Era um pouco... fofo

Yuki

— Bem… — Olhei-o um pouco perdido e ele tomou a frente ao responder com um grande sorriso.

— Me chamo Alex. Não somos amigos. Ainda — enfatizou, o que aumentou meu constrangimento. — Apenas nos esbarramos hoje de manhã em um pequeno acidente. — Apresentou-se curvando seu corpo para frente levemente, mas era desajeitado, de certa forma, engraçado.

— Me chamo Matsumoto Rina, este é meu namorado Takeru Ito, somos amigos do Yuki. E, bom, estamos com um pouquinho de pressa... então, com licença. Nós nos falamos depois, Yuki. Foi um prazer te conhecer, Alex-san.

Rina acenou e simplesmente saiu arrastando Ito. Eu não sabia onde enfiar a cara, ela fez de propósito.

— Desculpe por isso — meu murmúrio saiu um pouco pesado.

— Não tem problema. Yuki, não é? — Meu nome soou um pouco diferente no seu sotaque e confirmei com um aceno estranhando a informalidade que somente meus amigos e família tinham comigo. — Eu vim devolver seu caderno, caiu naquela hora. Precisei abrir para poder descobrir um número de telefone ou endereço, desculpe. — Ele me estendeu meu pequeno caderno de anotações. — Achei que poderia ser importante, que bom que tem informações desta universidade, ou então não conseguiria devolver.

— Obrigado.

Não tinha palavras, o homem teve o trabalho de ir até ali para me devolver um caderno. Mas confesso que fiquei um pouco desconfiado, era muito trabalho por isso.

— E sua mão, como está? — Olhou para a minha mão enfaixada.

— Não foi tão sério, passei um remédio quando cheguei. — Guardei o caderno na mochila tentando ignorar aquele desconforto. — Olha, desculpa por aquela hora, eu estava com pressa e realmente não te vi. Ainda estou disposto a pagar pelo prejuízo.

— Ah, não precisa, eu que deveria ser mais cuidadoso quando andar com copos de cafés quentes nas mãos — Ele se calou por um momento. — Aceita almoçar comigo?

— Almoçar? — Franzi o cenho, felizmente, a minha franja escondia algumas expressões, mesmo assim, ele sorriu um pouco constrangido.

— Bom, é a forma que achei para me desculpar pela sua mão, não me entenda mal, por favor. Estou há poucos dias aqui no Japão, ainda não me acostumei com certos costumes, na teoria é bem simples. — Suspirou. — Como está na hora do almoço, bom, unimos o útil ao agradável. Não se preocupe, eu não sou nenhum louco psicopata.

O homem falou tão rápido e atrapalhado que quis rir, ele não parecia ser uma má pessoa, mas eu tinha acabado de conhecê-lo, não era certo depositar confiança.

— Tudo bem. — Resolvi aceitar. Era só um almoço, iria demorar uma hora mais ou menos e depois, cada um seguiria seu caminho sem culpas.

Quando ele sorriu parecendo aliviado, me perdi por um instante, realmente era um homem bonito, um sorriso perfeito e contagiante pois tive vontade de sorrir também, porém, me contive.

— Tem um restaurante aqui perto, se não se incomodar podemos ir nele, a comida é muito boa. São dez minutos de caminhada — sugeri ao desviar o olhar.

— Está ótimo.

Ele tinha uma postura relaxada, sua expressão calma dizia que era uma pessoa tranquila e sem muitas preocupações. Talvez tivesse um bom emprego e uma família legal. Olhei discretamente para a sua mão, não tinha aliança.

O que estou pensando? O homem é um estranho. Pra que saber desses detalhes?

***

Alex

— De que país você é? — Yuki perguntou depois que fizemos o pedido.

Eu estava hesitante em falar abertamente para não deixá-lo desconfortável, não queria repetir minha falta de educação de mais cedo, já bastava eu tratá-lo com tanta informalidade. Então, fiquei feliz com sua pergunta.

— Estados Unidos.

— Seu japonês é muito bom, Alex-san.

— Não precisa me chamar formalmente, apenas Alex está bom. — Sorri um pouco constrangido, eu realmente estava, apesar de animado por ser meu primeiro contato com alguém fora do trabalho. — É a primeira vez que venho ao Japão para ficar, mas antes, devido ao trabalho, precisava falar o idioma. Ainda tenho melhorar, na verdade.

— Tenho certeza que irá gostar daqui, é um país bom para morar e trabalhar.

— Espero ter oportunidade de conhecer. E você, cursa o que? Ah, bem, não precisa responder se não quiser.

— Economia e negócios.

— É um curso muito bom, Yuki. Apesar do mercado ser bem concorrido, é um bom investimento para construir uma carreira.

— Sim, eu tive também uma forte influência do meu irmão mais velho.

— Ele tem essa formação?

— Sim, ele já conseguiu uma boa oportunidade, está indo bem.

Acenei levemente, Yuki era um rapaz bastante educado e parecia ser bem centrado, certamente, teria um futuro promissor.

O observei mais atentamente, os cabelos chegavam a cobrir parte das orelhas, ele tinha traços delicados apesar de ser um homem, a franja escondia um pouco seus olhos, um rosto fino e boca pequena. Era um pouco… fofo.

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