Olivia
— O que você acha de sairmos desse barulho? — Essa pergunta mudou a minha vida de uma forma irreversível. Tudo começou quando eu finalmente concluí o meu curso de secretária e línguas estrangeiras. Pela primeira vez na minha família uma mulher tinha um diploma e mesmo contra a vontade do meu pai, eu iria trabalhar e ser independente. Nesse mesmo dia quebrei várias regras de uma família tipicamente tradicional e rígida, e saí para festejar com as minhas colegas do curso. Na minha mente seria algo tão rápido que os meus pais jamais perceberiam. Contudo, entre um gole e outro, o tempo voou e logo me vi envolvida em uma dança com um belo e atraente estranho. O seu cheiro era inebriante e ele exibia uma sensualidade que eu podia sentir a flor da pele. Então, após a nossa terceira dança veio o tal convite. O que eu posso dizer? Eu estava envolvida demais com aqueles pequenos beijos no meu pescoço e com o seu hálito que insistia em aquecer a minha pele. Na maneira como ele aspirava o meu cheiro, esfregando a ponta do seu nariz pela minha garganta e nos cabelos. Pelo toque suave dos seus dedos que deslizavam subindo e descendo pelas minhas costas. A sua intensidade que me abraçava e que era tão sufocante quanto delirante. E por um instante me senti envergonhada de sentir um desejo tão descabido por esse estranho. — Me desculpe, mas eu gostei de você e só queria poder tocá-la mais... intimamente. — A sua sinceridade era realmente algo que me assustava. Contudo, devo admitir que eu queria muito sentir o seu toque mais íntimo em mim. No entanto, havia dois problemas comigo. Um, eu nunca havia saído com um estranho antes e dois, eu nunca havia ficado com um homem sozinha antes. — Eu prometo, que você vai gostar muito! — Sua promessa veio junto com um beijo provocante e ardente que me roubou a capacidade de respirar. Portanto, me vi aceitando o seu convite inesperado e momentos depois, eu estava as portas de um quarto luxuoso de um hotel, com um requinte de espantar qualquer jovem simples como eu, e elas se abriram para mim. Contudo, não tive tempo de absorver qualquer detalhe da decoração daquele cômodo, pois as suas mãos tomaram posse do meu corpo de um jeito avassalador e a sua boca começou a devorar a minha com uma fome inexplicável. O meu corpo obedeceu ao seu comando sem nenhum protesto, ele ardeu em chamas e as minhas funções mais básicas já não me obedeciam mais. Tudo dentro de mim ficou bagunçado. Minha respiração pesou dentro do meu peito onde o meu coração batia endurecido, saltando ferozmente lá dentro. O calor tomou conta de tudo e eu ofeguei violentamente, me afundando na luxúria que as suas mãos experientes exigiam de mim.
— Oh! — Um gemido alto escapou da minha boca quando ele começou a explorar algumas partes mais específicas do meu corpo e tudo dentro de mim parecia derreter como a larva de um vulcão em erupção, tamanho o fogo que se acendia dentro de mim. — Oh! — Meus sons se tornaram cada vez mais altos, quase escandalosos quando ele sugou ávido a minha intimidade, causando-me uma sensação ímpar e me fazendo explodir direto na sua boca.
— Agora é a minha vez, linda! — Ele disse tão áspero, desafivelando o seu cinto quando eu ainda não havia recuperado as minhas forças e em uma fração de segundos, o estranho estava se enfiando dentro de mim. Uma ardência incomoda me acometeu no mesmo instante e eu prendi a respiração em busca do alívio da minha dor. Em meio as minhas pálpebras pesadas, fitei o seu olhar perverso que me encarava em uma análise minuciosa e havia um sorriso de lado no canto da sua boca. — Você está bem? — Sua voz parecia distante agora, porém, dava para sentir a firmeza do seu timbre. Se eu estava bem? Eu jamais saberia dizer nesse momento, pois por mais que tudo pareça grosseiro demais, eu ansiava por mais da sua promiscuidade.
— Sim, eu estou! — sibilei baixo e ofegante, e na ânsia, ergui a minha mão para tentar lhe tocar. Contudo, ele as segurou, mantendo-as acima da minha cabeça, fazendo de mim refém dos seus desejos mais insanos e meneou a sua cabeça fazendo um não cheio de reprovação para mim.
— Não se mexa, linda! — O estranho ordenou e começou a se mexer com força, chegando cada vez mais fundo dentro de mim. No ato, ele tapou a minha boca com a sua, aumentando o seu ritmo delirante, tornando-o cada vez mais forte e mais bruto, me deixando enlouquecida debaixo dele. Um rugido alto, porém, estrangulado escapou da sua garganta, seguido de outro e mais outro, e quando senti que me partiria em mil pedaços, ele parou o beijo castigante e exigente, e me assistiu cair em queda livre, gozando logo em seguida.
***
Na manhã seguinte...
Respirei fundo, abrindo apenas uma brecha de olhos me sentindo incomodada com a claridade que vinha do lado de fora e com um resmungo, virei-me em cima da cama para fitar o teto branco. Lembranças da noite passada me absorveram imediatamente e eu sorri me sentindo diferente. Talvez um pouco usada. E só de pensar que fiz tal coisa me causa até um calafrio. Que os meus pais nunca descubram tal coisa. Rogo, soltando outra respiração e me sento no colchão percebendo que estou sozinha dentro do quarto agora. De alguma forma me sinto frustrada. Sério, não havia chance de esperar qualquer coisa dele. Contudo, a sensação de ter sido usada não saía do meu pensamento.
... Pelo amor de Deus, Ollie, onde você está?!
Fito a mensagem da minha irmã caçula e sorrio, enviando uma resposta para ela.
... Indo para casa agora. Quando chegar te conto tudo.
Recolhi rapidamente as minhas roupas no chão, me vesti com a mesma pressa e deixei o quarto luxuoso para trás. Dentro do ônibus, as horas me deixavam nervosa. Os meus pais têm o hábito de acordar cedo e de ir para a igreja. Portanto, eu tinha pouco tempo para chegar em casa antes que eles percebessem a minha ausência. Então, assim que desci do coletivo, corri feito uma louca pelas ruas do bairro de classe média e entrei em casa pela porta dos fundos.
— Ah, graças a Deus! — Kim sibilou soltando o ar pela boca e se deixou cair sentada em uma cadeira da cozinha. Por sua vez, a porta da frente se abriu e os meus pais passaram por ela acompanhados do Edie, um amigo da família. — Corra para o banheiro e se livre dessas roupas e dessa maquiagem! — Kim rosnou para mim um tanto apreensiva e eu saí de fininho para dentro de um corredor que me levaria para a escadaria.
— Oi, filha, onde está a sua irmã? — Escutei mamãe perguntar assim que alcancei o terceiro batente. Contudo, não parei e fui direto para o nosso quarto. Me livrei das minhas roupas e tomei um banho rápido, voltando para o café da manhã logo em seguida. — Olha ela aí! — Mamãe disse com uma estranha animação na voz. — Veja, Edie, ela não é linda? — Fitei rapidamente a minha irmã do outro lado da mesa, mas ela deu de ombros sutilmente.
— Sim, ela é realmente muito linda, Senhora Martin! — Um detalhe sobre Adele Martin, a minha mãe. Ela é a casamenteira aqui do bairro e já realizou mais de cinquenta casamentos. E eu só espero não ser a sua próxima vítima. Quer dizer, Edie Durand é um dos rapazes mais lindos e cobiçado daqui e qualquer moça faria qualquer coisa apenas para se casar com ele, menos eu. A explicação é bem lógica. A família Durand assim como a minha família são tradicionais demais para o meu gosto. Ou seja, na visão dos chefes dessas famílias as mulheres devem ter suas ocupações apenas com seus maridos, a casa e os filhos. Portanto, trabalhar está fora de cogitação. Eu definitivamente não quero isso para mim e foi por esse motivo que fiz um curso completo de secretariado e línguas estrangeiras escondida do meu pai, a final, sonho em arrumar um emprego para ser independente. Na minha ideia original, assim que conseguir isso, a Kim virá morar comigo.
— Querida, por que não serve uma xícara de café para o nosso visitante? — Mamãe pede com uma cordialidade singular e antes de obedecê-la solto uma respiração pela boca, forçando um sorriso para o rapaz. Depois, a conversa inteira na mesa concentra-se apenas na minha pessoa. O quanto sou prendada, obediente, uma boa filha e sobre o homem de sorte que se casaria comigo.
Viram o que eu disse?
***
Algumas horas depois...
— Escute, Olívia. — Edie diz assim que chegamos ao pequeno portão da minha casa. Ele segura as minhas mãos e beija as suas costas calidamente. Respiro fundo e penso em recolhê-las, mas ele continua. — Eu estive conversando com o seu pai mais cedo. Você já fez vinte e dois anos e já está na idade de se casar... — Puxo imediatamente as minhas mãos das suas e os seus olhos me fitam confusos. — Ollie, as nossas famílias são distintas, nós pensamos do mesmo jeito e... — Esse é o problema. Penso determinada a dar um basta nisso. O Edie é realmente uma gracinha, mas eu não nasci para ser apenas uma dona de casa e a mãe de uma penca de filhos. — Eu pedi permissão para os seus pais para namorar com você.
— Edie... eu sinto muito, mas eu... não estou preparada para namorar agora. Eu...
— Não se preocupe, eu sou um rapaz respeitador e não vamos namorar por muito tempo, porque quero me casar com você o quanto antes. — Meneio a cabeça fazendo um não para ele.
— Eu sinto muito, Edie, mas eu tenho outros planos para a minha vida agora! — disse de uma vez e não esperei pela sua resposta, simplesmente corri e entrei em casa, encontrando o sorriso satisfeito no rosto da minha mãe e um olhar repreensível no rosto do meu pai.
Olivia— Me conte tudo! — A empolgação na voz d minha irmã é palpável. Isso é aceitável, já que a rigidez da nossa família não nos permite ir a festas e menos ainda a clubes ou danceteria.— Minha nossa, Kim, o que você quer saber? — retruco achando graça da sua ansiedade e a fito deitada na sua cama de solteiro que fica ao lado da minha.— Eu quero saber sobre tudo. Você sabe, as luzes, as músicas. Quero que me conte sobre o sabor das bebidas e sobre como é dançar com um homem. Ai Ollie, me conte! Não me esconda nada! — Termino de escovar os meus cabelos e vou imediatamente para a minha cama, para debaixo do cobertor, virando-me no colchão para ficar de frente para ela.— A boate é exatamente como vimos nos filmes — falo e o seu sorriso se amplia. — Tinha toda aquela fumaça esbranquiçada, as luzes que corriam de um lado para o outro causando uma sensação esquisita na nossa cabeça. As minhas amigas optaram por beber cervejas e nossa, elas são horríveis! — Rimos do meu comentário. — Ma
Olívia— Não acha que deveria ir a um médico? — Kim pergunta preocupada andando de um lado para o outro. No entanto, não tenho condições de respondê-la, porque a ânsia não me permite. — Que droga Olie, algo está se passando dentro da minha cabeça e eu não estou gostando dos meus pensamentos! — Ela respira alto e profundo, se encostando em uma parede e se arrasta por ela, até sentar-se no chão. — Me diga, quando menstruou pela última vez? ok, essa foi a pergunta do século e sinceramente eu não entendo por que não me atentei a esse detalhe antes. Quer dizer, eu não tenho uma menstruação regulada com dia e hora marcados para descer. No entanto, ela nunca falha. Seja no início, no meio ou no final do mês ela sempre surge, mas não esse mês.— Por Deus, Olívia por que você não exigiu que ele usasse a droga da camisinha?! — Minha irmã ralha sem conter o seu desespero e volta a andar dentro do banheiro, onde continuo prostrada, esperando uma nova onda de ânsia de vômito me acometer.— Estávam
Olivia.— Olivia?! Querida, o que está fazendo aqui? — Pois é, a minha única solução nesse momento foi atravessar a cidade e recorrer a única pessoa que poderia me acolher nesse momento. Tia Ju. A minha reação nesse instante foi de correr para os seus braços de chorar por longos minutos, enquanto ela tentava me acalmar e arrancar de mim tudo que precisava saber, mas era praticamente impossível.— Tome, querida, beba. Isso vai te acalmar. — Ela me estende uma xícara de chá que eu bebo calmamente e logo o meu corpo agitado sente o efeito tranquilizante do líquido morno e adocicado. — Me conte o que aconteceu, Olivia? — Respiro fundo e penso por onde começar toda essa história.— Eu estou grávida, tia.— Santo Deus! — Ela resmunga com um resfolegar.— E o papai me expulsou de casa.— É claro que aquele ogro dos infernos fez isso! — Irritada, ela se levanta do sofá e anda pela sala.— Eu preciso de um lugar para ficar só até conseguir um empreg...— Você ficará comigo essa noite, Olívia.
OlíviaUm ano e meio depois... — Bom dia meus amores, como vocês estão essa manhã? — A voz animada de Victória me faz abrir um sorriso e após encostar-me no espaldar da porta, levo a xícara de café fumegante a boca, a assistindo brincar com os meus filhos durante a troca das fraudas. Eu não podia imaginar que um encontro casual com um estranho fosse mudar a minha vida tão radicalmente assim. Em um ano muita coisa aconteceu na minha vida, porém, a melhor de todas foi trazer Liam e Levi para esse mundo. Contudo, o fato de não conseguir falar com a minha irmã ao longo desses meses está me inquietando muito.— Desse jeito você vai estragá-los — Decido alertar sobre a minha presença no quarto e adentro o cômodo que divido com os meus filhos.— Ora, o que eu posso fazer se eles são uns fofos, não é meus amores? — Ela ralha diretamente para eles me fazendo sorrir e me aproximo do berço, recebendo os sorrisos dos meus bebês.— Mamã. — Levi fala estendendo os seus bracinhos para mim e eu não
Athos— Senhor Mazza, aqui está a tradução do documento que pediu. — Barbara, minha assistente avisa assim que entra na minha sala. Contudo, faço um gesto para ela pedindo-a para esperar um pouco e continuo falando no telefone.— Senhor Eron, essa cláusula não existe no nosso contrato. Você não pode me cobrar, porque não tem esse direito.— Athos, eu exijo uma retratação imediatamente!— Eu não vou me retratar nada, porque o erro não foi meu!— Que droga, Athos!— Eron, faça o seguinte. Peça para o seu advogado lhe explicar detalhadamente essa situação. Eu não tenho tempo para ensinar um leigo idiota como você.— Ora, seu... não ouse...— Já chega, Eron! Se quiser fique à vontade para me processar, mas eu garanto que se fizer isso, posso tirar tudo de você, até mesmo as suas calças se assim desejar. Pense bem, Eron! — bufo irritado e encerro a ligação. E após soltar uma respiração audível fito a minha secretária que me olha um tanto apreensiva. No entanto, pego o papel que acabara de
Olívia — Bom dia, Senhor Mazza!Escuto Barbara dizer para o seu chefe assim que as portas do elevador se abrem. Curiosa, tiro os meus olhos de cima do arquivo e me viro. Quem sabe dessa vez consigo ver a face do meu futuro chefe? Devo dizer que o seu olhar rígido é realmente impactante. A barba cerrada que adorna seu maxilar quadrado faz um contraste exacerbado com o semblante extremamente fechado e as sobrancelhas grossas, e firmes indicam que ele não parece nem um pouco paciente essa manhã. Ou esse seria esse o seu normal? A final os funcionários que estavam trabalhando relaxadamente de repente transformaram-se em robôs e enfiaram as suas caras nas pilhas de papéis sobre suas mesas.— Bom dia! Barbara, pode me trazer um comprimido para dor de cabeça e um pouco de água? — A voz imponente que surgiu logo em seguida, misturou-se a uma voz dentro da minha cabeça....O que você acha de sairmos desse barulho?— Não é possível! — sibilo sentindo o meu coração frear bruscamente dentro do m
AthosAlgumas semanas...— Bom dia, Senhores e me desculpem pelo meu atraso. Eu tive um pequeno inconveniente.— Tudo bem, Mazza! Agora me diga que tem boas notícias para mim?— Ótimas, na verdade — falo com orgulho para Igor Caruso, meu cliente. — A causa já está ganha, então se prepare para receber as suas empresas de volta. Cada uma delas. — O homem abre um sorriso largo e vitorioso.— Eu sabia que você conseguiria!— Eu sempre consigo o que quero, Igor.— E eu nunca duvidei disso, meu advogado. Agora me diga, quando esse tormento se acabará de vez?— Nossa última audiência será em três dias. Depois, virão os tramites legais e você poderá assumir o seu lugar de direito na presidência das indústrias.— Você foi o meu melhor empreendimento, Senhor Mazza!— Só fiz o meu trabalho, Senhor Caruso.— E além de tudo, o homem é modesto. — Meu cliente comenta fazendo a minha pequena equipe rir.— Encerramos por hoje, certo?— Antes, gostaria de convidá-lo para comemorar a minha vitória em um
Olívia— Bom dia, querido Liam! Bom dia, meu pequeno Levi! — falo para os dois bebês sorridentes e sorrio também. — Dormiram bem, hã? A mamãe teve uma péssima noite, mas não fiquem preocupados, isso nunca vai abalar a minha alegria de vê-los assim todas as manhãs.— Mamã!— Sim, meu amor! Está na hora do banho e a tia Anne vai passar por aquela porta em... três, dois, um.— Onde estão os bebês mais lindos desse mundo?— Viram, a mamãe sabe de tudo.— Hora do banho seus fedorentinhos fofinhos e depois, nós vamos papa. A tia Victória já está fazendo uma comida deliciosa para vocês. — Logo eles se agitam com a alegria esfuziante da Anne e enquanto a ajudo, aprecio a animação dos garotos dentro da banheira cheia de água e espuma perfumada.— Prontinho. — Ela diz satisfeita depois de um tempo, fechando o último botão do macacão de Liam, enquanto eu termino de pentear os cabelos finos de Levi. Uma batida leve na porta nos faz olhar na mesma direção e Victória passa por ela. No entanto, espe