3.

Alice

Alguns anos antes...

— E aí Alice? — Camila pergunta insistindo na resposta.

Estamos brincando de verdade ou consequências e pergunta? Se eu sou virgem ou não? É claro que eu sou, mas não quero que os meus amigos saibam que eu sou BV, muito menos que eu nunca…

Suspiro audivelmente.

— Consequência — respondo finalmente.

Contudo, o barulho de um carro estacionando em frente a mansão chama a nossa atenção para o outro lado do jardim e vejo o meu primo Lucca Fassini sair de dentro dele em seguida. Ele costuma vir aqui sempre que o Cris vem dos EUA para nos visitar.

Enfim, hoje é o meu aniversário de dezenove anos e de acordo com as novas regras dessa nossa brincadeira, deveria beijar qualquer garoto da minha idade que está bem aqui dentro da minha festinha particular. Contudo, eu não estou a fim, porque os considerado pirralhos demais para mim. Sim, eles são bobos demais e inconsequentes demais. Nada a ver comigo. Eu sou o tipo de garota que amadureceu antes do tempo. Do tipo que devora livros, que vai a festivais e que sente atração por homens mais velhos.

Bufo internamente.

— Sua consequência é beijar o seu primo. — Praticamente me engasgo com o meu refrigerante e encaro a minha amiga que me olhar um tanto espertalhona.

— Você não pode fazer isso comigo! — ralho atônita, mas o seu sorriso se alarga e eu sei, que ela não vai desistir dessa loucura.

— Foi você quem escolheu consequência, se lembra? E eu quero que você vá até lá e que o beije… na boca.

Meus olhos se arregalam em surpresa para ela e em seguida fito o homem alto e forte, de trinta e três anos que está mexendo na mala do seu carro.

— O que foi, ficou com medinho?   — Camila me provoca e eu sinto o meu coração disparar por antecipação.

— Ficou maluca? — indago em um estado de exasperação, porém, devo mencionar que a minha boca ficou seca só de pensar na possibilidade de beijar um homem catorze anos mais velho do que eu.

Entretanto, ela sorri largamente e eu sei que não esquecerá essa m*****a regra.

— Ué, você escolheu a consequência e eu escolho a forma como vai pagar. A não ser que queira responder a minha pergunta? — ralha sugestiva e dá de ombros.

Eu vou para o inferno com o meu segredo, mas, não me entrego de bandeja para esses idiotas.

Resmungo internamente. No entanto, respiro fundo e me levanto, saindo da roda de amigos e ando na direção do meu primo, no exato momento que ele tira algumas coisas de dentro do veículo.

— Alice? — Camila grita, fazendo-me olhar para trás e eu penso que ela desistiu dessa m*****a consequência. Imediatamente abro um largo sorriso, sentindo o alívio percorrer as minhas entranhas. — De língua.

Mas que filha da mãe!

— E deve durar pelo menos uns cinco minutos.

Camila e eu somos amigas desde sempre. Estudamos juntas desde o jardim de infância e temos o hábito de frequentar a casa uma da outra. Somos confidentes também. Isso quer dizer que ela sabe a resposta para essa sua pergunta descabida e que ela fez isso de propósito. Contudo, ela é mais reservada e embora ela me conte sobre os rapazes da sua vida, eu bem sei que a minha amiga não me conta tudo que se passa na sua vida.

— Vai! — Ela fala, deixando uma piscadela de olho para mim.

Suspiro alto, e juro que a cada passo que dou na sua direção, consigo escutar as batidas do meu coração dentro dos meus ouvidos.

Merda, ela só pode estar querendo me foder comigo!

O pior é que não sou uma garota de fugir da raia e ela também sabe disso. E é por esse motivo que às vezes ela consegue me meter em algumas confusões. E é aquela história: aplicou um desafio eu vou até o fim. Mas, se quer saber, apesar se ter seus trinta e três anos e de ser um homem vivido, inteligente e experiente, Lucca é uma perdição. Quer dizer, olha para esses músculos sendo oprimido pela sua camisa de botões. E essas coxas desenhadas no tecido da sua calça jeans. Essa bunda redonda que parece firme como uma rocha.

Meus olhos se erguem mais um pouco e encontra o seu rosto quadrado com uma barba rala por fazer. Então seus olhos também se erguem e eu me perco nas suas esferas esverdeadas.

Experiência… isso ele tem de sobra. Então terei que ser muito esperta para convencê-lo a beijar em uma pirralha que nem eu. Se eu roubasse esse beijo? Volto a suspirar de modo audível, à medida que me aproximo cautelosamente e parece que quanto mais me aproximo, menor me sinto perto desse homem.

Droga, estou suando e estou nervosa.

Porra, a final ele é o meu primo, mas tem idade de ser o meu pai!

E quando chego mais perto, fito os seus cabelos de um castanho claro que chegam a dar algumas voltas nas suas pontas. E especialmente hoje eles estão uma bagunça, mas não é qualquer bagunça. É uma bagunça perfeita e. sexy. Seus olhos claros são como os do seu pai; firmes e determinados, mas ao mesmo tempo eles tem uma pitada de docilidade. Com um suspiro olho para a sua boca e finalmente paro de frente para ele.

Caramba, que boca é essa? Pergunto-me olhando para a sua carnosidade com uma pele sensível e um leve tom avermelhado.

É uma verdadeira perdição.

— Lucca? — O chamo assim que chego perto e ele me abre um sorriso de dentes perfeitos.

— Oi, Foguetinho!

Foguetinho, ele ainda usa esse apelido. Isso quer dizer que o meu primo ainda me ver como uma criança.

Ok, eu até gostava desse apelido, mas agora confesso que ele me irrita, porque eu não sou mais aquela pirralha que corria para o seu colo sempre que o via passar pelos portões da casa dos meus pais.

— Oi! — respondo reprimindo uma resposta birrenta para ele e olho rapidamente para a turma lá atrás, que aguarda ansiosa pelo beijo.

Atrevidamente dou mais dois passos na sua direção e daqui é possível perceber algumas rajadas cor de mel ao redor das suas retinas.

Tipo olho de gato sabe?

E caraca, eles são realmente muito lindos!

— Eu trouxe algo para você — Lucca fala me despertando e um sorriso se projeta nos meus lábios.

— Tipo, um presente de aniversário?

— Exatamente.

Meu sorriso se alarga e eu chego ainda mais perto dele.

— O que é? — pergunto quando ele me estende uma caixa de tamanho mediano e atada com laços de fitas vermelhas

— Você precisa abrir para descobrir.

E com mais dois passos estou perto demais dele.

Não faz isso, Alice, não chama de tio o cara que vai te dar o primeiro beijo de língua da tua vida.

 Engulo com dificuldade as palavras e sinto um calor sobrenatural aquecer todo o meu corpo quando de propósito deixo os meus dedos roçarem nos seus. Ponho a caixa em cima do capô do carro, mas não abro o presente. Apenas volto a olhá-lo nos olhos e Lucca parece confuso.

— Eu quero te pedir uma coisa, Lucca — falo sentindo a minha voz esganiçada e usando o seu primeiro nome pela primeira vez na vida. Seus olhos se encolhem sutilmente e suas retinas dilatam. — É um pedido especial.

Ele abre um meio sorriso.

Caramba, que homem lindo da...

Enfim, deu para perceber que eu nunca olhei para o meu primo como estou olhando agora, não é? É como se cada detalhe dele me chamasse a atenção e isso é muito louco.

— Então pede, Foguetinho — bufo, dessa vez audível.

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