, eu tentei não falar nada, mas ela começou a falar um monte, me xingar de tudo que é nome, e por último, me ameaçou que ia me denunciar para o seu pai e para a polícia, eu não tive escolhas.

– Está tudo bem, eu te botei nessa fria. Fica em paz, meu pai não vai saber de nada, mas se ela contar, assumo toda a bronca.

Ele sai da minha sala e eu fico rodando a minha cadeira de um lado para o outro pensando em todas as besteiras que eu já fiz até hoje para conquistar uma mulher só para levar para cama. Mas a pior foi essa. Mas a culpa foi toda dela, ficou se fazendo de difícil para mim, se tivesse se entregado logo, nada disso teria acontecido.

As horas se passam, e o fim do expediente acaba. Saio da minha sala piscando para a minha secretária, dando-lhe boa noite. Entro no elevador, e meu celular começa a tocar.

– Peter, você está com a Vivi? – meu pai pergunta e eu digo que não, que ela saiu mais cedo. – Os pais dela não estão conseguindo falar com ela. Vê se você consegue encontrá-la.

Onde vou encontrar essa mulher às 18:00? Finalizo a ligação com o meu pai e começo a ligar para ela. Ela não me atende, chama até a caixa postal. As portas se abrem e vou seguindo em direção ao meu carro, e assim que entro, mando uma mensagem para ela.

“Seus pais estão preocupados com você, onde se enfiou” – Envio, mas não obtenho resposta. Pensei que ela viria com as patadas de sempre, mas ela nem sequer visualiza.

Ligo para o meu pai e pergunto se ela já voltou para casa dela, e ele diz que ainda não, que estão todos preocupados com sem ter nenhuma notícia.

“Gosto de vir aqui quando estou triste, nunca trouxe ninguém, só você, Peter”. As palavras dela ecoam na minha cabeça. É uma casinha pequena, que fica a duas ruas da casa dela. É estilo uma casa de boneca, mas feita de madeira caindo aos pedaços. Por parecer uma casa mal-assombrada, ninguém vai lá. Dirijo até o endereço e, assim que paro o carro, já ouço o barulho do balanço que range pelo atrito. Desço do carro e entro pelo portão. Lá está ela se balançando, olhando para o chão com um olhar perdido.

Vivi? – me aproximo devagar, mas ela não me olha, permanece seus olhos fixos no chão. Viviane. – Lentamente seus olhos sobem pelo meu corpo e param nos meus olhos. – Você está bem?

– Por que você fez aquilo comigo, Peter? Que mal eu fiz a você, para ter me tratado daquele jeito?

— O que foi que eu fiz para você?

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