CAPÍTULO 1

O chão do piso de madeira estava terrivelmente gelado. Mas, não tão gelado quanto o meu coração estava naquele momento.

Meu nome é Agnes Dempsey, tenho vinte e quatro anos, e me formei em advocacia no ano anterior. Nasci em uma família de prestígio, formada por Médicos, com um nome a zelar. E já que toda família normal tem sempre um membro que é dissemelhante dos demais, eu tecnicamente me sacrifiquei para fazer esse papel.

Porém, eu não faço parte de uma família normal, faço parte da família DEMPSEY. A famosa família de Médicos de Nova Jersey, e o simples fato de eu não ter me tornado uma Médica, é visto como uma doença pela a minha família.

Mas, não é por isso que eu estou nesse exato momento deitada no piso gélido de uma cabana, no meio de Hamilton Forest em greensboro, uma cidade localizada no estado americano da Carolina do norte. Que fica mais ou menos há quase nove horas de distância de Nova Jersey.

Estou aqui à procura do meu porto seguro de refúgio, digamos assim. Que me faça superar a dor que arruína meu coração, a dor sufocante que faz com que meu coração grite, em lamentação do amor que me atraiçoou.

Faz frio, estou deitada próximo a lareira e coberta por alguns lençóis, mas, mesmo assim, ainda sinto o frio correndo por meu corpo.

Hoje é feriado, era para mim estar comemorando ao lado de todos que amo. E eu estaria, se tivesse voltado de viagem, no dia que tivesse marcado. Mas, eu estava tão ansiosa para voltar para casa, que terminei meu trabalho o mais rápido possível e voltei um dia antes do combinado.

 Talvez, se eu tivesse voltado no dia combinado, eu estaria comemorando com a minha família e com o meu noivo e, o meu coração poderia ter permanecido intacto por mais tempo.

Dois dias atrás:

Estou no aeroporto, voltei um dia antes do dia previsto, não pude aguentar, estava ansiosa demais.

Peguei minha mala e, logo após, pedi um táxi. Estava cansada por ter que cumprir hora extra com um pro-bono, e, o fato de ter que passar mais uma hora dentro do táxi até poder chegar em casa, era realmente exaustivo.

Como eu queria fazer uma surpresa, não contei a ninguém que eu estava chegando hoje.

 Depois da longa viagem, eu finalmente estava em casa. Pago o táxi e depois desço, o motorista gentilmente me ajuda a retirar a minha mala, de dentro do porta-malas.

            Paro em frente às enormes portas francesas da mansão e, deixo a minha mala na entrada. Entro em casa, e ao passar pelas enormes portas, me deparo com um tapa; no meu coração e outro em minhas emoções.

— Quando vocês irão assumir publicamente o romance de vocês?

— Mamãe, você sabe que ainda não é o momento.

Aquelas eram as vozes da minha mãe e irmã; naquele momento eu simplesmente parei, mesmo não sabendo o porquê.

— Elisandra! Pelo amor de deus! Já faz anos que vocês estão juntos. — Simon, está quase chegando o dia do seu casamento com Agnes.

— Dona Elisa....

— Sinceramente, se esse não é o momento, qual vai ser? — Depois que Simon, estiver casado com ela?

O meu coração estava sendo dilacerado a cada frase que eu ouvia.

— Não...

—Não...

Falaram em uníssono.

— Eu juro que vamos contar para Agnes, logo após o feriado. — falou Simon.

— Sim, mãe, só queremos passar este feriado em paz, com a nossa família...

A minha mãe fica calada por um tempo e, então, fala:

— Vocês estão conscientes que, esse tempo todo que vocês gastaram para tentar esconder a verdade, apenas irá aumentar a dor dela.

Estou tentando reunir as minhas forças, para tentar encarar os fatos, mas, sei que ainda não estou preparada o suficiente para bater de frente com a realidade.

Me viro lentamente em direção a saída.

Estou indo embora da mesma maneira que cheguei, da forma mais secreta possível. Mas, algo parecia estar errado, parecia tão errado e patético ir embora daquela maneira.

Parei por alguns segundos e suspirei o mais profundo possível, tentando reunir o pouco da coragem que me restava.

Virei-me e pisei forte naquele piso de mármore, passadas largas e fortes que ressoavam autoridade e confiança, pois era isso que eu estava querendo transmitir. Mas, não era assim que eu estava por dentro.

Entro na sala de estar com um sorriso forçado no rosto; todos me olham surpresos.

— Sei que não estavam me esperando, mas, eu estava tão ansiosa para voltar, que decidi fazer uma surpresa para todos.

Falei.

— E pelo que vejo, eu consegui.

Falo amargamente.

A minha mãe se levanta e vem até mim e me abraça.

— Agnes, a minha querida, que surpresa mais maravilhosa.

Fala a minha mãe.

Olho para Simon e para Elisandra, que ainda me olhavam surpresos.

— Quê isso? Meus amores. Pelas caras que vocês estão fazendo, até parece que não estão felizes com a minha volta.

Os meus olhos passam de um para o outro, com desgosto.

Simon, se levanta e vem até mim.

— Não é isso, meu amor... — É que esperávamos você apenas amanhã.

 desvio-me dos seus braços, quando ele tenta abraçar-me.

— Sim irmã, se soubéssemos que viria hoje, teríamos indo lhe buscar no aeroporto.

Dou-lhes um sorriso irônico.

— Mas, se eu não tivesse vindo hoje, eu não teria sido recebida de forma tão acolhedora e calorosa. — Não é mesmo Elisandra e Simon.

A minha mãe ainda está de pé ao meu lado, vejo que Simon fechou a cara quando ouviu as minhas palavras.

— Não entendo do que está falando Agnes.

Falou Elisandra, com nervosismo.

— Ah! Desculpe pelas minhas palavras, acredito que talvez elas tenham sido um pouco vagas demais para uma pessoa como você, querida irmã.

— Ironia não combina nem um pouco com você Agnes.

Falou Simon, sentando-se novamente.

— Assim como o status de traidor e traidora, não combinava com você e com a Elisandra. Mas, vocês exerceram esse papel com esplendor, isso eu tenho que admitir!

— Iriamos-te contar, Agnes.

— Quando Simon? Quando estivéssemos no altar? Ou na nossa lua de mel?

— Agnes, filha, mantenha a compostura.

Era engraçado ouvi-la falar isso para mim, num momento como esse.

Viro-me para ela.

— Mãe, esse tempo todo você sabia?

Ela olhou dentro dos meus olhos e, naquele momento, eu me dei conta de que, ela não se importava com o que eu estava sentindo.

— Sim, eu sabia, eu sempre soube.

Sim, ela não se importava.

— A sua irmã estava tão feliz e apaixonada e, é tão bom vê-la feliz.

— E eu, mamãe?

Ela se dá conta do que acabou de falar.

— Não é bom me ver feliz?

— Agnes, não foi isso que eu quis dizer...

— E o que foi? Que Elisandra, merece o amor e eu não?

Ela se cala.

 Sempre foi assim, ela sempre amou e defendeu Elisandra, com unhas e garras. Enquanto a mim, sempre tive que me virar sozinha, sempre sozinha.

Era como se ela não fosse minha mãe, ela dizia que me tratava igual, tratava Elisandra, mas, no fundo, eu sempre soube da verdade.

 Ela sempre a escolheu e agora, não seria diferente.

Olho para Simon.

— Bom,acredito que eu não preciso dizer que você já está livre para viver o seu lindo romance com a minha irmã.

Ele não fala nada, apenas me olha.

Viro-me para Elisandra.

— E quanto a você, minha querida irmã, espero que seja feliz ao lado do homem que ama, já que agora, o que os separavam não está mais no caminho.

 Ela também não fala nada, apenas me olha com a cara de quem venceu. Ela sempre fazia essa cara, quando conseguia me tirar algo e, a nossa mãe sempre dizia que eu devia deixar para lá, pois ela era a minha irmã mais nova.

Ela estava feliz e não fez questão de esconder a sua felicidade diante de mim.

— Bom, a indesejada está se retirando do recinto.

A minha mãe começa a falar.

— Agnes, o feriado...

Não a deixo terminar a frase.

— Acredito que eu não preciso falar que não irei ficar para passá-lo com a família.

— É tradição da nossa família, sempre passamos juntos.

— Tradições são sempre quebradas mãe.

Saio de lá antes mesmo que algum deles abra a boca para falar mais se quer uma palavra. Porque eu juro que há grandes chances de cometer um crime.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App