CAPITULO 1
Versão Maria Júlia Faz alguns dias que ela acordou neste hospital e a sua cabeça dói a cada movimento. Se sente uma estranha, não conhece nada e nem ninguém, embora hoje descobriu que se chama Maria Júlia Lombardi. — Maria Júlia, logo você receberá alta e iremos para a casa, ok? — Diz o homem sério parado na sua frente. — Perdão, senhor? Quem é você? — Pergunta. — Maria Júlia, sou o seu marido, acabamos de nos casar e infelizmente sofremos um acidente, você aparentemente perdeu a memória! Mas logo iremos para casa, não se preocupe! — Diz ríspido. Ela está muito confusa, pois não conhece esse homem que diz ser seu marido, mas também, pelo que a enfermeira falou, ela nem tem família, e esse senhor é tudo o que ela possui, provavelmente ela o amava antes do acidente, mas tem a impressão de que ele seja um pouco frio, ainda não viu nenhuma demonstração de carinho e atenção da parte dele, pois ela esqueceu das coisas, mas ele não, né? Os dias se passaram, e Maria Júlia receberia alta do hospital hoje, ainda estava se recuperando de uma lesão e a sua perna quebrada, então precisou colocar aquelas botas pretas de adaptação, para voltar corretamente no lugar, mas já estava liberada. — É aqui? — Pergunta a olhar para aquela enorme mansão, que mais parecia com um presídio do que uma casa, não que fosse um lugar feio, mas era muito fechado. — Sim, senhora! O patrão a aguarda lá dentro! — Diz o segurança que veio abrir o portão para o motorista. — Mas como vou andar sozinha? Ainda não posso firmar o meu pé no chão? — Pergunta preocupada, apontando para o seu pé. — Posso tentar ajudá-la, mas eu acho que teremos problemas com o patrão! — Diz receoso. — Bom, não posso apoiar a perna no chão, então terá que me ajudar! — Diz ela sem entender, o porquê de o marido ter deixado ela a mercê de seguranças. Ele a olha preocupado, mas vem a apoiar a andar, coisa que ela pensa que seria o certo o seu marido ter feito, mas não fez, então não acredita que ele vá reclamar... — MAS QUE PORRA É ESSA? — Vê o Lombardi enfurecido de raiva, gritando da porta. — Desculpe chefe, mas ela não podia apoiar a perna no chão... — CALA A BOCA! Não autorizei filho da puta nenhum a encostar na minha mulher! Agora some da minha frente, que com você eu me acerto depois! — Ela o vê enfurecido, encarando o segurança que saiu a deixando sozinha, em pé e ela sentiu uma dor forte no tornozelo ao apoiar o pé no chão. — Mas que sem-vergonhice foi essa? Mesmo sem memória, você insiste em me desafiar? Vou te levar para o quarto, mas não quero saber de você andando pela casa, entendeu? — Ele diz, bravo. — Tudo bem! Me desculpe, é que ainda dói o meu pé, e eu pensei... — Melhor não pensar mais nada, pois você pensando é um perigo! Vem? — A cortou enquanto falava e a pegou no colo. Pela primeira vez ficou tão perto dele, e foi um pouco estranho, ele tem um cheiro cítrico e ela tem a impressão que já o conhece, mas deve ser normal, provavelmente ela se lembre logo dele. Foi colocada na cama e ficou um pouco apreensiva com o semblante de Felipe, ele estava mais sério do que ela já o havia presenciado, e a impressão que Maria Júlia tinha, era que o olhar dele queria contar algo, que ela ainda, provavelmente não sabia. Aquele quarto era estranho, um pouco escuro, e com grades nas janelas, Maria Júlia se sentiu sozinha lá quando o Felipe saiu. Então, com a perna dolorida, ela escolheu dormir, talvez assim ela descansaria melhor. Mas o que ela não sabia, era que ao entrar naquela casa, os pesadelos a acompanhariam quase que diariamente, e assim que os seus olhos se fecharam, o primeiro pesadelo começou: “Ela estava em um lugar bem colorido, e com luzes lindas para todos os lados, aonde elas apagavam e acendiam sozinhas, dando uma beleza extrema no lugar. A festa estava animada, e ela via muitas garotas bonitas andando pelo local, mas os seus rostos não pareciam felizes, parecia ter algo errado com elas. De uma hora para outra, uma das meninas eram puxadas das vistas de Maria Júlia, por um homem ou outro, aonde a maioria deles eram mais velhos, e elas pareciam tristes em acompanhá-los, mas mesmo assim, elas iam. Ela se aproximou de um dos quartos, e eram simples, com listras amarelas com azuis fazendo a decoração do lugar, quando sentiu a mão de um homem a puxar. — Eu estava esperando por você! — O homem diz, mas no momento a sua vista fica confusa, e ela não consegue identificar quem seria aquele homem e porque falava isto. — Acho que me confundiu com alguém! Eu já tenho namorado! — Ela diz para o tal homem. — Não me confundi não! Você é minha, agora! – ela foi puxada para dentro. Maria Júlia sentiu o seu corpo sendo puxado, e alguém a chamando pelo nome, mas estava difícil de entender. — Maria Júlia, acorda! Maria Júlia! Ela consegue enfim abrir os olhos e entender o que estava acontecendo, que na verdade ela estava sonhando, e aquilo tudo não tinha passado de um pesadelo. Felipe acabou de chegar, e se deita do seu lado, com a pele meio úmida de quem acabou de sair do banho, ele já chega com as mãos no corpo dela e acariciando os seus seios. Maria Júlia levou um certo susto, pois não se lembra dessas sensações, nem de ter estado com um homem antes, então o toque dele a despertou para observar o que estava acontecendo, pois apenas se lembrou do pesadelo que teve mais cedo, então ela fechou os olhos, focando no seu marido que estava ali e achou boa a sensação de estar sendo tocada, mas ficou um pouco perdida por não saber o que fazer, então decidiu falar isso ao marido... — Eu não sei o que fazer, não me lembro... Ele a calou com um dedo em sua boca dizendo: — Shiii! Eu te mostro! — começou a despir a moça e do nada aumentar a velocidade com que a tocava, e ela ficou incomodada com aquilo, e não quis que ele continuasse, deixando Felipe muito bravo. — Mas, que merda! Você não serve pra nada! Quando vai me deixar te tocar? — ele levanta da cama irritado, passando as mãos pelos cabelos. — Isso me deixa confusa, é como se algo tivesse errado... — ele nem esperou ela terminar, e a segurou pelo pescoço com raiva. — O QUÊ ESTARIA ERRADO, MARIA JÚLIA? EU JÁ NÃO DISSE QUE SOU O SEU MARIDO? DAQUI A POUCO TAMBÉM VAI QUERER SE DEITAR COM OUTROS AO INVÉS DE MIM! — ela sentiu a pele do seu pescoço arder com o aperto da mão de Felipe, e ficou sem ar. — Me solta! Está me machucando... — falou com dificuldades e Felipe a soltou rapidamente. — Te dou uns dias até que se recupere, mas quero tudo o que tenho direito! — Saiu do quarto, deixando a jovem em prantos, ao perceber que se casou com um monstro.CAPITULO 2 Versão de Felipe e Maria Júlia Felipe voltou para o quarto no outro dia e ficou olhando para a moça sentada na cama. Pegou o seu celular e fez uma ligação: — Mandem a Aurora aqui no quarto! — Ele apenas disse isso, e desligou. Então Maria Júlia pensou preocupada, em quem seria a Aurora? Mas, não perguntou nada, apenas observou o seu marido que estava nu, agora sem a toalha terminando de se enxugar, e também notou quantas marcas de cicatrizes ele tinha pelo corpo, que eram muitas. — Essas marcas? — Pergunta ela, olhando para o seu corpo. — Já deveria ter se acostumado! Ah... você não lembra né? Bom, não estou afim de contar de novo... tenho que sair agora! — Disse enquanto terminava de colocar as roupas que estava vestindo. — Felipe, me diz uma coisa? Você sabe algo sobre a minha família? — Perguntou ela para o marido com medo. — Sim, você não tem! Achei que a enfermeira já havia lhe contado. — Diz fazendo pouco caso. — Ah, sim! Ela me contou... é que, eu tive
CAPITULO 3 Realidade... Maria Júlia acordou suada, e sentindo o coração apertado no peito. Era estranho ela sonhar de novo com aquela mesma cena, como se ela tivesse voltado ao mesmo sonho de antes, mas essa fosse a continuação dele, mas ela nem sabia como funcionava esse mundo de sonhos e pesadelos onde ela estava conhecendo, mas não estava gostando nada do que via neles. E talvez por ter passado o dia vendo a Aurora, os sonhos deveriam ter se misturado com a realidade, pelo menos era isso que Maria Júlia achava que fosse. Ela tentava esquecer e ficar acordada, pois tinha medo de dormir e voltar para o mesmo lugar, então tentou abrir bem os olhos, se mantendo acordada até que o marido voltasse, mas viu que já estava escuro e ele não havia voltado, provavelmente trabalhava demais o Felipe Lombardi, e ela de certo modo, tinha pena dele. Infelizmente o remédio que tomou, não a permitiu continuar acordada, e Maria Júlia mais uma vez, voltou ao mundo dos sonhos, ouvindo nomes est
CAPÍTULO 4 Versão Maria Júlia e Felipe Assim que Felipe Lombardi entrou pelo quarto, a sua esposa sentou na cama esperando pelo beijo que até agora não conheceu, mas como das outras vezes, o marido apenas a cumprimentou: — Oi, como está? — Ele sentou na cama, praticamente nos pés da jovem. — Oi, eu estou bem! Ainda vai levar uns dias até que eu me recupere! — Ela respondeu. — Hum... vou tomar um banho, que preciso ir para a boate! — Falou ele, deixando Maria Júlia um pouco mais desanimada. — Felipe, espere! — Ela falou, segurando o seu pulso que ainda estava em seu alcance. — O que foi? — Perguntou. — Porquê nunca me beija? Eu não sei como era o nosso relacionamento, mas... você nunca me beijou! — Ela falou, e notou ele muito incomodado. — Eu beijo! Sempre beijo, só não tivemos oportunidade ainda! Agora vou tomar o meu banho, que já estou atrasado! — Falou se retirando com certa rapidez, sem nem encostar mais na esposa. Quando chegaram na mesa, Felipe Lombardi ficou
Versão Felipe Lombardi Felipe acordou com uma dor de cabeça horrível, abriu lentamente os olhos e percebeu que estava em casa. — Droga! — Resmungou, ao notar que acabou esquecendo de ir a boate, e agora Marco Polo ficou lá sozinho, poderia fazer um estrago, pois não confiava mais no irmão. Por enquanto a situação estava muito boa para ele, ele estranhava algumas atitudes que ela tem agora, principalmente em querer beijá-lo, mas ele pagaria o preço para ter ela junto com ele. Ele pensa que deve estar maluco, com tanta puta na sua boate, ele foi querer justo aquela, que o odiava mais do que odeia o próprio diabo. Felipe Lombardi tem muito receio de que Maria Júlia se lembre do seu passado, por isso ele a mantém tão bem vigiada naquele lugar. Se correr o risco dela se lembrar, as coisas precisarão voltar a ser como eram antes, e não seriam nada legais tanto para ele quanto para ela, por isso insistia em que a Aurora mantivesse os medicamentos que ele pediu, isso ajudaria para que
Maria Júlia Até as minhas mãos começaram a suar, a curiosidade estava me matando, eu precisava abrir aquela carta. Pela primeira vez tentei trancar a porta do quarto, mas ao encostar percebi que não tinha chave do lado de dentro. Precisei deixar como estava, apenas encostada. Sentei com certa dificuldade na beira da cama, abri aquele envelope, e comecei a ler... . “Olá, querida Maria Júlia!“ “Se as coisas tiverem acontecido como eu ouvi dizerem por aí, então nesse momento você deve estar muito surpresa de receber esta carta, pois não deve se lembrar de mim! Estou muito preocupado com você, e espero realmente que esteja bem! Por enquanto não vou revelar o meu nome, tanto para a minha segurança, quanto para a sua! Pelo menos até que você alcance o seu verdadeiro objetivo, que é fugir daí...“. Maria Júlia, nesse instante precisou respirar melhor! “Fugir daqui?” Pensou ela. Para que ela fugiria daquele lugar? Isso não fazia sentido... e a letra da carta, era impressa, seria is
CAPÍTULO 9 Maria Júlia Maria Júlia não ficou nem um pouco satisfeita com a sua conversa com o Davi, a impressão que a jovem teve, foi que ele sabia muito mais do que ele contou, ela só não entendia o porquê de ele não contar nada mais a ela. Ela voltou para dentro da casa frustrada precisaria de muito mais para descobrir tudo que estava acontecendo sobre a sua vida. Os dias foram se passando, quinze dias depois ela já pode tirar a bota preta, a sua perna já estava muito melhor. As vozes que ela ouvia nunca paravam, e quando ela perguntava ao marido ele sempre vinha com uma desculpa e outra sobre aquilo, mas nada do que ele falou, deixou Maria Júlia realmente convencida de que era verdade. Os pesadelos eram constantes, e os sonhos também! E, eles ficavam cada vez mais reais, ela sonhava com aquela família, como se fosse parte dela, todos os dias, vivia dentro daquela casinha marrom, e visitava Miguel na sorveteira. Mas, os abusos também não paravam, e ela vivia um i
CAPÍTULO 10 Versão Davi Miguel Para Davi Miguel, está sendo torturante olhar todos os dias para a sua amada, e não poder fazer nada. Ela não se lembra dele, não lembra que o ama, e que ele a ama, e isso é frustrante! Ele queria poder dizer a ela, gritar, expressar o seu desespero..., mas ele não pode! Se ele fizer isto e ela não se lembrar? Se ela não acreditar nele? Pensar que está mentindo, que está inventando coisas? Nem fotos eles tem juntos, pois ele as apagou quando pensou que ela havia ido embora sem se despedir, quando pensou que ela realmente amava o maldito Felipe Lombardi, que ele tem vontade de torturar aos pouquinhos e depois jogar para os urubus o comerem vivo. Davi Miguel tem se torturado dia após dia, esperando por um milagre. No dia em que Maria Júlia voltou do hospital, ele veio disposto a roubar a jovem, assim como o infeliz do Felipe fez, a mais de quatro anos, a levar embora e pronto! Mas ele não era como aquele verme, infel
CAPÍTULO 11 Versão Maria Júlia — Davi? — Ela pronunciou quase sem voz, e correu para trás do seu segurança. Davi estava enfurecido, e ela viu que o nojento do MP levaria um tiro ali, e não se atreveu a sair de perto do segurança. Ela estava trêmula demais... as vozes agora se ouviam mais, e ela sabia que acontecia algo de errado ali, mas agora a sua chance de descobrir teria ido para o inferno, e Maria Júlia tinha os seus próprios problemas para enfrentar. Os olhos do MP eram zombeteiros, mesmo com uma arma apontada para a sua cabeça, ele não tirou o sorriso do rosto, e aquilo era frio demais, pelos pesadelos ela sabia que o odiava do fundo da alma, e agora teve muito mais medo, pois o que tudo isso significava? O seu marido era o seu salvador? Seria isso que Felipe Lombardi escondia? Ele não a tirou de um convento, a tirou das mãos daquele nojento? Essa seria uma explicação plausível, ela pensava, enquanto ouvia os gritos de ambos, ao discutirem. — Você é apen