CAPÍTULO 4
Versão Maria Júlia e Felipe Assim que Felipe Lombardi entrou pelo quarto, a sua esposa sentou na cama esperando pelo beijo que até agora não conheceu, mas como das outras vezes, o marido apenas a cumprimentou: — Oi, como está? — Ele sentou na cama, praticamente nos pés da jovem. — Oi, eu estou bem! Ainda vai levar uns dias até que eu me recupere! — Ela respondeu. — Hum... vou tomar um banho, que preciso ir para a boate! — Falou ele, deixando Maria Júlia um pouco mais desanimada. — Felipe, espere! — Ela falou, segurando o seu pulso que ainda estava em seu alcance. — O que foi? — Perguntou. — Porquê nunca me beija? Eu não sei como era o nosso relacionamento, mas... você nunca me beijou! — Ela falou, e notou ele muito incomodado. — Eu beijo! Sempre beijo, só não tivemos oportunidade ainda! Agora vou tomar o meu banho, que já estou atrasado! — Falou se retirando com certa rapidez, sem nem encostar mais na esposa. Quando chegaram na mesa, Felipe Lombardi ficou espantado com a figura do seu irmão sentado na cadeira, esperando por eles para jantar, e mais estranho ainda, ficou Marco Polo, irmão dele, ao vê-lo cuidando de Maria Júlia, com o pé ainda com bota preta. — Este é o meu irmão, Marco! — Felipe falou para a esposa, ao ajudá-la puxar uma cadeira. — Você lembra, dele? — Eu não me lembro! Prazer senhor, Marco! — Respondeu, e esticou a mão. Ela realmente não lembrava dele, embora parecia que já tinha o visto antes, mas não deveria ser ele de modo algum, ela pensou, pois o homem que se parecia com ele, havia estado no pesadelo, e parecia mais jovem, e também tinha outro nome, então seria impossível. Marco Polo sorria, e isso fazia Maria Júlia ficar confusa, o marido estava visivelmente chateado com algo, e o cunhado rindo? Ela estava cada minuto mais perdida. Marco Polo não acreditava em tudo o que estava vendo, parecia uma ironia do destino, e era estranho olhar para a cunhada naquelas condições, e nesse momento sentiu que estava com muito desejo por ela, ela estava mansinha demais e isso nunca lhe pareceu ser possível! — Você está linda, cunhada! — Falou a sorrir, fazendo com que Felipe Lombardi, batesse na ponta da mesa, com raiva. — Tire os olhos dela! Se eu te ver a olhando assim de novo, arranco os teus olhos! Cazzo! — Falou Felipe muito irritado. — Calma, irmão! Não entendo a sua ira... — Cale-se! Se retire da minha casa, aqui as situações são outras, e quero respeito! Na boate te dou toda a liberdade, mas aqui não, Marco! — Falou se levantando da mesa. — Tá, eu já vou! Só vim conferir como estava a minha cunhada, e se precisava de ajuda, agora vou verificar as estadias! — Falou se levantando, e Felipe nada falou mais, apenas o seguiu com os olhos até que ele sumisse pela porta. Maria Júlia estava preocupada, não sabia que a amizade do marido com o irmão dele estava tão ruim, e se preocupava em ser o motivo da briga. — Sente-se, Felipe! Eu não sei qual o motivo da briga, mas... — Cale a boca! Você não sabe porque não se lembra, mas eu nunca esqueci! Agora coma de uma vez, antes que eu me irrite, mais! — Falou ele grosseiramente com ela, que ficou assustada com as palavras dele e se calou. Felipe começou a beber a garrafa toda de vinho da mesa, e não falou mais nada. Maria Júlia já havia perdido a fome, e enrolava com os talheres na comida, sem conseguir comer. O marido terminou a garrafa, e se levantou pegando uma outra, que ela não sabia o que era. — Eu posso me retirar? Gostaria de me deitar um pouco! — Ela pediu ao marido, pois não entendeu muito bem as atitudes deles e teve medo. — Aurora! Leve ela para o quarto! — Se direcionou para a empregada. — Eu já vou lá, dar o que me pediu! — Falou ele, agora olhando para a jovem esposa, que estava assustada com a voz dele meio mole, e provavelmente estava bêbado. Maria Júlia estava preocupada, pois a única coisa que se lembrava ter comentado era o beijo, mas agora ela não queria beijar o esposo, estava chateada com as suas atitudes, e só queria dormir, então precisaria deitar e dormir logo, assim ele a deixaria quieta por hoje. Mas, deixar ela quieta, não estava nos planos do Lombardi, ele a queria para ele, ainda mais depois que seu irmão insinuou coisas, e que já havia comido a mulher dele em outra circunstância, ele precisava marcar o seu território, e não passaria de hoje, e se era beijo que ela queria, ele faria o esforço de beijá-la, mesmo sem nunca ter feito isso antes, pelo menos não com a permissão dela. Ele havia bebido demais, e abriu a porta do quarto cheirando a whisky, que acabou de beber na sala. Ela parecia dormindo, mas não tinha problema, antes não importava, agora também não importaria, e ele a teria só pra ele. Foi cambaleando até a cama, e puxou o lençol, ela abriu os olhos devagar, estava sonolenta e só notou a sua parte de baixo sendo puxada, e se assustou. — Felipe, o que está fazendo? — Perguntou se sentando na cama. Notou um cheiro forte de bebida e o seu estômago não gostou, mas tudo piorou quando ele a puxou para um beijo, ela não gostou nada, não lhe causava nada além de nojo da bebida, e ela queria é beijar o jovem do sonho, mas ela não podia, deveria estar louca em pensar isso, então se concentrou no marido. — Queria beijar? Pronto! — Falou ele mole demais, e voltou a beijá-la! Ela não queria, não estava gostando nada, e tudo por culpa da bebida, então tentou parar o marido, que outra vez ficou furioso. — Você é minha, Maria Júlia! Minha! MP que se foda, não vou dividi-la! — Ele repetia, e agora ela ficou com o alerta ligado... MP era o nome do nojento naquele pesadelo, e ela viu que nem tudo lá era ilusão, e aquilo infelizmente poderia ter acontecido, mas de onde o marido o conhecia? — Quem é MP? – ela questionou e o marido saiu furioso do quarto, a deixando em paz.Versão Felipe Lombardi Felipe acordou com uma dor de cabeça horrível, abriu lentamente os olhos e percebeu que estava em casa. — Droga! — Resmungou, ao notar que acabou esquecendo de ir a boate, e agora Marco Polo ficou lá sozinho, poderia fazer um estrago, pois não confiava mais no irmão. Por enquanto a situação estava muito boa para ele, ele estranhava algumas atitudes que ela tem agora, principalmente em querer beijá-lo, mas ele pagaria o preço para ter ela junto com ele. Ele pensa que deve estar maluco, com tanta puta na sua boate, ele foi querer justo aquela, que o odiava mais do que odeia o próprio diabo. Felipe Lombardi tem muito receio de que Maria Júlia se lembre do seu passado, por isso ele a mantém tão bem vigiada naquele lugar. Se correr o risco dela se lembrar, as coisas precisarão voltar a ser como eram antes, e não seriam nada legais tanto para ele quanto para ela, por isso insistia em que a Aurora mantivesse os medicamentos que ele pediu, isso ajudaria para que
Maria Júlia Até as minhas mãos começaram a suar, a curiosidade estava me matando, eu precisava abrir aquela carta. Pela primeira vez tentei trancar a porta do quarto, mas ao encostar percebi que não tinha chave do lado de dentro. Precisei deixar como estava, apenas encostada. Sentei com certa dificuldade na beira da cama, abri aquele envelope, e comecei a ler... . “Olá, querida Maria Júlia!“ “Se as coisas tiverem acontecido como eu ouvi dizerem por aí, então nesse momento você deve estar muito surpresa de receber esta carta, pois não deve se lembrar de mim! Estou muito preocupado com você, e espero realmente que esteja bem! Por enquanto não vou revelar o meu nome, tanto para a minha segurança, quanto para a sua! Pelo menos até que você alcance o seu verdadeiro objetivo, que é fugir daí...“. Maria Júlia, nesse instante precisou respirar melhor! “Fugir daqui?” Pensou ela. Para que ela fugiria daquele lugar? Isso não fazia sentido... e a letra da carta, era impressa, seria is
CAPÍTULO 9 Maria Júlia Maria Júlia não ficou nem um pouco satisfeita com a sua conversa com o Davi, a impressão que a jovem teve, foi que ele sabia muito mais do que ele contou, ela só não entendia o porquê de ele não contar nada mais a ela. Ela voltou para dentro da casa frustrada precisaria de muito mais para descobrir tudo que estava acontecendo sobre a sua vida. Os dias foram se passando, quinze dias depois ela já pode tirar a bota preta, a sua perna já estava muito melhor. As vozes que ela ouvia nunca paravam, e quando ela perguntava ao marido ele sempre vinha com uma desculpa e outra sobre aquilo, mas nada do que ele falou, deixou Maria Júlia realmente convencida de que era verdade. Os pesadelos eram constantes, e os sonhos também! E, eles ficavam cada vez mais reais, ela sonhava com aquela família, como se fosse parte dela, todos os dias, vivia dentro daquela casinha marrom, e visitava Miguel na sorveteira. Mas, os abusos também não paravam, e ela vivia um i
CAPÍTULO 10 Versão Davi Miguel Para Davi Miguel, está sendo torturante olhar todos os dias para a sua amada, e não poder fazer nada. Ela não se lembra dele, não lembra que o ama, e que ele a ama, e isso é frustrante! Ele queria poder dizer a ela, gritar, expressar o seu desespero..., mas ele não pode! Se ele fizer isto e ela não se lembrar? Se ela não acreditar nele? Pensar que está mentindo, que está inventando coisas? Nem fotos eles tem juntos, pois ele as apagou quando pensou que ela havia ido embora sem se despedir, quando pensou que ela realmente amava o maldito Felipe Lombardi, que ele tem vontade de torturar aos pouquinhos e depois jogar para os urubus o comerem vivo. Davi Miguel tem se torturado dia após dia, esperando por um milagre. No dia em que Maria Júlia voltou do hospital, ele veio disposto a roubar a jovem, assim como o infeliz do Felipe fez, a mais de quatro anos, a levar embora e pronto! Mas ele não era como aquele verme, infel
CAPÍTULO 11 Versão Maria Júlia — Davi? — Ela pronunciou quase sem voz, e correu para trás do seu segurança. Davi estava enfurecido, e ela viu que o nojento do MP levaria um tiro ali, e não se atreveu a sair de perto do segurança. Ela estava trêmula demais... as vozes agora se ouviam mais, e ela sabia que acontecia algo de errado ali, mas agora a sua chance de descobrir teria ido para o inferno, e Maria Júlia tinha os seus próprios problemas para enfrentar. Os olhos do MP eram zombeteiros, mesmo com uma arma apontada para a sua cabeça, ele não tirou o sorriso do rosto, e aquilo era frio demais, pelos pesadelos ela sabia que o odiava do fundo da alma, e agora teve muito mais medo, pois o que tudo isso significava? O seu marido era o seu salvador? Seria isso que Felipe Lombardi escondia? Ele não a tirou de um convento, a tirou das mãos daquele nojento? Essa seria uma explicação plausível, ela pensava, enquanto ouvia os gritos de ambos, ao discutirem. — Você é apen
CAPÍTULO 12 Versão Felipe Lombardi Depois que a esposa havia entrado com o segurança, Felipe acertaria as contas com Marco Polo, ele estava enfurecido demais, e agora não deixaria isso passar. Felipe grudou com facilidade o irmão pelo colarinho, e o pensou na parede do corredor com força. — ME SOLTA, GAVIÃO! — Ao ouvir o MP o chamando pelo seu vulgo, a raiva dominou ainda mais a mente de Felipe, e ele deu três socos na cara de MP. — Eu já falei muitas vezes... aqui fora eu me chamo Felipe! Da próxima vez que me chamar de Gavião, levará um tiro na testa, seu ridículo! — Esbravejou o Lombardi, furioso. Marco Polo, assim que se recuperou olhou para o irmão com fúria, e tentou se defender, levando a sua mão esquerda até a cara do Lombardi, para lhe dar um soco, mas foi automaticamente bloqueado pelo irmão, e ainda levou um outro soco, agora no estômago, que o tirou o ar, e ele viu que não conseguiria se defender de Felipe Lombardi. — PARE! CHEGA! VAI ME MATAR? A
CAPÍTULO 13 Versão Maria Júlia Maria Júlia estava agoniada, pois não conseguia mudar a cabeça do marido quanto a ela sair de casa, e ficar vendo televisão o dia todo a estava sufocando demais, ela precisava de ar, de sol, de pelo menos ir para o Jardim, e agora estava arrependida de não ter ficado no local que Felipe havia dito. Mas os dias foram passando e isso só piorava, ela estava com olheiras, e estava estranhando o seu corpo estava diferente, e ela não sabia no quê... A carta prometida nunca chegou, e a Aurora parecia uma muda, não falava quase nada, estava torturante, e até a sua fome havia ido embora, ela tinha emagrecido... Ela também teve sonhos com aquela família e o Miguel, e nessa noite foi acordada aos tapas por Felipe, assustada. — Para de chamar por esse Miguel! Tá parecendo uma vadia, chamando outro homem enquanto dorme! — Falou ele, agora puxando o seu cabelo, e ela sentiu dor. — Para Felipe, eu não tenho culpa, sã
CAPÍTULO 14 Versão Maria Júlia Outra vez a história se repetia, e Maria Júlia estava despertando num local estranho, e tinha aparelhos ligados a ela, mas esse não era um hospital, ou era? Ela não sabia dizer... a sua cabeça estava doendo e o seu corpo estava dolorido, ela tentou levantar mais não conseguia, sentia a cabeça pesada demais. Ela mal conseguia ficar com os olhos abertos, e já os fechava, e nem viu as horas passarem. Quando abriu os olhos e viu a Aurora, não sabia se ficava feliz ou chorava, seria ela que a levou para um médico? Ela se perguntava. — Aurora? Aonde estamos? Felipe está aqui? — Perguntou com medo, pois ele a agrediu e ela não queria vê-lo. — Estamos na Rússia, senhora! Precisa se alimentar, passou o dia e a noite desacordada! — Falou a Aurora, deixando a moça com mais dúvidas. — Na Rússia? Mas a gente não estava na Itália? O que aconteceu, Aurora? Pare de me dar voltas, você nunca me conta nada! — Reclamou a jovem, mas em seguid