"Sou apenas um pedaço de confusão e desespero."Gregório — No HospitalCarmem cospe seu veneno e sai tranquilamente, batendo a porta com força. Meu sangue ferve, e fico completamente fora de mim ao ouvir o que aquela desgraçada acaba de dizer. Minha vontade é sair correndo deste hospital, ir direto à delegacia e resgatar Brenda, custe o que custar.Exijo explicações do meu pai, mas, antes que ele diga qualquer coisa, a porta se abre e ouço a voz de Rubens. Olho em sua direção e disparo, completamente sem paciência:— Que porra é essa que a maldita da Carmem acaba de me contar toda satisfeita? Até quando vocês pretendem esconder de mim que a Brenda está presa? Respondam! — grito, alternando o olhar entre meu pai e Rubens.Tento me levantar da cama, mas a dor nas costas me impede de dar um passo sequer.— Calma, Gregório! Nervosismo agora não ajuda em absolutamente nada. Você ainda está em recuperação depois de tudo o que passou, meu amigo. Pode ficar tranquilo que eu vou te explicar tu
Brenda Ortiz - Na DelegaciaAs horas passam rapidamente e, com elas, meu tempo e minha esperança de sair dessa situação diminuem cada vez mais. Tenho exatamente seis dias para deixar esta delegacia, mas continuo na mesma condição, sem nenhuma expectativa de absolutamente nada.Muitas vezes, sinto o desespero se apossar do meu corpo e da minha mente, sem controle. A angústia e o medo de não conseguir sair daqui tentam, a todo custo, invadir meu coração. Seguro a foto da minha filha nas mãos e, a cada olhar, percebo o quanto preciso recuperar minha liberdade. Há muitos que precisam de mim e também sentem minha falta. Entre eles, minha filha... e o amor da minha vida.Lágrimas escorrem sem controle pelo meu rosto, e a dor profunda da solidão me sufoca ao lembrar do Gregório.— Ai, meu amor... Como sinto sua falta. Como eu desejaria que tudo isso não passasse de um pesadelo e que, a qualquer momento, eu pudesse despertar e notar que estou em teus braços novamente — murmuro, chorando.Não
Brenda Ortiz - No Hospital A enfermeira termina o atendimento e se afasta para cuidar de outros pacientes. Sei que meu tempo neste hospital é mínimo. Provavelmente, em poucas horas, estarei de volta à prisão. Mas eu não posso voltar... Não posso. Preciso encontrar uma forma de fugir. Antes, jamais cogitaria essa possibilidade, mas agora não se trata apenas de mim — é sobre o meu filho. E eu nunca permitirei que meu anjinho, fruto do amor entre Gregório e eu, nasça dentro de uma cela... Eu não vou deixar.Olho para o lado e vejo que a enfermeira está de costas. A porta permanece fechada, e então começo a gritar por socorro.— Ai... Ai... Ai... Que dor! Por favor, alguém me ajuda! — grito, desesperada.A enfermeira se aproxima rapidamente. Em seguida, a porta se abre, e um dos policiais entra para averiguar o que está acontecendo.— O que houve? — pergunta a enfermeira.— Estou com muita dor nas costas e na cabeça. Está insuportável. Me ajuda, por favor... Eu não sei o que fazer — digo
Cidade Imperial | Rio de Janeiro 25 de dezembro de 2022. Brenda Ortiz Os primeiros raios de sol atravessam as cortinas de linho branco, dançando com a brisa suave antes de tocar cada canto do meu quarto suntuoso. O vermelho e o branco se misturam em um cenário de pura elegância, refletindo o brilho dourado da manhã. Hoje, o dia nasce com um ar de perfeição absoluta—não poderia ser diferente. Afinal, é o meu aniversário de vinte e cinco anos. Por sorte ou ironia do destino, nasço na mesma data do menino Jesus. Consequentemente, isso me transforma em uma pessoa imaculada para alguns e profana para outros. Ou melhor dizendo, para outra. Mais claramente na língua da megera Carmen, a digníssima primeira-dama da família Montreal. Mas, na realidade, nunca passa de uma esposa caquética do delicioso Greguizinho... do meu neném... Pois é assim que o chamo nos meus sonhos mais quentes. E vou confessar que, durante essa noite e madrugada, tenho um dos melhores sonhos de toda a minha vi
BrendaRespiro fundo, sentindo o corpo leve depois de chegar ao ápice naquele vibrador, como se ele tivesse vida própria. Espreguiço-me no maravilhoso lençol egípcio e decidi me levantar da cama para tomar um bom banho de banheira. Limpo o vibrador e o guardo na gaveta com chave. Mas, antes, caminho até a janela, abro as cortinas e me espreguiço novamente, completamente nua diante dos raios de sol.Ligo o som ambiente e, ao clicar na minha playlist, toca a música que amo: " La Descarada". E, pra variar, a letra é a minha cara, né!?Abro as saídas de água quente, coloco alguns sais de banho, faço um coque frouxo no cabelo, deixando-o acima da cabeça, e entro na banheira de mármore italiano cor âmbar, me deliciando naquele banho maravilhoso. Fecho as saídas de água e começo a cantarolar minha canção. Já passava das dez da manhã, e eu ainda nem tomei café. Porém, isso pouco importa. Quanto menos eu como, menos engordo e muito mais gostosa fico para enlouquecer todos à minha volta.Perman
BrendaDesço os longos degraus da escada flutuante e caminho até a cozinha, pegando uma fruta. Olho em volta daquele gigantesco cômodo, todo revestido com pastilhas de vidro nas cores marfim e branco, sentindo uma certa alegria ao pensar que, muito em breve, tudo isso e muito mais me pertencerá.Dou uma mordida na suculenta maçã e mastigo tranquilamente, deliciando-me com o sabor adocicado que somente uma fruta de qualidade pode proporcionar. Por um milagre, a casa está silenciosa como há muito tempo não via."Será que, enfim, encontraram algo melhor para fazer do que bisbilhotar a vida uns dos outros?"Penso enquanto abro o refrigerador de inox, pego um iogurte desnatado e o abro calmamente, adicionando algumas granolas retiradas de um pote de cristal disposto no tampo de granito do armário aéreo acima da pia.Puxo uma banqueta branca junto à ilha e me sento. Vagarosamente, começo a comer o iogurte e, quando estou na última colherada, sinto alguém se aproximar. Um perfume cítrico inc
BrendaContinuo deitada de frente para a piscina, aproveitando o meu momento. Tudo está perfeito, até que o portão principal da mansão se abre, e por ele entra o meu neném, fazendo-me arrepiar por completo, além, é claro, de fazer a minha lindinha pulsar de desejo.Baixo os meus óculos de sol na posição meia-lua e, enquanto tenho os pensamentos mais pervertidos deste universo, ouço uma voz próxima ao meu ouvido que me faz perder o sorriso no ato.— Brenda! O que pensa que está fazendo deitada nessa espreguiçadeira como se fosse a dona desta casa, logo depois do acidente da dona Carmen? Responda, menina! — minha mãe chega com aquela voz de quem nunca está a favor de nada do que eu faço.— Bom dia para a senhora também, mamãe! Ainda não sou a dona, mas em breve isso vai mudar! Me aguarde, mamãe... Me aguarde. — Sorrio. — E quanto a essa senhora, não estou sabendo de nada. O que houve desta vez? Ela perdeu o horário no cabeleireiro? Ou foi à clínica de estética para fazer recauchutagem?
Brenda — O que está acontecendo aqui, Tereza? Por que as vozes alteradas? Algum problema? — Gregório se aproxima, falando com sua voz rouca e viril, que me deixa enlouquecida. — Não. Nada, senhor Gregório. — Minha mãe responde, baixando o olhar submisso como sempre. — Então por que Brenda está chorando? Uma moça tão linda como ela não deve derramar sequer uma lágrima, ainda mais no dia do seu aniversário. A não ser que seja de alegria. Não é mesmo? — Meu neném diz, segurando meu queixo com a ponta dos dedos e abrindo um sorriso encantador. — Senhor... é que... — Minha mãe tenta falar, mas eu a interrompe, pois sabia que ela iria falar sobre a caquética da Carmen. — Sabe o que é, nenê... Senhor Gregório... — Tento falar, mas ele me interrompe. — Para vocês, somente Gregório. Já disse isso à sua mãe, mas ela insiste em dizer que sou o patrão e que, por essa razão, deve manter o decoro. — Ele fala sorridente, com aquela voz grossa e máscula que me desestabiliza. — É... Infelizmente