Yuki— Sua mão está fria.Alex segurou brevemente em minha mão, estávamos na balsa que fazia a travessia até o lugar onde aconteceria o casamento, era uma pequena cidade em uma das muitas ilhas do Japão.— Estou nervoso — respondi sem tirar os olhos do mar — Imagino que esteja preocupado pelo fato do seu pai estar lá.— Um pouco, não quero causar nenhuma situação chata. É um dia especial para Kaito.— Você não vai causar. O podre dessa história é o seu pai.— Eu sei, mas…— Tire isso da sua cabeça. Hoje será um dia inesquecível.Franzi o cenho ao notar seu sorriso.— Você está muito animado com o casamento do meu irmão.— Claro! Ele faz parte da família e está começando uma vida nova. Quer coisa melhor que essa? — Hm.— E estou feliz por estarmos aqui. O Japão me deixa nostálgico. Tenho boas lembranças apesar de tudo.— Também tenho, afinal nasci e cresci aqui. Não pensei que um dia iria morar tão longe, mas estou feliz em voltar, ainda mais para esse casamento. Não imaginei que Kai
Alex— Como… — Ele não conseguia esconder sua surpresa.— Eu passei muito tempo pensando em como fazer. Queria que tudo fosse perfeito e que estivesse à sua altura, mas não queria nada extravagante, afinal, nós não somos assim. Quando Kaito disse que ia casar, vi uma oportunidade e não desperdicei. Eu quero passar o resto dos meus dias com você, quero dividir minha vida com você, lhe dar meu sobrenome e tudo que estiver ao meu alcance.Yuki não conseguia conter a emoção, as lágrimas brotavam em seus olhos e escorriam pelo seu rosto.— Eu amo você e sou eternamente grato ao destino que nos fez esbarrar na rua. Você engrandece a minha vida, me dá uma razão para voltar para casa todos os dias. É aquele que guarda meu coração. Aceita se casar comigo? — Abri a caixinha expondo as duas alianças.Yuki fungou e limpou as lágrimas, o que foi inútil pois continuaram a escorrer. — Diga logo que aceita, meus joelhos já estão doendo! — Brinquei.Yuki ajoelhou-se na minha frente e me beijou. O bei
Alex O reflexo no espelho mostrava o quanto eu estava cansado. As olheiras profundas eram o resultado de noites mal dormidas, já faz uma semana que estou aqui e ainda não me acostumei. Infelizmente, essa não é a única razão para a minha falta de sono. Joguei água no rosto mais uma vez e me olhei novamente no espelho. Estava cedo, acordei antes do despertador tocar. Saí do banheiro secando o rosto e olhei minha roupa separada em cima da poltrona, mesmo aqui, ainda precisava usar um terno escuro. Suspirei ao tirar o robe do hotel. Escolhi o Japão especialmente por sua distância, mas também por ser bem diferente da minha realidade. Digamos que essas “férias” sem data de término teve uma boa razão, ou talvez seja apenas um capricho. Não importa, estava decidido e não iria voltar atrás. A maioria julga essa minha decisão como apenas um delírio, afinal, muitos venderiam suas almas em troca de uma fortuna do tamanho da minha. Aos olhos dos outros, não me falta nada e é inconcebí
Alex — Desculpe, não foi minha intenção invadir seu espaço. — Terminei de amarrar o lenço em sua mão. Ele sorriu levemente e puxou sua mão com calma, apesar de constrangido, foi gentil. — Obrigado, mas está tudo bem. Preciso ir, por favor me diga quanto foi o café. — Apressou-se pegando a carteira de dentro da mochila. — Deixe-me pagar pelo serviço da lavanderia também, sua camisa… — Não precisa, foi só um acidente — o interrompi. Seus olhos negros me encararm por um momento e achei intrigante a forma que me olhou. Era um rapaz bonito, devia ter seus vinte e poucos anos, claramente, um estudante universitário. — Desculpe-me. — Ele ajeitou sua bolsa em um dos ombros e saiu apressado. Olhei para o chão e percebi que havia um pequeno caderno. — Espere! — Tentei chamá-lo, mas ele foi rápido e já estava longe. Que japonês assustado! Mas me pondo em seu lugar, acho que também me assustaria se um homem estranho me tocasse no meio da rua. Bem, no fim, eu fui o errado que não prestei
Yuki — Eu sabia! Um homem que usa um perfume desses tem que ser bonito. E como ele é? Quero detalhes. — E pra quê? Foi só um homem que esbarrei na rua. — Ah, nunca se sabe se vão se encontrar de novo. — Rina, não delire. Não há a menor possibilidade de vê-lo novamente. — Quem é que sabe? Às vezes ele pode ser seu verdadeiro amor. — Que frase mais brega. — Acabei rindo, sua imaginação não tinha limites. — De onde tirou isso? — Amor à primeira vista existe, sabia? Mas não desconversa, quero detalhes do tal homem, anda, estamos chegando na sala. — Ok — Suspirei em desistência. — Ele é alto, loiro e tem olhos azuis. — Só isso? — Só. O que mais você quer que eu diga? — Ah, sei lá! Poderia dizer que ele é um gato, um puta de um gostoso, que tem um corpo daqueles, a boca gostosa… — Por Deus, Rina. Não continue, sinto vergonha. — Yuki, só estou desempenhando meu papel de amiga. Há quanto tempo você não namora? Você precisa arrumar um amor, de preferência um homem lindo e gostos
Yuki — Bem… — Olhei-o um pouco perdido e ele tomou a frente ao responder com um grande sorriso. — Me chamo Alex. Não somos amigos. Ainda — enfatizou, o que aumentou meu constrangimento. — Apenas nos esbarramos hoje de manhã em um pequeno acidente. — Apresentou-se curvando seu corpo para frente levemente, mas era desajeitado, de certa forma, engraçado. — Me chamo Matsumoto Rina, este é meu namorado Takeru Ito, somos amigos do Yuki. E, bom, estamos com um pouquinho de pressa... então, com licença. Nós nos falamos depois, Yuki. Foi um prazer te conhecer, Alex-san. Rina acenou e simplesmente saiu arrastando Ito. Eu não sabia onde enfiar a cara, ela fez de propósito. — Desculpe por isso — meu murmúrio saiu um pouco pesado. — Não tem problema. Yuki, não é? — Meu nome soou um pouco diferente no seu sotaque e confirmei com um aceno estranhando a informalidade que somente meus amigos e família tinham comigo. — Eu vim devolver seu caderno, caiu naquela hora. Precisei abrir para p
Alex O almoço foi servido e conversamos um pouco mais. Desejei tê-lo como amigo. Apesar da nossa clara diferença de idade, nossos assuntos eram compatíveis, Yuki pareceu ser muito maduro para um jovem universitário, claro, isso era um julgamento errado da minha parte, não devemos generalizar, além disso, eu não podia comparar seus costumes com os do meu país de origem. — Você foi a primeira pessoa que tive uma conversa informal e fora do trabalho. — confessei já bem mais a vontade. — Apesar do encontro incomum. Foi desastroso. — Olhei sua mão enfaixada que segurava o hashi e senti a consciência pesar. — Mas diante de tantas coisas que preciso resolver no momento, relaxei um pouco com esse almoço. — Ah, falando nisso… seu lenço, ainda não pude lavar. Se não for um problema pode me passar um endereço? Gostaria de mandar entregar assim que possível. — Não precisa ter esse trabalho, só jogue fora. Eu ainda não tenho endereço, estou em um hotel enquanto procuro um apartamento. Está me
Alex Estava feliz com minha nova realidade: um apartamento pequeno com apenas um quarto, cozinha e banheiro. Ele, certamente, era do tamanho do meu antigo banheiro. O clima era agradável pois o piso em madeira clara e as lâmpadas amarelas me passavam conforto. Encarei minha mala ainda cheia no meio do quarto. Não tinha cama, tudo o que tive tempo de providenciar foi um futon, travesseiro e um cobertor. Tinha um pequeno armário que fazia parte do apartamento, também estava incluído um ar condicionado e aquecedor. Os armários da cozinha e geladeira também faziam parte do pacote, bem, mas não cabia muito no pequeno corredor. De certa forma, era funcional o mesmo corredor que trazia para o quarto ser a cozinha, o banheiro com a porta ao lado, tinha um tamanho suficiente para caber uma máquina de lavar. Uma pequena varanda é separada do quarto por uma porta de vidro. Nunca vivi em um lugar tão pequeno como esse e pensando bem… Por que as pessoas precisam morar em locais tão grandes