Piloto até a mansão. Entro e vou direto ao banheiro. Tomo uma ducha. Ouço barulho da tela de transmissão de imagens se ligar. Quem será que ta aqui? Me lembro do meu novo irmão adolescente, MXT. Deve ser ele. Saio do banheiro e dou de cara com o MXT parado na porta.
- Putz! Quer me matar de susto?! (Acabei dando risada da expressão de susto que ele fez com meu grito).
- Desculpa. Achei que seria legal fazer algo que aprendi sobre amigos e e irmãos nas minhas pesquisas.
- Tudo bem.
- Você achou engraçado. Está rindo.
- Estou rindo da sua cara de bobão! (Ele sorriu). - Que horas são?
- Meia noite e dez!
- Me dê os parabéns MXT. Hoje já é meu aniversário! (Ele me abraçou. Ainda é estranho porque ele parece humano).
- Meus parabéns Vitor!
- Tudo o que eu te pedir você vai fazer, certo?
- Sim!
Entramos no quarto de hóspedes.
- Sente se aqui. (Apontei para uma das cadeiras que ficava em minha escrivaninha. Ele se acomodou).
- Você tem alguma entrada para um cabo de conexão de dados?
- Sim. Fica na minha nuca por baixo do meu cabelo. Mas você pode acessar meu banco de dados através de conexão wireless.
- Ótimo! Posso ver o que você tem ai dentro dessa cabecinha rapazinho?
- Pode. Mas você quer encontrar algo específico?
- Na verdade quero saber o quanto meu irmão tem de acesso a você. (Ele fez uma expressão indiferente).
- Pronto! Estamos conectados! (Eu exclamo).
Comecei a fuçar tudo o que eu pude. Muita coisa sem importância. Porém muitos softwares que eu só tinha visto no curso avançado de robótica. Algo me chama a atenção.
- Você tem uma arma? (Falo em voz alta).
- Sim. Bernardo me programou para que cuidasse de sua segurança.
Não estou gostando disso. O que será que está acontecendo que eu ainda não sei. Pelo menos consegui descobrir o que eu queria. Meu irmão realmente só tem acesso as câmeras e com minha voz de comando para libera las. Vou alterar essa voz de comando.
- MXT. Vou nos desconectar e quero que você pesquise nomes próprios na nova rede. E me diga um que você goste. Vamos te dar um nome. MXT é muito andróide. E você parece mais humano do que eu.
O processador de dados dele é muito rápido. Eu mau tinha me levantado da cadeira...
- Icky!
- Icky? Gostou desse?
- Sim.
- Então esse será seu nome agora. Não responda a ninguém quando te chamarem de MXT. Combinado?
- Combinado!
- Preciso que pesquise algo para mim. Porém depois dessa pesquisa você irá apaga lá do seu histórico. OK?
- Ok. Será um daqueles nossos segredos de irmãos?
- Sim Icky! (Eu disse rindo. Ele parecia se sentir satisfeito ao me chamar de irmão).
- Procure tudo o que você encontrar sobre: amor, beijo, sexo e relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. (Ele ficou em silêncio. Percebi que ele já acessava a nova rede).
Me dou conta que ainda estou enrolado apenas por uma toalha. Vou ao meu quarto. Visto apenas uma cueca branca. Icky entra no quarto.
- Não existe nada na nova rede Vitor.
- Tem certeza Icky? Nada mesmo?
- Nada!
Acordo com o barulho de uma conversa vindo da sala. Um leve aroma de bacon e ovos no ar. Nossa, parece que acabei de me deitar e já estou acordando. Que horas serão agora? Sonhei a noite toda com o Danilo. Sonho estranho. Eu apenas o observava dormindo. Estava parado na porta do quarto. Um quarto todo branco. A cama com uma grande cabeceira na parede oposta a porta de entrada, onde eu estava parado. Do lado esquerdo da cama tinha um grande guarda roupas com portas de espelho e do lado direito da cama cortinas pretas com ramos de flores azuis na parede, com certeza escondiam uma janela. Aos pés da cama um baú da largura da cama. Ele estava deitado de bruços apenas de cueca branca. Era tão real que eu tinha vontade de deitar ao lado dele. Até o som de sua respiração eu consegui escutar. Mais eu não conseguia me mexer. Eu sentia que estava ali mais minha visão era como a de uma câmera de segurança, apenas observando. Foi parecido com o flash que tive dentro do hidrocar ontem, com meu irmão saindo do quarto de hóspedes.
- Transparecer. (Dou a voz de comando para que as janelas deixem a luz do dia entrar. Está um lindo dia lá fora).
Icky entra no meu quarto.
- Bom dia dorminhoco!
- Bom dia Icky!
- Dormiu bem?
- Bem que eu queria irmãozinho. Mas a impressão que tenho é que passei a noite em claro. Ouvi vozes... Com quem você estava conversando? E esse cheiro bom? O que é?
- Realmente você parecia não estar dormindo. Teve um sono bem agitado não parava de se mexer na cama.
- Ficou me observando? (Pergunto espantado).
- Sim. Eu não durmo esqueceu? Então me sentei aqui no puff e fiquei pesquisando algumas coisas na nova rede. Aprendi a fazer bacon com ovos para seu café da manhã. (Ele sorri).
- Tá brincando né Icky?! A noite toda para aprender a fazer bacon com ovos...
- Claro que não! (Rimos). - Pesquisei mais sobre aquele assunto que você me pediu. Fiquei meio curioso pela sua curiosidade. É algo que meus microchips não processam. Mas não encontrei nada. Pelo menos não com humanos. Apenas entre algumas espécies animais casais são formados por parceiros do mesmo sexo. Mas pesquisei muito para achar praticamente nada sobre isso.
Ele parece perceber minha cara de frustração.
- Porque da curiosidade em uma coisa que parece não existir?
- Nada não. Só foi algo que veio a minha mente. (Falo tentando mostrar um certo desinteresse). - Com quem você estava conversando?
- Ah! Com seu amigo Danilo.
Minha cabeça começa a formigar e o calor toma conta do meu corpo novamente.
- Como a holomensagem apareceu na tela de transmissão de imagens da sala, achei que não teria problema algum em estabelecer a conexão.
- Tudo bem. O que ele queria? (O formigamento e o calor aumentam).
- Te dar os parabéns. Disse que depois te contacta novamente para conversarem.
Estranho. Eu não disse para o Danilo que hoje era meu aniversário. Será que ele sabe que sou filho de quem sou? Bom... Se ele sabe... Então sabe que hoje é meu aniversário. A imprensa adora fofocar sobre vida do papai.
"O poderoso Sr. Sans. O homem que ajudou a reconstruir o novo mundo. Controla seu império de uma mansão na colina, próximo a fortaleza do nosso governador, na primeira cúpula. Separado de sua única esposa, um amor de infância. Mora com seus dois filhos mais velhos. Bernardo e Cristian, são os braços direito e esquerdo do pai. Laura, a ex esposa mora na terceira cúpula. Rejeitado pelo pai o terceiro filho vive com a mãe".
Icky percebe meu silêncio e diz:
- Você não vai se levantar?
- Vou sim Icky. Vou tomar uma ducha me trocar e comer seu bacon com ovos. Espero que estejam bons. (Falo rindo).
Enquanto eu comia e conversava com Icky o Danilo me mandou três bip mensagens de texto.
"Bom dia Igor! Feliz aniversário!".
"Se não tiver planos, gostaria de te levar para almoçar".
"Me responda por favor".
Já consigo controlar um pouco mais o formigamento na cabeça e o calor no corpo. Ou o Igor esta deixando de existir dentro de mim? Sinto cada vez mais que ele sou eu. As dúvidas continuam. E quando eu menos espero Igor invade minha consciência e as dúvidas se transformavam em certezas.
Penso em sumir da vida do Danilo. Não respondo as bips de mensagens de voz nem de texto que ele manda durante o resto do dia. Ignorei todas as holomensagens.
Continuei minha rotina durante a semana, vivendo minha vida como eu fazia antes. Ajudando minha mãe, freqüentando o curso avançado de robótica. Aprendendo e ensinando o Icky. Minha mãe já está até começando a se acostumar com ele. Danilo não sai da minha cabeça. E sempre que penso nele, sinto que o Igor e todas as vontades se afloram. Principalmente a vontade de vê-lo novamente. Esse formigamento e esse calor não passam. Outro flash. Estaciono o hidrocar rapidamente. Vejo em minha mente a imagem do Danilo. Ele está em sua casa, o vejo se levantar do sofá preto que vi na sala. Um tapete creme quadrado cobre o chão perto do sofá, deve ter uns três metros e meio de largura. O tapete e o sofá ficam um degrau mais baixo que o resto da sala, com piso em madeira clara. Ele para em frente a grande janela ao lado da porta de entrada. Ele olha para seu aerocar esportivo vermelho estacionado na garagem. Da grande janela ele tem a visão da rampa de ace
A noite passou rapidamente. Acordo leve como se andasse nas nuvens. Minha cabeça já não se atrapalha mais com as indas e vindas de Vítor e Igor. Sim eu era o Vítor realizado e também era o Igor realizado. Era como se os dois começassem a se fundir em um só. Mas minhas indagações começam a mudar. Como vai ser de agora em diante. E com minha família... Vou agir naturalmente? Quem sou? O que sou? Essas perguntas rondam minha mente e eu tenho plena consciência de que essas perguntas são do Vitor. Resolvo deixar acontecer. Porém quando resolvo deixar acontecer percebo que o Igor toma conta da situação. Mesmo achando que os dois começavam a se tornar um só, meus dois eu, se tornando apenas EU, se fundindo. Eu ainda sei quando é um e quando é o outro. Não procurei mais o Danilo naquela semana. Mas sabia que queria vê lo. Na semana seguinte sai novamente mais cedo do estudo avançado. E dessa vez sem avisar fui direto
Paro o hidrocar na frente da casa do Danilo. O portão já está aberto e ele está no alto da rampa de acesso a garagem. Apesar das minhas dúvidas e perguntas, sinto a força, a coragem e a astúcia do Igor dentro de mim. Ainda sinto que sou os dois. Imagino que ele deve ter chegado de algum lugar. Está com o mesmo sorriso lindo no rosto, um boné branco, camiseta cinza, calça jeans azul clara e um tênis quase na mesma cor da camiseta. Engraçado... Temos o mesmo estilo de se vestir. Ele percebe que parei o carro mas não entrei, o sorriso desaparece. Abro a porta. - Seu nível de temperatura está alto... - Eu sei Icky. Eu sei. Estou sentindo o calor pelo meu corpo. - Você tem certeza que não quer que eu fique? Em quanto conversavamos dentro do hidrocar vejo que Danilo desce pela rampa. - Não ir
- Através de um exame detalhado de DNA. E toda a cadeia de cromossomos. - Me explica melhor isso Danilo. (Ainda estou confuso). - Após a grande catástrofe, restabelecimento e reconstrução do que restou do planeta. Foi criada as forças especiais. Seus líderes juntamente com os governadores das 32 ilhas que se formaram entraram em um consenso onde ficou estabelecido que o planeta seria "limpo" de tudo o que era anormal. Todo tipo de pesquisa foi feita para erradicar todas as doenças. - Isso eu sei Danilo. - Sim. Eu sei que você sabe. Porque isso é o que todos nós aprendemos. O que você não sabe é que: a trinta e cinco anos atrás, quando eles conseguiram realizar o "grande feito" e inventaram a tal vacina da cura, ela na verdade, era apenas um pretexto para implantar duas células. Uma delas para fazer o mapeamento genético onde é identificado se a pessoa
- Estou aqui pronto para ouvir essa nova história.(Digo sorrindo). Ele me entrega um lanche e enquanto coloca suco em um copo começa a falar. - Sim eu sabia a sua localização. Mas não parei você na alameda aquele dia apenas por saber que você era um novo recém transformado. - Então você tem o costume de parar rapazes nas alamedas durante a noite? (Falo em tom de ironia e ele ri). - Não tolinho. Eu já sabia que seríamos um do outro. Que nos apaixonariamos e que tudo isso que está acontecendo iria acontecer. - Como você sabia. Seus poderes não são ver o futuro. (Rimos novamente). - Ou são? (Faço uma cara mais séria). - Não. (Ele ri novamente). - Não são mesmo. O
Vejo o meu hidrocar subindo a rampa de acesso a garagem da casa do Danilo, Icky está pilotando. Ele estaciona e desce do hidrocar. Danilo está na porta de entrada a sua espera. Eles entram. - Oi Icky. Tudo bem? - Tudo Danilo. O que houve com o Vitor? Vejo e ouço o Danilo explicar para o Icky, tudo o que ele me explicou. E ainda contou sobre nós. Explicou ao Icky o porquê de eu ter pedido as pesquisa na nova rede. Icky apenas o escuta. Vejo Danilo sair da sala e o acompanho, como se eu estivesse ali sem ele me ver. Entramos na cozinha. Danilo abre uma gaveta e pega uma colher. Voltamos para sala. Ele coloca a colher bem no meio da sala em cima do tapete felpudo. A colher começa a rodopiar, como o ponteiro de uma bússola desgovernada, até ficar totalmente em pé e parar. Um círculo no meio da sala começa a se levantar. Danilo pega a colher. Uma espécie de elevador sobe no meio d
Após o almoço, Danilo pega novamente a colher em uma gaveta. Vamos até a sala é ele a coloca sobre o tapete. E toda a cena que observei se repete. - Você pode me explicar como isso funciona? Isso é mesmo uma colher? - Sim. É uma colher. (Ele ri). - Com os conhecimentos que absorvi dos meus pais. Construí um pequeno campo eletromagnético bem no meio da sala. Ao colocar a colher aí no chão e fazê-la girar com uma das minhas habilidade, eu aciono a chave de desligamento do campo. Quando a chave é desligada ela para, fica em pé e aciona o elevador. - Caramba você consegue fazer isso com a mente? - Sim. Consigo fazer muitas coisas através da telecinese. Existem outros como eu mas são mais limitados. Teremos tempo para eu te mostrar tudo o que consigo fazer. (Ele sorri. E percebo que ainda vou descobrir muitas coisas). Icky fico
Ele me dá um beijo segura minha mão direita e vamos até a garagem. Ele abre a porta do piloto e entra no hidrocar. Segura o volante com as duas mãos e se concentra. Droga como eu queria poder ter minhas câmeras dentro da cabeça dele. O que ele está fazendo? Estou parado do lado de fora de braços cruzados apenas observando. Icky está parado na porta. Ele solta o volante. Olha pra mim e apenas balança a cabeça negativamente. Então ele sai de dentro do hidrocar e olha para Icky. Se aproxima e coloca uma mão em cada ombro do andróide. Apenas o observamos. Icky olha pra mim é faz uma expressão de interrogação. Como se me perguntasse o que o Danilo está fazendo. Dou de ombros em resposta. Danilo o solta e vira se em minha direção. - Fique tranquilo meu anjo! Eles não estão grampeados. (Aquele sorrisão se abre). - Você está em segurança. - Como assim? O que você fez? - As habilidades de t