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CAPÍTULO 07 – SUA INTENSIDADE

POV: ARCHER

Suspirei ao ouvir a linha vazia do outro lado, olhando para o relógio. Era tarde da noite e a voz de Avril soava rouca e fria. Por que isto me incomodava? Sou o culpado por suas maiores dores, foi eu quem pedi para me odiar e dei motivos para isto.

Virei o copo de uísque, sentindo o calor da bebida descer pela garganta. Ainda trabalhava naquele maldito relatório, encontrando muitas brechas nas informações internas, o que me levava a crer que ele tinha ajuda interna e que minha equipe não era tão confiável quanto eu pensava. Suspirando, fui até o guarda-roupa e peguei roupas leves, algo casual para vê-la. Com as chaves nas mãos, saí apressado.

— Archer? — chamou minha sogra, saindo do quarto médico de minha noiva. — Vai sair?

— Tenho assuntos para resolver — respondi secamente, continuando a caminhar rapidamente.

— A essas horas? — Ela veio atrás de mim como uma sombra. — Nestas roupas?

Parei e me virei para encará-la, meus olhos faiscando de impaciência.

— Sra. Neandra, pelo que me lembro, não lhe devo satisfações sobre minha vida. Você está aqui como convidada por causa das condições de sua filha. Aconselho que retorne ao quarto e pare de ser um incômodo! — soltei, deixando-a boquiaberta. Saí da mansão, dirigindo minha Ferrari em direção ao deque.

A noite estava escura e as luzes da cidade passavam rapidamente enquanto eu acelerava pelas ruas quase desertas. Estacionei e vi o carro dela parado próximo. Caminhei pela areia lentamente, com as mãos nos bolsos, atravessando a ponte que ligava ao deque onde as ondas batiam levemente. Era uma visão linda de se ver naquela temporada, com o mar bioluminescente, onde qualquer movimento das ondas vibrava com cores sobre a água. Ao fundo, vi sua silhueta frente ao mar, mergulhada em seus pensamentos. Hesitei nos passos, parando para admirá-la. O lugar trazia boas lembranças de quando fugíamos no meio da madrugada para bebermos juntos como dois irresponsáveis, brincar com a deliciosa água do mar e falarmos sobre tudo, mesmo sem precisar dizer nada.

Ao final de cada encontro, eu acendia uma fogueira enquanto ela brincava com os pés na água, chutando os respingos em minha direção. Eu a puxava para os meus braços, trazendo-a mais para perto, e me deliciava com seu cheiro, sendo guiado por sua voz melodiosa enquanto ela compunha canções ao relento para nós, cantando com a leveza que somente Avril Fox tinha.

— Avy? — chamei ao perceber que ela não havia notado minha aproximação, perdida em seus próprios pensamentos.

O que me levou a cogitar: Estaria ela relembrando o nosso passado?

— Fico surpresa que ainda lembre deste lugar — respondeu Avril, sem me encarar. — Achei que havia esquecido, ignorado como o que fez comigo!

Abaixei o olhar pensativo, aproximando-me e parando ao seu lado, sem a olhar, seguindo seu olhar para o horizonte.

— Sabe que minha memória sempre foi boa — ponderei as palavras, esperando suas reações. — Está uma noite linda.

Avril permaneceu em silêncio por alguns momentos, permitindo que o som das ondas quebrando na praia preenchesse o espaço entre nós. Seus olhos fixos no mar pareciam refletir a bioluminescência, brilhando com uma intensidade quase mágica.

— Aqui era meu lugar favorito, o silêncio, apenas o som das ondas, a pureza do ar... — ela continuou, como se falasse mais para si mesma. — Incrível como a pessoa errada pode destruir tudo o que se ama!

— Avril... — virei para olhá-la. Quando encontrei seus olhos azuis brilhantes, rodeados de um vermelho inchado, vi seus lábios trêmulos presos em um aperto de sua mordida, tentando contê-los.

Instintivamente, estendi a mão para tocar seu queixo, desfazendo o nó de sua boca com uma leve carícia. Ela recuou bruscamente virando o rosto se afastando.

— Avril... Eu... — murmurei, mas fui interrompido por seu olhar profundo.

— Não houve uma explicação. — Disse ela ajustando o casaco sobre o corpo. — Por que fez aquilo comigo?

Mantive o silêncio, tombando a cabeça para o lado, analisando suas reações. Suspirando pesadamente, ela virou o rosto caminhando de um lado para o outro.

— Nenhuma explicação, um motivo? — gritou, passando o dorso das mãos trêmulas pelos cabelos que flutuavam com a brisa vinda do mar. — Não mereço nenhuma palavra depois de tudo? Uma razão?

— Nada do que eu disser irá mudar o que aconteceu — mantive o tom firme e baixo.

Avril parou, os olhos arregalados em choque. Seus passos se tornaram mais firmes enquanto avançava em minha direção, o dedo apontado para o meu peito, cutucando com força.

— Tem razão, Sr. Stone, nada que disser irá mudar o que houve, porém, quero que me olhe nos olhos e diga o que te motivou a fazer o que fez? Me responda, ao menos se deu o trabalho de saber se eu estava viva? — Apertando mais o dedo em meu peito, ela fechou as mãos em punhos. — Responda!

Senti o peso das suas palavras e a intensidade de ódio por mim. Seus olhos brilhavam, apesar de sua postura tensa, um relance de mágoa transpareceu sutilmente.

— O que espera que eu lhe diga, Avril? — indaguei, sem me mover.

— Meu Deus... — Ela se afastou, colocando a mão na cabeça e passando os dedos freneticamente entre os fios. — Não se dará ao trabalho de me dar uma desculpa? Qual o problema Archer, isto não vale o seu precioso tempo?

— Por que estou aqui, Avril? — Dei um passo à frente, obrigando-a a recuar dois passos. — Por que me ligou, pretende aceitar a proposta?

— Quero que me dê um bom motivo para aceitar esta proposta estúpida e não me diga que é porque eu preciso. Francamente, você está tão na merda quanto eu! — Cerrando os punhos, ela voltou a se aproximar, ficando cara a cara comigo.

— Tem razão. — Suspirei, e antes que pudesse reagir, ela deferiu um tapa em minha face. Ergui os olhos com a expressão incrédula, toquei o local marcado. — Não vim aqui por isso. Tome uma decisão sábia e me ligue quando estiver equilibrada.

Virei as costas, pronto para sair, quando ela gritou:

— Você me deve isso! — berrou Avril lembrando-me. Parei, voltando a ficar de frente para ela. — Eu tenho o direito de ser desequilibrada aqui e agora. Eu tenho o direito de te odiar, de gritar com você, de desejar que você morra... Eu tenho o direito por todos esses anos em que me detestei por tê-lo conhecido.

— Tem razão, Avril Fox, não vou me opor a isso. Desconte sua raiva em mim! — Nossos olhares se encontraram, e dei alguns passos mais próximos, minha presença intensa. — Me bata se é o que deseja, grite comigo, me xingue. Faça o que precisa fazer para se livrar do seu ódio por mim e depois...

— E depois? — Seu tom saiu feroz, curvei meus lábios ligeiramente em um sorriso deprimente.

— Depois, conversamos sobre o contrato — completei sério, meu olhar fixo no dela. — Se você ainda tiver outras opções.

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