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6. Gregório Montreal

Parece que hoje é o dia dos contratempos e tropeços. Primeiro, nada sai como o esperado nos negócios e, quando chego em casa, me deparo com aquela visão perturbadora da Brenda na piscina. Logo em seguida, minha mulher resolve se acidentar dentro da própria casa.

Será que é pedir muito que use calçados antiderrapantes nessa m*****a mansão?

Será que ela não percebe que já é uma mulher de idade avançada e que acidentes domésticos podem acontecer a qualquer momento?

Porca puttana!

(Que merda!)

O que não somos capazes de fazer para manter um padrão de vida digno e evitar que nossa família se envolva em um escândalo?

Literalmente, somos capazes de tudo, até mesmo casar com uma mulher como Carmen Montreal.

Subo os degraus da escada e não consigo tirar aquela imagem da minha cabeça. Como uma mulher pode ser tão linda quanto Brenda? Chega a ser pecado uma perfeição dessas existir no mundo. O mais incrível é que nunca soube que tenha tido um romance com alguém. Isso é muito estranho, pois uma mulher como ela certamente deve ter milhares de pretendentes. Mas talvez tenha alguém especial, e por isso nunca nos apresentou ninguém.

Porém, sou um homem casado, e nada disso me diz respeito. Já tenho problemas demais na minha vida para me meter ou procurar por outros ainda maiores, como me interessar por outra mulher. Especialmente uma como Brenda. Para agravar ainda mais a situação, ela mora na mesma casa que minha esposa, que me atormenta a todo instante para pôr um fim nisso.

Nada é o que parece ser, muito menos tão fácil e prático como Carmen imagina. O testamento do velho Vicente é legítimo, e seria praticamente impossível anulá-lo, ainda mais por ele ter assinado corretamente e diante de duas testemunhas. Isso complica muito a situação, e com certeza Carmen, ao saber, tentará criar uma guerra para tentar desfazer. Mas será a última vontade do pai dela que prevalecerá, gostando ou não.

Termino de subir a escada e chego ao quarto onde Carmen dorme.

Saio dos meus pensamentos com a voz de João, dizendo que precisava se ausentar para resolver alguns assuntos pendentes sobre a festa de logo mais à noite. Ainda tem essa história de festa, que infelizmente não posso cancelar.

Dou permissão para ele se retirar e volto a olhar para Carmen.

Ela está deitada em sua cama e, aparentemente, parece estar tudo bem. Sua respiração é tranquila e, ao me aproximar, noto que seus cabelos estão um pouco sujos de sangue, consequência da queda.

Somos casados há quase vinte anos, mas nunca dormimos sequer um único dia no mesmo quarto. Isso por decisão da própria Carmen. Eu sempre acordo às seis da manhã para fazer meus exercícios e logo em seguida trabalhar. Ela, por outro lado, sempre gostou de dormir tarde e acordar mais tarde ainda. Para evitar problemas conjugais, dormimos em quartos separados.

O que, para mim, sempre foi um grande privilégio, já que nunca precisei dar satisfações sobre minha vida e muito menos sobre o que faço fora daqui. O que para alguns pode parecer estranho, para mim é um grande presente. Nunca tivemos relações sexuais frequentes e, de uns tempos para cá, raramente a procuro. Não sei explicar com exatidão o motivo desse nosso afastamento. No início, a procurava por obrigação, para cumprir meu papel de marido. Mas, com o tempo, ela passou a me evitar com desculpas. O tempo foi passando, e fui me acomodando à situação. Hoje, a vejo apenas como uma mera companheira, nada além disso.

Sento na poltrona à sua frente e ali permaneço por algum tempo, pensando em tudo o que minha vida se tornou. Sempre fui um jovem alegre, de bem com a vida, preocupado apenas em concluir meus estudos para, logo em seguida, me casar com Nancy, minha única namorada — a única que Cristóvão, meu irmão gêmeo, não ousou tocar. Infelizmente, tudo o que era perfeito desmoronou logo após toda aquela tragédia e, para evitar um grande escândalo, me casei com Carmen.

Somente hoje percebo a loucura que cometi ao satisfazer o desejo do meu pai. Mas, infelizmente, existem coisas em nossas vidas que não podem ser mudadas ou revertidas. E esse maldito casamento de fachada é uma delas.

Permaneço pensativo entre meus fantasmas e demônios do passado, até que noto alguém se aproximando e movendo a maçaneta da porta de madeira branca. Olho e vejo que é meu irmão Cristóvão, trazendo consigo seu sarcasmo de sempre.

— O que houve com ela, irmão? Pensei que, desta vez, finalmente tivesse tido coragem de agir e ficado viúvo. — Ele sorri, se divertindo com a situação.

— Pare com as piadas, Cristóvão. Eu não a amo, mas também nunca desejaria sua morte. Não sou como você. — Falo num tom baixo.

— Mas sabe que a morte dela lhe traria muitos benefícios, não é, irmãozinho? — Ele sorri.

— As coisas não são tão simples como o padrinho e você pensam, irmão. Esqueceu do Jorge? — Digo quase num sussurro.

— Aquele bastardinho de merda? Você sabe que daríamos um jeito rápido de desaparecer com ele, se você quisesse. Mas, como sempre, você é um frouxo. — Cristóvão afirma, e eu não posso negar.

Realmente, nunca tive coragem de enfrentar meus problemas. Sempre preferi colocar as vontades dos outros à frente das minhas e, por essa razão, vivo nessa vida de merda até hoje. Tudo isso por medo de expor quem realmente sou.

— Não tenho coragem de fazer isso, Cristóvão. Não sou um assassino, e você sabe muito bem disso. O que aconteceu com Nancy foi um acidente. — Caminho até a porta e a fecho para impedir que alguém nos ouça.

— A única coisa que sei é que você sempre foi e sempre será um bunda-mole sentimental. Isso sim! Em vez de matar logo essa mulher e esse moleque ridículo, fica aí pagando de marido exemplar com esse sentimentalismo barato. Essa porra de sentimento fode com a nossa vida, irmão, e você sabe disso. — Ele diz, abrindo sua maleta e retirando o estetoscópio.

— Dá um tempo, Cristóvão, e faz o teu serviço como médico da família. Para todos os efeitos, esse é o seu único papel nessa casa. E deixa que dos meus problemas cuido eu. — Me afasto até a janela.

— E por falar em problemas, você está com um dos grandes, hein, irmão. — Ele começa a medir a pressão de Carmen enquanto me olha de relance.

— Do que você está falando? — Pergunto, arqueando a sobrancelha.

— Daquela empregada gostosa posando de patroa na tua piscina. Qual é? Está pegando? — Ele sorri, cínico.

— Cala essa porra de boca. Respeita a Brenda, cara. Ela é filha da Tereza e é como se fosse membro desta família.

— Filha da governanta e vocês tratam como se tivesse o mesmo sangue? Ah, conta outra, Gregório. Logo você, que sempre foi o maior pegador da nossa família, pagando de politicamente correto? — Ele fala com desdém, e isso me enfurece.

— Cala essa boca, caralho! Quer que alguém ouça nossa conversa? Ninguém nunca soube do meu passado aqui, e assim tem que continuar, merda. — Falo enfurecido, segurando sua camisa. Ele ergue as mãos em rendição.

— Beleza, irmãozinho! Mas que tua empregadinha é uma gostosa, isso ela é. Se der mole, traço ela sem pensar duas vezes.

— Se você tocar na Brenda, esqueço que somos irmãos e te mato, filho da puta. — Digo, tomado pela fúria.

— Ei, calma aí, irmãozinho. Já entendi. Você quer exclusividade com a ninfetinha, né? Tudo bem, sabe que não sou apegado a essas coisas…

Cristóvão ri, mas algo nele me incomoda profundamente. E o pior? Nem sei exatamente o motivo.

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