PRÓLOGO O salão imponente ecoava com a tensão que pairava no ar. Davi Miguel se afundou na cadeira da imensa mesa da copa, uma torrente de emoções enchendo seu peito. — Pai, você disse que eu teria mais tempo! — Davi protestou, suas palavras reverberando na vastidão do espaço. Seu pai, olhos cravados nele, suspirou pesadamente. — Fomos invadidos, meu filho! Você precisa começar o treinamento, e para isso, você precisa estar casado. Já resolvi tudo. Davi olhou para os papéis espalhados pela mesa, seu futuro traçado em tinta escura. — Resolveu o quê? A Maria Júlia não sabe que assinou um contrato de casamento, ou sabe? — O pai dela sabe, e isso é o suficiente. Quando eu der o sinal, você pode contar a ela. Vocês estão juntos há tanto tempo, não vejo o problema. O pai dela está partindo, ela vai precisar de você. As palavras dele pesaram como chumbo no coração de Davi. Ele olhou para os papéis, um contrato silencioso, e então para seu pai, sentindo-se encurralado. Com um s
CAPITULO 1 Versão Maria Júlia Faz alguns dias que ela acordou neste hospital e a sua cabeça dói a cada movimento. Se sente uma estranha, não conhece nada e nem ninguém, embora hoje descobriu que se chama Maria Júlia Lombardi. — Maria Júlia, logo você receberá alta e iremos para a casa, ok? — Diz o homem sério parado na sua frente. — Perdão, senhor? Quem é você? — Pergunta. — Maria Júlia, sou o seu marido, acabamos de nos casar e infelizmente sofremos um acidente, você aparentemente perdeu a memória! Mas logo iremos para casa, não se preocupe! — Diz ríspido. Ela está muito confusa, pois não conhece esse homem que diz ser seu marido, mas também, pelo que a enfermeira falou, ela nem tem família, e esse senhor é tudo o que ela possui, provavelmente ela o amava antes do acidente, mas tem a impressão de que ele seja um pouco frio, ainda não viu nenhuma demonstração de carinho e atenção da parte dele, pois ela esqueceu das coisas, mas ele não, né? Os dias se passaram, e Maria Jú
CAPITULO 2 Versão de Felipe e Maria Júlia Felipe voltou para o quarto no outro dia e ficou olhando para a moça sentada na cama. Pegou o seu celular e fez uma ligação: — Mandem a Aurora aqui no quarto! — Ele apenas disse isso, e desligou. Então Maria Júlia pensou preocupada, em quem seria a Aurora? Mas, não perguntou nada, apenas observou o seu marido que estava nu, agora sem a toalha terminando de se enxugar, e também notou quantas marcas de cicatrizes ele tinha pelo corpo, que eram muitas. — Essas marcas? — Pergunta ela, olhando para o seu corpo. — Já deveria ter se acostumado! Ah... você não lembra né? Bom, não estou afim de contar de novo... tenho que sair agora! — Disse enquanto terminava de colocar as roupas que estava vestindo. — Felipe, me diz uma coisa? Você sabe algo sobre a minha família? — Perguntou ela para o marido com medo. — Sim, você não tem! Achei que a enfermeira já havia lhe contado. — Diz fazendo pouco caso. — Ah, sim! Ela me contou... é que, eu tive
CAPITULO 3 Realidade... Maria Júlia acordou suada, e sentindo o coração apertado no peito. Era estranho ela sonhar de novo com aquela mesma cena, como se ela tivesse voltado ao mesmo sonho de antes, mas essa fosse a continuação dele, mas ela nem sabia como funcionava esse mundo de sonhos e pesadelos onde ela estava conhecendo, mas não estava gostando nada do que via neles. E talvez por ter passado o dia vendo a Aurora, os sonhos deveriam ter se misturado com a realidade, pelo menos era isso que Maria Júlia achava que fosse. Ela tentava esquecer e ficar acordada, pois tinha medo de dormir e voltar para o mesmo lugar, então tentou abrir bem os olhos, se mantendo acordada até que o marido voltasse, mas viu que já estava escuro e ele não havia voltado, provavelmente trabalhava demais o Felipe Lombardi, e ela de certo modo, tinha pena dele. Infelizmente o remédio que tomou, não a permitiu continuar acordada, e Maria Júlia mais uma vez, voltou ao mundo dos sonhos, ouvindo nomes est
CAPÍTULO 4 Versão Maria Júlia e Felipe Assim que Felipe Lombardi entrou pelo quarto, a sua esposa sentou na cama esperando pelo beijo que até agora não conheceu, mas como das outras vezes, o marido apenas a cumprimentou: — Oi, como está? — Ele sentou na cama, praticamente nos pés da jovem. — Oi, eu estou bem! Ainda vai levar uns dias até que eu me recupere! — Ela respondeu. — Hum... vou tomar um banho, que preciso ir para a boate! — Falou ele, deixando Maria Júlia um pouco mais desanimada. — Felipe, espere! — Ela falou, segurando o seu pulso que ainda estava em seu alcance. — O que foi? — Perguntou. — Porquê nunca me beija? Eu não sei como era o nosso relacionamento, mas... você nunca me beijou! — Ela falou, e notou ele muito incomodado. — Eu beijo! Sempre beijo, só não tivemos oportunidade ainda! Agora vou tomar o meu banho, que já estou atrasado! — Falou se retirando com certa rapidez, sem nem encostar mais na esposa. Quando chegaram na mesa, Felipe Lombardi ficou
Versão Felipe Lombardi Felipe acordou com uma dor de cabeça horrível, abriu lentamente os olhos e percebeu que estava em casa. — Droga! — Resmungou, ao notar que acabou esquecendo de ir a boate, e agora Marco Polo ficou lá sozinho, poderia fazer um estrago, pois não confiava mais no irmão. Por enquanto a situação estava muito boa para ele, ele estranhava algumas atitudes que ela tem agora, principalmente em querer beijá-lo, mas ele pagaria o preço para ter ela junto com ele. Ele pensa que deve estar maluco, com tanta puta na sua boate, ele foi querer justo aquela, que o odiava mais do que odeia o próprio diabo. Felipe Lombardi tem muito receio de que Maria Júlia se lembre do seu passado, por isso ele a mantém tão bem vigiada naquele lugar. Se correr o risco dela se lembrar, as coisas precisarão voltar a ser como eram antes, e não seriam nada legais tanto para ele quanto para ela, por isso insistia em que a Aurora mantivesse os medicamentos que ele pediu, isso ajudaria para que
Maria Júlia Até as minhas mãos começaram a suar, a curiosidade estava me matando, eu precisava abrir aquela carta. Pela primeira vez tentei trancar a porta do quarto, mas ao encostar percebi que não tinha chave do lado de dentro. Precisei deixar como estava, apenas encostada. Sentei com certa dificuldade na beira da cama, abri aquele envelope, e comecei a ler... . “Olá, querida Maria Júlia!“ “Se as coisas tiverem acontecido como eu ouvi dizerem por aí, então nesse momento você deve estar muito surpresa de receber esta carta, pois não deve se lembrar de mim! Estou muito preocupado com você, e espero realmente que esteja bem! Por enquanto não vou revelar o meu nome, tanto para a minha segurança, quanto para a sua! Pelo menos até que você alcance o seu verdadeiro objetivo, que é fugir daí...“. Maria Júlia, nesse instante precisou respirar melhor! “Fugir daqui?” Pensou ela. Para que ela fugiria daquele lugar? Isso não fazia sentido... e a letra da carta, era impressa, seria is
CAPÍTULO 9 Maria Júlia Maria Júlia não ficou nem um pouco satisfeita com a sua conversa com o Davi, a impressão que a jovem teve, foi que ele sabia muito mais do que ele contou, ela só não entendia o porquê de ele não contar nada mais a ela. Ela voltou para dentro da casa frustrada precisaria de muito mais para descobrir tudo que estava acontecendo sobre a sua vida. Os dias foram se passando, quinze dias depois ela já pode tirar a bota preta, a sua perna já estava muito melhor. As vozes que ela ouvia nunca paravam, e quando ela perguntava ao marido ele sempre vinha com uma desculpa e outra sobre aquilo, mas nada do que ele falou, deixou Maria Júlia realmente convencida de que era verdade. Os pesadelos eram constantes, e os sonhos também! E, eles ficavam cada vez mais reais, ela sonhava com aquela família, como se fosse parte dela, todos os dias, vivia dentro daquela casinha marrom, e visitava Miguel na sorveteira. Mas, os abusos também não paravam, e ela vivia um i