Giovana semicerrava os olhos, exibindo um sorriso malicioso:— Quando sua esposa e seu filho já estiverem mortos, aí a gente conversa. Você sabe que eu não vou ficar sendo amante pra sempre, sem nome, sem título. Isso não é moralmente correto, tenho medo de que o céu me castigue.— Você lá tem moral? — Dr. Arthur retrucou, com o cigarro nos lábios, sem perder a oportunidade de provocá-la.Giovana, no entanto, não se ofendeu. Continuou falando sem filtro:— Sua esposa e seu filho estão saudáveis, não é? Não parece que eles vão adoecer ou morrer tão cedo. Então, Arthur, por que não manter as coisas como estão? Não está bom assim?Dr. Arthur tirou o cigarro da boca, ainda pela metade, e o esmagou no cinzeiro. Com uma mão firme, segurou o queixo de Giovana, forçando-a a abrir a boca, e a beijou com intensidade.Giovana mal teve tempo de reagir quando uma densa nuvem de fumaça de segunda mão invadiu seus pulmões. Ela tentou se desvencilhar, torcendo o rosto em desgosto. O cheiro do cigarro,
Assim que Marina saiu, Lúcia chamou um táxi e foi até o escritório de Eduardo.O escritório ficava no coração da cidade, em um dos bairros mais nobres, e era bem maior do que ela esperava. Parecia que Eduardo realmente tinha alcançado o sucesso.O lugar era sofisticado, e o próprio Eduardo tinha uma sala exclusiva, espaçosa e bem decorada. As paredes estavam repletas de cartas de agradecimento de clientes satisfeitos.Lúcia explicou tudo o que queria a Eduardo, que a ouvia com atenção. De vez em quando, ele franzia a testa, outras vezes sorria, e, em certos momentos, seu semblante se tornava sério.Ele fazia perguntas, tirava dúvidas e, quando finalmente terminaram a conversa, Eduardo, com seu terno bem alinhado e gravata impecável, olhou para o relógio e sugeriu:— Lúcia, que tal almoçarmos juntos? Podemos continuar discutindo o caso.— Acho melhor não. Você deve estar muito ocupado. Não quero atrapalhar. — Lúcia hesitou, tentando recusar.Ela precisava voltar logo. Se Marina chegasse
Lúcia ficou satisfeita ao perceber que ele não recusou imediatamente o seu pedido. Ela entendia a situação de Eduardo, afinal, ele era um advogado muito renomado.Se ainda fosse a herdeira da família Baptista, se seus pais ainda estivessem vivos, talvez ela tivesse mais segurança. Mas agora tudo havia mudado. Ela não tinha mais as mesmas cartas na manga, nem o mesmo poder.Além disso, Eduardo nunca havia perdido um caso, e com o poder que Sílvio tinha agora, ela compreendia que Eduardo não tinha por que arriscar sua reputação e carreira enfrentando Sílvio por alguém que, no fim das contas, não significava tanto assim para ele.Se ganhasse, tudo bem, mas se perdesse, Eduardo também sairia prejudicado.Portanto, Lúcia compreendia e respeitava a decisão dele.— Então, agradeço desde já. — Lúcia disse, esboçando um sorriso discreto.Eduardo sorriu de volta:— Nós somos colegas de faculdade, não precisa agradecer. Vamos! Um brinde!Lúcia ergueu seu copo, que estava apenas com água, e brindo
Ele vestia apenas uma camisa preta, com a gravata frouxa no pescoço, e no pulso, um relógio caríssimo. Sob a luz do lustre luxuoso, que brilhava com intensidade, Sílvio parecia ainda mais imponente e refinado. Era como um vinho envelhecido: quanto mais o tempo passava, mais seu charme aumentava.Sílvio estava recostado na cadeira, com ar de tédio, segurando um cigarro entre os dedos. Quando a gerente entrou, rebolando, ele inalou a fumaça e a observou se aproximar, sorrindo de maneira provocante:— Sr. Sílvio, me desculpe pelo atraso. Espero não ter feito você esperar muito.Ela fechou a porta e, sem hesitar, pegou a garrafa de vinho na mesa, servindo uma taça para ele.Sílvio não recusou o vinho que ela lhe ofereceu. Pegou a taça e tomou um gole.A mulher ficou radiante. Para ela, esse era um sinal claro de que Sílvio estava interessado. Homens, afinal, eram todos iguais. Casados ou não, sempre sucumbiam à beleza de uma mulher atraente.Sílvio mal tocou na comida. Embora a mesa estive
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co