Felipe soltou um suspiro de alívio: — Então, vou deixar isso por sua conta. Vocês são marido e mulher, fica mais fácil conversar. Como da última vez havia sido Ademir quem resolveu a situação, Felipe naturalmente acreditava que o relacionamento entre eles era bom. No entanto, Karina não conseguia dizer a verdade, então só pôde aceitar daquela maneira: — Eu vou falar com ele. Ele não se importaria, mas... Anda muito ocupado. Talvez não tenha tempo. — Isso não é um problema. — Felipe não insistiu. — Se o Sr. Ademir estiver realmente ocupado, eu e o Dr. Marco vamos entender perfeitamente. — Certo. — Karina concordou, mas seu coração estava tomado pela inquietação. Ademir havia ajudado Karina há poucos dias, e agora ela já estava ligando para ele de novo. Isso fazia parecer que ela estava insistindo demais, como se o estivesse importunando. Ela passou o dia todo em conflito, pegava o celular, digitava o número de Ademir e, em seguida, desistia. Até que, à noite, de volta
Júlio foi direto: — Segundo irmão, desse jeito, não vai ficar tudo muito apertado? Seguindo o plano de seu segundo irmão, ele mal teria tempo para dormir. — Não tem problema. — Ademir balançou a cabeça. — Pode organizar assim. Dormir, eu posso dormir um pouco quando não tiver nada para fazer. Quanto antes eu terminar o trabalho, mais cedo volto. — Segundo irmão, está com pressa para voltar? Ademir hesitou por um instante e, então, assentiu: — O avô está sozinho no hospital. Ficar tantos dias longe da Cidade J me deixa preocupado. Júlio ficou sem palavras. Essa desculpa soava bem forçada. O Sr. Otávio estava sendo cuidado por médicos e enfermeiros, e, mesmo que seu segundo irmão estivesse na Cidade J, não poderia ficar o tempo todo ao lado dele. ... No dia do banquete de celebração, todos os funcionários do setor compareceram: médicos, enfermeiros, estagiários e até mesmo os auxiliares. Antes de saírem, se reuniram no departamento. — Karina. — Helena se aproximou
Lá embaixo? Que lá embaixo? Quando finalmente entendeu, Karina levou um susto e, ao mesmo tempo, se levantou apressada. — Ele disse que está lá embaixo? Ele veio mesmo? Ademir, sem receber resposta por um longo tempo, se sentiu um pouco decepcionado: — Posso subir sozinho. Em qual mesa vocês estão? — Não! — Karina finalmente reagiu e o interrompeu, alarmada. — Espera aí, eu já estou descendo! — Certo, eu te espero. Sem avisar ninguém, Karina saiu apressada e desceu as escadas. No saguão, avistou aquela silhueta tão familiar alta, elegante e imponente. — Karina. — O homem curvou os lábios em um sorriso satisfeito. — O que você está fazendo aqui? — Karina caminhou rapidamente até ele, mas, em vez de alegria, só havia espanto em sua expressão. Ademir se sentiu um tanto constrangido: — Não foi você que me convidou? O que foi? Não está feliz em me ver? — Eu não disse isso. — Embora, no fundo, fosse exatamente o que estava pensando. — Foi você mesmo que falou que não
Ademir ficou sem palavras mais uma vez. A ira era tão grande assim? Ela realmente não queria que ele viesse? Embora já estivesse preparado para isso antes de vir, naquele momento, não pôde evitar a sensação de desapontamento. Mas o que adiantava se sentir assim? De repente, Ademir se lembrou de algo. Se aproximando do ouvido de Karina, perguntou em um tom audível apenas para ela: — Aquele filé de antes não foi o suficiente? Karina não entendeu de imediato por que o assunto mudou tão de repente. Mas a expressão que surgiu em seu rosto por um instante, somada ao reflexo inconsciente de engolir em seco, provou que ele estava certo. — Entendi. — Ademir não conteve um sorriso. — Vou pedir mais um para você. Ao se levantar, ele riu baixinho e comentou: — Parece uma criança. Só porque comeu um pedaço a menos já ficou emburrada comigo. Karina ficou sem reação e quase o chamou de volta. Desde quando perder um pedaço de carne fazia alguém parecer uma criança? Além disso
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a
— Sr. Ademir. — Francisco de repente parou de andar. No círculo comercial, todos que tinham algum status conheciam Ademir. — O que o senhor está fazendo aqui?Ademir nem olhou para ele, com os olhos fixos em Vitória, que não parava de chorar.Essa mulher era a garota que na noite passada chorava delicadamente em seus braços...De repente, ele levantou a mão e deu um tapa forte em Francisco, jogando-o no chão!Francisco imediatamente cuspiu um dente, ainda coberto de sangue.A família de Vitória estava tão assustada que nem ousava respirar.Os lábios finos de Ademir se curvaram em um sorriso sarcástico. Sua voz, indiferente, era como uma lâmina fina e afiada:— Você ousa tocar na minha pessoa?!Francisco, caído no chão, cobria a boca, falando tremulamente:— Sr. Ademir, eu não sabia que ela era sua pessoa, eu não a toquei, juro! Por favor, me perdoe!Ademir não acreditou em suas palavras e olhou para Vitória.— É verdade?Vitória balançou a cabeça, atordoada:— Não, não é...— Saia daqu
Karina entendeu, mas casamento não era algo trivial, e ela hesitou, balançando a cabeça.— Não é necessário, né? Tente convencer o Sr. Otávio...Antes de terminar a frase, foi interrompida.Ademir, com a expressão inalterada e o tom de voz tranquilo, disse:— Como condição, vou te compensar financeiramente.Compensação financeira? Karina ficou surpresa e não conseguiu recusar. Seu irmão ainda estava esperando pelo dinheiro do tratamento. Ela tinha procurado a família Barbosa exatamente por causa do dinheiro.Percebendo sua hesitação, Ademir acrescentou:— Basta você concordar, e quanto você precisar, eu darei.Karina ficou em silêncio por alguns segundos, depois assentiu:— Está bem, eu concordo.Ademir baixou os olhos, escondendo a frieza e o desprezo.“Uma mulher que vende seu casamento por dinheiro é realmente barata. Tudo bem, assim será fácil se divorciar depois.”— Vou preparar o contrato. Amanhã de manhã, leve seus documentos e nos encontraremos no cartório!— Certo.Na manhã se