Vejo o meu hidrocar subindo a rampa de acesso a garagem da casa do Danilo, Icky está pilotando. Ele estaciona e desce do hidrocar. Danilo está na porta de entrada a sua espera. Eles entram.
- Oi Icky. Tudo bem?
- Tudo Danilo. O que houve com o Vitor?
Vejo e ouço o Danilo explicar para o Icky, tudo o que ele me explicou. E ainda contou sobre nós. Explicou ao Icky o porquê de eu ter pedido as pesquisa na nova rede. Icky apenas o escuta. Vejo Danilo sair da sala e o acompanho, como se eu estivesse ali sem ele me ver. Entramos na cozinha. Danilo abre uma gaveta e pega uma colher. Voltamos para sala. Ele coloca a colher bem no meio da sala em cima do tapete felpudo. A colher começa a rodopiar, como o ponteiro de uma bússola desgovernada, até ficar totalmente em pé e parar. Um círculo no meio da sala começa a se levantar. Danilo pega a colher. Uma espécie de elevador sobe no meio d
Após o almoço, Danilo pega novamente a colher em uma gaveta. Vamos até a sala é ele a coloca sobre o tapete. E toda a cena que observei se repete. - Você pode me explicar como isso funciona? Isso é mesmo uma colher? - Sim. É uma colher. (Ele ri). - Com os conhecimentos que absorvi dos meus pais. Construí um pequeno campo eletromagnético bem no meio da sala. Ao colocar a colher aí no chão e fazê-la girar com uma das minhas habilidade, eu aciono a chave de desligamento do campo. Quando a chave é desligada ela para, fica em pé e aciona o elevador. - Caramba você consegue fazer isso com a mente? - Sim. Consigo fazer muitas coisas através da telecinese. Existem outros como eu mas são mais limitados. Teremos tempo para eu te mostrar tudo o que consigo fazer. (Ele sorri. E percebo que ainda vou descobrir muitas coisas). Icky fico
Ele me dá um beijo segura minha mão direita e vamos até a garagem. Ele abre a porta do piloto e entra no hidrocar. Segura o volante com as duas mãos e se concentra. Droga como eu queria poder ter minhas câmeras dentro da cabeça dele. O que ele está fazendo? Estou parado do lado de fora de braços cruzados apenas observando. Icky está parado na porta. Ele solta o volante. Olha pra mim e apenas balança a cabeça negativamente. Então ele sai de dentro do hidrocar e olha para Icky. Se aproxima e coloca uma mão em cada ombro do andróide. Apenas o observamos. Icky olha pra mim é faz uma expressão de interrogação. Como se me perguntasse o que o Danilo está fazendo. Dou de ombros em resposta. Danilo o solta e vira se em minha direção. - Fique tranquilo meu anjo! Eles não estão grampeados. (Aquele sorrisão se abre). - Você está em segurança. - Como assim? O que você fez? - As habilidades de t
- Como andam os estudos Vitor? (Meu pai pergunta. Era apenas isso que ele perguntava) - Bem pai. Falta só mais alguns meses para terminar o estudo avançado de robótica. (Ao conversar comigo, ele não me olha. Apenas degusta sua refeição. Me sinto como um de seus empregados).- Quais são seus planos quando acabar o estudo avançado? Eu ainda não sabia o que faria. Bernardo, meu irmão do meio, percebendo meu silêncio, rapidamente me da um chute por baixo da mesa. Sutil, apenas para que eu olhasse para ele, e com uma expressão rápida de olhar, apontou para o papai, como se ele mesmo quisesse responder. Apesar da distância entre eu e meus irmãos, sempre tive uma certa sintonia maior com o Bernardo. Acho que é o que dizem sobre ser coisas de irmãos. Entendi o que ele queria e disse. -
Após o jantar cada um se retirou a sua célula em determinada ala da mansão. A noite está quente, resolvo dar uma volta a pé pelas alamedas próximas a mansão. Já não tem mais ninguém andando pelas alamedas a essa hora, quase meia noite, apenas alguns aerocars de última geração passam de vez em quando. Um drone de monitoramento das forças especiais acabou de passar. Ele não me parou porque deve ter me scaneado lá do alto e me identificado pela mini tela de pulso. Todas as minha informações estão nela, desde meu tipo sanguíneo, altura, peso até minhas notas do curso avançado de robótica. Vejo os faróis de um aerocar vindo em minha direção. Passou devagar e o motorista ficou me observando. No próximo quarteirão percebo que o mesmo aerocar vem novamente ao meu encontro. Ele para ao meu lado. Na minha inocência até então o motorista estaria perdido e queria uma informação. Porém até os aeroc
A semana se arrastou. Não consegui estudar direito. Meu aniversário de vinte e um anos é amanhã. Uma das secretárias do meu pai me mandou uma holomensagem durante a semana dizendo que era importante eu ir para a mansão da colina nesse fim de semana. Será que meu pai já preparou algum cargo para mim em uma de suas empresa? Espero que não. A história do Danilo não sai da minha cabeça. E toda vez que me lembro, aquele formigamento na minha cabeça começa e o calor toma conta do meu corpo. Muito estranho. Pensei até que podeira estar apaixonado por ele. Mais é impossível. Já estive apaixonado antes. Já tive algumas namoradas. Já me apaixonei, mais nunca foi assim. Quando o calor toma conta de mim eu sinto raiva de mim mesmo, por ter apagado o código bip do Danilo. Mas é estranho pois parece que eu estou com raiva de uma outra pessoa e ao mesmo tempo sinto que a raiva é de mim. Cheguei a pensar várias vezes em voltar no mesmo local no mesmo horár
Ao entrarmos na sala, Beh dá uma voz de comando. - Tela ligar. (A parede da frente escurece, não deixando transparecer mais a entrada da minha célula). - Monitoramento da mansão colina. (Várias telas de monitoramento se abrem cobrindo toda a parede de cinco metros de largura por dois e meio de altura). - Entrada da célula habitacional 3. (Era a minha célula. Por questão de privacidade. Nem todos os cômodos da casa são liberados para o monitoramento de todos. Dentro da minha célula só eu consigo acessar as câmeras. Assim como as outras células cada um tem seu acesso privado). Uma pequena tela de vinte centímetros no canto direito da parede de vidro se expandiu tomando toda a parede. Um adolescente de mais ou menos dezessete ou dezoito anos está parado na porta da minha célula que dava acesso a mansão. Aparenta ser pouco mais baixo que eu. Cerca de 1,75 de altura. Eu tenho 1,81. Cabelos lisos num corte curt
Caminhamos até a garagem, abro a porta do lado do piloto e o andróide abra a outra do outro lado. As portas do hidrocar se abriam como asas, para cima. Entramos no hidrocar e o Bernardo começou a falar através do andróide e explicar tudo o que hidrocar era capaz de fazer. - Vítor esse será o único hidrocar de passeio. Eu não quis falar perto da mamãe porque... Você sabe... Ela começa com um monte de perguntas. E já foi difícil convencer o papai de que você tinha que ter um. Imagina ter que ficar com os mesmo discursos para a mamãe. (O andróide fez uma cara de insatisfação). - Imagino! Ele com certeza não ia querer nem que eu tivesse um aerocar comum. Quanto mais um que será "raro". Agora me diz. O que diferencia um aerocar de um hidrocar? - O hidrocar usa o mesmo sistema de impulso de um aerocar, a mesma tecnologia. Porém ele tem um sistema de propulsão turbo que dá mais força aos propulsores que sustentam s
- Holomensagem para Danilo Albuquerque. (Nada aparecia. Apenas a pequena claridade que o minusculo ponto de luz da mini tela de pulso incide para cima, no formato de uma pequena piramide de ponta cabeça onde se forma o holograma da holomensagem. De repente o holograma do Danilo aparece. Aquele sorriso lindo e branco se abre. Tinha esperança de que ele não atendesse. Mais o Igor sabia que ele atenderia. Por muitas vezes eu queria realmente ser o Igor. Por sua astúcia, sua força e sua determinação. Mas seria isso o certo? Seria isso uma boa ideia? Já que eu sei quais são as intenções do Igor? - Igor!? Ao falar o nome do meu outro eu, sinto o calor e o formigamento aumentar e a descarga de adrenalina percorrer meu corpo. - Oi Danilo. Sou eu mesmo. (Não dava mais para voltar. Igor já estava de volta. Mais firme e confiante do que antes).