Prólogo 2 Artêmis Três anos antes... ... Para Athos! Para o carro, porra! Grito completamente apavorado enquanto ele acelera como um louco no asfalto molhado. ... PARA! VOCÊ VAI NOS MATAR, CARALHO! Berro dessa vez, mas é tarde demais e o controle da toda a situação escapa das minhas mãos sem que eu possa detê-lo. ... — Oi, querido! — Escuto o som baixo da voz de Corina bem do meu lado e com uma respiração profunda abro os meus olhos, percebendo que estou em um leito de hospital. — O que aconteceu? — pergunto aturdido, olhando para os fios colados no meu corpo e depois para as máquinas que não param de fazer barulho. — Onde estou? — inquiro apavorado, arrancando os fios e logo as máquinas começam a protestar. — Calma, Artêmis, fique calmo por favor! Você sofreu um acidente e precisa ficar parado. — Ela pede segurando as minhas mãos que não param de se mexer. Entretanto, lembranças de algumas cenas de terror preenchem a minha mente. Vidros quebrados, pessoas se aproximando de
Olivia— O que você acha de sairmos desse barulho? — Essa pergunta mudou a minha vida de uma forma irreversível. Tudo começou quando eu finalmente concluí o meu curso de secretária e línguas estrangeiras. Pela primeira vez na minha família uma mulher tinha um diploma e mesmo contra a vontade do meu pai, eu iria trabalhar e ser independente. Nesse mesmo dia quebrei várias regras de uma família tipicamente tradicional e rígida, e saí para festejar com as minhas colegas do curso. Na minha mente seria algo tão rápido que os meus pais jamais perceberiam. Contudo, entre um gole e outro, o tempo voou e logo me vi envolvida em uma dança com um belo e atraente estranho. O seu cheiro era inebriante e ele exibia uma sensualidade que eu podia sentir a flor da pele. Então, após a nossa terceira dança veio o tal convite. O que eu posso dizer? Eu estava envolvida demais com aqueles pequenos beijos no meu pescoço e com o seu hálito que insistia em aquecer a minha pele. Na maneira como ele aspirava o
Olivia— Me conte tudo! — A empolgação na voz d minha irmã é palpável. Isso é aceitável, já que a rigidez da nossa família não nos permite ir a festas e menos ainda a clubes ou danceteria.— Minha nossa, Kim, o que você quer saber? — retruco achando graça da sua ansiedade e a fito deitada na sua cama de solteiro que fica ao lado da minha.— Eu quero saber sobre tudo. Você sabe, as luzes, as músicas. Quero que me conte sobre o sabor das bebidas e sobre como é dançar com um homem. Ai Ollie, me conte! Não me esconda nada! — Termino de escovar os meus cabelos e vou imediatamente para a minha cama, para debaixo do cobertor, virando-me no colchão para ficar de frente para ela.— A boate é exatamente como vimos nos filmes — falo e o seu sorriso se amplia. — Tinha toda aquela fumaça esbranquiçada, as luzes que corriam de um lado para o outro causando uma sensação esquisita na nossa cabeça. As minhas amigas optaram por beber cervejas e nossa, elas são horríveis! — Rimos do meu comentário. — Ma
Olívia— Não acha que deveria ir a um médico? — Kim pergunta preocupada andando de um lado para o outro. No entanto, não tenho condições de respondê-la, porque a ânsia não me permite. — Que droga Olie, algo está se passando dentro da minha cabeça e eu não estou gostando dos meus pensamentos! — Ela respira alto e profundo, se encostando em uma parede e se arrasta por ela, até sentar-se no chão. — Me diga, quando menstruou pela última vez? ok, essa foi a pergunta do século e sinceramente eu não entendo por que não me atentei a esse detalhe antes. Quer dizer, eu não tenho uma menstruação regulada com dia e hora marcados para descer. No entanto, ela nunca falha. Seja no início, no meio ou no final do mês ela sempre surge, mas não esse mês.— Por Deus, Olívia por que você não exigiu que ele usasse a droga da camisinha?! — Minha irmã ralha sem conter o seu desespero e volta a andar dentro do banheiro, onde continuo prostrada, esperando uma nova onda de ânsia de vômito me acometer.— Estávam
Olivia.— Olivia?! Querida, o que está fazendo aqui? — Pois é, a minha única solução nesse momento foi atravessar a cidade e recorrer a única pessoa que poderia me acolher nesse momento. Tia Ju. A minha reação nesse instante foi de correr para os seus braços de chorar por longos minutos, enquanto ela tentava me acalmar e arrancar de mim tudo que precisava saber, mas era praticamente impossível.— Tome, querida, beba. Isso vai te acalmar. — Ela me estende uma xícara de chá que eu bebo calmamente e logo o meu corpo agitado sente o efeito tranquilizante do líquido morno e adocicado. — Me conte o que aconteceu, Olivia? — Respiro fundo e penso por onde começar toda essa história.— Eu estou grávida, tia.— Santo Deus! — Ela resmunga com um resfolegar.— E o papai me expulsou de casa.— É claro que aquele ogro dos infernos fez isso! — Irritada, ela se levanta do sofá e anda pela sala.— Eu preciso de um lugar para ficar só até conseguir um empreg...— Você ficará comigo essa noite, Olívia.
OlíviaUm ano e meio depois... — Bom dia meus amores, como vocês estão essa manhã? — A voz animada de Victória me faz abrir um sorriso e após encostar-me no espaldar da porta, levo a xícara de café fumegante a boca, a assistindo brincar com os meus filhos durante a troca das fraudas. Eu não podia imaginar que um encontro casual com um estranho fosse mudar a minha vida tão radicalmente assim. Em um ano muita coisa aconteceu na minha vida, porém, a melhor de todas foi trazer Liam e Levi para esse mundo. Contudo, o fato de não conseguir falar com a minha irmã ao longo desses meses está me inquietando muito.— Desse jeito você vai estragá-los — Decido alertar sobre a minha presença no quarto e adentro o cômodo que divido com os meus filhos.— Ora, o que eu posso fazer se eles são uns fofos, não é meus amores? — Ela ralha diretamente para eles me fazendo sorrir e me aproximo do berço, recebendo os sorrisos dos meus bebês.— Mamã. — Levi fala estendendo os seus bracinhos para mim e eu não
Athos— Senhor Mazza, aqui está a tradução do documento que pediu. — Barbara, minha assistente avisa assim que entra na minha sala. Contudo, faço um gesto para ela pedindo-a para esperar um pouco e continuo falando no telefone.— Senhor Eron, essa cláusula não existe no nosso contrato. Você não pode me cobrar, porque não tem esse direito.— Athos, eu exijo uma retratação imediatamente!— Eu não vou me retratar nada, porque o erro não foi meu!— Que droga, Athos!— Eron, faça o seguinte. Peça para o seu advogado lhe explicar detalhadamente essa situação. Eu não tenho tempo para ensinar um leigo idiota como você.— Ora, seu... não ouse...— Já chega, Eron! Se quiser fique à vontade para me processar, mas eu garanto que se fizer isso, posso tirar tudo de você, até mesmo as suas calças se assim desejar. Pense bem, Eron! — bufo irritado e encerro a ligação. E após soltar uma respiração audível fito a minha secretária que me olha um tanto apreensiva. No entanto, pego o papel que acabara de
Olívia — Bom dia, Senhor Mazza!Escuto Barbara dizer para o seu chefe assim que as portas do elevador se abrem. Curiosa, tiro os meus olhos de cima do arquivo e me viro. Quem sabe dessa vez consigo ver a face do meu futuro chefe? Devo dizer que o seu olhar rígido é realmente impactante. A barba cerrada que adorna seu maxilar quadrado faz um contraste exacerbado com o semblante extremamente fechado e as sobrancelhas grossas, e firmes indicam que ele não parece nem um pouco paciente essa manhã. Ou esse seria esse o seu normal? A final os funcionários que estavam trabalhando relaxadamente de repente transformaram-se em robôs e enfiaram as suas caras nas pilhas de papéis sobre suas mesas.— Bom dia! Barbara, pode me trazer um comprimido para dor de cabeça e um pouco de água? — A voz imponente que surgiu logo em seguida, misturou-se a uma voz dentro da minha cabeça....O que você acha de sairmos desse barulho?— Não é possível! — sibilo sentindo o meu coração frear bruscamente dentro do m