Brenda Ortiz Como um ímã, Gregório se aproxima cada vez mais dos meus lábios. Estou a ponto de me render àquele momento, mas uma voz sussurra em meu ouvido, lembrando-me de que devo recuar e não esquecer meus objetivos. Quando percebo que ele está prestes a me beijar, viro o rosto para o lado oposto. Mas Gregório, insatisfeito, encosta sua barba no meu pescoço, fazendo-me arrepiar ao ouvir seu sussurro. — Sei que não deveria, mas estou encantado por você, Brenda. Você me fascina. — Por favor, senhor... Sou uma empregada. — Finjo pudor, algo que desde os meus quinze anos já não sei o significado. — Shh... Não continue. Você sabe muito bem que não é e jamais será uma empregada nesta casa. — Ele insiste em se aproximar. — Mas é assim que todos me consideram. Olhe ao seu redor, todos estão nos observando como se estivéssemos cometendo um pecado mortal por estarmos dançando. — Falo, abaixando o olhar, mas Gregório ergue meu rosto com a ponta dos dedos, forçando-me a encará-lo novament
Brenda OrtizAfasto-me em direção à piscina e pouco me importo se minha mãe está aborrecida comigo depois do que me ouviu dizer à desgraçada da Isadora. Para início de conversa, eu é que deveria estar chateada pelo fato de ela ter trazido meu pai e a Alma justamente hoje, com a casa repleta de convidados, sem sequer me avisar. Parece que fez isso propositalmente, com a única intenção de me ofender e mostrar qual é o meu lugar aqui. Se ela pensa que vou correr ao seu encontro para tentar me redimir, está muito enganada.Deixarei a poeira baixar e, com o passar dos dias, amansarei a fera, como sempre fiz durante todos esses anos. Com todo o carinho do mundo, a farei compreender que tudo não passou de uma mera brincadeira e, consequentemente, serei absolvida pela Madre Teresa de Calcutá.Porque é isso que minha mãe sempre significou para mim: uma mulher imaculada que deveria ter doado sua juventude a um convento. Lá, sim, seria o lugar ideal para que realizasse todas as suas boas ações,
BrendaCom a voz sombria e arrastada Cristovão falava:— Eu te desejo, Brenda, desde o primeiro dia em que te vi nesta casa. Você é a mulher perfeita para estar ao meu lado e me ajudar nos meus planos de conseguir toda a fortuna dos Montreal — diz Cristóvão, e um frio percorre minha espinha.Isso deveria me interessar, afinal, é o que também desejo. Mas acontece exatamente o contrário. Sua proposta me causa receio, medo e um pavor nunca sentido. Eu precisava me livrar desse sujeito, caso contrário teria muitos problemas.— Você está louco se pensa que vou cair nesse seu joguinho sujo e aceitar essa proposta imunda — retruco, nervosa, tentando me soltar, mas ele aperta ainda mais meu braço, fazendo meus olhos se encherem de lágrimas pela dor.— Gregório nunca será o homem ideal para você. Meu irmãozinho sempre foi fraco, um sentimental patético. Uma mulher como você nasceu para viver e triunfar ao lado de um homem de fibra.— Como, quem? Você? — debochei.— Exatamente. E não finja que
Gregório Montreal Estou ao telefone com meu padrinho, discutindo a reunião de logo mais com todos os membros da organização, quando João se aproxima apressado. — Senhor Gregório, a dona Carmen está alterada no quarto, ameaçando destruir tudo se eu não viesse chamá-lo. Termino a ligação rapidamente e entro na mansão, subindo direto para o quarto de Carmen. Assim que abro a porta, encontro-a desesperada, debatendo-se na cama e gritando que seu corpo está repleto de percevejos. Olho para João, que, assim como eu, está espantado diante da situação, sem saber o que fazer. Aproximo-me de Carmen, tentando acalmá-la, mas ela continua agitada e, de repente, me empurra com força. — Você é um inimigo! — grita, aterrorizada. — Veio me fazer mal, me matar! — Carmen, olhe para mim... Sei que ainda não consegue enxergar, mas toque meu rosto e sinta. Sou eu, Gregório, seu marido. Não se lembra? — digo, segurando seu braço e buscando seu olhar, que parece cada vez mais perdido. — NÃO! Você foi
Gregório MontrealCoço a cabeça, tentando me controlar para não perder as estribeiras e piorar ainda mais a situação. Quando faço um gesto para me levantar da cama, Carmen começa a rasgar a própria roupa, gritando que está cheia de bichos percorrendo seu corpo e que eles vão matá-la se continuar vestida.Ramon tenta segurá-la, mas ela o empurra com tanta força que ele perde o equilíbrio, bate a cabeça no móvel de madeira ao lado da cama e cai no chão, desmaiando na mesma hora.— Misericórdia! Ramon?! — Tereza grita, ajoelhando-se diante do corpo do marido e percebendo uma poça de sangue ao redor da cabeça dele.— Ai, meu Jesus Cristinho! Ele morreu, gente?! — João coloca as mãos sobre a cabeça, andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer.Perco a paciência de vez e grito:— SAIA DAQUI, JOÃO, E VÁ PROCURAR AJUDA... AGORA!— Mas, senhor... Quem eu devo chamar? A casa está cheia de convidados, e se alguém souber que dona Carmen está assim, seria um verdadeiro escândalo! Olhe s
GregórioQuando olho, noto que é Brenda quem está desmaiada. Corro ao seu encontro, perguntando de imediato:— O que houve com ela, Cristóvão? — minha voz sai aflita, meu coração acelerado.— Não sei, irmãozinho. Estávamos conversando e bebendo champanhe quando, de repente, ela desmaiou — diz ele, frio e cínico, me fazendo desconfiar de imediato de sua atitude.— Assim, do nada? — olho para ele, desconfiado, mas Cristóvão mantém a mesma expressão cínica de sempre.— Sim, irmãozinho. Do nada! Ou você acha que dopei sua protegida? — responde ironicamente, me fazendo ferver de raiva.— Isso veremos depois, imbecil. Me dê Brenda, vou colocá-la no quarto. Agora vá cuidar de Ramon, que está caído no quarto da Carmen — digo, retirando Brenda dos braços dele. Seu corpo quente e macio encosta no meu, causando um arrepio imediato. Mas logo perco o foco com o susto de Cristóvão ao ver a destruição no quarto.— Eita porra! Que furacão passou por aqui, irmãozinho? Está tudo destruído, e ouço os gr
"A quem realmente devemos fidelidade? A nós mesmos ou às pessoas ao nosso redor?"☆☆☆☆☆Horas depoisMadrugada após a festaBunkerGregório MontrealEstou sentado nesta poltrona, na cabeceira desta mesa, nesse buraco que chamam de escritório da máfia MS-13, em uma reunião da qual não sei o início, o meio e muito menos o fim.Estou cansado de tudo isso. Exausto de viver de aparências, de esconder quem realmente sou apenas para agradar os outros.Nos negócios da máfia, sou implacável, uma verdadeira fúria. Mas, quando se trata da família, sou um meloso do caralho.Hoje, depois de tantos anos fingindo ser o bom moço, o bom pai, o bom marido, o bom homem... cansei. Na verdade, desejo ser o oposto. Quero ser livre!Desejo essa mulher como desejo o ar que respiro, mas não tenho coragem de dizer isso a Brenda, com medo de ser julgado como um mero traidor.Sempre abominei a infidelidade. Carrego isso comigo desde sempre.Mas até quando continuarei me exilando dessa maneira, vivendo pelos outr
Gregório Montreal — EU VOU TE MATAR, DESGRAÇADO! — Cristóvão grita, desesperado. Mirando-o com o dedo indicador, respondo tranquilamente: — É só vir... Daqui, te acerto fácil e te mando para o inferno com prazer, IRMÃOZINHO! — falo suavemente, enquanto ele rosna feito um cão raivoso. — Se acalmem! Baixe essa arma, Cristóvão. Sente-se! O que está havendo aqui? A única vez que te vi dessa maneira, Gregório, foi com sua noiva, Nancy, no dia daquela tragédia. E isso das ações do seu irmão? Por que fez isso? — meu padrinho pergunta. Permaneço calado, servindo-me de mais um pouco de vinho. Quero esquecer tudo, e nada melhor do que me embriagar até adormecer. Quem sabe assim minha vida se torna um pouco melhor e menos mórbida. Permaneço em silêncio, enquanto Cristóvão continua esbravejando. — Ele está caído por essa mulherzinha e não quer admitir. Por isso fica todo alterado quando falo a verdade que ele não quer enxergar. Essa mulher é o verdadeiro demônio, e meu irmãozinho continua