— Bom é que... — Começou o garoto de cabelos pretos, mas o loiro logo o cortou.
— É que, bom Ian já que eles não ficaram bravos... Quer dizer não tão bravos. — Corrigiu-se ao olhar para Ivan e prosseguiu. — Acho que não há problemas em falar o que realmente houve. — O outro garoto concordou e prosseguiu.
— Okay, okay, o que aconteceu foi o seguinte, estávamos matando as primeiras aulas la no bosque e a situação ficou muito quente, mas tão quente que caímos da árvore em que estávamos sobre um morro de folhas secas, fez um grande estrondo e ouvimos passos daí corremos mais para o centro do bosque.
— Só que... — Continuou o outro rapaz. — Hoje é o dia da inspeção, ou seja, é hoje que o secretário vai no bosque com uns agentes de saúde e ao fugirmos dos passos, demos de cara com ele, então corremos para o Leste e o secretário para nossa felicidade foi atrás, então passamos duas aulas e um intervalo fugindo dele.
— Foi aí que vimos o portão dos fundos encostado e entramos correndo quase esbarrando em vocês. — Continuou o garoto moreno passando a mão em seus cabelos.
— Espere aí. — Ivan os interrompeu. — Então eram vocês? — Ele me olhou, e juntos rimos como crianças, os garotos nos observavam sem entender.
— É que também estávamos no bosque hoje nas primeiras aulas e foi justamente o barulho de vocês que nos fez correr de lá. — Expliquei o que ocorrera e juntos rimos da situação.
Passamos o resto do intervalo sentados ali, perto dos armários conversando e nos conhecendo melhor. O garoto de cabelos pretos e olhos azuis se chamava Paul Ian Chatwin e o rapaz loiro se chamava Sergey Vikbaesk, mas o chamávamos de Serg.
Após essa aproximação bizarra nos tornamos grandes amigos e os demais alunos passaram a mexer menos com a gente. Agora eramos um grupo e estávamos sempre juntos, Paul também estava no primeiro ano, mas era de outra sala e Sergey estava no segundo, portanto só nos víamos nos intervalos, e quando matávamos aula no bosque. Ian e Serg namoravam a dois meses, eu e Ivan à uns dois dias, mas o amor que reinava entre nós podia ser notado a quilômetros. As vezes o irmão mais novo de Ian aparecia pelo bosque, ele nos descobriu lá matando aula e sempre que tinha uma chance passava por lá para nos subornar, até que em um dia eu e o Ivan armamos contra ele e o enchemos de cócegas, após esse dia ele nunca mais se aproveitou de nós, passou a ser um aliado, Ian e Serg nos agradecem até hoje por isso.
Três Meses Após o dia citado anteriormente.Após alguns meses nosso relacionamento se intensificou ainda mais, todo o amor que sentíamos um pelo outro crescia e as nossas demonstrações de afeto em público estavam cada vez mais explícitas, mas não nos importávamos, todos os preconceituosos da escola cansaram de nos espancar por termos assumido. Ian e Serg estavam sempre conosco e também tiveram paz após nossa união como grupo, eles eram nossos melhores amigos e desde então confiávamos nossas vidas uns aos outros.Agora nossa maior preocupação estava em esconder de nossos pais, eles eram intolerantes e por serem extremamente brutos poderiam, sem dúvida, nos espancar até a morte. A mãe de Ivan nos flagrou no quarto do mesmo enquanto comemorávamos dois meses de namoro e a cena que ela viu não foi muito conveniente, mas cor
Voltei à atenção a janela e a sala estava calma, os médicos removiam os instrumentos usados e retiravam itens de proteção tais como máscaras, luvas e toucas de cabelo, uma enfermeira estava a cobrir todo o corpo de Ivan com o lençol, ali ele jazia sem vida. Senti como se um buraco negro crescesse em meu interior, estraçalhando todo meu coração e levando toda a luz e cor do meu mundo, o grande amor da minha vida havia partido, e eu não pude fazer nada para impedir, gritei com todas as minhas forças e esmurrei a parede nada podia amenizar a dor que eu sentia, meu mundo acabou junto com os batimentos cardíacos dele, o vidro da sala se quebrou cortando meus braços, senti meu sangue quente escorrer, mas não senti dor, nenhuma dor nos cortes, apenas a imensa dor que me consumia por dentro, a dor da perda, eu havia perdido o amor da minha vida eu havia perdido Ivan
Assenti e me sentei em sua cama o abraçando em silêncio, nada do que eu dissesse poderia confortá-lo naquele momento. Portanto eu apenas o abracei apertado para que ele tivesse certeza de que não estava só. Permanecemos abraçados por mais uns minutos, nada parecia forte o suficiente para acalmá-lo, a cada minuto ele chorava mais e mais até que o cansaço falou mais alto e ele apoiado em meu peito caiu em um sono profundo acompanhado de soluços.Acariciei seus cabelos, enquanto ele dormia vencido pelo cansaço repentino provocado pela perda de sangue. Após alguns minutos a enfermeira voltou para ver como ele estava.— Com licença, vejo que ele acordou então como ele está?— Sim, ele despertou e está péssimo como você pode ver, quando ele terá alta?— Suponho que em breve, os cacos de vidro perfuraram todo seu br
A manhã se iniciara mais uma vez, acordei com a luz do sol entrando por entre os espaços da cortina, me sentei na cama, acomodando o travesseiro em minhas costas, havia uma enfermeira em meu quarto que me ajudou a me posicionar, olhei por todos os lados do amplo quarto branco com aquele cheiro de hospital e não encontrei o Ian.— Então como está se sentindo hoje jovem? — A mulher veio sorrindo em minha direção, parecia atenciosa.— Melhor, eu acho. Cadê o Ian? — Perguntei-a e ela parecia confusa.— Oh deve se referir ao Chatwin certo? Ele saiu agora a pouco. E como o doutor me recomendara, trouxe seu café da manhã. Está com fome?— Ah, não obrigado, acordei sem fome.— Tudo bem, mas vou deixar assim mesmo, se sentir fome não deixe
Ele sorriu e se retirou ao lado de Sergey, voltei minha atenção ao terno preto que eu havia retirado do armário, o coloquei sobre cama e o completei com camisa e gravata na cor vinho, não exatamente na mesma tonalidade, mas. Ah que seja, procurei usar tudo em cores escuras. Após tudo organizado fui para o banheiro tomar um banho. Minutos depois estava pronto. Parei na frente do espelho, minha imagem estava péssima, peguei meu delineador e contornei meus olhos repetindo o gesto inúmeras vezes, minha pele pálida destacou. Em meu quarto comecei a andar de um lado para o outro, minha mente vagava por tudo o que acontecera, eu não estava bem, me sentia sufocado por meus próprios pensamentos, encostei-me na parede e deixei meu corpo desabar permanecendo naquele canto até que Paul e Sergey voltassem.Aquele canto sempre fazia com que eu me sentisse mais protegido, era ali que eu sempre ficava todas as vezes
Todas as pessoas saiam do cemitério lentamente, mas eu fiquei observando a lápide que colocaram para identificar seu túmulo, ou melhor, seu novo lar."Aqui jaz um pequeno sonhador, que veio para nos mostrar que o amanhã é um novo dia, e que o amor nunca morre. Com ele tudo é possível!"Ivan Malkovich.*15 de Maio de 1995☥23 de Setembro de 2010Após mais alguns minutos voltamos para casa, Paul e Sergey me acompanharam até meu quarto e só se foram depois que eu tomei os remédios e adormeci.No dia seguinte os dois voltaram a minha casa, era cedo e eu já estava acordado. Passamos a manhã conversando e decidimos nos mudar para o colégio interno Papermint High School, que fica na Alemanha aos arredores de Neubrandenburg em um grande campo distante de tudo e de todos.— Então? — Perguntei. — Vocês topam vir comig
— Finalmente chegamos! — Olhamos tudo em volta e sorrimos. Pelo menos ali eu não teria um pai bêbado muito menos uma mãe insuportável a me atormentar.— Gry, agora você está livre meu amigo! — Paul me abraçou sorrindo, o abracei de volta sorrindo com ele.— Finalmente livre my friend! — Sorrimos e Sergey gritou festejando conosco.— LIBERDADE! — Abracei Sergey forte enquanto comemorávamos juntos, e seguimos para o táxi que nos levaria até a escola, que ficava há alguns quilômetros dali.O táxi seguiu por um caminho enorme que quanto mais percorrido mais deserto ficava. Olhamos em volta e não víamos nada, nada além de um ponto amarelo lá na frente, deveria ser outro táxi não sei. Se bem que estávamos atrasados um dia então seria meio difícil ter outro aluno tam
A noite se iniciara há pouco, o tempo estava nublado com neblinas, ameaçava chover em Nova Orleans, era onde morava a família Hischfelder. Ralph e Marie casados há 40 anos, tinham filhos gêmeos univitelinos Lucian e Lester. Os garotos eram de descendência alemã por parte de seu pai e francesa por parte de sua mãe. O casal sempre fora do tipo que não permite que nada falte aos filhos exceto o mais importante, amor e atenção. Os meninos cresceram aos cuidados de babás e empregadas, afinal, seus pais estavam sempre muito ocupados com o trabalho, Ralph era considerado o melhor cardiologista da cidade por isso estava sempre a viajar para atender pacientes nas cidades vizinhas e Marie por ser senadora também estava sempre a viajar. Eram tantas viagens que o casal até esquecia os filhos. O tempo passou depressa e na atualidade os garotos estavam com quase dezesseis anos e eram alunos do col&eacu