A noite passou rapidamente. Acordo leve como se andasse nas nuvens. Minha cabeça já não se atrapalha mais com as indas e vindas de Vítor e Igor. Sim eu era o Vítor realizado e também era o Igor realizado. Era como se os dois começassem a se fundir em um só.
Mas minhas indagações começam a mudar. Como vai ser de agora em diante. E com minha família... Vou agir naturalmente? Quem sou? O que sou? Essas perguntas rondam minha mente e eu tenho plena consciência de que essas perguntas são do Vitor. Resolvo deixar acontecer. Porém quando resolvo deixar acontecer percebo que o Igor toma conta da situação. Mesmo achando que os dois começavam a se tornar um só, meus dois eu, se tornando apenas EU, se fundindo. Eu ainda sei quando é um e quando é o outro.
Não procurei mais o Danilo naquela semana. Mas sabia que queria vê lo. Na semana seguinte sai novamente mais cedo do estudo avançado. E dessa vez sem avisar fui direto
Paro o hidrocar na frente da casa do Danilo. O portão já está aberto e ele está no alto da rampa de acesso a garagem. Apesar das minhas dúvidas e perguntas, sinto a força, a coragem e a astúcia do Igor dentro de mim. Ainda sinto que sou os dois. Imagino que ele deve ter chegado de algum lugar. Está com o mesmo sorriso lindo no rosto, um boné branco, camiseta cinza, calça jeans azul clara e um tênis quase na mesma cor da camiseta. Engraçado... Temos o mesmo estilo de se vestir. Ele percebe que parei o carro mas não entrei, o sorriso desaparece. Abro a porta. - Seu nível de temperatura está alto... - Eu sei Icky. Eu sei. Estou sentindo o calor pelo meu corpo. - Você tem certeza que não quer que eu fique? Em quanto conversavamos dentro do hidrocar vejo que Danilo desce pela rampa. - Não ir
- Através de um exame detalhado de DNA. E toda a cadeia de cromossomos. - Me explica melhor isso Danilo. (Ainda estou confuso). - Após a grande catástrofe, restabelecimento e reconstrução do que restou do planeta. Foi criada as forças especiais. Seus líderes juntamente com os governadores das 32 ilhas que se formaram entraram em um consenso onde ficou estabelecido que o planeta seria "limpo" de tudo o que era anormal. Todo tipo de pesquisa foi feita para erradicar todas as doenças. - Isso eu sei Danilo. - Sim. Eu sei que você sabe. Porque isso é o que todos nós aprendemos. O que você não sabe é que: a trinta e cinco anos atrás, quando eles conseguiram realizar o "grande feito" e inventaram a tal vacina da cura, ela na verdade, era apenas um pretexto para implantar duas células. Uma delas para fazer o mapeamento genético onde é identificado se a pessoa
- Estou aqui pronto para ouvir essa nova história.(Digo sorrindo). Ele me entrega um lanche e enquanto coloca suco em um copo começa a falar. - Sim eu sabia a sua localização. Mas não parei você na alameda aquele dia apenas por saber que você era um novo recém transformado. - Então você tem o costume de parar rapazes nas alamedas durante a noite? (Falo em tom de ironia e ele ri). - Não tolinho. Eu já sabia que seríamos um do outro. Que nos apaixonariamos e que tudo isso que está acontecendo iria acontecer. - Como você sabia. Seus poderes não são ver o futuro. (Rimos novamente). - Ou são? (Faço uma cara mais séria). - Não. (Ele ri novamente). - Não são mesmo. O
Vejo o meu hidrocar subindo a rampa de acesso a garagem da casa do Danilo, Icky está pilotando. Ele estaciona e desce do hidrocar. Danilo está na porta de entrada a sua espera. Eles entram. - Oi Icky. Tudo bem? - Tudo Danilo. O que houve com o Vitor? Vejo e ouço o Danilo explicar para o Icky, tudo o que ele me explicou. E ainda contou sobre nós. Explicou ao Icky o porquê de eu ter pedido as pesquisa na nova rede. Icky apenas o escuta. Vejo Danilo sair da sala e o acompanho, como se eu estivesse ali sem ele me ver. Entramos na cozinha. Danilo abre uma gaveta e pega uma colher. Voltamos para sala. Ele coloca a colher bem no meio da sala em cima do tapete felpudo. A colher começa a rodopiar, como o ponteiro de uma bússola desgovernada, até ficar totalmente em pé e parar. Um círculo no meio da sala começa a se levantar. Danilo pega a colher. Uma espécie de elevador sobe no meio d
Após o almoço, Danilo pega novamente a colher em uma gaveta. Vamos até a sala é ele a coloca sobre o tapete. E toda a cena que observei se repete. - Você pode me explicar como isso funciona? Isso é mesmo uma colher? - Sim. É uma colher. (Ele ri). - Com os conhecimentos que absorvi dos meus pais. Construí um pequeno campo eletromagnético bem no meio da sala. Ao colocar a colher aí no chão e fazê-la girar com uma das minhas habilidade, eu aciono a chave de desligamento do campo. Quando a chave é desligada ela para, fica em pé e aciona o elevador. - Caramba você consegue fazer isso com a mente? - Sim. Consigo fazer muitas coisas através da telecinese. Existem outros como eu mas são mais limitados. Teremos tempo para eu te mostrar tudo o que consigo fazer. (Ele sorri. E percebo que ainda vou descobrir muitas coisas). Icky fico
Ele me dá um beijo segura minha mão direita e vamos até a garagem. Ele abre a porta do piloto e entra no hidrocar. Segura o volante com as duas mãos e se concentra. Droga como eu queria poder ter minhas câmeras dentro da cabeça dele. O que ele está fazendo? Estou parado do lado de fora de braços cruzados apenas observando. Icky está parado na porta. Ele solta o volante. Olha pra mim e apenas balança a cabeça negativamente. Então ele sai de dentro do hidrocar e olha para Icky. Se aproxima e coloca uma mão em cada ombro do andróide. Apenas o observamos. Icky olha pra mim é faz uma expressão de interrogação. Como se me perguntasse o que o Danilo está fazendo. Dou de ombros em resposta. Danilo o solta e vira se em minha direção. - Fique tranquilo meu anjo! Eles não estão grampeados. (Aquele sorrisão se abre). - Você está em segurança. - Como assim? O que você fez? - As habilidades de t
- Como andam os estudos Vitor? (Meu pai pergunta. Era apenas isso que ele perguntava) - Bem pai. Falta só mais alguns meses para terminar o estudo avançado de robótica. (Ao conversar comigo, ele não me olha. Apenas degusta sua refeição. Me sinto como um de seus empregados).- Quais são seus planos quando acabar o estudo avançado? Eu ainda não sabia o que faria. Bernardo, meu irmão do meio, percebendo meu silêncio, rapidamente me da um chute por baixo da mesa. Sutil, apenas para que eu olhasse para ele, e com uma expressão rápida de olhar, apontou para o papai, como se ele mesmo quisesse responder. Apesar da distância entre eu e meus irmãos, sempre tive uma certa sintonia maior com o Bernardo. Acho que é o que dizem sobre ser coisas de irmãos. Entendi o que ele queria e disse. -
Após o jantar cada um se retirou a sua célula em determinada ala da mansão. A noite está quente, resolvo dar uma volta a pé pelas alamedas próximas a mansão. Já não tem mais ninguém andando pelas alamedas a essa hora, quase meia noite, apenas alguns aerocars de última geração passam de vez em quando. Um drone de monitoramento das forças especiais acabou de passar. Ele não me parou porque deve ter me scaneado lá do alto e me identificado pela mini tela de pulso. Todas as minha informações estão nela, desde meu tipo sanguíneo, altura, peso até minhas notas do curso avançado de robótica. Vejo os faróis de um aerocar vindo em minha direção. Passou devagar e o motorista ficou me observando. No próximo quarteirão percebo que o mesmo aerocar vem novamente ao meu encontro. Ele para ao meu lado. Na minha inocência até então o motorista estaria perdido e queria uma informação. Porém até os aeroc