Alice
Presunçosa, me afasto do carro para chegar mais perto dele outra vez e inesperadamente envolvo o seu pescoço com os meus braços, e logo o seu perfume masculino invade os meus sentidos, fazendo a minha cabeça dá um leve giro.
Lucca segura na minha cintura com as duas mãos, mas não para me atrair para si e sim, para repelir.
— Alice…
Ele tenta dizer algo. Provavelmente um dos seus protestos cheios de sabedorias, mas logo o meu indicador desliza pela sua boca, fazendo-o se calar.
— Shiii!
O som arrastado sai da minha boca pedindo o seu silêncio e o meu rosto chega mais perto do seu, porém, mantenho os meus olhos conectados nos dele e o vejo nitidamente ofegar. Nossas bocas estão muito, muito perto uma da outra. De forma, que é possível não trocar o calor que vem do nosso hálito.
— Eu preciso te beijar! — sibilo baixo e arrastado, quase como um sussurro.
— Você o… o quê? — inquire com uma respiração pesada.
— É só um beijo — sussurro ainda mais perto e sinto o leve aperto dos seus dedos na minha cintura.
Meu coração para uma batida.
— Alice, eu não acho uma boa…
Tarde demais, bonitão!
Penso quando colo as nossas bocas, em um beijo que começa timidamente. Apenas um roçar de lábios e é o suficiente para me preencher de sensações intensas demais. O calor, esse sabor, mais calor, muito quente. Impulsiva, deixo a minha língua invadir a sua boca e ele automaticamente as suas mãos envolvem ainda mais a minha cintura.
Aí eu penso, ele vai me afastar, mas para a minha surpresa Lucca me puxa mais para si, e o nosso beijo se intensifica.
Deus do céu, como ele é gostoso! Uma delícia, na verdade!
Penso e solto um gemido apreciativo em meio ao beijo, sentindo coisas que não sei explicar, mas que estou gostando muito de sentir. Então ele se afasta abruptamente, fazendo tudo parar de girar ao meu redor e me encara nervoso.
Droga, estamos estupidamente ofegantes e eu estou ardendo de desejoso.
— Que merda você está fazendo, Alice! — Lucca rosna baixo e cauteloso, porém, exasperado. — O que foi tudo isso, porra?! — Essa pergunta tem um som rouco e ele parece bem agitado.
Simplesmente dou de ombros e sorrio como uma menina levada, escondendo dentro de mim o vulcão que está prestes a explodir.
— Eles precisavam ver — digo, apontando para a turma atrás de mim e seus olhos correm para a direção que apontei. Lucca bufa irritado ao vir uma plateia agitada. Contudo, seu olhar furioso volta a me encarar.
— Seus pais podiam ter visto isso, sabia? — ralha irritadiço. — Que merda! O Cris podia visto essa droga. O que você tem nessa cabeça, menina? Podia me deixar em maus lençóis com a sua família! — Ele continua, porém, o meu sorriso se alarga ainda mais diante dessa bronca.
— Relaxa, Lucca, ninguém viu nada.
— Você é uma inconsequente!
—Eu sei e… obrigada pelo beijo, eu adorei! — Pisco um olho para ele, mas ele me olha atônito e sem ação. No entanto, seguro a caixa de presente que deixei em cima do capô e volto para perto dos meus amigos.
Quem me vir, acha que sou essa garota fodona, que acabou de beijar o tiozão e que se safou bonito. Mas por dentro estou me derretendo inteira e acredite as minhas pernas estão tremendo igual gelatina, e o meu coração está pulando feroz dentro do meu peito.
— Porra, garota, você foi a forra com o coitado do homem! — Júlia fala boquiaberta, me fazendo sorrir por dentro.
— Eu contei no relógio, o beijo levou quase sete minutos. — Camila ralha parando do meu lado.
— Ficou louca? Alguém podia ter visto vocês. — Clarinha rosna animada.
— Algo me diz que Alice gostou e muito desse beijo. — Camila comenta debochada, mas a empurro com um ombro e reviro os olhos.
— Só paguei a minha prenda, nada demais. E quer saber? Não quero mais brincar desse jogo infantil, prefiro mergulhar e relaxar um pouco na piscina — retruco, largando o meu presente em cima de uma mesa e me jogo na água fria, emergindo do outro lado bem distante delas.
Droga, ainda consigo sentir a dormência nos meus lábios devido ao beijo. Oh céus, como eu queria ser mais velha agora. Tenho certeza de que se eu tivesse mais idade Lucca não se importaria com esse beijo. A sensação que tenho é que ele também gostou, embora preferisse demostrar a sua irritação.
Já é final de tarde quando o vejo sair da casa e entrar no seu carro para enfim, sair da propriedade.
***
Dois dias depois...
… Mila ainda estou pensando naquele beijo.
… Ficou maluca, A? Ele é praticamente um tiozão pra você.
… E você acha que eu não sei disso?
… E o que pretende fazer?
… Eu, nada. O meu pai me mataria se soubesse desse beijo roubado.
… Kkkkkkkkkkk
Na verdade, ele caparia o pobre coitado.
… Quantos anos de diferença tem entre vocês mesmo? Cinco, seis?
… Quem me dera! São catorze longos nos.
… Puta merda, A! Para ele você não passa de um bebê.
… Não fala isso que você parte o meu coração, Mila.
… Tenho que ir, A. O meu primo está me chateando aqui.
… Esse seu primo é um idiota! Também preciso estudar. Até amanhã então?
… Até amanhã!
A conversa no W******p termina e eu me fico sem nada para fazer. São onze e quarenta da noite quando vou para o meu banheiro estilo bonequinha e me desfaço das minhas roupas. Debaixo do chuveiro penso em como é terrível ser a caçula da família. Todos te veem como se eu fosse a neném frágil que precisa ser cuidada. Por isso quase toda a decoração do meu quarto e banheiro é cor de rosa e branco.
Sério, que homem me levaria a sério quando eu ainda tenho um quarto cheio de lindas bonecas enfeitando a minha cama e prateleiras?
Ninguém merece!
O pior de tudo é o meu pai. Daniel Ávila ainda me chama de Pequeno Botão. Quando eles vão perceber que eu cresci? Penso, encerrando o meu banho e visto apenas um conjunto de calcinha e sutiã cor de rosa.
Bufo audivelmente.
Definitivamente necessito mudar os meus conceitos. Eu cresci, porra e sou praticante uma mulher!
Suspiro.
Juro que não vejo a hora de cursar uma faculdade e de me livrar de vez desse rótulo neném do papai.
Lucca— Hum! — Sam solta um gemido baixo e apreciativo quando beijo a sua pele morna. Então ela abre uma brecha de olhos negros e sorri languida para mim.— Bom dia, preguiçosa! Você tem que ir — aviso, mas o seu sorriso se amplia.Samantha é minha companheira no quartel de bombeiros. Atualmente me tornei o capitão de uma equipe de seis homens. Max, Sam, Joe, Dilan, Tomás e Rafael. Não temos um envolvimento sério e também não somos exatamente namorados. É apenas sexo mesmo. Pelo menos para mim e espero que para ela também.A garota sai de debaixo dos lençóis e caminha completamente nua, e sexy direto para o meu banheiro. E logo escuto o barulho da água caindo lá entro.— O que vai fazer o dia todo? — Ela grita de dentro do cômodo.— O meu primo Chris está aqui no Brasil com sua esposa. Acho que vou passar o dia com ele — grito de volta.Minutos depois, ela sai do banho enrolada em uma toalha e com suas belas pernas a mostra. Suspiro, analisando cada centímetro de pele macia e ela sorr
LuccaMerda, isso não devia estar acontecendo, não comigo. Alice é apenas uma pirralha e eu sou a droga de um homem feito. Então por que essa atitude tão infantil mexeu tanto comigo?Porque essa porra não tem nada de infantil, Lucca!— Lucca? — A voz do Cris Ávila me desperta do meu tormento e eu solto uma respiração que estava presa dentro dos meus pulmões. Relutante, tiro os meus olhos de cima da menina atrevida que está dando um belo mergulho na piscina agora e olho para o meu amigo sorridente, em pé na varanda da casa.— Cris, oi! — digo tentando manter o meu tom de voz norma. — Eu trouxe algumas cervejas — falo, erguendo as sacolas e quando fecho a porta traseira, ele vem ao meu encontro para ajudar a carregá-las para dentro. — Como foi de viagem?— Cansativa, mas valeu a pena. Estava morrendo de saudades de casa. — Ele diz passando pela porta. Contudo, antes de entrar no elegante hall, me pego olhando direto para a área de lazer, onde Alice dá mais um mergulho.Meu coração bate
Alice.Dois anos depois do beijo.Hoje é aniversário do meu pai e mamãe está preparando uma festa surpresa para ele.Casa cheia. Penso um tanto animada. E eventos formidáveis.Amanhã bem cedo estarei de partida para Londres, onde irei fazer o curso de jornalismo. Meu maior sonho. Camila vai fazer medicina nos Estados Unidos. É a primeira vez que nos separamos de verdade e eu sei que sentirei a sua falta. Tenho procurado não surtar durante esses meses pensando em um certo beijo. De verdade, depois desse, saí beijando outros garotos do colégio. Pelo menos uns cinco e nenhum apagou o gosto daquele beijo. Tenho que essa oportunidade de ouro para conversar com o Lucca.Suspiro e observo atentamente o jardim movimentado.Pessoas andando de um lado para o outro cuidando dos preparativos para essa noite. Além do aniversário do meu pai, teremos também a minha despedida e estou ansiosa por isso. Um tipo de liberdade que eu sempre desejei, embora eu saiba que tanto a minha mãe quanto o meu pai v
AlicePensar que Samantha tem as mesmas paixões que o Lucca me deixa em desvantagem. Ela é exatamente como ele; tem a mesma idade e sabe agradá-lo. Ela tem a experiência feminina que eu não tenho.Bufo contrariada quando percebo que eles formam um par perfeito.Sem que eu consiga evitar, passo boa parte da festa observando o casal sempre sorridente e comunicativo. Esvazio a minha terceira taça da noite quando percebo que parece estar feliz ao lado dela. Lucca fala algo ao seu ouvido e se afasta para ir em direção da cozinha.É a minha deixa.Levanto-me abruptamente da minha cadeira e me afasto da mesa.— Aonde você vai? — Minha amiga questiona.— Pode me fazer um favor? — peço de repente.— Claro.— Tá vendo aquela mulher? — Aponto sutilmente para a acompanhante do meu primo.— Estou.— Pode distraí-la por alguns minutos? — Mila me encara especulativa.— O que você está aprontando, A?Faço um gesto desdenhoso em resposta.— Eu só preciso de alguns minutos para falar com ele.Sério, is
Alice— Eu sei, mas prometo que será apenas um beijo de despedida — sibilo baixinho.Ele solta o ar com força e eu tenho vontade de rir. Como um homem desse tamanho está tremendo de medo de dar um beijo em uma garota insignificante como eu?— Só um beijo. — Ele repete. Provavelmente para ter certeza.— Só um beijo. — Confirmo ansiosa e o meu coração dispara ritmado dentro do meu peito quando ele dá alguns passos para perto de mim.Sua mão grande segura na minha cintura quase sem força e aproveito para enlaçar o seu pescoço, sentindo imediatamente o calor da sua pele na palma da minha mão. Seus olhos permanecem o tempo todo conectados nos meus. O ar quente que sai da sua boca aquece a minha pele. Contudo, prendo a respiração, tamanha a minha ansiedade de sentir o seu sabor mais uma vez.Lucca se inclina um pouco, trazendo a sua boca para a minha e inicia um suave roçar de lábios.Fogo.Céus, estou queimando.Quente demais.Penso quando ele toma a minha boca em um beijo calmo. Contudo,
AliceEu quero respirar! Preciso respirar, mas não consigo fazer uma das funções mais vitais na vida do corpo humano. Penso quando sinto a sua língua ardente me invadir e não seguro um grito agudo de puro êxtase.— Lucca! — No ato, seguro nos fios castanhos claros, apertando-os entre os meus dedos e o mantenho ali, até que ele me dê o que necessito. Outro rosnado alto escapa da sua boca quando ele ergue a sua cabeça e os nossos olhos se encontram.— Goza para mim, querida! — Ele simplesmente ordena, voltando a enfiar a sua cara entre as minhas pernas e o meu mundo gira violentamente fora de órbita.Meu corpo está queimando e molhado de suor. Minha respiração ofegante pesa dentro do meu peito e eu penso que irei desfalecer. Então ele ergue a sua cabeça e eu vejo a intensidade dos seus olhos. É tão primitiva, não impulsiva e tão envolvente. Lucca se assemelha a um cão raivoso.Um cachorrão. É isso o que ele é. Um cachorrão filho da mãe!Seu corpo paira sobre o meu.Ainda estou ofegante
Lucca— Droga! O que essa garota tem na cabeça? — Suspiro alto pela terceira vez, enquanto aspiro o ar frio da noite carioca, tentando me acalmar para voltar para a festa. — Primeiro ela me provoca, depois me incendei e enfim joga a porra de um balde água fria na minha cabeça.— Aí está você! — A voz doce de Samantha me faz enrijecer no mesmo instante. NO entanto, ela para na minha frente e parece me analisar. — Está tudo bem? Você parece nervoso. — Sam me abraça por trás e no ato, ela deixa um beijo casto na minha nuca.O meu coração está disparado em fúria.O meu sangue está correndo quente em minhas veias.E a minha vontade é de gritar para extravasar essa maldita inquietude dentro de mim. Contudo, apenas respiro fundo e me viro de frente para ela. Seu olhar radiante me encara cheio de inocência e me repreendo por isso. Na sua cabecinha, ela veio aqui essa noite para finalmente conhecer a minha família. Mas na minha, ela está apenas me acompanhando, a fim de manter-me distante de u
LuccaEu posso ter a mulher que eu quiser. Digo para mim mesmo com petulância.Não você não pode, Lucca. Você não pode ter ela. Minha consciência aponta com brutal realidade. Irritado, me levanto do sofá, jogando uma garrafa quase intocada contra uma parede. Ela se quebra e o líquido se espalha, se misturando aos cacos pelo chão.— Tanta mulher te dando mole por aí e você se apaixona por uma menina mimada, e cheia de vontades! — rosno entre dentes para mim mesmo.Ela fodeu comigo. Fodeu com a minha cabeça e com a minha sanidade.Filha de mãe!***Na manhã seguinte…— Porra! — grunho quando abro os meus olhos e a minha cabeça dá algumas latejadas violentas. Com alguns resmungos mal-humorados me arrasto para o banheiro e tomo um banho demorado. E quando saio do banho, o meu celular começa a tocar.A luz da minha vida brilha na telinha e sorrio ao atendê-la.— Senhora Rose Fassini, bom dia!— Você sumiu da casa dos Ávila na noite passada. O que houve?— Por que acha que houve alguma cois