Papermint High school
Localizada na Alemanha, especificamente em Lindetal, um grande campo revolto por uma floresta repleta de grandes árvores, onde a cidade mais próxima é Neubrandenburg, Papermint High School é um colégio interno masculino com uma ótima reputação, há décadas foi o melhor em preparar os alunos para uma boa faculdade. Por sua fama de melhor colégio, a Papermint recebe alunos de todos os países com frequência.
Logo o ano se iniciaria, contudo os alunos já estavam a caminho da escola, todos os anos era pedido para que os estudantes fossem para o colégio uma semana antes do início das aulas para obter total conhecimento do local e suas regras. As principais eram:
1- A cada quatro alunos um quarto em um corredor correspondente à sua série.
2- O uso do uniforme é obrigatório, e só podem ser dispensados nos dias que não houvesse aulas.
3- Após as 21h59min todos os alunos deveriam estar em seus quartos sendo assim proibida a permanência de alunos nos corredores.
A escola possuía três grandes prédios de seis andares, ligados uns aos outros por escadas cobertas e as paredes eram pintadas no tradicional estilo alemão. Nos fundos havia uma grande piscina para as aulas de natação e duas grandes quadras cobertas que se ligavam formando o grande ginásio. Mais a frente havia também um campo aberto para diversas modalidades, coberto por grama. Na área interna os prédios foram divididos da seguinte maneira: os três primeiros andares foram divididos entre salas de aula e laboratórios. Cada andar era denominado ala e cada ala era correspondente à série sendo assim primeiro andar primeiro ano, segundo andar segundo ano e assim sucessivamente. Cada andar tinha dois banheiros, um ao lado Leste e outro ao lado Oeste. Os outros três pavimentos restantes de cada prédio foram divididos em quartos separados de acordo com as séries. As aulas eram das 08h00min às 15h00min e à tarde poderiam escolher entre Educação Física e Artes. Independente das modalidades.
Nossa história começa no Leste de Moscou, era onde morava Gregory Kravczyk, um jovem rapaz de 15 anos.
Filho único de uma família tradicional da Rússia, seus pais o tiveram muito cedo e desde seu nascimento nunca demonstraram paciência ao pequeno, nem lhe davam a atenção necessária. Simplificando nunca se importaram com ele. Gregory estudava em um colégio próximo a sua casa e lá todos o criticavam por sua aparência, que inclusive seus pais também criticavam muito. Ele tinha cabelos tingidos de preto, usava lápis seguido de sombra para destacar os olhos e esmalte nas unhas. Suas roupas eram justas e ele não se importava com as críticas, seu maior lema era ‘’nunca mudar a aparência pelo que os outros acham correto’’. Seu pai era alcoólatra e sua mãe nunca agiu como uma mãe. Gregory nunca fora amado como toda criança deve ser.
Poderíamos catalogar sua vida como ''um verdadeiro inferno'' e desde seus sete anos pensava em suicídio, ele acreditava que seria o melhor para todos. Mas algo o impedia de tamanho ato, um garoto, que morava na rua ao lado e estudava na mesma classe de Gregory há dois anos, seu nome, Ivan Malkovich, ele tinha cabelos quase na altura dos ombros, ondulados e castanhos, olhos cor de mel e tinha alguns centímetros a mais que Gregory. Ivan ingressou na escola no meio do ano quando eles tinham oito anos e Gregory fora a primeira e única pessoa com quem ele havia falado ao chegar à nova escola. Desde a primeira vez que se viram sentiram que algo muito forte os ligava e desde então nunca se separaram, eles se deram bem de primeira e apenas um podia entender o outro, se não fosse pela mãe atenciosa que Ivan tinha poderia se dizer que eles tinham uma vida idêntica. Atualmente eles estavam com quinze anos e cursavam o fim do colegial.
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A noite finalmente havia chegado e eu não sentia o menor sono, também após mais um show do meu pai bêbado tudo o que eu sentia era medo, mesmo tendo me acostumado com todos os gritos e surras ele ainda me assusta.
A minha vida inteira tive pesadelos com ele, nos sonhos ele sempre me perseguia por um caminho escuro e deserto onde meus gritos não eram altos o suficiente e o sonho sempre acabava da mesma forma: meu pai me encurralando em um beco sem saída com uma faca em mãos tentando arrancar meus olhos e minha mãe atrás dele com uma agulha e linha em mãos pronta para costurar minha boca, esse sonho se repetiu inúmeras vezes, e em todas elas eu despertava aos gritos no meio da noite, mas mesmo assustado voltava a dormir, exceto nas primeiras noites em que isso ocorreu que foi quando eu tive mais dificuldade, me lembro que fiquei semanas sem conseguir dormir até que fui vencido pelo cansaço.
Já era tarde e para evitar reclamações tive que dormir então me levantei e guardei meu caderninho de anotações, caminhei até minha cama lentamente como quem reza para que o mundo acabe antes que o dia amanheça.
Após ter me deitado tentei dormir, mas foi em vão. Realmente eu não tinha o menor sono, arrumei meu travesseiro e observando o teto me perdi em pensamentos, coisa que não era difícil para alguém como eu. As horas se passaram rápido e quando reparei o relógio já marcava 02h05min eu havia me deitado ali às 22h45min me preocupei em dormir, mas ao invés disso me perdi em pensamentos novamente.
…
Acho que taquei pedra na cruz p**a que pariu viu. Como é possível tudo de ruim acontecer com um único garoto? É eu também não sei. Todos os problemas começaram quando eu nasci sempre fui considerado um fardo para meus pais, eles me tiveram muito cedo e nunca gostaram de crianças por tanto desde que comecei a andar que me viro sozinho, deles só ganho reclamações.
Sou o melhor aluno da escola e do conservatório de música e nunca fui suspenso, mas por acaso do destino nenhum deles nunca se importaram comigo. Muitas vezes fui saco de pancadas na escola por causa de minha aparência, e em casa por causa do vício do meu pai e também pela homofobia do mesmo, ele nunca aceitara o fato de que eu uso maquiagem e esmalte nas unhas, mas em vez de sentar e conversar como uma pessoa civilizada, ele simplesmente enche a cara depois do trabalho com o pai de um garoto lá da sala e chega em casa me espancando, suas surras sempre me deixaram hematomas alguns ficaram roxos por três dias, outros sangraram. Foram tantos ferimentos que com o passar dos anos, aprendi a conviver com a dor, que agora não me incômoda mais, após tantos problemas não demorou para que eu começasse a fumar e beber na tentativa frustrada de me ausentar um pouco do que sou obrigado a aturar.
Atualmente estou com quinze anos e sou filho único, como vocês já perceberam meus pais não me aturam e qualquer acontecimento nesse planeta é motivo para eles descontarem na criatura aqui, sinceramente eu devo ter nascido para sofrer, se não bastasse tudo isso ainda tenho pesadelos constantes e idênticos.
Sinceramente se não fosse todo o apoio e a companhia de Ivan tenho certeza que não suportaria mais nem um minuto nesse inferno de vida, mas o que eu sinto pelo Ivan vai muito além de amizade, é estranho, mas é bom, muito bom.
Quando estou com ele me sinto bem e feliz, é como se não houvesse problemas e todas as brigas que enfrento em casa nunca houvessem existido.O Ivan é meu único amigo e eu realmente o amo, mas não apenas como amigo, desde que o conheci senti algo forte entre nós, a forma com que ele me observava toda sua preocupação e seu jeitinho doce de ser sempre fizera meu coração disparar. Foi ai que decidi silenciosamente demonstrar através de olhares meus sentimentos, e para minha surpresa ele sempre correspondeu.Lembro-me como se fosse ontem, estávamos no segundo intervalo e decidimos matar os dois últimos horários, então seguimos para o banheiro do terceiro andar, onde todos achavam que estava interditado, podia até mesmo estar, mas isso não vem ao caso. Trancamos a porta por dentro com uma mesa esquecida lá, nos sentamos no chão, e ficamos bons
Pouco depois paramos o beijo lentamente, suas pernas haviam enlaçado as minhas e seu corpo quente me aquecia. Olhei em seus olhos e ele sorria de um jeito fofo que me fazia derreter.— Achei que eu fosse passar o resto da minha vida sonhando com esse momento. — Ele me disse com um lindo sorriso no rosto. Sorri com seu exagero e acariciei seu rosto delicadamente.— Se depender de mim, esse momento se repetirá a todo minuto. — Sorri e mordi meu lábio inferior, Ivan me olhou com os olhos brilhando e inverteu as posições tomando meus lábios em mais um beijo.Após alguns minutos fomos surpreendidos com o estrondoso sinal que indicara o final da primeira aula, paramos o beijo e sorrimos, nos levantamos e decidimos dar uma volta, Ivan se levantou primeiro e me puxou com ele, caminhamos de mãos dadas por todo o local, logo encontram
— Bom é que... — Começou o garoto de cabelos pretos, mas o loiro logo o cortou.— É que, bom Ian já que eles não ficaram bravos... Quer dizer não tão bravos. — Corrigiu-se ao olhar para Ivan e prosseguiu. — Acho que não há problemas em falar o que realmente houve. — O outro garoto concordou e prosseguiu.— Okay, okay, o que aconteceu foi o seguinte, estávamos matando as primeiras aulas la no bosque e a situação ficou muito quente, mas tão quente que caímos da árvore em que estávamos sobre um morro de folhas secas, fez um grande estrondo e ouvimos passos daí corremos mais para o centro do bosque.— Só que... — Continuou o outro rapaz. — Hoje é o dia da inspeção, ou seja, é hoje que o secretário vai no bosque com uns agentes de saúde e ao f
Três Meses Após o dia citado anteriormente.Após alguns meses nosso relacionamento se intensificou ainda mais, todo o amor que sentíamos um pelo outro crescia e as nossas demonstrações de afeto em público estavam cada vez mais explícitas, mas não nos importávamos, todos os preconceituosos da escola cansaram de nos espancar por termos assumido. Ian e Serg estavam sempre conosco e também tiveram paz após nossa união como grupo, eles eram nossos melhores amigos e desde então confiávamos nossas vidas uns aos outros.Agora nossa maior preocupação estava em esconder de nossos pais, eles eram intolerantes e por serem extremamente brutos poderiam, sem dúvida, nos espancar até a morte. A mãe de Ivan nos flagrou no quarto do mesmo enquanto comemorávamos dois meses de namoro e a cena que ela viu não foi muito conveniente, mas cor
Voltei à atenção a janela e a sala estava calma, os médicos removiam os instrumentos usados e retiravam itens de proteção tais como máscaras, luvas e toucas de cabelo, uma enfermeira estava a cobrir todo o corpo de Ivan com o lençol, ali ele jazia sem vida. Senti como se um buraco negro crescesse em meu interior, estraçalhando todo meu coração e levando toda a luz e cor do meu mundo, o grande amor da minha vida havia partido, e eu não pude fazer nada para impedir, gritei com todas as minhas forças e esmurrei a parede nada podia amenizar a dor que eu sentia, meu mundo acabou junto com os batimentos cardíacos dele, o vidro da sala se quebrou cortando meus braços, senti meu sangue quente escorrer, mas não senti dor, nenhuma dor nos cortes, apenas a imensa dor que me consumia por dentro, a dor da perda, eu havia perdido o amor da minha vida eu havia perdido Ivan
Assenti e me sentei em sua cama o abraçando em silêncio, nada do que eu dissesse poderia confortá-lo naquele momento. Portanto eu apenas o abracei apertado para que ele tivesse certeza de que não estava só. Permanecemos abraçados por mais uns minutos, nada parecia forte o suficiente para acalmá-lo, a cada minuto ele chorava mais e mais até que o cansaço falou mais alto e ele apoiado em meu peito caiu em um sono profundo acompanhado de soluços.Acariciei seus cabelos, enquanto ele dormia vencido pelo cansaço repentino provocado pela perda de sangue. Após alguns minutos a enfermeira voltou para ver como ele estava.— Com licença, vejo que ele acordou então como ele está?— Sim, ele despertou e está péssimo como você pode ver, quando ele terá alta?— Suponho que em breve, os cacos de vidro perfuraram todo seu br
A manhã se iniciara mais uma vez, acordei com a luz do sol entrando por entre os espaços da cortina, me sentei na cama, acomodando o travesseiro em minhas costas, havia uma enfermeira em meu quarto que me ajudou a me posicionar, olhei por todos os lados do amplo quarto branco com aquele cheiro de hospital e não encontrei o Ian.— Então como está se sentindo hoje jovem? — A mulher veio sorrindo em minha direção, parecia atenciosa.— Melhor, eu acho. Cadê o Ian? — Perguntei-a e ela parecia confusa.— Oh deve se referir ao Chatwin certo? Ele saiu agora a pouco. E como o doutor me recomendara, trouxe seu café da manhã. Está com fome?— Ah, não obrigado, acordei sem fome.— Tudo bem, mas vou deixar assim mesmo, se sentir fome não deixe
Ele sorriu e se retirou ao lado de Sergey, voltei minha atenção ao terno preto que eu havia retirado do armário, o coloquei sobre cama e o completei com camisa e gravata na cor vinho, não exatamente na mesma tonalidade, mas. Ah que seja, procurei usar tudo em cores escuras. Após tudo organizado fui para o banheiro tomar um banho. Minutos depois estava pronto. Parei na frente do espelho, minha imagem estava péssima, peguei meu delineador e contornei meus olhos repetindo o gesto inúmeras vezes, minha pele pálida destacou. Em meu quarto comecei a andar de um lado para o outro, minha mente vagava por tudo o que acontecera, eu não estava bem, me sentia sufocado por meus próprios pensamentos, encostei-me na parede e deixei meu corpo desabar permanecendo naquele canto até que Paul e Sergey voltassem.Aquele canto sempre fazia com que eu me sentisse mais protegido, era ali que eu sempre ficava todas as vezes