Primeiros Passos

Alex

O almoço foi servido e conversamos um pouco mais. Desejei tê-lo como amigo. Apesar da nossa clara diferença de idade, nossos assuntos eram compatíveis, Yuki pareceu ser muito maduro para um jovem universitário, claro, isso era um julgamento errado da minha parte, não devemos generalizar, além disso, eu não podia comparar seus costumes com os do meu país de origem.

— Você foi a primeira pessoa que tive uma conversa informal e fora do trabalho. — confessei já bem mais a vontade. — Apesar do encontro incomum. Foi desastroso. — Olhei sua mão enfaixada que segurava o hashi e senti a consciência pesar. — Mas diante de tantas coisas que preciso resolver no momento, relaxei um pouco com esse almoço.

— Ah, falando nisso… seu lenço, ainda não pude lavar. Se não for um problema pode me passar um endereço? Gostaria de mandar entregar assim que possível.

— Não precisa ter esse trabalho, só jogue fora. Eu ainda não tenho endereço, estou em um hotel enquanto procuro um apartamento. Está me faltando tempo para resolver isso, parece um pouco trabalhoso, mesmo que queira algo simples com uma boa localização.

— Dependendo da localização pode ser realmente difícil.

— Bom, de qualquer forma, sou sozinho, até mesmo um quarto serviria.

Yuki pareceu pensar, mas acabamos por terminar aquela refeição em silêncio, meu tempo também estava se esgotando, precisava voltar ao trabalho. No fim, insisti e o convenci que eu deveria pagar a conta e encerramos aquele pedido de desculpas.

Nós saímos do restaurante e antes de nos despedir, ele hesitou por um momento.

— Essa semana vagou um apartamento no condomínio onde eu moro. Se quiser olhar, mas não sei se atende seus critérios.

— Oh, muito obrigado pela indicação. — Sorri bastante animado. Sério que ele se preocupou? — Foi muito gentil da sua parte, Yuki.

— Ah, não é nada. O apartamento é pequeno, mas o prédio é novo e é perto da estação.

— Perfeito. Estou procurando algo assim.

— Bom, nesse caso, vou te passar o contato do proprietário. — Yuki buscou na mochila aquele mesmo caderninho que devolvi e anotou um número depois de conferir em seu celular. Ele destacou a folha e me entregou. — Espero que encontre o que procura.

— Obrigado. — Guardei o papel no bolso do terno e olhei para a rua na busca do taxi que tinha chamado pelo aplicativo. — Bem, preciso ir agora, foi muito bom te conhecer, Yuki.

— Digo o mesmo, Alex-san. — Ele se curvou brevemente e sorriu. — Boa sorte na sua vida aqui no Japão.

— Eu acho que já tive. — Sorri de volta e olhei para o carro que estacionou, era o que estava esperando. — Até logo, Yuki.

Entrei no táxi e acenei me despedindo. Ele ficou constrangido e, novamente, quis rir do seu jeito um pouco fofo. Estranho eu achar isso de um homem, mas era assim que eu via ele. Um rapaz adorável. Quem sabe não o veria de novo e terminaríamos como bons amigos.

Dias depois…

A melhor coisa que me aconteceu foi aquele esbarrão. Graças a ele, achei um apartamento. Quase tudo foi resolvido por telefone, recebi do proprietário as fotos, normas e detalhes do contrato. Eu realmente gostei do lugar, mas confesso que o fato de ter Yuki como vizinho pesou na minha decisão.

Certo que ele ainda era um estranho, mas nossa conversa fluiu de forma confortável e acredito que vamos nos tornar bons amigos. Bem, não é como se eu estivesse o perseguindo, eu realmente buscava um apartamento e esse se encaixou.

Infelizmente, nem tudo são coisas boas. Quando dei os detalhes para minha família, minha mãe alugou-me por minutos a fio ao dizer o quanto eu estava exagerando, que eu era um Langley e toda aquela ladainha que vivia jogando-me na cara desde de que saí de lá.

Dona Victoria vive bem com o dinheiro, gosta de conforto. O fato de me ajudar e me apoiar, não significa que concorde. E eu sei que pareço um marmanjo que vive embaixo de suas asas, mas foi assim que ela me criou. Eu reconheço esse comportamento ruim e tento diariamente me livrar disso, mas certas coisas não são tão simples assim.

Eu não me deslumbrava por muitas coisas e isso era visto como uma falha grande, principalmente por Megan, minha ex-noiva. Ela queria tudo que o dinheiro pudesse lhe proporcionar, já eu, não achava tão importante os excessos.

Pensando bem, tínhamos poucas coisas em comum, mesmo se ela não tivesse feito o que fez, talvez não desse certo por outras razões.

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