CAPÍTULO 6

Aleivosia: Atitude de quem é traiçoeiro e desleal. (Elisandra e Simon)

Acrimônia: Relativo a azedar, azedo. (Minha relação tornou-se azeda com ambos)

Absonância: Falta de harmonia entre duas ou mais coisas. (Eu e a minha vida amorosa)

                  De todos os passatempos do mundo, os únicos que eu posso recorrer no momento é um Dicionário sabichão e um maldito livro de poesia, que comprei por causa da bela capa, preta e roxa, que é igual ao meu humor no momento.

Estou deitada no chão da cabana, sob uma coberta, em frente a lareira. A franca luz que emana das lâmpadas, são o bastante para que, eu não tenha que ficar totalmente no escuro, e a luz emitida do fogo da lareira, me auxilia com o meu pequeno e entediante passatempo

Hoje mais cedo, logo depois de eu ter voltado das compras. Me assegurei de limpar toda a cabana e arrumar o máximo que eu podia. Comprei uma nova cama, um novo fogão e uma nova geladeira, O pessoal da loja a onde eu havia comprado, vieram fazer a entrega, antes do final da tarde e, foram bastantes gentis ao me ajudarem a colocar tudo no lugar.

Guardo o dicionário que ainda estava na minha mão e me deito novamente em frente a lareira. Começo a pensar sobre diversas coisas alternativas, que descobri ao longo dos anos.

Eu estava gostando do rumo em que os meus pensamentos se seguiam, no entanto, acabei adormecendo no meio deles, por conta do cansaço.

23 de novembro: 04:33 A.M.

                O piso de madeira estava terrivelmente gelado, e o fogo da lareira, deve ter se apagado em algum momento durante a noite, enquanto eu sonhava com as pessoas que eu mais queria esquecer no momento.

Me levanto preguiçosamente, ainda embriagada de sono. Pego um pouco de lenha, que eu havia comprado no dia anterior, coloco na lareira e, ascendo o fogo novamente.

Despois que o fogo se solidificou na lenha, deito-me novamente e me cubro com algumas cobertas, mas, mesmo assim, ainda continuo sentindo frio.

Hoje já é feriado, era para mim estar em casa com a minha família e com as pessoas que amo. E eu estaria, se eu tivesse voltado de viagem, no dia que tivesse marcado

Me aconchego ainda mais perto da lareira, tentando afastar o frio que percorria o meu corpo e, os pensamentos que percorriam a minha mente. Por sorte, acabo caindo novamente no sono.

Micael Montgomery:

 — Por que eu concordei em ajudar você mesmo?

Pergunto, enquanto ajudo o idiota do meu irmão, a escolher um novo menu, para o restaurante.

— Porque eu sou o seu irmão mais novo, e você me ama de montão.

Ele coloca três copos de café na minha frente, que mais podem ser considerados veneno, do que café. Há alguns anos atrás, Oliver, teve um pequeno problema, que acabou o deixando sem paladar. Mas, com o tempo, ele foi se recuperando. Porém, ele não o recuperou por completo, ele ainda não consegue sentir o gosto do café, nem de qualquer outro que tenha cafeína.

Sinceramente, às vezes acho que ele não só perdeu o paladar para o café, como também o bom senso e a compaixão pelo próximo. Me fazer provar todos esses venenos, é literalmente um tipo de punição.

— Acho que talvez eu devesse ir, escalar o monte Everest, da próxima vez.

Falo, enquanto olho o líquido preto, dentro dos copos.

— Não seja tão dramático Micael, provar o meu café, não é a pior coisa do mundo.

Ele se senta à mesa, à minha frente.

— Tem certeza? Porque eu acho que nada supera isso aqui.

Aponto para o café.

— Besteira, você já provou coisas piores.

— Garanto que não, irmão.

Ele pega um paninho que estava em cima da mesa e j**a em mim. Me inclino um pouco para direita e desvio do pano, com um sorriso.

— Só toma logo esse café e me diz o que achou.

Solto um longo suspiro.

— Está bem...

Pego o primeiro copo e o levo até a minha boca, tomo um curto gole receoso.

— O gosto é muito ruim, está fraco demais e muito salgado. — Depois de tanto ser obrigado a ficar experimentando os seus experimentos, já deixei de me perguntar o porquê dele colocar sal, no pobre coitado do café.

Oliver, coloca a mão no queixo e franze a testa por alguns segundos. Enquanto isso, tomo um gole d’água, me preparando para a próxima prova.

Pego o segundo copo e o levo até a minha boca, assim como o primeiro, tomo outro curto gole receoso e tento não o cuspir logo em seguida.

— Por que diabos tem pimenta nesse???

Falo, depois de ter engolido, milagrosamente o veneno.

— Achei que ficaria interessante.

Ele fala sorrindo.

— Irmão, acho que você perdeu o bom senso, quando perdeu o paladar.

Ele sorri novamente, enquanto eu pego o terceiro e último copo de veneno.

Termino de provar o último copo.

— Santa Mãe de Deus... Você deveria ser proibido de fazer café Oliver...

— Ah para, não pode tá tão ruim assim.

— Arabelle! Arabelle!

— Que foi doido? Pirou?

Grito o nome da minha cunhada, em questões de segundo ela aparece na cozinha.

— Qual o motivo de tanta gritaria?

Ela pergunta assim que entra no recinto.

— Arabelle, pelo amor de deus, não deixe esse idiota vender isso aqui.

Aponto para os copos de café.

— Hum... Nova receita?

Ela pergunta para Oliver.

— Sim querida, pedi para Micael, provar para ver se estava bom o suficiente para colocar no cardápio.

Ela se vira para mim.

— E então?

— O primeiro está salgado, o segundo com pimenta e o terceiro com alho. Com '' Alho ''!

Continuo.

— Eu não sei o que você estava querendo fazer, irmão. Mas, com certeza, não era café.

— Ele está exagerando.

Arabelle, olha para os três copos na mesa da cozinha.

— Querido, eu lhe garanto que ele não está exagerando, digo isso por experiência própria.

Ela manda uma piscadela para ele, enquanto leva um dos copos até a boca e toma um gole. Ela faz o mesmo com os outros dois.

— Hum... Não está tão ruim. — Ela fala por fim.

— Sério mesmo?

Pergunto, enquanto Oliver, faz uma cara de satisfeito.

— Sim, já houve piores. O de ontem de manhã era uma mistura dos três.

— Cruz credo, está tentando perder a clientela, Oliver?

Ele faz um gesto de rendição com as mãos e fala:

— Ainda bem que eles gostam da minha comida.

— Ainda bem que você tem a mim para avisá-los sobre o café.

Ele sorri e confirma com a cabeça. Arabelle, vai até ele com um sorriso gentil nos lábios, e passa as mãos ao redor de seus ombros.

— Então, até quando vai continuar a colocar esses tipos de ingredientes no café?

Pergunto, me levantando da cadeira.

Ele solta um suspiro.

— Acho que até eu sentir o gosto.

— E enquanto isso, vai continuar a sacrificar as suas pobres cobaias?

Eles sorriem.

— Claro que sim, isso deixa o meu dia ainda divertido.

Arabelle, se afasta e olha para ele com as sobrancelhas levantadas.

— Não sabia que você achava divertido me ver sofrer, querido?

Ele arregala os olhos.

— Não foi isso que eu quis dizer, amor, Micael...

Ele me olha em busca de ajuda.

— Haha, não tenho nada haver com isso. Eu gostaria muito de ficar para ver você ser massacrado irmão, mas, o dia está muito lindo para dar um mergulho.

Me viro e vou andando.

— Micael, seu...

— Também te amo irmão.

Falo sem me virar para olhá-lo.

Caminho uns cinco minutos por dentro da floresta, até ver as margens do rio Haw River. Caminho mais um pouco até estar na beirada do rio.

Inspiro um pouco do ar puro e da maravilhosa sensação de paz, que aquele lugar transmite.

Por um momento a minha mente viaja, na época em que eu e a minha família vínhamos passar as férias aqui em greensboro, e sempre vínhamos aqui, era quase como um ritual fazer um piquenique aqui. Essa é a primeira vez que venho aqui, depois que os meus pais morreram.

Eu realmente não imaginava o quanto sentia saudade desse lugar, de estar aqui e, apenas refletir sobre a vida.

Inspiro mais uma vez o ar puro desse lugar, em busca de algo a mais, algo que ainda não consigo descrever, um sentimento talvez.

Hoje mais cedo, o dia estava um pouco frio, mas, agora está um tempo realmente agradável. Olho para os lados, em busca de algum olhar curioso, mesmo sabendo que ninguém vem aqui nessa época do ano, ainda mais nessa parte do rio.

Depois de dar uma rápida averiguada, começo a tirar a roupa para poder dar um mergulho. Eu poderia muito bem mergulhar com elas, mas, não estou muito afim de voltar para casa todo molhado.

Começo tirando a jaqueta, depois a camisa, os sapatos e as meias, por último a calça e a cueca. Deixo as minhas roupas empilhadas uma em cima da outra, em cima de uma pedra.

Então, começo a entrar na água. A água estava um pouco fria, mas gostosa. Dou um mergulho e nado até o meio. É relaxante sentir a água sob meu corpo e aquela sensação fluindo através dele, estou completamente relaxado, quando de repente ouço o som de algo batendo na água. De alguém mergulhando.

Me viro na direção do som e vejo o balançar da água. Logo depois uma pessoa voltando à superfície. Pela largura de seus ombros, posso dizer que é uma garota. Ela está de costas para mim, então não me viu. Se não, não teria entrado na água.

— Vou sair daqui antes que ela me veja e pense que sou algum tipo de pervertido.

Penso.

Antes que eu possa mergulhar de novo e nadar até a beirada do rio, ela se vira na minha direção e seus olhos me avistam.

Mesmo estando um pouco longe, consigo reconhecê-la, é a mesma garota de ontem.

Sei que eu deveria sair daqui, antes de deixá-la assustada, mas, não pude evitar a vontade que senti de falar com ela.

— Eu sei que falei que o mundo era pequeno, mas, realmente não esperava lhe encontrar aqui... Aurora.

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