Lucca
— Hum! — Sam solta um gemido baixo e apreciativo quando beijo a sua pele morna. Então ela abre uma brecha de olhos negros e sorri languida para mim.
— Bom dia, preguiçosa! Você tem que ir — aviso, mas o seu sorriso se amplia.
Samantha é minha companheira no quartel de bombeiros. Atualmente me tornei o capitão de uma equipe de seis homens. Max, Sam, Joe, Dilan, Tomás e Rafael. Não temos um envolvimento sério e também não somos exatamente namorados. É apenas sexo mesmo. Pelo menos para mim e espero que para ela também.
A garota sai de debaixo dos lençóis e caminha completamente nua, e sexy direto para o meu banheiro. E logo escuto o barulho da água caindo lá entro.
— O que vai fazer o dia todo? — Ela grita de dentro do cômodo.
— O meu primo Chris está aqui no Brasil com sua esposa. Acho que vou passar o dia com ele — grito de volta.
Minutos depois, ela sai do banho enrolada em uma toalha e com suas belas pernas a mostra. Suspiro, analisando cada centímetro de pele macia e ela sorri maliciosa.
— O quê? — ralho e dou de ombros.
— Quando vai me apresentar para a sua família?
Essa sua pergunta me pega de surpresa e imediatamente penso que estamos pisando em um terreno minado.
— Em breve, Sam — minto.
A verdade, é que pretendo levar uma garota para conhecer os meus pais um dia, mas não será qualquer garota. Tem que ser A Garota. Aquela que fará o meu coração bater mais forte, que me fará estremecer por dentro e que mexerá com as minhas estruturas.
Com a Samantha não é assim e não sei se um dia será.
De verdade, ela é uma linda mulher. É sexy pra caralho e é envolvente, e isso é tudo. Eu quero mais que isso, quero mais do que sexo quente. Eu quero aquilo que os meus pais têm e o que a minha irmã tem. Amor verdadeiro e esse, eu não encontrei ainda. Penso, saindo do quarto para ir até a cozinha. Sirvo duas xícaras de café puro, depositando-as em cima do balcão, ao lado de dois pratos com torradas, ovos e bacon. Sam surge no cômodo usando o macacão com o emblema da corporação. Ela me beija calmamente na boca e nos acomodamos nos bancos altos, ficando um de frente para o outro.
— Tenho que ir a uma loja comprar um presente para uma adolescente, alguma sugestão?
Ela dá de ombros.
— Um perfume, uma linda pulseira. Adolescentes gostam dessas coisas.
Meneio a cabeça e permaneço calado.
Não a Alice.
Penso.
Ela é bem à frente da sua idade. É esperta demais e adulta demais.
Suspiro.
E linda demais também.
Em silêncio assisto Samantha terminar o seu café da manhã e sair para trabalhar. Hoje é o meu dia de folga e não demora muito para eu entrar no meu carro, e passar em um supermercado. Compro algumas cervejas e depois passo em uma loja para comprar um presente para minha prima. Logo estou de volta ao trânsito ansioso e satisfeito, pois a essa hora está bem tranquilo. Não demora para eu chegar à mansão Ávila e já na entrada, escuto os gritos animados de alguns adolescentes do outro lado do jardim. Passo o olho de relance e vejo Alice se divertindo com os seus amigos. Contudo, me concentro em abrir a porta traseira e tirar as cervejas, entre algumas sacolas com petiscos, quando escuto a sua voz bem atrás de mim.
— Oi, Foguetinho!
Pensar que Alice não parava quieta um só minuto quando criança é uma lembrança que me faz sorrir e por isso dei-lhe o apelido. Ela simplesmente não largava do meu pé e sempre foi muito colada comigo, mas isso já tem um tempo. Alice cresceu e está se tornando uma linda mulher.
— Oi! — Ela responde, mas parece não gostar mais do seu apelido de infância.
— Trouxe algo para você — falo recebendo um brilho esfuziante no seu olhar e imediatamente lhe estendo a caixa de bombons trufados com creme e chocolate que eu adoro. E espero que ela goste também.
— Eu quero te pedir uma coisa, Lucca.
E foi aí que tudo na minha vida virou de ponta cabeça.
Um beijo despertou uma fera dentro de mim. E… droga, eu não deveria gostar. Deveria fazê-la parar e afastá-la para longe de mim. Mas, porra, eu gostei! Gostei da sua pele macia nas pontas dos meus dedos. Gostei dos seus lábios aveludados em contato com os meus. Gostei desse seu som baixo e arrastado que escapou da sua garganta. Sim, é um som doce, suave, rouco e arrastado.
E isso é loucura, certo?
Balanço a cabeça internamente, afastando qualquer pensamento e puxo a respiração que ficou pesada repentinamente.
Você precisa parar, Lucca!
Minha consciência grita quando os meus dedos apertam as suas carnes e me vejo atraindo-a ainda mais parar. Como pode essa garota tão ingênua e sem qualquer experiência dominar todos os meus sentidos e manter-me cativo com um gesto tão simples como esse? A euforia dos jovens dentro da piscina me desperta, então me lembro de onde estamos, e imediatamente a faço parar. Meus olhos cautelosos percorrem todos os andares da mansão e irritado com a sua atitude impulsiva volta a encará-la.
— Que merda você está fazendo, Alice! O que foi tudo isso, porra?!
O fato de Alice sorrir desdenhosa e me dizer que seus amigos precisavam ver isso me deixa furioso. Contudo, ela me dá as costas, revelando o minúsculo biquini que deixa boa parte da sua bunda de fora.
Sinto-me inquieto, afogueado e desnorteado. E apenas respiro fundo, desviando os meus olhos de cima da garota petulante, e tento me acalmar antes de adentrar a casa.
LuccaMerda, isso não devia estar acontecendo, não comigo. Alice é apenas uma pirralha e eu sou a droga de um homem feito. Então por que essa atitude tão infantil mexeu tanto comigo?Porque essa porra não tem nada de infantil, Lucca!— Lucca? — A voz do Cris Ávila me desperta do meu tormento e eu solto uma respiração que estava presa dentro dos meus pulmões. Relutante, tiro os meus olhos de cima da menina atrevida que está dando um belo mergulho na piscina agora e olho para o meu amigo sorridente, em pé na varanda da casa.— Cris, oi! — digo tentando manter o meu tom de voz norma. — Eu trouxe algumas cervejas — falo, erguendo as sacolas e quando fecho a porta traseira, ele vem ao meu encontro para ajudar a carregá-las para dentro. — Como foi de viagem?— Cansativa, mas valeu a pena. Estava morrendo de saudades de casa. — Ele diz passando pela porta. Contudo, antes de entrar no elegante hall, me pego olhando direto para a área de lazer, onde Alice dá mais um mergulho.Meu coração bate
Alice.Dois anos depois do beijo.Hoje é aniversário do meu pai e mamãe está preparando uma festa surpresa para ele.Casa cheia. Penso um tanto animada. E eventos formidáveis.Amanhã bem cedo estarei de partida para Londres, onde irei fazer o curso de jornalismo. Meu maior sonho. Camila vai fazer medicina nos Estados Unidos. É a primeira vez que nos separamos de verdade e eu sei que sentirei a sua falta. Tenho procurado não surtar durante esses meses pensando em um certo beijo. De verdade, depois desse, saí beijando outros garotos do colégio. Pelo menos uns cinco e nenhum apagou o gosto daquele beijo. Tenho que essa oportunidade de ouro para conversar com o Lucca.Suspiro e observo atentamente o jardim movimentado.Pessoas andando de um lado para o outro cuidando dos preparativos para essa noite. Além do aniversário do meu pai, teremos também a minha despedida e estou ansiosa por isso. Um tipo de liberdade que eu sempre desejei, embora eu saiba que tanto a minha mãe quanto o meu pai v
AlicePensar que Samantha tem as mesmas paixões que o Lucca me deixa em desvantagem. Ela é exatamente como ele; tem a mesma idade e sabe agradá-lo. Ela tem a experiência feminina que eu não tenho.Bufo contrariada quando percebo que eles formam um par perfeito.Sem que eu consiga evitar, passo boa parte da festa observando o casal sempre sorridente e comunicativo. Esvazio a minha terceira taça da noite quando percebo que parece estar feliz ao lado dela. Lucca fala algo ao seu ouvido e se afasta para ir em direção da cozinha.É a minha deixa.Levanto-me abruptamente da minha cadeira e me afasto da mesa.— Aonde você vai? — Minha amiga questiona.— Pode me fazer um favor? — peço de repente.— Claro.— Tá vendo aquela mulher? — Aponto sutilmente para a acompanhante do meu primo.— Estou.— Pode distraí-la por alguns minutos? — Mila me encara especulativa.— O que você está aprontando, A?Faço um gesto desdenhoso em resposta.— Eu só preciso de alguns minutos para falar com ele.Sério, is
Alice— Eu sei, mas prometo que será apenas um beijo de despedida — sibilo baixinho.Ele solta o ar com força e eu tenho vontade de rir. Como um homem desse tamanho está tremendo de medo de dar um beijo em uma garota insignificante como eu?— Só um beijo. — Ele repete. Provavelmente para ter certeza.— Só um beijo. — Confirmo ansiosa e o meu coração dispara ritmado dentro do meu peito quando ele dá alguns passos para perto de mim.Sua mão grande segura na minha cintura quase sem força e aproveito para enlaçar o seu pescoço, sentindo imediatamente o calor da sua pele na palma da minha mão. Seus olhos permanecem o tempo todo conectados nos meus. O ar quente que sai da sua boca aquece a minha pele. Contudo, prendo a respiração, tamanha a minha ansiedade de sentir o seu sabor mais uma vez.Lucca se inclina um pouco, trazendo a sua boca para a minha e inicia um suave roçar de lábios.Fogo.Céus, estou queimando.Quente demais.Penso quando ele toma a minha boca em um beijo calmo. Contudo,
AliceEu quero respirar! Preciso respirar, mas não consigo fazer uma das funções mais vitais na vida do corpo humano. Penso quando sinto a sua língua ardente me invadir e não seguro um grito agudo de puro êxtase.— Lucca! — No ato, seguro nos fios castanhos claros, apertando-os entre os meus dedos e o mantenho ali, até que ele me dê o que necessito. Outro rosnado alto escapa da sua boca quando ele ergue a sua cabeça e os nossos olhos se encontram.— Goza para mim, querida! — Ele simplesmente ordena, voltando a enfiar a sua cara entre as minhas pernas e o meu mundo gira violentamente fora de órbita.Meu corpo está queimando e molhado de suor. Minha respiração ofegante pesa dentro do meu peito e eu penso que irei desfalecer. Então ele ergue a sua cabeça e eu vejo a intensidade dos seus olhos. É tão primitiva, não impulsiva e tão envolvente. Lucca se assemelha a um cão raivoso.Um cachorrão. É isso o que ele é. Um cachorrão filho da mãe!Seu corpo paira sobre o meu.Ainda estou ofegante
Lucca— Droga! O que essa garota tem na cabeça? — Suspiro alto pela terceira vez, enquanto aspiro o ar frio da noite carioca, tentando me acalmar para voltar para a festa. — Primeiro ela me provoca, depois me incendei e enfim joga a porra de um balde água fria na minha cabeça.— Aí está você! — A voz doce de Samantha me faz enrijecer no mesmo instante. NO entanto, ela para na minha frente e parece me analisar. — Está tudo bem? Você parece nervoso. — Sam me abraça por trás e no ato, ela deixa um beijo casto na minha nuca.O meu coração está disparado em fúria.O meu sangue está correndo quente em minhas veias.E a minha vontade é de gritar para extravasar essa maldita inquietude dentro de mim. Contudo, apenas respiro fundo e me viro de frente para ela. Seu olhar radiante me encara cheio de inocência e me repreendo por isso. Na sua cabecinha, ela veio aqui essa noite para finalmente conhecer a minha família. Mas na minha, ela está apenas me acompanhando, a fim de manter-me distante de u
LuccaEu posso ter a mulher que eu quiser. Digo para mim mesmo com petulância.Não você não pode, Lucca. Você não pode ter ela. Minha consciência aponta com brutal realidade. Irritado, me levanto do sofá, jogando uma garrafa quase intocada contra uma parede. Ela se quebra e o líquido se espalha, se misturando aos cacos pelo chão.— Tanta mulher te dando mole por aí e você se apaixona por uma menina mimada, e cheia de vontades! — rosno entre dentes para mim mesmo.Ela fodeu comigo. Fodeu com a minha cabeça e com a minha sanidade.Filha de mãe!***Na manhã seguinte…— Porra! — grunho quando abro os meus olhos e a minha cabeça dá algumas latejadas violentas. Com alguns resmungos mal-humorados me arrasto para o banheiro e tomo um banho demorado. E quando saio do banho, o meu celular começa a tocar.A luz da minha vida brilha na telinha e sorrio ao atendê-la.— Senhora Rose Fassini, bom dia!— Você sumiu da casa dos Ávila na noite passada. O que houve?— Por que acha que houve alguma cois
Alice.Me sinto diferente. O meu corpo, a minha cabeça, os meus sentimentos. Tudo está diferente. Lembranças de nós dois naquela pequena casa e naquele quarto me faz abrir um sorriso preguiçoso. A minha primeira vez com Lucca fora inesquecível, mas a segunda certeza foi marcante.Você me marcou, Lucca Fassini e temo que outro homem jamais poderá mudar isso um dia.Suspiro de modo audível, quando seus beijos ardentes me vem a lembrança. O seu corpo grande e forte sobre o meu, me envolvendo e me inquietando. As suas mãos me apertando...Ai, Deus preciso parar de pensar nisso ou vou enlouquecer! A pior parte foi ter que deixá-lo ali sozinho. Eu precisava fazer aquilo. Não seria justo deixá-lo aqui no Brasil preso a uma promessa por três longos anos. E não seria justo comigo também.— E aí, não vai me contar mesmo o que rolou entre você e o Lucca na festa? — Mila, minha amiga desde sempre me desperta com a sua curiosidade aguçada.— Não houve nada, Mila.Não sei se estou querendo enganá-