Capítulo 5 Confronto

Robert Pipermen

O pensamento é o ensaio da ação.

— Daqui a pouco estarei aí, deixe reservado.

“Quem é...”, pensei. A verdade é que eu não sabia nada sobre a

atrevida à minha frente, seus olhos carregavam um olhar incisivo, mas

suas palavras tornaram-se firmes. Ela acabara de invadir minha sala com

uma pretensão que jamais havia visto.

A jovem impetuosa foi seguida por duas mulheres e um homem, a

mulher mais velha lhe era familiar, coordenava o instituto, mas... seu

pensamento foi interrompido:

— Por favor, Sr. Pipermen, precisamos de alguns minutos de seu

tempo, apenas isso — implorou a garota.

Luísa entrou no escritório se justificando pelo erro.

— Senhor, quer que eu comunique a segurança?

Enquanto aproximei-me da mulher mais velha e estendi a mão para

um aperto respondi:

— Não é necessário — cumprimentei a todos, deixando a atrevida

por último.

Se estivéssemos sozinhos ensinaria uma lição àquela menina. Ela

retribuiu meu aperto, com firmeza, sustentando meu olhar.

— Sentem-se, tenho alguns minutos antes que o helicóptero

chegue.

Elas obedeceram.

— Boa tarde, Sr. Pipermen, perdoe-nos, mais uma vez, pelo atraso.

Sou a Bárbara Daut, esta é a Laura Campos, Ana Karvat e Dênis Coelho.

Tivemos resultados excelentes com a fosfoetanolamina e...

Eu já conhecia o projeto, fontes confiáveis haviam me passado tudo

o que eu precisava saber sobre a substância sintética capaz de curar o

câncer em aproximadamente oitenta por cento dos casos, sei também que

ela recusou propostas de vender os direitos sobre o medicamento.

— Vamos ser diretos, já tem um preço estipulado sobre o quanto

quer para abrir mão desta pesquisa? Assumiremos a partir daqui, apenas

se assinar o termo de confidencialidade — interrompi colocando as cartas

na mesa.

— Como assim, assumirem tudo? O que me garante que não

engavetarão apenas o projeto; ou se vierem a produzir, coloquem no

mercado com preços exorbitantes — explodiu a senhora mais velha.

— Estes são os termos, inegociáveis — respondi olhando no Rolex.

— Agora, se me dão licença, tenho outro compromisso e não tolero

atrasos.

Senti seus olhares me seguindo enquanto saía da sala. Luísa me

aguardava na porta do elevador, segurando uma caixa dourada. Ela abriu

um largo sorriso ao me ver. A imagem da noite anterior me veio à mente, o

striptease seguido por sexo animal. Tenho certeza de que ela pensou no mesmo. Sua cabecinha feminina já deve estar imaginando que nos casaremos no domingo.

— Seu belo traseiro e a trepada de ontem não garantirão seu

emprego, não erre novamente — sussurrei enquanto apanhei a caixa e

entrei no elevador.

Luísa arregalou os olhos e mordeu os grossos lábios. As portas

estavam prestes a se fechar e novamente a garota insistente o

surpreendeu, entrando no elevador no último instante.

Garota insistente! Vamos ver o quão persuasiva você pode ser! Ela

me encarava, com certo enfrentamento, mas podia notar que segurava

sua respiração tentando manter o controle, suas mãos na frente do corpo,

os braços cruzados na altura do peito. “Está se consolando, meu anjo?”,

pensei.

— E então? É isso? — indagou tentando soar firme.

Exibi um sorriso, até que estava me divertindo com a situação,

minha vontade era arrancar sua roupa ali mesmo e a foder com força.

Continuei em silêncio, o elevador abriu as portas. Estávamos no terraço e

o helicóptero já havia pousado.

— Quer me acompanhar, Srta. Karvat? Tenho um compromisso,

mas acredito que possa me fazer companhia.

Ela arqueou as sobrancelhas, surpresa com o convite.

— Pelo visto, você é acostumado a estalar os dedos e todos

correrem para lhe obedecer — esbravejou ela olhando para a caixa de

veludo dourada.

— Sei que irá me acompanhar esta noite, do contrário não teria

invadido a minha sala, nem me seguido até aqui. E sim, as pessoas sempre fazem o que ordeno. Mais uma coisa, Srta. Karvat, a curiosidade, como deve saber...

Segurei em sua mão e lhe ajudei a subir no helicóptero, cheguei

mais perto a ponto de sentir um calor emanando de sua pele alva. Prendi

o cinto de segurança e, mais uma vez, ela prendeu a respiração e desviou

o olhar, tentando controlar o nervosismo.

— Está tremendo, Srta. Karvat, é medo de mim ou de voar? —

indaguei sentado à sua frente.

As hélices começaram a girar e ela olhou para a janela.

“Os dois”, concluí. “Belas pernas, Karvat, seu corpo dá sinais

explícitos de desejo, suas pernas descruzadas, em minha direção”.

— Onde estamos indo? — Finalmente perguntou.

— Acho que vou deixar você descobrir por si mesma. — Ergui a

tampa da caixa o suficiente para que somente eu visse seu conteúdo.

Karvat cruzou as longas pernas, quase não conseguindo esconder

sua curiosidade. Que pernas gostosas! Senti meu membro enrijecer

apenas com aquela cruzada.

Ana olhou novamente pela janela, seus olhos arregalaram-se ao

ver que sobrevoávamos o mar. O helicóptero pousou suavemente, a porta

foi aberta, tirei meu cinto e, em seguida, a soltei.

A mansão estava iluminada, o jardim com vista litorânea e podia

ouvir uma música alta vindo do salão de festas.

Thor e Odin vieram correndo ao perceberem que eu havia chegado.

Karvat encolheu-se e agarrou-me tentando se esquivar dos cães.

Confesso que gostei de sua reação exagerada.

— Calma, eles não lhe farão nada. Sente-se! — ordenei com a voz

firme.

Eles me obedeceram de imediato. Ela ainda agarrava meu braço

com força.

— Pode mandá-los embora, por favor?

— Não respeita limites, tem medo de altura e pavor de cães. Mais

alguma coisa que eu deva saber?

— Não me sinto muito à vontade com um animal que pode me

devorar em minutos — sussurrou ela.

Virei-me a encarando, segurei sua mão trêmula.

— Não se preocupe, eu cuidarei de você, do meu jeito.

Puxei-a para mais perto e a beijei, enraivecido. Queria tê-la ali,

senti seu corpo entregar-se a mim, podia sentir sua respiração quente,

seus batimentos acelerados, seus lábios macios e úmidos se moldarem

aos meus. Minha língua envolvia a sua, explorando sua boca

deliciosamente.

Sua respiração agora era um suspiro selvagem, ela pôs as mãos

sobre meu peito, empurrando-me para longe. Sua boca estava vermelha,

enquanto me encarava com indignação. Ela havia gostado tanto quanto

eu, mas limitou-se a responder:

— Se me beijar a força de novo, arranco sua língua com uma

mordida.

Não pude conter a gargalhada.

— Sério? Não senti um músculo do seu corpo resistir — disse

ironicamente.

Apanhei a caixa dourada e tirei uma máscara preta.

— Para matar a sua curiosidade.

Karvat ainda não havia entendido, mas isto era por pouco tempo.

Coloquei a máscara e amarrei as finas tiras de cetim atrás da cabeça.

— Senhorita, me acompanha?

Ana me seguiu e na entrada do salão um jovem vestindo uma

túnica branca nos recepcionou. Ele também usava uma máscara que

cobria os olhos e nariz. Ele me entregou uma máscara dourada.

— Posso?

Sem objeções, ficou imóvel. Então, afastei seus cabelos para o

lado para prender a máscara. Segurei em sua mão e a conduzi pelo salão.

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