O que seria aquilo?Karina não conseguiu enxergar claramente, e o pequeno objeto rolou para debaixo do armário.Ela se agachou para pegar.— O que está fazendo? — A voz masculina, grave e cheia de sono, soou com desagrado, interrompendo ela.Karina levantou a cabeça e respondeu:— Algo caiu, só quero pegar.Ademir franziu a testa com irritação:— Não conhece o próprio corpo? Se curvar para pegar algo... Isso é coisa que uma mulher grávida deve fazer?Karina franziu a testa, dizendo:— Não acho que isso seja um problema.Ademir deu dois passos à frente.— Quando algo acontecer, vai ser tarde demais para chorar! — Ele segurou a mão dela. — Deve ser a minha abotoadura, a governanta vai recolher depois, ela pega para você.— Está bem. — Ele estava se preocupando com ela, então Karina não insistiu. Concordou com um gesto e completou. — Hoje estou com pressa, não vou almoçar com você. Nos vemos à noite.Ademir franziu a testa, insatisfeito:— Tão cedo?— É... — Os olhos de Karina brilharam p
Quando chegaram à entrada da fábrica, Patrícia já estava esperando.— Aqui! O carro parou em frente a Patrícia, e Karina saiu do veículo. Tirando um desenho do bolso, ela perguntou:— Você pode dar uma olhada e ver se é viável?— Claro.Enquanto caminhavam, conversavam. Patrícia abriu o desenho, analisou e acenou com a cabeça:— Não vejo problemas, acho que dá para fazer. E esses materiais, todos estão disponíveis.— Que bom.Enquanto elas conversavam, Bruno, discretamente, olhou para o que estava sendo discutido. Não conseguiu entender os detalhes do esboço, mas a imagem final estava clara.Parecia ser um isqueiro.Ele não pôde evitar abrir os olhos, surpreso. Karina não estaria realmente planejando fazer um isqueiro com as próprias mãos, estaria?Logo ele descobriu que sua suposição estava certa.Patrícia levou Karina para dentro da fábrica e a conduziu até o estúdio do pai.— Já falei com o meu pai, você pode usar o que precisar.As duas se concentraram no desenho. Karina estava o
Ademir não disse uma palavra, permanecendo em silêncio por um longo tempo.Após alguns momentos, ele falou:— Eu mesmo vou lá.Independentemente de ser ou não a pequena borboleta, ele precisava ir pessoalmente para confirmar.Ele tocou na aliança de casamento que usava na mão esquerda.Se fosse ela, finalmente resolveria uma preocupação que carregava há anos.Se não fosse, então ele desistiria de vez e não a procuraria mais....De acordo com o local que Júlio recebeu, estava em uma área turística no lado oeste da Cidade J. O lugar combinado era uma cafeteria. Como se tratava de uma área turística, havia uma grande circulação de pessoas. Parecia que a outra parte estava bastante cautelosa, pois, sem saber quem seria exatamente, escolheu esse local.— Ademir. — Júlio se sentou em um lugar no saguão e falou. — Ela disse que, se não fosse em um salão reservado, seria aqui mesmo.— Tudo bem. — Ademir assentiu, sem objeções. — Quando ela chega?Júlio se sentou e pegou o celular:— Vou man
— Não se preocupe. — Júlio falou sem a necessidade de um pedido de Ademir. — Não posso deixar que você saia prejudicada.Esse valor, para Ademir, não significava nada.Nadia virou os olhos, pensando rapidamente:— Sr. Ademir, posso perguntar por que o senhor comprou esse grampo de cabelo?Ademir não respondeu de imediato e se levantou:— Isso não é da sua conta. Receba a compensação e fique tranquila.Ademir deu um passo, prestes a ir embora.— Espere! — Nadia chamou ele apressada. — Sr. Ademir, por favor, espere!Ademir parou, franzindo levemente a testa:— Há mais alguma coisa?— Sim. — Nadia assentiu rapidamente. — Ainda não terminei. Esse grampo de cabelo, embora tenha caído nas minhas mãos, não é meu.Ademir se deteve, olhando para ela.Com uma calma quase inquietante, ele perguntou:— Então, de quem é esse grampo de borboleta?— Sr. Ademir. — Nadia sorriu com um toque de resignação. — Ora, o que mais poderia estar na minha necessaire, se não minhas coisas ou as coisas das celebri
As memórias passaram rapidamente pela mente de Ademir.Era algo de sua juventude...Naquele ano, ele sofreu um acidente de carro que o deixou cego.Otávio contratou os médicos mais renomados do mundo, mas nenhum deles podia garantir se ele conseguiria recuperar a visão.Era possível que ele nunca mais fosse ver, e seu mundo se tornaria eternamente um abismo de escuridão.Que golpe devastador isso representou para o jovem Ademir!Durante aquele período, sem poder ver nada, sua personalidade se tornou extremamente irritadiça.Além de Otávio, ele se recusava a falar com qualquer outra pessoa.Gritava com os cuidadores e empregados a qualquer momento.Com o tempo, ele se tornou mais fechado, cada vez mais sombrio.Por causa disso, Otávio contratou um psicólogo para ele, mas Ademir rejeitou completamente o tratamento e se mostrou totalmente irreversível.Otávio sabia o quanto o neto estava sofrendo, e, sem alternativas, se viu forçado a deixá-lo assim.Foi então que, nesse período, Otávio d
Quando Júlio voltou, ele contou ao Ademir que tudo estava resolvido, e que ele próprio havia entregue o grampo de borboleta diretamente nas mãos da pequena borboleta.Ademir então ficou tranquilo.Agora, poderia viajar com a mente mais leve e seguir para o exterior, onde se submeteria ao tratamento.Ele estava cego havia quase seis meses, e o tratamento durou cerca de mais seis meses.Dessa vez, o tratamento foi um sucesso.Ele pôde ver novamente!Ademir acreditava que essa recuperação tinha algo a ver com a sorte que a pequena borboleta havia lhe trazido.Após recuperar a visão, a primeira coisa que ele fez ao voltar foi procurar por ela.Mas, infelizmente, ela já havia desaparecido.Nos anos seguintes, a pequena borboleta nunca mais apareceu.Sua memória voltou ao presente.Agora, vendo Vitória se aproximando, cada passo dela fazia seu peito apertar, os olhos começando a se encher de lágrimas.Com medo de assustá-la, Ademir pegou o grampo de borboleta e, com cautela, o estendeu até e
Vitória percebeu que Ademir estava com uma expressão estranha e perguntou: — Você tem algo urgente para fazer? — Tenho. — Ademir assentiu, se levantando. — Desculpe, Vitória, eu preciso ir. — Não precisa pedir desculpas. — Vitória, compreensiva, não o impediu. — São tantos anos de amizade, você acha que vou me preocupar com esses detalhes? Se você tem algo a fazer, vá logo. Ademir, agradecido, disse: — Então eu vou indo. Vamos nos falar depois. — Se cuide na estrada! — Vitória se levantou e o observou sair. Um sorriso sutil se formou em seus lábios. Com a mão, ela apertou lentamente o broche de borboleta que segurava, sentindo a tensão aumentar....No carro, Júlio ligou para Bruno: — Você precisa manter a Karina aí. O Ademir está a caminho. — Vou tentar. Após desligar, a porta do salão se abriu e Karina saiu. Bruno, preocupado, se apressou para bloqueá-la, dizendo: — Karina, o Ademir já está chegando, por favor, espere um pouco mais. — Não. — Karina sorriu
A boca de Karina estava cheia de comida, e ela apenas balançou a cabeça. No entanto, ela não olhou para ele. Ademir sentiu uma dor no peito, sabia que a havia magoado ao deixá-la esperando sozinha a noite toda: — E amanhã à noite, que tal? Eu vou fazer a reserva no restaurante, e garanto que vou chegar antes de você. — Não precisa. — Karina continuou balançando a cabeça, pegando um pedaço de rabanete picante, e murmurou em voz baixa. — Só resta esse. — Eu te sirvo mais. — Ademir se levantou imediatamente, pegando o prato vazio. Mas logo percebeu que não sabia onde o prato estava. Procurou na geladeira, mas não encontrou nada. Então, disse: — Vou chamar a Wanessa. — Não precisa. — Não tem problema. — Ademir insistiu. — Você não queria mais, não? — Eu disse que não precisa. — Karina franziu a testa e deixou o garfo de lado. — Por que você sempre faz isso? Se eu preciso ou não, eu mesma decido. Sua voz estava claramente carregada de frustração. Ademir percebeu