Brenda Ortiz Durante todo esse tempo na delegacia, meu único pensamento é sair o quanto antes daqui para correr até o hospital e ficar ao lado do Gregório. A falta de notícias me enlouquece. E, para piorar, preciso enfrentar todo o meu passado de uma só vez. A volta do Alessandro traz uma avalanche de recordações e, principalmente, me faz questionar como pude cometer tantos erros por ter me deixado levar pelo ódio que sentia por ele. Mas sei que tudo o que fiz também nasce do sentimento de impotência que me domina quando descubro que estou grávida, depois de ser violentada de forma tão brutal.Eu só tinha quinze anos, e tive minha infância e adolescência roubadas de uma maneira imoral. Eu o amava. Na minha inocência, acredito que ele seja o homem da minha vida. Aquele a quem eu entregaria minha pureza e todo o meu amor. Sonho com a minha primeira vez acontecendo depois do nosso casamento. Mas tudo não passa de um sonho, de uma ilusão. E quando conheço sua verdadeira face, já é tarde
BrendaUma semana depois...Hoje completa exatamente uma semana que estou trancafiada nesta cela, sem nenhuma expectativa de quando vou sair daqui e, menos ainda, qual será o meu destino.Rubens, junto com Celso, continua tentando encontrar uma brecha na legislação para que eu possa deixar este lugar ou, ao menos, conseguir uma prisão domiciliar.Confesso que meu maior desespero não é ser privada da liberdade, mas estar longe do Gregório neste momento tão difícil e delicado pelo qual ele está passando.Através de Rubens e Carlo, recebo notícias do meu amor. Sei que ele sobrevive à cirurgia — que foi bastante delicada. Agora está no quarto, recebendo todos os cuidados necessários para sua recuperação, mas não para de perguntar por mim um minuto sequer. Carlo repete que estou em casa e que, por motivos de segurança, não posso sair. Segundo ele, Gregório acredita nessa versão, mas eu sei que ele é muito desconfiado. Com certeza percebe que algo está errado. Eu jamais aceitaria ficar naqu
GregórioNo hospitalNão sei por quanto tempo fico desacordado, mas isso pouco importa agora. Tudo o que quero é ver a minha Brenda. Estou louco de saudades dela e não vejo a hora de nos casarmos e ficarmos juntos para sempre.Amo essa mulher demais. Ficar longe dela é como não estar vivo. Quando estamos separados, sinto como se uma parte de mim estivesse faltando. Perco o foco, não consigo pensar em mais nada além dela.Estou deitado em uma cama, recebendo medicação pela veia. Tento levantar a cabeça, mas tudo dói... braços, pernas, tórax. Parece que fui atropelado por um tanque de guerra ou que levei uma rajada de tiros, de tanta dor que sinto.Com muito esforço, consigo erguer um pouco a cabeça. Ao olhar para o lado, vejo meu pai dormindo numa poltrona. Observo-o por alguns instantes e volto a deitar. Uma avalanche de recordações invade minha mente, e entre elas, a gratidão. Sim... Apesar de tudo o que passo para chegar até aqui, sinto-me grato e um homem de sorte. Cresço cercado p
GregórioOlho para a porta e não acredito no que vejo... parada diante de mim está ela. A assassina. A psicopata. Carmen, sorridente e soberba como sempre. O que não consigo entender é como ainda está solta depois de confessar todas as suas monstruosidades. Será que a gravação falhou e ninguém conseguiu ouvir sua confissão? Ou talvez algo tenha acontecido com meu celular e ele não chegou às mãos do Rubens?Ainda absorto em meus pensamentos, observo atentamente seus passos na minha direção. Ela tenta se aproximar da cama onde estou sentado, mas seguro firme seu braço e a encaro com fúria.— O que faz aqui, Carmen? Você deveria estar atrás das grades de uma penitenciária de segurança máxima. Ordinária! Psicopata! — grito, apertando com força seu braço. Ela se solta rapidamente e se afasta.— Filho, por favor... acalme-se. Isso não faz bem à sua recuperação — diz meu pai, aproximando-se e afastando Carmen de mim.— É isso mesmo que você deseja para a mulher que foi sua esposa por tantos
Cidade Imperial | Rio de Janeiro 25 de dezembro de 2022. Brenda Ortiz Os primeiros raios de sol atravessam as cortinas de linho branco, dançando com a brisa suave antes de tocar cada canto do meu quarto suntuoso. O vermelho e o branco se misturam em um cenário de pura elegância, refletindo o brilho dourado da manhã. Hoje, o dia nasce com um ar de perfeição absoluta—não poderia ser diferente. Afinal, é o meu aniversário de vinte e cinco anos. Por sorte ou ironia do destino, nasço na mesma data do menino Jesus. Consequentemente, isso me transforma em uma pessoa imaculada para alguns e profana para outros. Ou melhor dizendo, para outra. Mais claramente na língua da megera Carmen, a digníssima primeira-dama da família Montreal. Mas, na realidade, nunca passa de uma esposa caquética do delicioso Greguizinho... do meu neném... Pois é assim que o chamo nos meus sonhos mais quentes. E vou confessar que, durante essa noite e madrugada, tenho um dos melhores sonhos de toda a minha vi
BrendaRespiro fundo, sentindo o corpo leve depois de chegar ao ápice naquele vibrador, como se ele tivesse vida própria. Espreguiço-me no maravilhoso lençol egípcio e decidi me levantar da cama para tomar um bom banho de banheira. Limpo o vibrador e o guardo na gaveta com chave. Mas, antes, caminho até a janela, abro as cortinas e me espreguiço novamente, completamente nua diante dos raios de sol.Ligo o som ambiente e, ao clicar na minha playlist, toca a música que amo: " La Descarada". E, pra variar, a letra é a minha cara, né!?Abro as saídas de água quente, coloco alguns sais de banho, faço um coque frouxo no cabelo, deixando-o acima da cabeça, e entro na banheira de mármore italiano cor âmbar, me deliciando naquele banho maravilhoso. Fecho as saídas de água e começo a cantarolar minha canção. Já passava das dez da manhã, e eu ainda nem tomei café. Porém, isso pouco importa. Quanto menos eu como, menos engordo e muito mais gostosa fico para enlouquecer todos à minha volta.Perman
BrendaDesço os longos degraus da escada flutuante e caminho até a cozinha, pegando uma fruta. Olho em volta daquele gigantesco cômodo, todo revestido com pastilhas de vidro nas cores marfim e branco, sentindo uma certa alegria ao pensar que, muito em breve, tudo isso e muito mais me pertencerá.Dou uma mordida na suculenta maçã e mastigo tranquilamente, deliciando-me com o sabor adocicado que somente uma fruta de qualidade pode proporcionar. Por um milagre, a casa está silenciosa como há muito tempo não via."Será que, enfim, encontraram algo melhor para fazer do que bisbilhotar a vida uns dos outros?"Penso enquanto abro o refrigerador de inox, pego um iogurte desnatado e o abro calmamente, adicionando algumas granolas retiradas de um pote de cristal disposto no tampo de granito do armário aéreo acima da pia.Puxo uma banqueta branca junto à ilha e me sento. Vagarosamente, começo a comer o iogurte e, quando estou na última colherada, sinto alguém se aproximar. Um perfume cítrico inc
BrendaContinuo deitada de frente para a piscina, aproveitando o meu momento. Tudo está perfeito, até que o portão principal da mansão se abre, e por ele entra o meu neném, fazendo-me arrepiar por completo, além, é claro, de fazer a minha lindinha pulsar de desejo.Baixo os meus óculos de sol na posição meia-lua e, enquanto tenho os pensamentos mais pervertidos deste universo, ouço uma voz próxima ao meu ouvido que me faz perder o sorriso no ato.— Brenda! O que pensa que está fazendo deitada nessa espreguiçadeira como se fosse a dona desta casa, logo depois do acidente da dona Carmen? Responda, menina! — minha mãe chega com aquela voz de quem nunca está a favor de nada do que eu faço.— Bom dia para a senhora também, mamãe! Ainda não sou a dona, mas em breve isso vai mudar! Me aguarde, mamãe... Me aguarde. — Sorrio. — E quanto a essa senhora, não estou sabendo de nada. O que houve desta vez? Ela perdeu o horário no cabeleireiro? Ou foi à clínica de estética para fazer recauchutagem?