Gregório Montreal Estou ao telefone com meu padrinho, discutindo a reunião de logo mais com todos os membros da organização, quando João se aproxima apressado. — Senhor Gregório, a dona Carmen está alterada no quarto, ameaçando destruir tudo se eu não viesse chamá-lo. Termino a ligação rapidamente e entro na mansão, subindo direto para o quarto de Carmen. Assim que abro a porta, encontro-a desesperada, debatendo-se na cama e gritando que seu corpo está repleto de percevejos. Olho para João, que, assim como eu, está espantado diante da situação, sem saber o que fazer. Aproximo-me de Carmen, tentando acalmá-la, mas ela continua agitada e, de repente, me empurra com força. — Você é um inimigo! — grita, aterrorizada. — Veio me fazer mal, me matar! — Carmen, olhe para mim... Sei que ainda não consegue enxergar, mas toque meu rosto e sinta. Sou eu, Gregório, seu marido. Não se lembra? — digo, segurando seu braço e buscando seu olhar, que parece cada vez mais perdido. — NÃO! Você foi
Gregório MontrealCoço a cabeça, tentando me controlar para não perder as estribeiras e piorar ainda mais a situação. Quando faço um gesto para me levantar da cama, Carmen começa a rasgar a própria roupa, gritando que está cheia de bichos percorrendo seu corpo e que eles vão matá-la se continuar vestida.Ramon tenta segurá-la, mas ela o empurra com tanta força que ele perde o equilíbrio, bate a cabeça no móvel de madeira ao lado da cama e cai no chão, desmaiando na mesma hora.— Misericórdia! Ramon?! — Tereza grita, ajoelhando-se diante do corpo do marido e percebendo uma poça de sangue ao redor da cabeça dele.— Ai, meu Jesus Cristinho! Ele morreu, gente?! — João coloca as mãos sobre a cabeça, andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer.Perco a paciência de vez e grito:— SAIA DAQUI, JOÃO, E VÁ PROCURAR AJUDA... AGORA!— Mas, senhor... Quem eu devo chamar? A casa está cheia de convidados, e se alguém souber que dona Carmen está assim, seria um verdadeiro escândalo! Olhe s
GregórioQuando olho, noto que é Brenda quem está desmaiada. Corro ao seu encontro, perguntando de imediato:— O que houve com ela, Cristóvão? — minha voz sai aflita, meu coração acelerado.— Não sei, irmãozinho. Estávamos conversando e bebendo champanhe quando, de repente, ela desmaiou — diz ele, frio e cínico, me fazendo desconfiar de imediato de sua atitude.— Assim, do nada? — olho para ele, desconfiado, mas Cristóvão mantém a mesma expressão cínica de sempre.— Sim, irmãozinho. Do nada! Ou você acha que dopei sua protegida? — responde ironicamente, me fazendo ferver de raiva.— Isso veremos depois, imbecil. Me dê Brenda, vou colocá-la no quarto. Agora vá cuidar de Ramon, que está caído no quarto da Carmen — digo, retirando Brenda dos braços dele. Seu corpo quente e macio encosta no meu, causando um arrepio imediato. Mas logo perco o foco com o susto de Cristóvão ao ver a destruição no quarto.— Eita porra! Que furacão passou por aqui, irmãozinho? Está tudo destruído, e ouço os gr
"A quem realmente devemos fidelidade? A nós mesmos ou às pessoas ao nosso redor?"☆☆☆☆☆Horas depoisMadrugada após a festaBunkerGregório MontrealEstou sentado nesta poltrona, na cabeceira desta mesa, nesse buraco que chamam de escritório da máfia MS-13, em uma reunião da qual não sei o início, o meio e muito menos o fim.Estou cansado de tudo isso. Exausto de viver de aparências, de esconder quem realmente sou apenas para agradar os outros.Nos negócios da máfia, sou implacável, uma verdadeira fúria. Mas, quando se trata da família, sou um meloso do caralho.Hoje, depois de tantos anos fingindo ser o bom moço, o bom pai, o bom marido, o bom homem... cansei. Na verdade, desejo ser o oposto. Quero ser livre!Desejo essa mulher como desejo o ar que respiro, mas não tenho coragem de dizer isso a Brenda, com medo de ser julgado como um mero traidor.Sempre abominei a infidelidade. Carrego isso comigo desde sempre.Mas até quando continuarei me exilando dessa maneira, vivendo pelos outr
Gregório Montreal — EU VOU TE MATAR, DESGRAÇADO! — Cristóvão grita, desesperado. Mirando-o com o dedo indicador, respondo tranquilamente: — É só vir... Daqui, te acerto fácil e te mando para o inferno com prazer, IRMÃOZINHO! — falo suavemente, enquanto ele rosna feito um cão raivoso. — Se acalmem! Baixe essa arma, Cristóvão. Sente-se! O que está havendo aqui? A única vez que te vi dessa maneira, Gregório, foi com sua noiva, Nancy, no dia daquela tragédia. E isso das ações do seu irmão? Por que fez isso? — meu padrinho pergunta. Permaneço calado, servindo-me de mais um pouco de vinho. Quero esquecer tudo, e nada melhor do que me embriagar até adormecer. Quem sabe assim minha vida se torna um pouco melhor e menos mórbida. Permaneço em silêncio, enquanto Cristóvão continua esbravejando. — Ele está caído por essa mulherzinha e não quer admitir. Por isso fica todo alterado quando falo a verdade que ele não quer enxergar. Essa mulher é o verdadeiro demônio, e meu irmãozinho continua
Mansão Montreal Dia seguinte Brenda Durmo como uma verdadeira deusa depois do carinho que meu neném faz nos meus cabelos. Seu toque é tão perfeito que me faz sonhar deliciosamente com ele. Acabo adormecendo de verdade e nem percebo quando ele sai do meu quarto. Por sorte, me livro do miserável Cristóvão e de suas insinuações sobre minha filha, Zoe, fingindo aquele desmaio. Esse desgraçado está tentando se aproveitar da situação, que ainda não entendo como chegou ao seu conhecimento. Mas, dessa vez, sou eu quem leva a melhor, tendo o privilégio de sentir o cuidado e a atenção do meu Gregório. Aos dezesseis anos, tenho uma filha com o maldito Alessandro. Esse é um segredo que guardo a sete chaves há nove anos, e ninguém será capaz de mudar isso. Zoe é uma menina linda: pele alva, cabelos negros cacheados, olhos azuis brilhantes e um sorriso capaz de contagiar qualquer pessoa. Qualquer um se encantaria com aquela anjinha em forma de menina. Qualquer um... menos eu. Para mim, essa
BRENDA Permaneço estática, olhando nos olhos âmbar daquele homem. Quando penso em seguir para o quarto, ouço novamente sua voz imponente, que me faz arrepiar por completo. Mas, dessa vez, não é um arrepio de prazer, e sim de medo. Não sei explicar o motivo, mas, no fundo, sei que esse homem, cedo ou tarde, me causará grandes problemas. Talvez eu não consiga escapar. — Perdoe-me! Não foi minha intenção machucá-la — diz ele com sua voz rouca, fazendo um calafrio percorrer minha espinha. — Tudo bem, senhor. Eu estava um pouco distraída, a culpa foi toda minha — respondo, afastando-me um pouco. Sinto seu olhar fixo em cada um dos meus movimentos. Será que ele realmente sabe de algo ou apenas blefou? A minha mente dá um nó, e meu peito congela. Um sinal de alerta acende em mim, dizendo que devo tomar cuidado com esse homem. Ele não está aqui atoa. Isso eu tenho certeza. — E, pelo visto, apressada, não é mesmo? — ele comenta, soltando a fumaça do charuto. — Tem razão! Apressadíssima
Brenda OrtizJá na cozinha, sento na banqueta e viro meu olhar para uma das empregadas, perguntando:— Sônia, onde está minha mãe?— No quarto, cuidando do seu pai — ela responde de costas, enquanto termina de preparar o almoço.— Então sirva meu café, estou com fome — falo, cruzando os braços.— Se quiser, pegue você mesma. Estou ocupada... E isso era o que você também deveria estar fazendo. Não acha? — ela diz, sarcástica, olhando de lado.— Você é abusada mesmo. Mas logo vou te mostrar seu devido lugar nesta casa, empregadinha — rosno.— Você fala como se também não fosse uma de nós. Se acha a dona da casa só porque se deita com o filho do patrão? — ela diz, sorrindo.— Ficou louca? De onde tirou isso? — me faço de desentendida, mas não adianta.— Acha que ninguém sabe? Você mesma faz questão de deixar a porta aberta enquanto se enrosca feito uma cadela no cio com o Jorge. Me poupe, Brenda. Aqui, a única que não sabe disso é a pobre da sua mãe. Mas logo ela vai enxergar que tipo de