CAPITULO 3
Realidade... Maria Júlia acordou suada, e sentindo o coração apertado no peito. Era estranho ela sonhar de novo com aquela mesma cena, como se ela tivesse voltado ao mesmo sonho de antes, mas essa fosse a continuação dele, mas ela nem sabia como funcionava esse mundo de sonhos e pesadelos onde ela estava conhecendo, mas não estava gostando nada do que via neles. E talvez por ter passado o dia vendo a Aurora, os sonhos deveriam ter se misturado com a realidade, pelo menos era isso que Maria Júlia achava que fosse. Ela tentava esquecer e ficar acordada, pois tinha medo de dormir e voltar para o mesmo lugar, então tentou abrir bem os olhos, se mantendo acordada até que o marido voltasse, mas viu que já estava escuro e ele não havia voltado, provavelmente trabalhava demais o Felipe Lombardi, e ela de certo modo, tinha pena dele. Infelizmente o remédio que tomou, não a permitiu continuar acordada, e Maria Júlia mais uma vez, voltou ao mundo dos sonhos, ouvindo nomes estranhos, como: Morcego, Gavião e MP. — Maria Júlia! Maria Júlia! Ela abriu os olhos e percebeu que foi apenas outro pesadelo, e era seu marido que a chamava, então ela se tranquilizou, principalmente ao sentir que podia mexer as pernas, e então abraçou Felipe Lombardi com força. — Que bom que está aqui! Eu tive medo! — Eu estou, está tudo bem! Não precisa ter medo, essa casa está muito segura, tenho seguranças por todos os lados. — Ele disse friamente sem retribuir quase nada do abraço que a moça estava buscando. Maria Júlia não sabia se era impressão dela, ou o marido continuava frio, e parecendo nem se importar com o que dizia para ela, mas ficava tranquila, em saber que ele tinha voltado e ela teria companhia agora. Ele deitou do lado dela, mas parecia muito distante de lá. Felipe realmente era um homem muito misterioso, e ela gostaria de saber mais sobre ele, então quis aproveitar o tempo juntos e fazer algumas perguntas: — Felipe, você tem família? Ele a olhou sério e pensou um pouco, sobre até aonde poderia contar a ela, e então respondeu: — Tenho! Mas... não somos muito próximos! Porquê? — É que vi muitos alojamentos lá do outro lado, e não sabia o porquê... — Olha, só! Não quero te ver, em hipótese alguma naquele lado, ok? Você tem casa! Te quero aqui! — Disse fazendo Maria Júlia ficar um pouco preocupada com aquilo. — Mas, porquê? É perigoso? — Perguntou ela inocente. — Muito! Mantemos pessoas ruins lá, que mataram, ou estupraram, roubaram... entendeu? Aqui não tem polícia, então aquele espaço serve para isso! — Falou parecendo bravo. Maria Júlia, estranhou o rumo da conversa, e achou uma resposta um tanto bizarra, se o marido não era parte da polícia, como haveriam presos lá? Mas escolheu acatar o que o marido estava contando, e evitar brigas. Maria Júlia estranhava muito o jeito do marido, não que ela já tivesse tido um, ou se lembrasse algo a respeito dessas coisas, mas ele era frio demais, e nunca a beijava, nem segurou a sua mão, nem nada! Ele apenas a procurou sexualmente uma vez, e foi completamente grosseiro, frio, e a assustou. Ela ficava cada vez mais preocupada e confusa com a situação em que vivia. Ficou acordada, e tinha medo de dormir, mas uma hora o sono a pegou, e ela entrou no outro mundo ao qual estava conhecendo... o mundo dos sonhos. Sonho de Maria Júlia... Maria Júlia estava na rua, e caminhava em direção a sorveteira da esquina. Ela estava muito ansiosa e queria muito ver o Miguel, o seu namorado. Logo da esquina ela o avistou servindo a mesa, e sorriu ao ver que ele também a tinha visto, e se aproximou... — Que saudade, minha linda! Eu queria tanto te ver! — Disse Miguel. — Eu também estava! A minha mãe tem ficado com medo de me deixar sair sozinha, disse que andaram sumindo algumas garotas aqui do bairro, mas eu queria muito te ver! — Maria Júlia, respondeu. Miguel a abraçou a erguendo pela cintura, e Maria Júlia se jogou nos braços dele se deixando envolver, e foi beijada por ele. Ela sentiu borboletas no estômago, e para ela ser beijada por ele era maravilhoso... Miguel a apertava em seus braços com carinho, segurava os seus cabelos, os acariciando para trás, para ele a garota era perfeita... doce, amorosa, simpática e linda! Miguel falava com si mesmo que se casaria com ela, era o objetivo de sua vida, embora sabia que ela era mais nova que ele, e ainda era cedo para isso. Maria Júlia se sentiu amada, viva... dentro dela gritava um sentimento lindo, que esse sim, ela conhecia. Eles pararam o beijo e ficaram sem graça com pessoas os olhando na rua, mas ambos queriam mais daquilo, e Maria Júlia queria muito ser beijada novamente por ele. Ao se soltarem, a moça ficou assustada quando viu um cliente sentado na cadeira, e ao passar os olhos, aquele rosto parecia mais jovem, mas era Felipe Lombardi os observando, e ali ela ficou demasiadamente assustada, e então acordou suando. *********** Aquilo tudo poderia ser apenas um sonho, mas desta vez, ela tinha certeza que não era! Ela ainda não beijou o marido, como ela saberia beijar tão bem no sonho? Ela tinha certeza que aquilo foi real, e precisava saber porque ela não estava no orfanato, como o marido explicou, e tinha uma família ali, se ele disse que ela não tinha? Os fatos poderiam ter se misturado, e nem tudo poderia ser real, mas o beijo foi, e os sentimentos também, pois sentiu por outro rapaz, muito mais do que sentiu com o marido, e ela poderia ter conhecido o marido naquele dia, pois Felipe estava lá. Ela precisava descobrir quem era Miguel, e porquê Felipe mentiu, pois mesmo depois de acordada, sentiu vontade de voltar a beijar aquele rapaz e isso era imoral, mas ela não conseguiria mandar no coração, e as coisas precisariam começar a mudar, ela queria se sentir mais livre e descobrir as coisas. O problema é que para Felipe Lombardi, isso seria impossível! Ele jamais a deixaria cruzar a linha do portão para fora, ela era dele, e de mais ninguém! Ele já havia corrido riscos demais para conseguir o que tem hoje, e nada nem ninguém o faria perder, nem que isso significasse ter que contar a verdade, mas não era o que ele havia planejado, e enrolaria até aonde desse, e por enquanto aproveitaria que a moça era a esposa dele!CAPÍTULO 4 Versão Maria Júlia e Felipe Assim que Felipe Lombardi entrou pelo quarto, a sua esposa sentou na cama esperando pelo beijo que até agora não conheceu, mas como das outras vezes, o marido apenas a cumprimentou: — Oi, como está? — Ele sentou na cama, praticamente nos pés da jovem. — Oi, eu estou bem! Ainda vai levar uns dias até que eu me recupere! — Ela respondeu. — Hum... vou tomar um banho, que preciso ir para a boate! — Falou ele, deixando Maria Júlia um pouco mais desanimada. — Felipe, espere! — Ela falou, segurando o seu pulso que ainda estava em seu alcance. — O que foi? — Perguntou. — Porquê nunca me beija? Eu não sei como era o nosso relacionamento, mas... você nunca me beijou! — Ela falou, e notou ele muito incomodado. — Eu beijo! Sempre beijo, só não tivemos oportunidade ainda! Agora vou tomar o meu banho, que já estou atrasado! — Falou se retirando com certa rapidez, sem nem encostar mais na esposa. Quando chegaram na mesa, Felipe Lombardi ficou
Versão Felipe Lombardi Felipe acordou com uma dor de cabeça horrível, abriu lentamente os olhos e percebeu que estava em casa. — Droga! — Resmungou, ao notar que acabou esquecendo de ir a boate, e agora Marco Polo ficou lá sozinho, poderia fazer um estrago, pois não confiava mais no irmão. Por enquanto a situação estava muito boa para ele, ele estranhava algumas atitudes que ela tem agora, principalmente em querer beijá-lo, mas ele pagaria o preço para ter ela junto com ele. Ele pensa que deve estar maluco, com tanta puta na sua boate, ele foi querer justo aquela, que o odiava mais do que odeia o próprio diabo. Felipe Lombardi tem muito receio de que Maria Júlia se lembre do seu passado, por isso ele a mantém tão bem vigiada naquele lugar. Se correr o risco dela se lembrar, as coisas precisarão voltar a ser como eram antes, e não seriam nada legais tanto para ele quanto para ela, por isso insistia em que a Aurora mantivesse os medicamentos que ele pediu, isso ajudaria para que
Maria Júlia Até as minhas mãos começaram a suar, a curiosidade estava me matando, eu precisava abrir aquela carta. Pela primeira vez tentei trancar a porta do quarto, mas ao encostar percebi que não tinha chave do lado de dentro. Precisei deixar como estava, apenas encostada. Sentei com certa dificuldade na beira da cama, abri aquele envelope, e comecei a ler... . “Olá, querida Maria Júlia!“ “Se as coisas tiverem acontecido como eu ouvi dizerem por aí, então nesse momento você deve estar muito surpresa de receber esta carta, pois não deve se lembrar de mim! Estou muito preocupado com você, e espero realmente que esteja bem! Por enquanto não vou revelar o meu nome, tanto para a minha segurança, quanto para a sua! Pelo menos até que você alcance o seu verdadeiro objetivo, que é fugir daí...“. Maria Júlia, nesse instante precisou respirar melhor! “Fugir daqui?” Pensou ela. Para que ela fugiria daquele lugar? Isso não fazia sentido... e a letra da carta, era impressa, seria is
CAPÍTULO 9 Maria Júlia Maria Júlia não ficou nem um pouco satisfeita com a sua conversa com o Davi, a impressão que a jovem teve, foi que ele sabia muito mais do que ele contou, ela só não entendia o porquê de ele não contar nada mais a ela. Ela voltou para dentro da casa frustrada precisaria de muito mais para descobrir tudo que estava acontecendo sobre a sua vida. Os dias foram se passando, quinze dias depois ela já pode tirar a bota preta, a sua perna já estava muito melhor. As vozes que ela ouvia nunca paravam, e quando ela perguntava ao marido ele sempre vinha com uma desculpa e outra sobre aquilo, mas nada do que ele falou, deixou Maria Júlia realmente convencida de que era verdade. Os pesadelos eram constantes, e os sonhos também! E, eles ficavam cada vez mais reais, ela sonhava com aquela família, como se fosse parte dela, todos os dias, vivia dentro daquela casinha marrom, e visitava Miguel na sorveteira. Mas, os abusos também não paravam, e ela vivia um i
CAPÍTULO 10 Versão Davi Miguel Para Davi Miguel, está sendo torturante olhar todos os dias para a sua amada, e não poder fazer nada. Ela não se lembra dele, não lembra que o ama, e que ele a ama, e isso é frustrante! Ele queria poder dizer a ela, gritar, expressar o seu desespero..., mas ele não pode! Se ele fizer isto e ela não se lembrar? Se ela não acreditar nele? Pensar que está mentindo, que está inventando coisas? Nem fotos eles tem juntos, pois ele as apagou quando pensou que ela havia ido embora sem se despedir, quando pensou que ela realmente amava o maldito Felipe Lombardi, que ele tem vontade de torturar aos pouquinhos e depois jogar para os urubus o comerem vivo. Davi Miguel tem se torturado dia após dia, esperando por um milagre. No dia em que Maria Júlia voltou do hospital, ele veio disposto a roubar a jovem, assim como o infeliz do Felipe fez, a mais de quatro anos, a levar embora e pronto! Mas ele não era como aquele verme, infel
CAPÍTULO 11 Versão Maria Júlia — Davi? — Ela pronunciou quase sem voz, e correu para trás do seu segurança. Davi estava enfurecido, e ela viu que o nojento do MP levaria um tiro ali, e não se atreveu a sair de perto do segurança. Ela estava trêmula demais... as vozes agora se ouviam mais, e ela sabia que acontecia algo de errado ali, mas agora a sua chance de descobrir teria ido para o inferno, e Maria Júlia tinha os seus próprios problemas para enfrentar. Os olhos do MP eram zombeteiros, mesmo com uma arma apontada para a sua cabeça, ele não tirou o sorriso do rosto, e aquilo era frio demais, pelos pesadelos ela sabia que o odiava do fundo da alma, e agora teve muito mais medo, pois o que tudo isso significava? O seu marido era o seu salvador? Seria isso que Felipe Lombardi escondia? Ele não a tirou de um convento, a tirou das mãos daquele nojento? Essa seria uma explicação plausível, ela pensava, enquanto ouvia os gritos de ambos, ao discutirem. — Você é apen
CAPÍTULO 12 Versão Felipe Lombardi Depois que a esposa havia entrado com o segurança, Felipe acertaria as contas com Marco Polo, ele estava enfurecido demais, e agora não deixaria isso passar. Felipe grudou com facilidade o irmão pelo colarinho, e o pensou na parede do corredor com força. — ME SOLTA, GAVIÃO! — Ao ouvir o MP o chamando pelo seu vulgo, a raiva dominou ainda mais a mente de Felipe, e ele deu três socos na cara de MP. — Eu já falei muitas vezes... aqui fora eu me chamo Felipe! Da próxima vez que me chamar de Gavião, levará um tiro na testa, seu ridículo! — Esbravejou o Lombardi, furioso. Marco Polo, assim que se recuperou olhou para o irmão com fúria, e tentou se defender, levando a sua mão esquerda até a cara do Lombardi, para lhe dar um soco, mas foi automaticamente bloqueado pelo irmão, e ainda levou um outro soco, agora no estômago, que o tirou o ar, e ele viu que não conseguiria se defender de Felipe Lombardi. — PARE! CHEGA! VAI ME MATAR? A
CAPÍTULO 13 Versão Maria Júlia Maria Júlia estava agoniada, pois não conseguia mudar a cabeça do marido quanto a ela sair de casa, e ficar vendo televisão o dia todo a estava sufocando demais, ela precisava de ar, de sol, de pelo menos ir para o Jardim, e agora estava arrependida de não ter ficado no local que Felipe havia dito. Mas os dias foram passando e isso só piorava, ela estava com olheiras, e estava estranhando o seu corpo estava diferente, e ela não sabia no quê... A carta prometida nunca chegou, e a Aurora parecia uma muda, não falava quase nada, estava torturante, e até a sua fome havia ido embora, ela tinha emagrecido... Ela também teve sonhos com aquela família e o Miguel, e nessa noite foi acordada aos tapas por Felipe, assustada. — Para de chamar por esse Miguel! Tá parecendo uma vadia, chamando outro homem enquanto dorme! — Falou ele, agora puxando o seu cabelo, e ela sentiu dor. — Para Felipe, eu não tenho culpa, sã