Três Meses Após o dia citado anteriormente.
Após alguns meses nosso relacionamento se intensificou ainda mais, todo o amor que sentíamos um pelo outro crescia e as nossas demonstrações de afeto em público estavam cada vez mais explícitas, mas não nos importávamos, todos os preconceituosos da escola cansaram de nos espancar por termos assumido. Ian e Serg estavam sempre conosco e também tiveram paz após nossa união como grupo, eles eram nossos melhores amigos e desde então confiávamos nossas vidas uns aos outros.
Agora nossa maior preocupação estava em esconder de nossos pais, eles eram intolerantes e por serem extremamente brutos poderiam, sem dúvida, nos espancar até a morte. A mãe de Ivan nos flagrou no quarto do mesmo enquanto comemorávamos dois meses de namoro e a cena que ela viu não foi muito conveniente, mas correu tudo bem, ela conversou com a gente e após contarmos tudo, ela nos apoiou e passou a nos ajudar a esconder isso dos demais. Já com a minha mãe, nem perdemos tempo pensando em contar, afinal do jeito que ela me “ama” obviamente iria me internar ou correr para informar meu pai, não sei, sinceramente prefiro nem ficar sabendo.
Enfim depois de mais um agitado dia na escola, eu procurava forças para aguentar a última aula, Ivan estava na fileira ao lado, eu o observava a um bom tempo, por vezes ele sorria pra mim, com aquele lindo olhar radiante, apoiei meu queixo em minhas mãos em cima da mesa e continuei a observá-lo, até que o professor chamou minha atenção e fui obrigado a prestar atenção na aula. Após longos minutos ouvindo o professor falar algo sem sentido, o sinal que finalizava as aulas do dia finalmente tocara.
Levantei-me, peguei a mão de Ivan, selei seus lábios e saímos da sala. No meio do último corredor ficavam os armários, procuramos os nossos e guardamos os livros. Na saída encontramos Paul e Sergey, eles se despediram e foram para suas casas, havíamos marcado um encontro de casais para a tarde, então tínhamos pouco tempo para nos arrumar. Segui ao lado de Ivan, abraçamo-nos e eu o beijei. Após uns minutos com ele, caminhamos para fora da escola, chegando lá fomos em direção a nossas casas que ficavam muito próximas, no caminho brincávamos com as palavras e imaginávamos nós dois juntos tipo, para sempre.
Estávamos a sorrir, quando fui surpreendido por um beijo de Ivan, segurei em sua nuca e ele me suspendeu em seus braços sem interromper o beijo, meu coração bateu mais forte apenas por estar com ele. Paramos lentamente e eu o olhei nos olhos, ele sorria com um brilho no olhar e me disse com sua doce voz: ‘’Estarei para sempre contigo meu anjo’’ eu sorri e lhe beijei os lábios ao dizer ‘’Eu te amo eternamente’’ sorrimos, Ivan me colocou no chão e voltamos a caminhar, não por muito tempo, paramos e nos beijamos novamente, caia uma fina camada de neve, Ivan me abraçou mais forte e nos aquecemos um ao outro, o beijo se intensificou acabando com todo o ar que havia em nossos pulmões nos obrigando a parar. Sorrimos ofegante e continuamos a caminhar após mais um selinho.
Até que do nada um carro azul surgiu em nossa direção freando bruscamente, um homem desceu e obrigou meu Ivan a ir com ele, Ivan reagiu, mas de nada adiantou o homem era muito forte então o colocou à força no carro, era seu pai, ele havia bebido muito, e eu não podia fazer nada para salvá-lo, o carro já havia partido deixando a rua vazia e silenciosa.
Logo uma sensação horrível de desespero tomou meu interior, caminhei lentamente de volta para casa me sentindo estranho e vazio, fui para meu quarto passando pela minha mãe que me olhou com desprezo e ignorou minha presença.
Joguei minha mochila em uma poltrona que havia no canto esquerdo do quarto e me joguei em minha cama, fiquei ali imóvel por alguns minutos sem saber em que pensar me levantei do nada e decidi ligar a TV passei os canais sem reparar no que estava no ar, parei de passar os canais e joguei o controle para o lado sem me importar, passava um seriado qualquer, ignorei a TV e voltei a ficar imóvel perdido em meus pensamentos, que surgiram com tudo bombardeando minha cabeça.
Após alguns minutos o som de alerta de tragédia na TV invadiu o ambiente, trazendo com si as imagens de um sério acidente onde uma carreta havia colidido de frente com um carro azul, que agora parecia mais uma lã de aço usada. Meu coração falhara várias batidas ao me lembrar do ocorrido mais cedo, quando Ivan fora levado à força pelo seu pai bêbado em um carro azul, o câmera da emissora de TV que transmitia ao vivo o recém-acidente, passeava entre os destroços e ao filmar os bombeiros que lutavam pela vida de um jovem rapaz, meu Ivan! Ao vê-lo ali entrei em total desespero, me joguei ajoelhado na frente da TV, logo vi o helicóptero pousar e dele mais bombeiros correrem com uma maca, onde colocaram Ivan e o levaram dali.
Corri a procura de informações sobre o hospital para onde ele fora levado, procurei por todos os lados até encontrar o telefone de sua mãe, liguei para ela que logo atendeu e aos prantos me dissera onde ficava o hospital, agradeci e desliguei, chamei um táxi e fui imediatamente para lá.
Chegando ao hospital, nem me dei ao trabalho de pedir informações na recepção, invadi o local e fui direto para a ala de emergência, segui meu coração e logo encontrei uma sala, era bem grande e ficava no fim do corredor, a sala tinha a metade superior das paredes em vidro, parei na frente da mesma e pude ver muitos médicos e enfermeiros correndo de um lado para o outro e fazendo de tudo para salvar o rapaz que ali estava, observei bem e procurei algo nele que me mostrasse se era ou não meu Ivan, meu coração falhara várias batidas e meu corpo estremecera quando avistei em seu pulso uma pulseira avermelhada que eu mesmo havia colocado nele.
Ouvi passos fortes em minha direção e muito barulho, mas não me importei com eles, estava mais preocupado com Ivan, os médicos se agitaram mais e uma enorme correria começou dentro da sala, mas foi quando um dos enfermeiros pegou o desfibrilador que eu me desesperei, meu coração apertou tanto que tive a impressão que parara de bater, começaram a dar choques na tentativa de reanimar Ivan, eu esmurrava a janela desesperado e gritava muito, minha garganta parecia que iria se rasgar a qualquer momento, mas nada me impedia de gritar implorando que não o deixassem ir, os passos ficaram mais altos e senti algo me apertar pela barriga, reagi mexendo bruscamente meus braços no intuito de me livrar dos braços que me apertavam, eu gritava para me soltarem, mas de nada adiantava, outro segurança tentou me tirar dali, mas não sei como o acertei com um soco quebrando seu nariz, ele recuou e chamou os paramédicos para ajudarem, lutei contra o segurança que ainda estava a me segurar e o mesmo tentou abafar meus gritos com sua mão, eu a mordi com tamanha força que ele me soltou gritando de dor.
Voltei à atenção a janela e a sala estava calma, os médicos removiam os instrumentos usados e retiravam itens de proteção tais como máscaras, luvas e toucas de cabelo, uma enfermeira estava a cobrir todo o corpo de Ivan com o lençol, ali ele jazia sem vida. Senti como se um buraco negro crescesse em meu interior, estraçalhando todo meu coração e levando toda a luz e cor do meu mundo, o grande amor da minha vida havia partido, e eu não pude fazer nada para impedir, gritei com todas as minhas forças e esmurrei a parede nada podia amenizar a dor que eu sentia, meu mundo acabou junto com os batimentos cardíacos dele, o vidro da sala se quebrou cortando meus braços, senti meu sangue quente escorrer, mas não senti dor, nenhuma dor nos cortes, apenas a imensa dor que me consumia por dentro, a dor da perda, eu havia perdido o amor da minha vida eu havia perdido Ivan
Assenti e me sentei em sua cama o abraçando em silêncio, nada do que eu dissesse poderia confortá-lo naquele momento. Portanto eu apenas o abracei apertado para que ele tivesse certeza de que não estava só. Permanecemos abraçados por mais uns minutos, nada parecia forte o suficiente para acalmá-lo, a cada minuto ele chorava mais e mais até que o cansaço falou mais alto e ele apoiado em meu peito caiu em um sono profundo acompanhado de soluços.Acariciei seus cabelos, enquanto ele dormia vencido pelo cansaço repentino provocado pela perda de sangue. Após alguns minutos a enfermeira voltou para ver como ele estava.— Com licença, vejo que ele acordou então como ele está?— Sim, ele despertou e está péssimo como você pode ver, quando ele terá alta?— Suponho que em breve, os cacos de vidro perfuraram todo seu br
A manhã se iniciara mais uma vez, acordei com a luz do sol entrando por entre os espaços da cortina, me sentei na cama, acomodando o travesseiro em minhas costas, havia uma enfermeira em meu quarto que me ajudou a me posicionar, olhei por todos os lados do amplo quarto branco com aquele cheiro de hospital e não encontrei o Ian.— Então como está se sentindo hoje jovem? — A mulher veio sorrindo em minha direção, parecia atenciosa.— Melhor, eu acho. Cadê o Ian? — Perguntei-a e ela parecia confusa.— Oh deve se referir ao Chatwin certo? Ele saiu agora a pouco. E como o doutor me recomendara, trouxe seu café da manhã. Está com fome?— Ah, não obrigado, acordei sem fome.— Tudo bem, mas vou deixar assim mesmo, se sentir fome não deixe
Ele sorriu e se retirou ao lado de Sergey, voltei minha atenção ao terno preto que eu havia retirado do armário, o coloquei sobre cama e o completei com camisa e gravata na cor vinho, não exatamente na mesma tonalidade, mas. Ah que seja, procurei usar tudo em cores escuras. Após tudo organizado fui para o banheiro tomar um banho. Minutos depois estava pronto. Parei na frente do espelho, minha imagem estava péssima, peguei meu delineador e contornei meus olhos repetindo o gesto inúmeras vezes, minha pele pálida destacou. Em meu quarto comecei a andar de um lado para o outro, minha mente vagava por tudo o que acontecera, eu não estava bem, me sentia sufocado por meus próprios pensamentos, encostei-me na parede e deixei meu corpo desabar permanecendo naquele canto até que Paul e Sergey voltassem.Aquele canto sempre fazia com que eu me sentisse mais protegido, era ali que eu sempre ficava todas as vezes
Todas as pessoas saiam do cemitério lentamente, mas eu fiquei observando a lápide que colocaram para identificar seu túmulo, ou melhor, seu novo lar."Aqui jaz um pequeno sonhador, que veio para nos mostrar que o amanhã é um novo dia, e que o amor nunca morre. Com ele tudo é possível!"Ivan Malkovich.*15 de Maio de 1995☥23 de Setembro de 2010Após mais alguns minutos voltamos para casa, Paul e Sergey me acompanharam até meu quarto e só se foram depois que eu tomei os remédios e adormeci.No dia seguinte os dois voltaram a minha casa, era cedo e eu já estava acordado. Passamos a manhã conversando e decidimos nos mudar para o colégio interno Papermint High School, que fica na Alemanha aos arredores de Neubrandenburg em um grande campo distante de tudo e de todos.— Então? — Perguntei. — Vocês topam vir comig
— Finalmente chegamos! — Olhamos tudo em volta e sorrimos. Pelo menos ali eu não teria um pai bêbado muito menos uma mãe insuportável a me atormentar.— Gry, agora você está livre meu amigo! — Paul me abraçou sorrindo, o abracei de volta sorrindo com ele.— Finalmente livre my friend! — Sorrimos e Sergey gritou festejando conosco.— LIBERDADE! — Abracei Sergey forte enquanto comemorávamos juntos, e seguimos para o táxi que nos levaria até a escola, que ficava há alguns quilômetros dali.O táxi seguiu por um caminho enorme que quanto mais percorrido mais deserto ficava. Olhamos em volta e não víamos nada, nada além de um ponto amarelo lá na frente, deveria ser outro táxi não sei. Se bem que estávamos atrasados um dia então seria meio difícil ter outro aluno tam
A noite se iniciara há pouco, o tempo estava nublado com neblinas, ameaçava chover em Nova Orleans, era onde morava a família Hischfelder. Ralph e Marie casados há 40 anos, tinham filhos gêmeos univitelinos Lucian e Lester. Os garotos eram de descendência alemã por parte de seu pai e francesa por parte de sua mãe. O casal sempre fora do tipo que não permite que nada falte aos filhos exceto o mais importante, amor e atenção. Os meninos cresceram aos cuidados de babás e empregadas, afinal, seus pais estavam sempre muito ocupados com o trabalho, Ralph era considerado o melhor cardiologista da cidade por isso estava sempre a viajar para atender pacientes nas cidades vizinhas e Marie por ser senadora também estava sempre a viajar. Eram tantas viagens que o casal até esquecia os filhos. O tempo passou depressa e na atualidade os garotos estavam com quase dezesseis anos e eram alunos do col&eacu
Na manhã seguinte, o despertador soou acordando os meninos, já era hora de levantar. Na noite anterior haviam programado tudo, portanto as horas estavam contadas e eles não poderiam nem pensar em atrasos afinal, em poucas horas estariam a caminho de Neubrandenburg. Lucian como sempre fora o primeiro a acordar, ainda com os olhos pesados de sono, tateou o criado-mudo e desligou o despertador, inclinou-se para observar seu irmão e o mesmo dormia tranquilamente em seu peito, Lucian sorriu ao ver o quão lindo é o irmão e levemente acariciou a face do mesmo, afastando seus cabelos de seu rosto delicadamente.— Acorde Les teremos um longo dia hoje, não se esqueça que o nosso voo é pelo caminho mais longo até Neubrandenburg. — Lentamente ele se mexeu e sem abrir os olhos falou com a voz embargada de sono.— Ah Lu, só mais cinco minutos vai. — Sonolento e c