Sila
A porta do meu quarto se fecha como se fosse o ferro pesado de um cárcere privado e trêmula, me sento na ponta do colchão tentando recuperar as minhas forças.
… Ah, você soube? Deixe-me adivinhar, Senhor Arslan? A Dilara falou para você que me viu saindo do seu quarto, certo?
… Exatamente!
— Como você pode ser tão burro, Murat Arslan? — ralho indignada. — Como não consegue ver que ela o manipula de uma forma tão terrível?
Bufo alto e determinada. pensando em ir confrontá-la, porém, a porta volta a se abrir, dessa vez bem devagar e para a minha surpresa o Ali passa por ela um tanto receoso. Respiro fundo, porém, analiso o seu semblante por alguns segundos. Ele parece bem assustado, provavelmente escutou os gritos do seu pai. Portanto, abro um sorriso confiante para ele e faço um gesto de m&atild
Sila— Dilara, peço que retire dessa mesa agora!Não é um pedido, é uma ordem e sim, estou surpresa mais uma vez.— Com que direito você me dá ordens, sua empregadinha de meia idade?!— Com as ordens do Senhor Arslan.O que?! Inquiro mentalmente, inteiramente estarrecida.— A partir de hoje você será tratada como uma empregada qualquer dessa casa e terá que usar uniforme como todos os outros.— A caso você ficou louca, mulher?! Eu sou Dilara Bruser, sou a tia de Ali Arslan e devo ser tratada como tal! — Ela exige quase aos berros.— O Senhor Arslan foi bem claro quanto a sua ordem. Ou você aceita as condições que ele impôs, ou sai dessa casa.A garota fica pálida e balbucia, olhando-me em seguida. No entanto, faço um gesto de desdém para ela, apontando o cami
Sila— Samia, estou com dor de cabeça. Eu vou para o meu quarto descansar um pouco, por favor. Você pode me avisar quando o Murat chegar? — peço, entrando rapidamente na mansão e caminho direto para as escadas.— O Senhor Arslan já chegou, Senhora Arslan e ele a aguarda no escritório. — Paro um tanto aturdida ainda no primeiro degrau e giro no meu próprio eixo para fitá-la.— Quando ele chegou? — Procuro saber.— Já tem um tempo, Senhora.Com uma respiração consternada, a observo se retirar da sala e intrigada vou direto para o escritório. Contudo, abro a porta de devagar e o encontro em pé perto de uma janela, no exato momento que ele entorna o líquido cor de âmbar na sua boca. Seus ombros parecem rígidos e a maneira como os seus dedos seguram o copo tão firmemente, me diz que tem algo
Sila— Está tudo bem, querido! — sibilo baixinho em uma tentativa de trazer um pouco de calma para a criança.Entretanto, respiro fundo e volto o meu olhar para o meu marido, que agora tem os olhos cheios de lágrimas não derramadas.— O seu pai e eu… nós só… estávamos conversando.— Não quero que você vá embora, Sila. Não quero que você morra como a minha mãe.Sinto o meu coração se rachar com essa declaração e me pergunto o que ele quer dizer com isso? Volto a fitar Murat, mas ele sai do escritório em um rompante e eu bufo sem saber o que fazer.— Escute, Ali, eu não vou a lugar nenhum, entendeu? — sussurro, enquanto acaricio os seus cabelos.— Promete, Sila? Promete que não vai me deixar?— Eu prometo, meu amor! Agora, eu preciso
MuratA minha vida toda eu nunca me senti tão frágil e tão atingido como agora, nem mesmo quando a Cecília morreu me deixei cair no solo. E acredite, eu fui devastado com a sua morte tão repentina. Entretanto, ver o medo estampado nos olhos do meu próprio filho, isso sim me destroçou por dentro. Me destruiu de uma forma tão dolorosa que não suportei e simplesmente desabei com tudo. No entanto, fui surpreendido por essa mulher que agora está cuidando das minhas feridas.Os seus cuidados, a sua atenção, o seu toque… cada gesto seu está me penetrando com extrema violência, me queimando por dentro e ao mesmo tempo, está me trazendo uma cura que jamais cogitei ser impossível.Como não me apaixonar por ela?Como não amar cada movimento seu?Como não brigar por esse amor?Eu queria faz
Murat— Temos uma criança essa noite, Senhor Arslan e ele merece esse cardápio diferenciado, concorda comigo? — Ela ralha. Entretanto, olho para o meu filho que está animado como se antigamente.— Você tem toda razão, minha linda esposa! — sibilo, me aproximando dela, beijando-a calidamente na boca.— O que você está fazendo, Murat? — Sila retruca, me afastando imediatamente. — Temos uma criança no nosso meio, Senhor Arslan, por favor se comporte!Rio, dessa vez internamente.— Sim, Senhora! — Ergo as minhas mãos em redenção.Ela respira fundo.— Ok, vamos arrumar tudo em cima do tapete e depois do jantar, vamos armar uma barraca bem no meio desse quarto. Vamos fingir que estamos em um acampamento, o que acham? — Arqueio as sobrancelhas.— Ebaaaa! — Ali volta a gritar
Sila— Você já vai? — pergunto assim que ele se levanta da sua cadeira, ficando de pé no mesmo instante também.— Eu preciso ir, o David quer conversar comigo sobre algo e depois dos últimos acontecimentos acabei o ignorando.— Tudo bem, eu te levo até a porta.— Eu também, papai!Ver o sorriso de Murat mediante a atitude do filho é algo realmente é fascinante. Pensar que o Ali tem um trauma tão rígido e tão forte não me dá a certeza de que Murat Arslan é o único culpado. Eu sei que há algo além disso e até já pensei em uma maneira bem especial para penetrar essa grade de arames farpados que oprime o seu jovem coração.— Vou morrer de saudades suas! — O pai declara para seu filho e o beija várias vezes, fazendo-o rir. — Seja um bom
Sila— Érõn! — O menino resfolega animado, segurando o animal nos seus braços. Sua Alegria é tão grande que parece que mais nada existe ao seu redor e enquanto ele brinca com o gato, aproveito para conversar com Ayla em um canto mais afastado.— Eu já entendi que você está proibida de dar informações e não vou te forçar a isso, mas se você puder apenas confirme com a cabeça. Foi a Dilara quem proibiu de trazer o bichinho para dentro de casa? — Ayla tem o cuidado de olhar ao nosso redor. Contudo, ela faz um sim para mim.Maldita!— Ela fez isso para evitar algum trauma no Ali? — Dessa vez ela responde fazendo um não.Sinto uma raiva crescente dentro de mim.— Por que ela fez isso, Ayla?— Senhora Arslan…— Eu prometo que Dilara não fará nada com
SilaA porta do banheiro se abre minutos depois. Contudo, continuo parada perto de uma janela apenas olhando para o jardim esvoaçante, devido a brisa que insiste em brincar com suas folhas. O delicioso cheiro do perfume masculino me faz fechar os olhos e apreciá-lo por alguns instantes. Entretanto, estou pensando em uma maneira de abordar um certo assunto importante.— O Ali está feliz de estar com o Érõn outra vez. — Murat comenta e penso que não poderia ter melhor oportunidade do que essa. No entanto, ao virar-me para encontrar o seu peitoral desnudo simplesmente arfo, tentando não deixar transparecer o meu anseio de aproximar-me para tocá-lo. — Como conseguiu isso? — Dou de ombros, afastando-me da janela, porém, mantenho uma distância segura entre nós dois.— Eu não fiz nada. — Meu marido arqueia as sobrancelhas, enquanto veste uma camisa.