02/02/2020 - São Francisco, Califórnia. Enquanto o sol brilhava timidamente pela janela do apartamento, Olivia se preparava para mais um dia de trabalho na loja de conveniência. Ela ajustava seu uniforme desgastado, tentando ignorar a sensação de desânimo que a acompanhava todas as manhãs. Seu emprego na loja não era exatamente o que ela sonhava, mas era o que lhe permitia pagar o aluguel e as contas. Ana, sua companheira de apartamento, estava ocupada na cozinha preparando o café da manhã. O aroma de café fresco e torradas quentes permeava o ar, trazendo um pouco de conforto para a manhã cinzenta. Sentadas à pequena mesa da cozinha, Olivia e Ana compartilhavam um café rápido antes de seguir para seus compromissos do dia. — Estou tão cansada deste emprego. — suspirou Olivia, brincando com a colher em sua xícara de café. — Sinto que estou presa em um ciclo interminável de monotonia. Ana, sendo a melhor e praticamente única amiga de Olivia, não mede suas palavras. — Se você tivess
As palavras de Ana atingiram Olivia como um soco no estômago. Ela sentiu-se traída e magoada pela amiga, cujas palavras pareciam mais uma punhalada do que um conselho bem-intencionado. — Pelo visto, você não sabe nada sobre mim, Ana. — respondeu Olivia, sua voz trêmula de raiva e mágoa. — Você está tão envolta na sua vida de luxo e privilégio, que não faz ideia do que é lutar todos os dias para sobreviver. Você tem tudo servido de bandeja pelo seu pai, enquanto eu estou aqui, lutando para pagar as contas com um salário de merda. Olivia agarra em sua bolsa e caminha pesadamente em direção a porta. Antes que ela pudesse sair, ela se deu conta de que não havia exposto tudo o que pensa. — Aliás, quando foi que você virou essa senhora puritana? Pelo que eu bem me lembro, era você que dormia com um homem diferente, TODO FINAL DE SEMANA! Após gritar aquelas últimas palavras, Olivia saiu do apartamento e sequer esperou o elevador. Ela desceu os três lances de escada rapidamente e foi
Do outro lado da praia, perto de uma barraca de drinks, Olivia observava o movimento frenético ao seu redor com um sorriso nos lábios. Seus olhos brilhavam com a energia contagiante da cidade, enquanto ela se deixava envolver pelo clima de festa que pairava no ar. — Obrigada. — ela murmurou para a vendedora, com o português enrolado. Com seu drink nas mãos, Olivia caminhou pelas areias, buscando um lugar mais vazio para aguardar a queima de fogos. Olhando para cima, ela não notou a criança deitada a sua frente e acabou tropeçando, caindo nos braços do homem que vinha na direção dela. — Meu Deus! Olivia arfa, segurando nos braços fortes do homem que a salvara de cair e encarando a criança assustada no chão. — O que faz aí? — ela pergunta para o menino. — Cadê seus pais? A criança, sem entender uma única letra do que saíra da boca de Olivia, se levantou da areia e correu para longe dali. Em um inglês tão bom quanto o dela, o homem falou: — Acredito que ele não tenha e
Ele sentiu uma conexão inexplicável com ela desde o momento em que a segurou após o tropeço na areia, como se o destino estivesse tecendo seus fios invisíveis para uni-los naquela noite especial. O som dos fogos de artifício começou a estourar no céu, iluminando a praia com uma cascata de cores deslumbrantes. Enquanto a multidão vibrava de excitação ao seu redor, Jason e Olivia compartilharam um momento fugaz de tranquilidade, envolvidos pelo encanto daquele instante mágico. Quando os primeiros segundos do novo ano finalmente chegaram, Jason e Olivia se abraçaram em um gesto de celebração, inconscientes do que o futuro reservava para eles além daquela efêmera noite de festa no Rio de Janeiro. Os fogos de artifício explodiam no céu noturno e um olhar intenso trocado entre os dois, revelava uma conexão jamais sentida por ambos. Com o coração batendo descompassado e a eletricidade no ar, Jason se aproximou lentamente de Olivia, sentindo a atração magnética que os unia. Em um movim
Olivia decidiu subir pelas escadas, com uma tentativa frustrada de demorar para chegar ao banheiro. Assim que ela entrou no apartamento, Ana estava sentada no sofá. A loira olhou por cima do ombro e estranhou a falta da embalagem da padaria. Sem falar nada, Olivia largou sua bolsa no chão, caminhou até onde Ana estava e se sentou ao seu lado. Ana ficou apenas observando, enquanto Olivia abria a embalagem da farmácia e colocava a caixa do teste de gravidez em cima da mesa. — Não! — Ana exclama, sentando-se virada para sua amiga. — Olivia! Não! — Eu sei... Olivia entra em desespero e solta o choro que estava preso durante todo o dia. Ana envolveu a amiga em um abraço reconfortante, sentindo o desespero dela irradiar por todo o ambiente. Ela não sabia o que dizer, apenas queria estar ali para oferecer apoio e conforto a Olivia nesse momento difícil. — Você já fez? — Não. — Olivia limpa o rosto com as mãos, se afastando o abraço de Ana. — Estou com medo, Ana... eu não tinha nem perc
— Como, Ana? Eu estou grávida. Grávida! Eu não sei o que fazer... Olivia se agarra ao abraço reconfortante de Ana, deixando suas lágrimas fluírem livremente. — Não é o fim do mundo, Liv. Nós vamos encontrar uma maneira. Você é forte e corajosa, e não está sozinha nessa jornada. Eu estarei aqui para você, não importa o que aconteça. Vamos enfrentar isso juntas, como sempre fizemos. Você é capaz de lidar com qualquer desafio que a vida colocar em seu caminho, e com esse não será diferente. — Obrigada... — Olivia sussurra entre soluços, sentindo-se grata por ter uma amiga tão incrível ao seu lado. — Eu não sei o que seria de mim sem você. As palavras reconfortantes de Ana envolvem Olivia como um abraço caloroso em meio à tempestade de emoções que a consome. Ela se sente um pouco mais fortalecida pela fé e pelo apoio de sua amiga, sabendo que juntas elas podem superar qualquer obstáculo. As amigas permaneceram sentadas no chão do banheiro, por mais algum tempo, até que Ana decidiu da
As noites eram mal dormidas, com pensamentos turbulentos invadindo sua mente, e os dias pareciam uma sequência interminável de incertezas e ansiedades. Ela passava horas pesquisando na internet sobre gravidez, maternidade, e todas as possíveis opções que tinha pela frente. Cada artigo, fórum e depoimento que lia oferecia uma perspectiva diferente, mas nenhum parecia fornecer a resposta definitiva que ela tanto buscava. Além disso, o fantasma de Jason continuava a assombrá-la. Ela se perguntava se ele se importaria, se aceitaria a criança, se estaria disposto a assumir a responsabilidade, caso tivesse a chance de encontrá-lo. Enquanto isso, Ana permanecia ao seu lado, oferecendo apoio incondicional e tentando encontrar maneiras de aliviar o fardo que Olivia carregava. Elas continuavam assistindo a filmes, rindo e chorando juntas, mas no fundo Olivia sabia que não podia fugir para sempre. Ela precisava tomar uma decisão. Um dia ensolarado, proporcionou a oportunidade perfeita para O
05/09/2023 — Daqui uma semana, você vai fazer três aninhos, meu amor! O que quer fazer? — hmmm... shopping! E brincar. Olivia sorri. Era óbvio que aquela seria a escolha. Não havia nada que o pequeno Ethan gostasse de fazer mais, do que ir ao shopping e brincar em pula-pulas. — Está combinado. — ela diz, beijando o baixo cabelo preto dele. — Mas agora a mamãe precisa ir trabalhar e você vai ficar com a tia Ana. Tudo bem? — Tia Ana faz pipoca? — Está muito cedo para comer pipoca, não acha? — Não... Ethan dá de ombros, brincando com o carro que estava em suas mãos. Olivia beija o menino no rosto e deixa o quarto que dividem, indo diretamente para a cozinha, onde Ana estava. Enquanto Ana terminava de preparar os ovos mexidos, Olivia começou a arrumar a mesa, colocando pratos, talheres e sucos frescos. — Você parece preocupada, Liv. — observou Ana, notando a expressão preocupada no rosto da amiga. — Aconteceu alguma coisa? Olivia suspirou, decidindo compartilhar suas preocup