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CAPÍTULO 06 – O PASSADO VOLTA ATONA

POV: AVRIL

— Por que está fazendo isso comigo, Archer? — segurei seu punho, apertando com a cabeça baixa pensativa. — Eu não mereço isso.

— Não, realmente não merece..., mas não tenho escolhas — suspirou ele, soltando-se do meu aperto e saindo da cafeteria, deixando-me imersa em meus pensamentos diante daquela papelada ridícula. Lágrimas escorreram pelo meu rosto, lavando a raiva contida em meu peito.

Fiquei em silêncio, olhando a papelada e a pasta à minha frente, sem reação. Toda a proposta era ridícula, mas aquela cláusula em específico me tirou completamente o chão. Puxei para olhar, coçando os olhos pesados e vermelhos. Aquele idiota seguiu a vida sem olhar para trás, pouco se importando com os danos que havia me causado e agora isto? Aparece sugerindo que eu me passe como sua esposa substituta e seja a doadora principal de sua noiva!

— Vá para o inferno, Archer Stone, não terá nada de mim além de meu desprezo! — exclamei em meio ao silêncio rangendo os dentes furiosa. Quando ouvir barulhos na porta de entrada sendo forçada a abrir. Me assustei e aproximei lentamente, até me deparar com a cena à minha frente. — Papai.

Abri a porta rapidamente, vendo-o todo machucado e fedendo a bebida, algo que vinha se tornando comum desde o incidente com a minha mãe. Ele se perdeu, afundando em seus vícios e me sobrecarregando com as contas do hospital, tornando-se uma sombra do homem que um dia conheci.

— Pai, pelo amor de Deus, o que houve? — indaguei, ajudando-o a entrar e se sentar.

— Ah, eu tropecei por aí — respondeu ele, embriagado e gemendo ao se mover.

— De novo? Já conversamos sobre isso. — Olhei para suas feridas, correndo para pegar a caixa de curativos. Abri-a e comecei a limpar os machucados. — O senhor não pode continuar vivendo assim, pai, vai acabar se matando. Quando a mamãe voltar...

— Ela não vai voltar! — ele gritou, jogando a caixinha de primeiros socorros longe. — Você já deveria estar conformada assim como eu estou.

Suspirei, levantando-me e pegando os itens do chão. Ouvi o som de papel sendo puxado, e quando olhei, vi meu pai segurando a pasta com os documentos de Archer, tentando ler.

— O que é isto? Archer Stone? O que o nome daquele cretino está fazendo aqui? — Mesmo com os olhos pesados, ele se esforçava para ler e começou a gargalhar de forma esnobe. — Ah, então ele veio tentar comprá-la? Pelo menos está pagando bem por ter desgraçado nossas vidas.

— Não diga bobagens. Venha, vou te levar para cima. — O ajudei a se levantar. Ele parou, me olhando fixamente.

— Você está bem? — A pergunta de meu pai fez lágrimas brotarem nos meus olhos. Forcei um sorriso.

— Claro que estou, sou uma Fox! — Estufei o peito, fingindo uma coragem que eu não tinha. — Não se preocupe, não aceitarei essa proposta.

— Por que não? Ele nos tirou tudo. Arrancar alguns dólares dele me parece o mínimo. — Com esforço, consegui levá-lo até o segundo andar, acima da cafeteria onde ficava nossa casa. O joguei no sofá, tirando seus sapatos sujos, e fui à cozinha pegar água e alguns analgésicos.

— Nada que venha de Archer Stone compensa, pai. — Entreguei-lhe o copo e os medicamentos. — Agora descanse um pouco e, por favor, não se meta mais em confusões.

— Pare de se preocupar comigo. Não há sentido nesta vida! — O semblante apagado de meu pai apertou meu coração.

— E quem se preocuparia? — Sorri gentilmente, beijando sua testa e puxando a manta para cima de seu corpo. — É apenas uma fase ruim, pai. Não vou desistir do senhor, assim como não irei desistir da mamãe.

— Droga, fizemos um bom trabalho como pais. — Ele sorriu, começando a adormecer. — Me desculpe...

— Está tudo bem — murmurei, saindo da sala e voltando a mesa onde a pasta estava.

Abri o envelope e peguei o contrato. Havia um clipe anexado a um cartão com o número pessoal de Archer. Uma flor branca chamou minha atenção; era a mesma espécie rara que havia sido deixada no hospital naquele dia horrível. Mesmo três anos depois, eu ainda recebia essas flores anonimamente.

— Seria possível aquele babaca estar me enviando as flores desde aquele acidente? — sussurrei para mim mesma, balançando a cabeça em negativa logo em seguida. — Não, Archer Stone pensa única e exclusivamente nele!

Suspirei e peguei a papelada das contas da minha família. As coisas não estavam fáceis. Sem minha mãe para tocar o café, eu não podia me dedicar ao meu sonho de ser cantora. Com meu pai viciado, boa parte dos meus ganhos ia para pagar as dívidas dele e as contas médicas. No final, tudo pesava. Olhei a parte dos valores ofertados pelo CEO arrogante e não podia negar o quanto isso ajudaria a resolver boa parte dos problemas atuais.

— Mas a que preço? — Reforcei em voz alta, jogando a cabeça para trás pesadamente, olhando para o teto que precisava de uma pintura. — Mamãe, a senhora saberia o que fazer nessas horas, sempre soube.

Minha mãe sempre dizia que devemos ouvir nosso coração, mas também ser racionais. Eu estava presa entre a necessidade financeira desesperadora e o desprezo absoluto por Archer. Fechei os olhos por um momento, tentando acalmar a mente esgotada.

Voltei a abrir os olhos e encarei o contrato mais uma vez. As palavras pareciam dançar na minha frente, oferecendo uma solução temporária para meus problemas. No entanto, o custo de envolver-me novamente com Archer pesava em minha mente.

Meu celular começou a tocar. Ao olhar o identificador, senti o sangue congelar e um frio subir pela minha espinha. Com as mãos suadas, atendi apressadamente:

— Alô? — Saiu quase como um sussurro.

— Sra. Avril Fox? Aqui quem fala é do hospital. Receio não termos boas notícias... — dizia aquela voz quase robótica. As lágrimas desciam enquanto eu me mantinha estática no lugar, em silêncio. — Senhorita Fox, está me ouvindo? Como expliquei, será necessário um tratamento intensivo, e isso aumentará os custos. Precisamos que venha até o hospital para deixar o cheque, entendeu?

— Sim... Claro... — murmurei, sentindo o mundo desabar enquanto encarava o grandioso número daquela proposta. — Estarei aí dentro do prazo com os valores. Apenas forneçam o melhor conforto para ela, obrigada!

Ao desligar, minhas mãos tremiam e as pernas bambeavam. Cocei os cabelos em desespero, tampando a boca com o braço para abafar o grito que explodia da minha garganta. Joguei os papéis ao chão com ódio, a raiva me consumindo. Lentamente, o cartão pousou para cima, diretamente exibindo o número de Archer.

— Não será tão fácil assim, babaca! — resmunguei, discando o número e aguardando a chamada. No segundo toque, ouvi sua voz rouca.

— Alô?

— Precisamos conversar. Sabe onde me encontrar. Esteja lá em trinta minutos e vá sozinho. Você me deve isso, Archer Stone — interrompi a ligação na sua cara sem aguardar sua resposta. Peguei o casaco e as chaves do carro. Estava na hora de confrontar o meu passado.

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