Murat
— Eu já disse que não sei, Murat! — Sila esbraveja, porém, o seu olhar assustado ganha uma determinação ímpar e para a minha surpresa, ela dá um passo firme na minha direção.
Afrontosa como sempre. Penso ainda mais irritado.
— Então você não sabe? — ralho com desdém.
— Não, eu não sei, Senhor Arslan! — Chego perto demais dela para olhar bem dentro dos seus olhos. Minha esposa une as sobrancelhas em meio a uma tempestade furiosa que nublam as suas retinas e a sua respiração ofegante chega a aquecer a minha pele.
— Pois eu vou lhe dizer, Sila Arslan. Esse é o diário pertenceu a Cecília e ele deveria estar no meu quarto agora, mas por algum motivo ele estava em cima do seu criado mudo! — vocifero. Contudo, Sila olha para o objeto na minha mão com
— Pare, Dilara! — ordeno, mas ela não para e logo os seus lábios tocam no meu rosto, roçando a sua pele sensível com suavidade pela minha pele, causando-me uma repulsa incontrolável.— Oh, Murat, será que não consegue ver, querido? — Ela sibila com um doce lamento que me irrita. Um som arrastado, sensual e preguiçoso que surte um único efeito, me deixa furioso. — Por que não esquece essa maldita mulher? — Meu sangue ferve com esse pedido eloquente. — Por que não ver que ela não te faz bem, querido? — Fervilhando por dentro, seguro nos seus pulsos sem qualquer delicadeza e os seus olhos me encaram amedrontados no mesmo instante. Entretanto, a faço afastar-se de mim bruscamente, porém, olhando-a duramente nos seus olhos assustados.— Eu pedi pra você parar com isso, Dilara! — rosno gélido.&mdash
MuratComo mensurar o que estou sentindo agora? O meu coração está batendo tão forte dentro do meu peito que é possível ouvir o som das suas batidas dentro dos meus ouvidos e eu não consigo evitar de segurar as minhas lágrimas. Elas simplesmente estão brotando dos meus olhos com uma corrente de águas agitadas, e respirar é algo difícil de se fazer. Impactado, adentro o quarto silenciosamente, fechando a porta atrás de mim e caminho suspenso do chão na direção da sua cama sem perder um segundo sequer dessa linda visão.Ali, meu filho, por que ele está aqui?Por que ela o está abraçando tão protetoramente como se fosse a sua mãe?E quando ela conquistou a sua confiança que eu não percebi?Enquanto dezenas de questionamentos preenchem os meus pensamentos, eu m
Murat— Murat, eu sei o quanto você amou a Cecília e sei que estava disposto a não colocar outra mulher no seu lugar. A Sila e eu nos amamos, e eu vou entender se você precisar de um tempo com esse…— Tempo? — O corto outra vez.— Qual é, Murat? Eu sei que você não a ama…— Você destruiu a minha vida uma vez, Taylor Miller e agora está tentando destruir o meu casamento?— Calma aí, meu amigo, você sabe que eu não tive culpa do que aconteceu naquela noite. Você com essa droga ciúme possessivo entendeu tudo errado. Foi você quem gritou com ela e foi você quem disse coisas que a magoaram, não eu!Bato firme na mesa, me levantando imediatamente para ir até a mureta. Respiro fundo e tento me conter.— Eu recebi fotos e mensagens que me mostravam a traição
SilaA porta do meu quarto se fecha como se fosse o ferro pesado de um cárcere privado e trêmula, me sento na ponta do colchão tentando recuperar as minhas forças.… Ah, você soube? Deixe-me adivinhar, Senhor Arslan? A Dilara falou para você que me viu saindo do seu quarto, certo?… Exatamente! — Como você pode ser tão burro, Murat Arslan? — ralho indignada. — Como não consegue ver que ela o manipula de uma forma tão terrível?Bufo alto e determinada. pensando em ir confrontá-la, porém, a porta volta a se abrir, dessa vez bem devagar e para a minha surpresa o Ali passa por ela um tanto receoso. Respiro fundo, porém, analiso o seu semblante por alguns segundos. Ele parece bem assustado, provavelmente escutou os gritos do seu pai. Portanto, abro um sorriso confiante para ele e faço um gesto de m&atild
Sila— Dilara, peço que retire dessa mesa agora!Não é um pedido, é uma ordem e sim, estou surpresa mais uma vez.— Com que direito você me dá ordens, sua empregadinha de meia idade?!— Com as ordens do Senhor Arslan.O que?! Inquiro mentalmente, inteiramente estarrecida.— A partir de hoje você será tratada como uma empregada qualquer dessa casa e terá que usar uniforme como todos os outros.— A caso você ficou louca, mulher?! Eu sou Dilara Bruser, sou a tia de Ali Arslan e devo ser tratada como tal! — Ela exige quase aos berros.— O Senhor Arslan foi bem claro quanto a sua ordem. Ou você aceita as condições que ele impôs, ou sai dessa casa.A garota fica pálida e balbucia, olhando-me em seguida. No entanto, faço um gesto de desdém para ela, apontando o cami
Sila— Samia, estou com dor de cabeça. Eu vou para o meu quarto descansar um pouco, por favor. Você pode me avisar quando o Murat chegar? — peço, entrando rapidamente na mansão e caminho direto para as escadas.— O Senhor Arslan já chegou, Senhora Arslan e ele a aguarda no escritório. — Paro um tanto aturdida ainda no primeiro degrau e giro no meu próprio eixo para fitá-la.— Quando ele chegou? — Procuro saber.— Já tem um tempo, Senhora.Com uma respiração consternada, a observo se retirar da sala e intrigada vou direto para o escritório. Contudo, abro a porta de devagar e o encontro em pé perto de uma janela, no exato momento que ele entorna o líquido cor de âmbar na sua boca. Seus ombros parecem rígidos e a maneira como os seus dedos seguram o copo tão firmemente, me diz que tem algo
Sila— Está tudo bem, querido! — sibilo baixinho em uma tentativa de trazer um pouco de calma para a criança.Entretanto, respiro fundo e volto o meu olhar para o meu marido, que agora tem os olhos cheios de lágrimas não derramadas.— O seu pai e eu… nós só… estávamos conversando.— Não quero que você vá embora, Sila. Não quero que você morra como a minha mãe.Sinto o meu coração se rachar com essa declaração e me pergunto o que ele quer dizer com isso? Volto a fitar Murat, mas ele sai do escritório em um rompante e eu bufo sem saber o que fazer.— Escute, Ali, eu não vou a lugar nenhum, entendeu? — sussurro, enquanto acaricio os seus cabelos.— Promete, Sila? Promete que não vai me deixar?— Eu prometo, meu amor! Agora, eu preciso
MuratA minha vida toda eu nunca me senti tão frágil e tão atingido como agora, nem mesmo quando a Cecília morreu me deixei cair no solo. E acredite, eu fui devastado com a sua morte tão repentina. Entretanto, ver o medo estampado nos olhos do meu próprio filho, isso sim me destroçou por dentro. Me destruiu de uma forma tão dolorosa que não suportei e simplesmente desabei com tudo. No entanto, fui surpreendido por essa mulher que agora está cuidando das minhas feridas.Os seus cuidados, a sua atenção, o seu toque… cada gesto seu está me penetrando com extrema violência, me queimando por dentro e ao mesmo tempo, está me trazendo uma cura que jamais cogitei ser impossível.Como não me apaixonar por ela?Como não amar cada movimento seu?Como não brigar por esse amor?Eu queria faz