No final da tarde, bem antes do pôr do sol, decidi que era melhor eu me sentar na varanda, pois se eu continuasse trancafiada dentro da cabana com aquele dicionário, iria ficar completamente maluca.Com muito cuidado, levei uma cadeira até a varanda, depois voltei para pegar a outra e a almofada. Me acomodei nelas, apreciando a bela vista do lugar, enquanto tomava um pouco do café preto, que estava na minha caneca azul celeste.Era bom, respirar ar puro e....Fixando um pouco mais o meu olhar para a pequena estrada de terra, que levava até a estrada principal, pude ver a imagem de um homem. Ele ainda estava um pouco distante, mas dava para saber que a pessoa era um homem, por conta de sua fisionomia.Cada vez que ele se aproximava da cabana, mas eu tinha certeza que o conhecia. E quando vi o seu rosto, lembrei-me de Arabelle, hoje mais cedo.Eu sabia que ela estava aprontando, eu tinha certeza que estava, só não pensei que ela seria capaz de enviá-lo até aqui.Joguei a cabeça para trá
Refoguei a carne na panela até dourar, antes de colocar um pouco de cebola e gengibre e mexer os três na panela. Coloquei um pouco de arroz para risotto, e mexi mais um pouco antes de colocar um pouco de vinho branco e mexi tudo até evaporar. Adicionei três conchas do caldo que preparei mais cedo, e temperei com um pouco de sal e pimenta. Deixei o fogo baixo e coloquei mais algumas conchas de caldo, sempre que acreditei ser necessário. Coloquei os cogumelos já limpos e cortados, antes de desligar o fogo do fogão por completo e acrescentar um pouco de queijo e manteiga na panela e mexer bem.Abri uma das portas do armário e peguei um prato fundo de porcelana e me servi de uma boa porção do risotto, antes de ir me sentar à mesa e degustar do meu jantar. A comida estava perfeita, no ponto certo e com um sabor magnífico. A primeira garfada foi recebida com louvor, tanto por mim, quando pelo meu estômago, a segunda desceu com um pouco de dificuldade, quando o sentimento de culpa se apossou
Tive um pouco de receio de comer a comida que me foi oferecida, confesso que fiquei um pouco de medo da Agnes, ser uma doida de pedra varrida, não que ela não seja, mas o medo dela ter colocado veneno ou talvez laxante na comida que me entregou, era grande. Depois de ter ido embora com as minhas roupas e ter me feito passar por um vexame totalmente pelado, não duvido da capacidade da garota em aprontar comigo, apesar de que eu merecia passar por aquele episódio. Mas poxa, ela bem que poderia ter deixado pelo menos a minha cueca!Afastei os pensamentos loucos que estavam ganhando a minha mente e dei uma garfada, que logo veio acompanhada de outras, quando fiquei surpreso com tempero da ninfeta, que é realmente muito bom.— Porquê essa cara de surpresa? Achou mesmo que eu seria capaz de colocar veneno na sua comida? Diferente de você, eu sou uma pessoa totalmente centrada, confiável e com caráter.Mexi o meu corpo na cadeira da pequena mesa redonda de quatro lugares que fica no meio da
Deitado agora no sofá minúsculo da pequena sala da cabana da mulher louca que me atacou minutos atrás como se estivesse com um demônio no corpo, suspirei arrependido por não ter apenas me levantado e ido embora.— Será que dá para você parar de se remexer? Não vê que estou tentando fazer a porra de um curativo no seu maldito braço! — Exclamou ainda muito irritada.— Eu pararia, se não estivesse ocupado demais colocando essa maldita compressa de gelo na minha testa. — Resmunguei chateado.A mulher maluca que agora estava cuidando do ferimento no meu braço direito, depois de ser a responsável por todos os meus machucados nessa noite, me encarou e eu pude enxergar no seu olhar, que ela estava se segurando para não drenar todo o sangue do meu corpo.— Não teste a minha paciência Micael, eu estou me controlando para não machucá-lo ainda mais.— Você está falhando miseravelmente nessa missão, querida. Já que está praticamente deixando as marcas dos seus dedos no meu braço. Por acaso, está t
— Então, você escolheu fugir para um lugar totalmente desconhecido e se aventurar no meio do nada.Micael gesticulou com a mão direita, se referindo a cabana no meio de uma floresta quase deserta, em que estávamos, apenas com alguns bichanos da mata, vagalumes e o sons de alguns gafanhotos e sapos, que atravessavam as paredes de madeira da cabana.— Você queria que eu fizesse o quê? — Me acomodei ainda mais, na cadeira de descanso, de frente para o sofá, onde Micael esteve deitado desde que eu terminei de fazer o curativo em seu braço. — Voasse nos cabelos loiros dela e arrancasse tufos e mais tufos, enquanto fazia o maior barraco na casa onde eu vivi praticamente toda a minha vida, pagando de corna sofrida?— Eu não tenho o direito de querer nada, mas confesso, que fico surpreso de saber que você se segurou e não fez tudo o que acabou de falar, uma vez, que adora agredir as pessoas.Reviro os olhos, esse homem claramente não tem noção do perigo. Sinceramente, não consigo entender com
— Eu não acredito que você me convenceu a fazer isso?! — Fala com um misto de revolta, incrédula com ela mesma, enquanto caminha ao meu lado pelo bosque, com folhagens de vários tipos de tons de verde.Estamos caminhando devagar na direção do lago, por conta do pé dela, que ainda está sensível. Raios de sol, se espreitam entre as frestas das folhas, das árvores, e banham a sua pele clara, enquanto o vento frio toca o seu cabelo castanho escuro, conforme o balançar dos fios a cada passo que ela dá.Sentindo o meu olhar sobre si, a pequena, linda e problemática ao meu lado, para de andar e começa a olhar para mim, fixando as suas duas órbitas lindas, verdes-claros, em mim.— Está frio! — Esbraveja, totalmente chateada comigo, por tê-la feito sair daquela maldita caverna sombria, onde ela se esconde do mundo.— Não seja dramática, não está tão frio assim, é apenas um ventinho gelado. — Voltamos a caminho no seu ritmo lento.— Ventinho gelado a sua bunda... — Resmungou de mau humor.— Gar
Em exatamente o quê, ele estava pensando quando fez aquela provocação idiota, sobre a minha boca querer provar da dele?!Os pensamentos loucos, estavam me deixando perturbada, depois dele ter feito a sua provocação.Fui pega de surpresa, quando comecei a sentir cãibra nos pés e logo comecei a me debater contra a água. Foi uma experiência agonizante, da qual eu não gostei nenhum pouco de me recordar, a última vez que me afoguei, foi quando eu tinha sete anos, na época em que o meu pai começou a me ensinar a nadar e depois disso, me tornei praticamente um peixinho.Fiquei agradecida ao conseguir respirar naturalmente de novo, sem a maldita água fria do lago invadir os meus lábios ou a minha narina.Quando senti a terra nos meus pés, foi quando percebi que estávamos bem próximos da margem.Afastei o meu rosto o suficiente do lugar aconchegante que era o seu pescoço e olhei no seu rosto para agradecer a ele por não me deixar ir para o mundo dos mortos, antes de eu mesma decidir me levar p
A cabana no meio do bosque estava cercada por silêncio, exceto pelo som ocasional do vento soprando entre as árvores e o farfalhar das folhas. O crepitar suave da lareira iluminava o ambiente com uma luz quente e trêmula, que contrastava com a tensão no ar. A mesa de madeira rústica entre mim e Micael estava ocupada com um simples baralho de cartas, mas o verdadeiro jogo estava sendo jogado sem palavras.Segurei as cartas com as minhas mãos trêmulas, tentando focar nelas e ignorar a presença esmagadora de Micael à minha frente. Ele estava concentrado nas próprias cartas, seus dedos longos e fortes movimentando-se habilmente. As linhas de seu rosto são bem definidas, os cabelos curtos levemente desgrenhados, e sua barba rala só aumenta o charme masculino e maduro que está me fazendo perder o fôlego. Ele é mais velho, mais experiente, e isso não me deixa de forma alguma intimidada, mas, sim, excitada. O que acontecera no lago no dia anterior... Bem, depois que voltamos, eu enlouqueci co