Contratos“Eu sei que algum dia você terá uma linda vidaEu sei que você será uma estrelaNo céu de um outro alguémMas por quê? Por quê?Por que não pode ser, por que não pode ser no meu?”Já passava das onze quando cheguei, Laura estava dormindosentada no sofá, enquanto um livro de Quântica pendia sobre o seu colo.Fechei a porta sem fazer barulho, segurando a caixa com a mãoesquerda. Empurrei os edredons para o lado e sentei na cama. Puxei afita vermelha da misteriosa caixa, desmanchando o laço e removi a tampa.— Que fofo!Deixei a caixa ao lado da cama e deitei ali admirando aqueles olhosazuis que adormeceram após alguns minutos de cafuné.Isso só pode ser coisa dele. Ponto para ti Robert, tenho uma quedapor gatos.— Hum... acho que vou chamá-la de Pipi, seus olhos azuis melembram Pipermen.A catedral estava iluminada, no altar o padre carregava um cálice, ocoral entoava um cântico em uníssono. Eu parei diante da coluna, ondehavia uma pequena tigela dour
Limites“A dor é temporária.Ela pode durar um minuto,ou uma hora, ou um dia, ou um ano,mas finalmente ela acabará ealguma outra coisa tomará o seu lugar.Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.”Eu não tomei esta decisão do dia para a noite, li aquela carta, ocontrato e o dicionário uma centena de vezes, a ideia de me tornarsubmissa encrustou em meus pensamentos, no dia em que recebi oenvelope não consegui dormir. No dia seguinte não consegui manterminha atenção e dedicação habitual, claro que Laura notou e merepreendeu. Na segunda noite reli os termos, proporcionar distração eprazer para meu dono? O que será que o excitava, li novamente tentandoencontrar exemplos do mundo em que eu estava me metendo. Mulheressendo chicoteadas, prendedores de mamilos, homens acorrentados,usando coleiras como cães. Aquilo era insano, tão irreal... então, como ador poderia ser associada ao prazer?Seria hipocrisia minha, talvez autodefesa, não sei. Se eu assinasseaq
Rituais“Sistema límbico é a parte do cérebroque nos faz agir sem pensarBaseados apenas no prazer e no medo,ou seja quando ativamos a tecla Foda-se!”Ana Karvat caminhou em minha direção. Ah, senhorita Karvat, eupoderia comê-la aqui mesmo, pensei sentindo a ereção crescer, eu estavaficando duro só de olhá-la. Segurei em sua mão e a conduzi até aHummer, abri a porta, segurei-a pela mão para que entrasse.Sentei à sua frente, ela cruzou as pernas e, em seguida, pôs asmãos sobre as coxas. Delícia de mulher.— E, então, como foi o seu dia?De imediato, ela me fuzilou com o olhar, mordendo os grossoslábios vermelhos.— Durante as primeiras horas prometi a mim mesma que pisariaem suas bolas pela dor daquela maldita depilação. Qual o seu problemacom pelos?— Desta maneira poderia senti-la melhor, você verá a diferença: osbeijos, as mordidas...Ana descruzou as pernas e cruzou em outra direção. Ela engoliuem seco e pegou o envelope, que estava com as folhas compl
Famintos“Neste mundo, há apenas duas tragédias:uma, a de não satisfazermos os nossos desejos;e a outra, a de os satisfazermos”.Eu estava fora de mim, tinha lido tudo que pude durante aquelasemana, visitado dezenas de sites, e por mais relatos que houvessem,ainda duvidava que pudesse fazer parte daquilo, não podia acreditar quedor e prazer estavam intimamente ligados, mas as chicotadas meprovaram o contrário.— Bonsoir, M. Pipermen, votre table est à votre disposicion. Je suisEdith et serai la responsable pour vous ce soir[1] — indagou em umfrancês impecável a jovem com corte chanel extremamente curto.— Merci[2] — agradeceu Robert com indiferença.Pelo jeito que ela o encara, ele comeu a comida e a francesa.Como um cavalheiro, Robert afastou a cadeira para que eu mesentasse. Talheres demais, pensei confusa. Edith retornou com umatravessa prateada e uma garrafa de vinho em outra.— Vai ficar feliz em saber que hoje assinei o acordo com Laurareferente as pe
O Amo“Dominação é a arte ou habilidadede insuflar em quem se gostaum desejo tão intenso,que ela fará qualquer coisa,a qualquer hora e em qualquer lugarapenas para satisfazê-lo.”— Por que está com a cabeça baixa, Ana? — indagou com a vozrouca.— Li que quando uma cena tem início, a submissa somente olharáou tocará seu amo se houver permissão — respondi ainda olhando parabaixo.As portas do elevador se abriram, havíamos chegado em sualuxuosa cobertura.— Agora eu quero que se deite em frente à lareira e me aguardenua.Eu o obedeci, medo e desejo tomavam conta de mim, deixei ovestido e a lingerie sobre o sofá.— Feche os olhos — ordenou o amo.Assim que o ouvi se aproximar, meu corpo estremeceu.— Saudável, segurança e consensual. Esse é o triângulo quecompõe o mundo DS, você lembra da safeword?— Sim, Dom — respondi ainda com os olhos fechados.— Agora fique de quatro, eu quero que você conte cada chicotada,em voz alta.As tiras balançaram no ar e d
Dominada“Me sinto como se euestivesse batendo nas portas do céu.”Tive uma noite sem sonhos, não me lembro bem quando caí nosono... Todos os músculos do meu corpo estavam doloridos, eu havia sidovirada do avesso, eu ainda estava sob o efeito do furacão Pipermen. Abrios olhos que protestaram, meu corpo dava sinais evidentes de que queriaficar ali envolto naqueles lençóis, eu ainda podia sentir seu cheiro ali.Lembrava de ter sido possuída na sala, mas não como fui parar no quartode Pipermen. Será que ele dormiu aqui? A imagem de Robert dormindode conchinha passou pela minha mente. Não, ele não deve ser esse tipode homem romântico. O iPhone estava no travesseiro ao meu lado.Explorei rapidamente os recursos do celular, que vibrou, alertando sobre anova chamada, a imagem do chicote com tiras de couro apareceu na tela.Recebendo chamada: DOM.— Bom dia, Dom.— Bom dia, Ana, dormiu bem? — indagou Pipermen, aquele nãoera o tom do amo da noite anterior.— Sim, Dom.
Ardente“A vontade, se não quer, não cede,é como a chama ardente,que se eleva com mais forçaquanto mais se tenta abafá-la.”— Assista, mas não se toque mais, apenas eu serei responsávelpor seus orgasmos — A ordem do amo piscou em uma nova mensagem.Eu não queria assistir, queria estar ali no lugar de Barbie. Pudeouvi-los arfar, suas respirações aceleradas, ela enfiou as mãos pordebaixo da camiseta de algodão, ela o arranhava com desejo, quandoMarcos a ergueu contra a parede, mantendo as pernas da noiva,enroscadas em seu quadril, ele a apertava com força, as estocadasiniciaram intensas e vigorosas.Os gemidos abafados terminaram e ele murmurou algo que eu nãoconsegui ouvir. Então, me dei conta de que eles estavam prestes a mepegar ali, espiando. Tirei os saltos e peguei o iPhone, a Trilogia Tebanaficaria para outro momento, pois naquele instante eu deveria meconcentrar em não ser pega.Saí na ponta dos pés, desci as escadarias com passos espaçados,pulando
Memórias“Príncipes não fazem meu estiloTalvez o lobo, ou um bom lenhador.Li em algum lugar que a morte começa aos vinte e sete, pois, deacordo com o ponto de vista evolutivo, aos trinta já teria “procriado” edeixado sua marca no mundo. Portanto, exatamente daqui a três anos, eujá terei minha memória reduzida em dezessete por cento, e mais algumasdegradações que minha mente vaidosa se recusou a relembrar. Cientistasde bosta! É porque eles não me viram aqui, linda e inteligente... Certo,modéstia era uma palavra que não fazia parte do meu vocabulário. Ajeiteios cabelos balançando-os para trás e segui para o meu trabalho a passosrápidos, eu morava apenas três quadras do laboratório, dividir aqueleapartamento realmente tinha sido um achado.Meu colega de “convivência” escondia uma paixonite por mim, masseu corpo magro e franzino não me atraía em nada. Durante as primeirassemanas até achei que ele fosse gay.Pablo tinha a pele morena clara, cabelos com pouco vol