2.

Lucca

A garota é simplesmente muito gata e mesmo nunca tendo encostado um dedo nela. Quer dizer… houve um beijo e isso já faz muito tempo. Mas esse não conta por que ela só tinha dezoito e tudo não passou de uma brincadeira de adolescente. Mesmo assim, ainda me sinto muito mexido.

É inevitável. Eu chego a transpirar quando a vejo de longe como agora, olhando aquela loirinha sentada próximo ao balcão do bar, conversando com uma amiga e bebendo algo que eu não sei o que é.

Tomo mais um gole longo da minha cerveja e faço sinal para o garçom pedindo mais uma. As horas se avançam e os rapazes agora estão falando sobre tudo: trabalho, jogos, mulheres, mulheres outra vez, sexo e mulheres.

A loira ainda está lá no balcão com a tal amiga. Minutos depois, ela se levanta e se prepara para ir embora e…

Puta que pariu!

Eu quase engasgo com a minha bebida.

— Alice? — sussurro, largando a garrafa em cima da mesa.

— O que disse? — Max pergunta, chamando a minha atenção.

— O quê? Nada. Eu tenho que ir — falo de repente e jogo uma nota de cem em cima da mesa.

Os rapazes protestam, mas saio a passos largos em direção da saída. Arfo quando a vejo sozinha na calçada e acredito que está aguardando um táxi. Respiro fundo fitando-a de longe, impulsionado a ir abordá-la.

Porra Lucca, por que simplesmente não vai embora e esquece tudo isso?

Questiono a mim mesmo. Mas não, é claro que não dou ouvidos a voz da razão. Por que eu faria isso? Eu sou a porra de um pervertido que anda atrás de garotinhas.

Penso ironicamente.

— Alice? — A chamo, parando bem atrás dela. A garota se vira, girando em seus próprios calcanhares e me encara com surpresa.

O que eu posso dizer? Ela é simplesmente muito linda! E o fato de me olhar com um sorriso me faz parar de respirar. Contudo, ela dá as costas para rua definitivamente, ficando totalmente de frente para mim.

— Lucca? — diz tão somente.

O som do meu nome saindo da sua boca me faz sentir coisas que eu não deveria sentir. No entanto, procuro as palavras e elas simplesmente não vem a minha boca.

Fala alguma coisa, porra!

Exijo internamente.

— Você… você está indo para casa?

— Sim e você?

— Eu… também.

Não acredito que estou gaguejando perto dessa garota!

Que droga Lucca, você é um homem, caralho!

Ela arqueia as sobrancelhas loiras e bem-feitas, e eu volto a engolir em seco.

Me pergunto quem eu sou agora? A porra de um adolescente?

— Que tal dividir um táxi comigo? — Ela sugere despertando-me.

A encaro perdido. Alice e eu trancados dentro de um carro? Isso vai dar em merda. Penso. Ainda mais depois de ter bebido quase meia grade de cerveja lá dentro.

Suspiro audivelmente.

Diga não, Lucca!

Diga não, Lucca!

Tenha um pouquinho de juízo e diga não, porra!

Diga não...

— Claro! — Me pego dizendo e me repreendo internamente.

Seu sorriso se amplia.

O táxi que aguardava para bem na nossa frente em questão de segundos e como se fosse algo combinado imediatamente vou até a porta traseira e a abro para ela. Eu deveria ir no banco da frente, seria a coisa mais certo a se fazer, mas ao invés disso me sento do seu lado no banco de trás.

É o inferno!

O seu perfume, o seu calor, o leve toque nada inocente.

Estou fodido!

O carro entra em movimento e Alice olha as ruas através da janela de vidro. Nenhuma palavra é dita e juro que estou quase infartando, louco de vontade de tocá-la e de sentir esse perfume mais de perto. Mas eu não faço. Não é o certo a se fazer. Não é que ela seja menor de idade, não é isso. Alice já tem seus vinte e dois anos, porém, perto de mim ela parece uma criança, uma garotinha perto dos meus trinta e quatro anos. E quando já estamos a meia quadra de sua casa ela me olha intensamente.

— Posso fazer uma coisa? — indaga repentina.

— Fazer o quê?

— Isso.

E de repente Alice está montada em cima de mim, mas propriamente sentada no meu colo e a sua boca atrevida está beijando a minha. Mas não é qualquer beijo, é a porra do beijo! Sua língua está atracada na minha e a sua respiração se misturou com a minha.

Eu deveria lutar!

Não, não lute!

Porra, e eu não luto!

Ao invés disso a minha mão aperta a sua cintura e as suas mãos apertam os meus ombros, depois, elas vão para os meus cabelos e segura firme nas mechas, puxando-as com força. O nosso beijo se torna faminto e quase obsceno.

Proibido.

Por que o proibido é tão bom assim, caralho?

O motorista para o carro e o beijo para também. Então estamos estupidamente ofegantes aqui e nossos rostos ainda muito próximos. Nossas respirações se misturam e os olhos se fixam um no outro.

— Alice, eu… — tento dizer algo.

— Não, não faz isso. Não se desculpe. — Ela pede, deixando-me surpreso com a sua atitude e engulo em engulo em seco outra vez. — Eu sempre quis saber como era o seu gosto — confessa com voz doce e suave.

Puta que pariu, Daniel Ávila vai me capar!

— Você nunca pensou em fazer algo assim comigo antes? — indaga envolvente. E Deus, é muita tentação do capeta para um homem embriagado como eu. Penso.

— Sim, eu… pensei… muitas vezes. — As palavras escorregam pela minha boca sem que eu conseguir freá-las. E ela sorrir outra vez.

— Então… por que não faz? — pede com um sussurro ao pé do meu ouvido. Um arrepio escroto percorre todo o meu corpo e eu olho para o lado de fora, mas propriamente para o portão do casarão Ávila.

— Aqui? — inquiro com um som rouco.

Ela dá de ombros.

— Aqui ou onde você quiser.

Caralho!

Caralho!

Eu simplesmente encaro a garota linda sentada no meu colo, esperando uma resposta minha e eu não sei o que fazer.

Sério?

Voz da razão, ou voz do coração?

Ah, que se dane!

Passo o meu endereço para o motorista e a puxo para mais um beijo quente e gostoso.

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