4.

Alice

Presunçosa, me afasto do carro para chegar mais perto dele outra vez e inesperadamente envolvo o seu pescoço com os meus braços, e logo o seu perfume masculino invade os meus sentidos, fazendo a minha cabeça dá um leve giro.

Lucca segura na minha cintura com as duas mãos, mas não para me atrair para si e sim, para repelir.

— Alice…

 Ele tenta dizer algo. Provavelmente um dos seus protestos cheios de sabedorias, mas logo o meu indicador desliza pela sua boca, fazendo-o se calar.

— Shiii!

O som arrastado sai da minha boca pedindo o seu silêncio e o meu rosto chega mais perto do seu, porém, mantenho os meus olhos conectados nos dele e o vejo nitidamente ofegar. Nossas bocas estão muito, muito perto uma da outra. De forma, que é possível não trocar o calor que vem do nosso hálito.

— Eu preciso te beijar! — sibilo baixo e arrastado, quase como um sussurro.

— Você o… o quê? — inquire com uma respiração pesada.

— É só um beijo — sussurro ainda mais perto e sinto o leve aperto dos seus dedos na minha cintura.

Meu coração para uma batida.

— Alice, eu não acho uma boa…

Tarde demais, bonitão!

Penso quando colo as nossas bocas, em um beijo que começa timidamente. Apenas um roçar de lábios e é o suficiente para me preencher de sensações intensas demais. O calor, esse sabor, mais calor, muito quente. Impulsiva, deixo a minha língua invadir a sua boca e ele automaticamente as suas mãos envolvem ainda mais a minha cintura.

Aí eu penso, ele vai me afastar, mas para a minha surpresa Lucca me puxa mais para si, e o nosso beijo se intensifica.

Deus do céu, como ele é gostoso! Uma delícia, na verdade!

Penso e solto um gemido apreciativo em meio ao beijo, sentindo coisas que não sei explicar, mas que estou gostando muito de sentir. Então ele se afasta abruptamente, fazendo tudo parar de girar ao meu redor e me encara nervoso.

Droga, estamos estupidamente ofegantes e eu estou ardendo de desejoso.

— Que merda você está fazendo, Alice! — Lucca rosna baixo e cauteloso, porém, exasperado. — O que foi tudo isso, porra?! — Essa pergunta tem um som rouco e ele parece bem agitado.

 Simplesmente dou de ombros e sorrio como uma menina levada, escondendo dentro de mim o vulcão que está prestes a explodir.

— Eles precisavam ver — digo, apontando para a turma atrás de mim e seus olhos correm para a direção que apontei. Lucca bufa irritado ao vir uma plateia agitada. Contudo, seu olhar furioso volta a me encarar.

— Seus pais podiam ter visto isso, sabia? — ralha irritadiço. — Que merda! O Cris podia visto essa droga. O que você tem nessa cabeça, menina? Podia me deixar em maus lençóis com a sua família! — Ele continua, porém, o meu sorriso se alarga ainda mais diante dessa bronca.

— Relaxa, Lucca, ninguém viu nada.

— Você é uma inconsequente!

—Eu sei e… obrigada pelo beijo, eu adorei! — Pisco um olho para ele, mas ele me olha atônito e sem ação. No entanto, seguro a caixa de presente que deixei em cima do capô e volto para perto dos meus amigos.

Quem me vir, acha que sou essa garota fodona, que acabou de beijar o tiozão e que se safou bonito. Mas por dentro estou me derretendo inteira e acredite as minhas pernas estão tremendo igual gelatina, e o meu coração está pulando feroz dentro do meu peito.

— Porra, garota, você foi a forra com o coitado do homem! — Júlia fala boquiaberta, me fazendo sorrir por dentro.

— Eu contei no relógio, o beijo levou quase sete minutos. — Camila ralha parando do meu lado.

— Ficou louca? Alguém podia ter visto vocês. — Clarinha rosna animada.

— Algo me diz que Alice gostou e muito desse beijo. — Camila comenta debochada, mas a empurro com um ombro e reviro os olhos.

— Só paguei a minha prenda, nada demais. E quer saber? Não quero mais brincar desse jogo infantil, prefiro mergulhar e relaxar um pouco na piscina — retruco, largando o meu presente em cima de uma mesa e me jogo na água fria, emergindo do outro lado bem distante delas.

Droga, ainda consigo sentir a dormência nos meus lábios devido ao beijo. Oh céus, como eu queria ser mais velha agora. Tenho certeza de que se eu tivesse mais idade Lucca não se importaria com esse beijo. A sensação que tenho é que ele também gostou, embora preferisse demostrar a sua irritação.

Já é final de tarde quando o vejo sair da casa e entrar no seu carro para enfim, sair da propriedade.

***

Dois dias depois...

… Mila ainda estou pensando naquele beijo.

… Ficou maluca, A? Ele é praticamente um tiozão pra você.

… E você acha que eu não sei disso?

… E o que pretende fazer?

… Eu, nada. O meu pai me mataria se soubesse desse beijo roubado.

… Kkkkkkkkkkk

Na verdade, ele caparia o pobre coitado.

… Quantos anos de diferença tem entre vocês mesmo? Cinco, seis?

… Quem me dera! São catorze longos nos.

… Puta merda, A! Para ele você não passa de um bebê.

… Não fala isso que você parte o meu coração, Mila.

… Tenho que ir, A. O meu primo está me chateando aqui.

… Esse seu primo é um idiota! Também preciso estudar. Até amanhã então?

… Até amanhã!

A conversa no W******p termina e eu me fico sem nada para fazer. São onze e quarenta da noite quando vou para o meu banheiro estilo bonequinha e me desfaço das minhas roupas. Debaixo do chuveiro penso em como é terrível ser a caçula da família. Todos te veem como se eu fosse a neném frágil que precisa ser cuidada. Por isso quase toda a decoração do meu quarto e banheiro é cor de rosa e branco.

Sério, que homem me levaria a sério quando eu ainda tenho um quarto cheio de lindas bonecas enfeitando a minha cama e prateleiras?

Ninguém merece!

O pior de tudo é o meu pai. Daniel Ávila ainda me chama de Pequeno Botão. Quando eles vão perceber que eu cresci? Penso, encerrando o meu banho e visto apenas um conjunto de calcinha e sutiã cor de rosa.

Bufo audivelmente.

Definitivamente necessito mudar os meus conceitos. Eu cresci, porra e sou praticante uma mulher!

Suspiro.

Juro que não vejo a hora de cursar uma faculdade e de me livrar de vez desse rótulo neném do papai.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo