CAPÍTULO 9
Maria Júlia Maria Júlia não ficou nem um pouco satisfeita com a sua conversa com o Davi, a impressão que a jovem teve, foi que ele sabia muito mais do que ele contou, ela só não entendia o porquê de ele não contar nada mais a ela. Ela voltou para dentro da casa frustrada precisaria de muito mais para descobrir tudo que estava acontecendo sobre a sua vida. Os dias foram se passando, quinze dias depois ela já pode tirar a bota preta, a sua perna já estava muito melhor. As vozes que ela ouvia nunca paravam, e quando ela perguntava ao marido ele sempre vinha com uma desculpa e outra sobre aquilo, mas nada do que ele falou, deixou Maria Júlia realmente convencida de que era verdade. Os pesadelos eram constantes, e os sonhos também! E, eles ficavam cada vez mais reais, ela sonhava com aquela família, como se fosse parte dela, todos os dias, vivia dentro daquela casinha marrom, e visitava Miguel na sorveteira. Mas, os abusos também não paravam, e ela vivia um inferno quando eles a atormentavam durante o sono, e agora ela era vendida como prostituta e era obrigada a obedecer, mas no pesadelo, ela nunca era obediente, e então apanhava muito, e tinha muitos castigos, acordava suando frio. Ela tem vivido com Felipe, mas não está nada feliz. Ele continua sendo aquele homem frio que ela conheceu desde o dia em que abriu os olhos novamente. E ela nunca mais conseguiu se sentir bem com ele. Como ela não queria causar suspeitas, sempre fingiu estar tudo bem e permanecerá assim, até que ela descubra tudo o que está acontecendo por trás desse casamento. A carta que Davi falou que chegaria nunca chegou, e também depois daquele dia, apenas três vezes, foi ele quem a acompanhou no jardim. É sempre a mesma história... ela lhe faz perguntas, e ele lhe diz meias verdades, meias respostas. O marido trabalha demais e nunca fica com ela, inclusive nos finais de semana ele precisa ir para boate, e ele nunca a levou com ele, e nem a deixou colocar os pés para fora do portão, o que deixa Maria Júlia com mais suspeitas de que ele esteja mentindo sobre muitas coisas, e isso inclui outras mulheres, pois Maria Júlia não acredita que ele seja um homem fiel. Hoje o dia amanheceu muito bonito, Maria Júlia já ganhou aprovação do marido para passear no jardim, ela não precisa mais lhe pedir todos os dias, mas ele estabeleceu uma risca... ela não poderia passar das árvores para lá, o local aonde havia os barracões era restrito para ela, e ele deixou isso muito bem claro. Ela não tem muito o que fazer na casa, então caminhar pelo jardim se tornou a sua tarefa diária, mas quando se aproximou das árvores, ouviu uns gritos altos demais, e ficou muito tentada a descobrir o que era. Aquela voz era feminina, e pelo tom era bem nova! Maria Júlia olhou para os lados, e apenas Davi estava no portão, ela imaginava que ele não a impediria de ir até lá e ver o que estava acontecendo, e nisto ela foi andando pela lateral da casa, e do seu lado esquerdo estavam os barracões. Ela foi em passos largos, queria chegar antes que a voz parasse, para identificar de onde vinha. Ela andava distraída e prestando atenção nos sons, quando se surpreendeu a esbarrar em alguém, e ficou muito assustada quando viu quem era. — Marco Polo! — Pronunciou, ao perceber que era o cunhado, irmão de Felipe, e agora ficou preocupada que o marido não iria gostar nada disto! — Pode me chamar de MP! Assim, como sempre me chamou! — A jovem ficou horrorizada com essas palavras, e pensou que havia parado de respirar neste momento! Então esse era o MP dos seus pesadelos? Ele teria feito tudo aquilo com ela? Será que o Felipe sabia de tudo isso? Pois, isto explicaria a falta de paciência com o irmão na mesa no outro dia, e aquela bebida toda que bebeu. Maria Júlia ficou muda por alguns segundos, sem saber por onde ela corria dali, e poderia fugir, olhando para o rosto do homem, que só agora ela notou a semelhança com o do pesadelo, lá ele tinha o cabelo raspado, e agora, não, mas era ele! O seu agressor, era ele! — Que foi? Lembrou de mim? Sente saudades, não é? — Ele foi falando maliciosamente, e se aproximando cada vez mais, dela. — Eu sei que você lembra! Felipe te quer só pra ele, ele sempre foi egoísta, mas ultimamente tá batendo o recorde! Maria Júlia, estava desesperada! Tentou correr, mas a sua perna não estava perfeita ainda, e fui segurada por Marco. — Sempre correndo de mim, né? Não sei por que tenta, sabe que se não obedecer vou aplicar a droga! — Ele foi falando, e as coisas começaram a se encaixar... Era verdade! Ela havia sido forçada a aquela vida, e precisava muito fugir. Marco Polo não estava se importando muito com a situação! Pra ele, aquela mulher, não passava de mais uma, que ele gostava de comer e de forçar, e como estava puto da cara com o irmão, iria relembrar a mulherzinha de Felipe, que já foi dele, e estava conseguindo, chegou a segurar o seu braço, mas... — Solte-a agora! Tem dois segundos, ou eu vou atirar! — Uma voz autoritária falou e por dois segundos, Marco Polo não acreditou que ele atiraria, mas quando ouviu o barulho da arma sendo engatilhada, ele viu que havia perdido aquela, e começou a soltar. Maria Júlia não conseguiu verificar quem era que havia a soltado, mas ao sentir aquele nojento a soltando, pode olhar melhor e poderia agradecer ao segurança.CAPÍTULO 10 Versão Davi Miguel Para Davi Miguel, está sendo torturante olhar todos os dias para a sua amada, e não poder fazer nada. Ela não se lembra dele, não lembra que o ama, e que ele a ama, e isso é frustrante! Ele queria poder dizer a ela, gritar, expressar o seu desespero..., mas ele não pode! Se ele fizer isto e ela não se lembrar? Se ela não acreditar nele? Pensar que está mentindo, que está inventando coisas? Nem fotos eles tem juntos, pois ele as apagou quando pensou que ela havia ido embora sem se despedir, quando pensou que ela realmente amava o maldito Felipe Lombardi, que ele tem vontade de torturar aos pouquinhos e depois jogar para os urubus o comerem vivo. Davi Miguel tem se torturado dia após dia, esperando por um milagre. No dia em que Maria Júlia voltou do hospital, ele veio disposto a roubar a jovem, assim como o infeliz do Felipe fez, a mais de quatro anos, a levar embora e pronto! Mas ele não era como aquele verme, infel
CAPÍTULO 11 Versão Maria Júlia — Davi? — Ela pronunciou quase sem voz, e correu para trás do seu segurança. Davi estava enfurecido, e ela viu que o nojento do MP levaria um tiro ali, e não se atreveu a sair de perto do segurança. Ela estava trêmula demais... as vozes agora se ouviam mais, e ela sabia que acontecia algo de errado ali, mas agora a sua chance de descobrir teria ido para o inferno, e Maria Júlia tinha os seus próprios problemas para enfrentar. Os olhos do MP eram zombeteiros, mesmo com uma arma apontada para a sua cabeça, ele não tirou o sorriso do rosto, e aquilo era frio demais, pelos pesadelos ela sabia que o odiava do fundo da alma, e agora teve muito mais medo, pois o que tudo isso significava? O seu marido era o seu salvador? Seria isso que Felipe Lombardi escondia? Ele não a tirou de um convento, a tirou das mãos daquele nojento? Essa seria uma explicação plausível, ela pensava, enquanto ouvia os gritos de ambos, ao discutirem. — Você é apen
CAPÍTULO 12 Versão Felipe Lombardi Depois que a esposa havia entrado com o segurança, Felipe acertaria as contas com Marco Polo, ele estava enfurecido demais, e agora não deixaria isso passar. Felipe grudou com facilidade o irmão pelo colarinho, e o pensou na parede do corredor com força. — ME SOLTA, GAVIÃO! — Ao ouvir o MP o chamando pelo seu vulgo, a raiva dominou ainda mais a mente de Felipe, e ele deu três socos na cara de MP. — Eu já falei muitas vezes... aqui fora eu me chamo Felipe! Da próxima vez que me chamar de Gavião, levará um tiro na testa, seu ridículo! — Esbravejou o Lombardi, furioso. Marco Polo, assim que se recuperou olhou para o irmão com fúria, e tentou se defender, levando a sua mão esquerda até a cara do Lombardi, para lhe dar um soco, mas foi automaticamente bloqueado pelo irmão, e ainda levou um outro soco, agora no estômago, que o tirou o ar, e ele viu que não conseguiria se defender de Felipe Lombardi. — PARE! CHEGA! VAI ME MATAR? A
CAPÍTULO 13 Versão Maria Júlia Maria Júlia estava agoniada, pois não conseguia mudar a cabeça do marido quanto a ela sair de casa, e ficar vendo televisão o dia todo a estava sufocando demais, ela precisava de ar, de sol, de pelo menos ir para o Jardim, e agora estava arrependida de não ter ficado no local que Felipe havia dito. Mas os dias foram passando e isso só piorava, ela estava com olheiras, e estava estranhando o seu corpo estava diferente, e ela não sabia no quê... A carta prometida nunca chegou, e a Aurora parecia uma muda, não falava quase nada, estava torturante, e até a sua fome havia ido embora, ela tinha emagrecido... Ela também teve sonhos com aquela família e o Miguel, e nessa noite foi acordada aos tapas por Felipe, assustada. — Para de chamar por esse Miguel! Tá parecendo uma vadia, chamando outro homem enquanto dorme! — Falou ele, agora puxando o seu cabelo, e ela sentiu dor. — Para Felipe, eu não tenho culpa, sã
CAPÍTULO 14 Versão Maria Júlia Outra vez a história se repetia, e Maria Júlia estava despertando num local estranho, e tinha aparelhos ligados a ela, mas esse não era um hospital, ou era? Ela não sabia dizer... a sua cabeça estava doendo e o seu corpo estava dolorido, ela tentou levantar mais não conseguia, sentia a cabeça pesada demais. Ela mal conseguia ficar com os olhos abertos, e já os fechava, e nem viu as horas passarem. Quando abriu os olhos e viu a Aurora, não sabia se ficava feliz ou chorava, seria ela que a levou para um médico? Ela se perguntava. — Aurora? Aonde estamos? Felipe está aqui? — Perguntou com medo, pois ele a agrediu e ela não queria vê-lo. — Estamos na Rússia, senhora! Precisa se alimentar, passou o dia e a noite desacordada! — Falou a Aurora, deixando a moça com mais dúvidas. — Na Rússia? Mas a gente não estava na Itália? O que aconteceu, Aurora? Pare de me dar voltas, você nunca me conta nada! — Reclamou a jovem, mas em seguid
CAPÍTULO 15 Versão Davi Miguel Moscovick Ele saiu daquele quarto, e foi ao seu escritório resolver as pendências de tanto tempo afastado dali. Esticou o pescoço para trás, e suspirou parecendo cansado, para o seu pai que acabara de entrar no local. — Se continuar desse jeito vai ficar careca rapidinho! — Falou o velho assustando Davi Miguel e o tirando de seus pensamentos. — Ahh... você está aí! Nem te vi entrar! — Falou para o seu pai. — Se não passasse tanto tempo envolvido com essa mulher, estaria preparado para qualquer situação e comandando toda a máfia! Já te falei como um verdadeiro capo faria... nem parece que vai mesmo ficar aqui e comandar tudo! Eu não vou durar para sempre, filho! Preciso que assuma, e resolva isso! — Falou o seu pai, lhe causando inquietação. — Você mais do ninguém, sabe muito bem como todas as coisas aconteceram! Não vou desistir da minha esposa! — Falou Miguel, decidido! Já havia passado tempo demais. — Eu pensei que nem lev
CAPÍTULO 16 Versão Maria Júlia Lombardi Maria Júlia recebeu informações demais naquele momento, e a sua cabeça estava uma verdadeira bagunça! A raiva que estava se acumulando na cabeça dela em banho Maria, por Felipe Lombardi, tomou agora uma grande proporção, e ela queria fazer algo, queria falar todas as coisas que estava sentindo, encontrar com Felipe, e dizer a ele tudo o que estava entalado na sua garganta. O desespero bateu, e ela começou a se machucar, tentando arrancar aqueles aparelhos que a prendiam naquela cama, um deles ainda ficou preso, e a Aurora tentava adverti-la em vão... — Ragazza, pare por favor! Bambina, está fazendo errado, você vai se machucar e aquele homem não merece ainda mais sofrimento seu, ele é um nojento... — Aurora falava, mas parecia ser em vão, pois Maria Júlia havia perdido o controle, e nem a Aurora estava mais entendendo que tamanha era a sua dor. Maria Júlia nem respondia, e levantou rápido demais a sua cabeça, tentando col
CAPÍTULO 17 Versão Maria Júlia — Eu imagino que você não esteja satisfeita, com tudo o que descobriu sobre Felipe Lombardi, não é? — Perguntou Davi Miguel. — Não! Nem um pouco! — Respondeu a jovem. — Participe do meu treinamento aqui na máfia Russa, e quando estiver preparada, venha junto comigo se vingar de Felipe Lombardi! Eu também tenho uma dívida pendente com ele! — Falou Davi Miguel. Maria Júlia o observava e a sua cabeça ia para longe, quais seriam as verdadeiras intenções desse homem na sua frente? Ele estava diferente das suas lembranças e dos seus sonhos, os anos haviam passado um pouco, o cabelo parecia mais moderno, mas estranhamente ela confiava nele, lhe passava uma paz, algo bom... ele era tão bonito e muito mais jovem, aparentemente que o Lombardi, olhos verdes, alto e forte. — Porquê você precisaria de mim? Ainda não entendi as suas intenções! Não estou no meu melhor momento, e isso posso te garantir sem nem mesmo me lembrar, acabei de perder