A carta

Versão Felipe Lombardi

Felipe acordou com uma dor de cabeça horrível, abriu lentamente os olhos e percebeu que estava em casa.

— Droga! — Resmungou, ao notar que acabou esquecendo de ir a boate, e agora Marco Polo ficou lá sozinho, poderia fazer um estrago, pois não confiava mais no irmão.

Por enquanto a situação estava muito boa para ele, ele estranhava algumas atitudes que ela tem agora, principalmente em querer beijá-lo, mas ele pagaria o preço para ter ela junto com ele. Ele pensa que deve estar maluco, com tanta puta na sua boate, ele foi querer justo aquela, que o odiava mais do que odeia o próprio diabo.

Felipe Lombardi tem muito receio de que Maria Júlia se lembre do seu passado, por isso ele a mantém tão bem vigiada naquele lugar. Se correr o risco dela se lembrar, as coisas precisarão voltar a ser como eram antes, e não seriam nada legais tanto para ele quanto para ela, por isso insistia em que a Aurora mantivesse os medicamentos que ele pediu, isso ajudaria para que ela não se lembrasse tão cedo. Ainda bem que a família da moça, eram pessoas tão simples, ele acredita que nem dinheiro para ir atrás da filha eles tenham.

— O que foi? — Perguntou Felipe para a então, esposa! Ao ver ela afastada dele.

— Você ainda pergunta? Nem me perguntou se eu queria, e mesmo eu não gostando, continuou me beijando. — Ela reclamou, e ele entendeu que falava da noite anterior.

— Você é minha esposa, acho que já passamos dessa fase de pedir permissão! — Falou o Lombardi, fazendo pouco caso.

— Nossa, porquê me trata assim?

— Não vou perder o meu tempo com bobagens! Preciso trabalhar e já perdi o serviço de ontem! — Falou se levantando, mas ela o segurou pelo braço.

— Quem é MP? — Perguntou, e ele arregalou os olhos.

— De onde tirou esse nome? — Respondeu com outra pergunta.

— Eu sonhei com ele, e também, você pronunciou várias vezes ontem! — Ela respondeu.

— Esqueça isso! Eu estava bêbado e devo ter falado muita merda! Agora preciso ir! — Falou.

— Eu gostaria de ir ao jardim! Será que posso tomar sol? — Perguntou a ele.

— Não é uma boa ideia, mas tudo bem! Vou isolar os guardas no período da tarde e vou pedir ao Davi que fique com você, ele parece ser de confiança! — Ele respondeu, mesmo sem querer isto, pois ele acha arriscado ficar deixando-a tão solta, mas é melhor se redimir pela noite anterior que ela reclamou, embora o Lombardi achasse aquilo tão normal!

*********

Horas depois...

A jovem almoçou no quarto por ordem do marido, mas logo depois do almoço assim como o combinado a Aurora a levou para tomar um pouco de sol num lugar reservado no jardim, aonde o marido já tinha autorizado a funcionária a levar.

Ela olhava, e olhava, e ficava imaginando se era realmente verdade o que o marido havia contado sobre aqueles barracões, mas essa seria uma coisa que levaria um bom tempo para ela descobrir.

Observou um rapaz encostado na beira do portão, e ele a observava muito. Maria Júlia tinha a impressão de já ter visto aquele homem, mas isso também era normal, provavelmente ela já o conhecia mesmo, o homem não tirava os olhos dela, e ela deu uma leve risada... “Claro... o marido deveria ter dado ordens para aquele que ele fizesse isso”, pensou ela. Ele era bonito, pele bronzeada, cabelos lisos e bem penteados... ela não deveria olhar, se corrigiu por isso, pois era casada.

Ela percebeu que Felipe realmente tinha cumprido a promessa, e não estavam todos aqueles seguranças mais do lado de fora, deveriam estar em outro lugar. Ela já tinha ficado muito tempo lá e de repente ela notou o segurança se aproximando dela, ele dava umas olhadas para os lados e caminhava lentamente, então chegando perto apoiou a mão na árvore lhe perguntou:

— Está tudo bem, com a senhora?

— Ah, sim! Estou tomando um sol, preciso respirar um pouco, fora daquela casa! — Respondeu ela.

— E... você gosta dessa casa? Pelo tom que falou, não me pareceu gostar tanto! — Ele falou, e ela ficou confusa! Se ele trabalhava para o marido, porquê fazia estas perguntas?

— Porquê está me perguntando isto? Vai sair correndo contar ao Felipe, se eu falar a verdade? — Falou um tanto brincalhona.

— Talvez... ou talvez eu apenas queira te dar um conselho! — Falou deixando a jovem ainda mais curiosa.

— E, por que você me daria esse conselho? Não tem medo de Felipe Lombardi, assim como todos os outros? — Perguntou, com a sobrancelha levantada.

— Eu não tenho medo de nada, e de ninguém! Já tive... não nego! Mas, esse é um defeito que destruí de dentro de mim, hoje sou muito mais forte!

— Hum... neste caso, vou responder a sua pergunta! Eu não gosto desta casa! Acho grande demais, fechada demais, escura demais! Não me agrada em nada, e também tem aqueles barracões dos presos, e acho perigoso! — Falou ela, e o segurança mudou a expressão do rosto, para curioso.

— Então foi isso que te contaram sobre os barracões? — Perguntou ele.

— Sim! Porquê? Tem algo que eu deveria saber? Aliás, qual o seu nome? — Perguntou.

— Davi! E, a senhorita? — Devolveu a pergunta.

— Maria Júlia Lombardi! Sou casada, então acredito que eu seja uma senhora! — Falou mais sério ao entender a colocação do segurança, e achou melhor voltar para dentro, talvez a conversa estaria indo longe demais.

— Entendo...

— Vou entrar, agora! Já está tarde! — Falou e se levantou.

Mas o Davi não tinha terminado, e o principal ele ainda não tinha dito, então a pediu que esperasse.

— Espere!

— Sim...

— Você recebeu um livro da Aurora, não foi? — Ele perguntou, e ela estranhou a pergunta.

— Sim! Como sabe?

— Tem um envelope lá no meio! Um homem entregou aqui no portão, e disse que era importante ser entregue a você pessoalmente e o seu marido não poderia saber em hipótese nenhuma, parece que é sobre parte do seu passado! — Ao falar, agora ele conseguiu a total atenção da moça.

— Quem é esse homem, e porque está me ajudando? — Ela questionou.

— Ele é de confiança, só isso que posso dizer por enquanto, e eu também! Então pode contar comigo, e se depois de ler a carta quiser conversar, volte no mesmo horário amanhã! — Propôs o Davi.

— Eu não sei! Vou ler agora mesmo, e se eu voltar, terei que pedir autorização ao meu marido outra vez! — Falei.

— Não se preocupe! Ele vai me perguntar sobre o seu passeio de hoje, e eu te ajudarei para que volte! Agora espere que vou chamar a Aurora para que te ajude a voltar, pois se eu te encostar, o senhor Lombardi me arranca as mãos, não é? — Brincou, e ela sorriu.

Assim como ele falou voltou com a Aurora de lá e ela ajudou a jovem a voltar para dentro de casa, em segurança. Maria Júlia estava ansiosa demais para saber sobre o conteúdo da carta.

— Porquê não me contou sobre isso? — Perguntou, ao erguer o envelope discreto, na altura do rosto, mostrando para a Aurora.

— Aqui, eu não sei de nada, não vi nada, e se me perguntarem eu nego, filha! Com licença! — Falou ela se retirando, e a jovem já percebeu que a Aurora tinha muito medo de algo.

Ela pegou o envelope, e por fora estava escrito:

“Para a jovem que entrou no meu carro no dia do acidente!“

Ela estranhou a colocação, será que o marido sabia disso? Parece que ela havia ouvido que o acidente foi com Felipe, agora outro homem está falando outra coisa?

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