Lúcia se debatia desesperada, tentando escapar dos beijos de Sílvio, desviando o rosto para que ele não a tocasse. Enquanto lutava, xingava sem parar, chamando-o de assassino e rogando pragas, dizendo que ele teria o que merecia.Ela achava que, ao se comportar assim, Sílvio desistiria, perderia a vontade de continuar. Mas estava enganada. O comportamento de Lúcia, em vez de desanimá-lo, só fazia sua raiva crescer.Com um movimento rápido, Sílvio conseguiu capturar os lábios sem cor dela. Na mente de Lúcia, uma imagem repulsiva surgiu: Giovana, aquela mulher, também tinha beijado aqueles lábios. O gosto dela ainda devia estar ali.Que nojo! Ela sentiu uma onda de repulsa. Era imundo!As lágrimas de humilhação começaram a escorrer descontroladamente pelo rosto de Lúcia. Ela lutava com todas as suas forças, mas não conseguia se livrar do beijo de Sílvio. Por que ele estava fazendo isso? Ela já estava sofrendo o suficiente com a morte de seus pais, e agora ele vinha torturá-la dessa mane
Furiosa com o furo, Lúcia aceitou o convite de outro pretendente e foi ao cinema com ele. Para provocar Sílvio, ela tirou fotos dos ingressos, da pipoca e dos refrigerantes, e postou tudo no Facebook, usando o casal como isca.Mas Sílvio, como sempre, manteve sua postura fria e distante, sem dar a mínima para as provocações públicas. Isso deixou Lúcia ainda mais irritada. Decidida a fazer com que ele reagisse, ela começou a almoçar com o pretendente todos os dias, garantindo que Sílvio a visse no refeitório da universidade. Em uma dessas ocasiões, ela até colocou comida na boca do outro, bem na frente de Sílvio.E, mesmo assim, ele não deu nenhuma demonstração de ciúmes. Lúcia começou a questionar sua própria atratividade. Será que ele simplesmente não se importava com ela? Desanimada, voltou para o dormitório feminino, sentindo-se completamente derrotada.Assim que ela entrou no quarto, Sílvio apareceu do nada, empurrando-a contra a porta, exatamente como estava fazendo agora. Ele a s
Sílvio sempre foi introspectivo, do tipo que desprezava demonstrações de afeto exageradas. Para ele, homens que viviam de palavras doces e promessas vazias eram desprezíveis. O verdadeiro amor se provava com atitudes, não com discursos melosos.Ele não era como Basílio.Houve momentos em que Sílvio quase perdera a esperança no casamento, mas agora, vendo Lúcia tão submissa, tão tranquila, ele sentiu como se a antiga Lúcia tivesse voltado.O homem baixou o olhar, observando como a luz da lua iluminava levemente o pequeno volume na barriga de Lúcia. Com a mão larga, ele a tocou suavemente, percorrendo o contorno daquela nova vida que crescia ali.Era difícil acreditar que, dentro dela, havia um ser humano pequeno, uma semente que estava germinando e crescendo. Esse bebê era a continuação do que restava do casamento deles.Era trágico, no entanto, pensar que ele havia chegado ao ponto de precisar de uma criança para manter Lúcia ao seu lado.Deitada no calor dos lençóis acinzentados, Lúci
Lúcia observou Sílvio, que estava com os olhos semicerrados, inspecionando as feridas em seu braço. Por um breve momento, um lampejo de preocupação passou pelos olhos dela. Mas logo foi substituído pelo ódio e desprezo.Ela lembrou de seus pais. Eles estavam mortos por causa dele. A família Baptista havia falido por culpa dele.Qualquer traço de preocupação que ela pudesse sentir se transformou em puro rancor.Sílvio soltou um gemido abafado de dor. Ao olhar para o braço, viu que o cotovelo estava em carne viva, um ferimento profundo que deixava à mostra carne e sangue.Ele levantou os olhos na direção de Lúcia, que ainda estava na cama. A luz da lua entrava suavemente pela janela, dando ao quarto um ar de sonho, mas a situação era tudo menos isso.Mesmo assim, Sílvio conseguia ver a expressão fria e indiferente no rosto de Lúcia. Ele franziu o cenho e falou, com a voz carregada de decepção:— Depois de tudo isso, você ainda não está satisfeita? Eu estou aqui, sangrando, e você não se
— Você quer que eu morra? — Sílvio perguntou, avançando em direção à porta onde Lúcia estava. Seus olhos semicerrados carregavam uma intensidade ameaçadora.A luz da lua banhava o perfil de Sílvio, projetando uma longa sombra no chão. Aquela sombra transmitia uma tristeza profunda, um isolamento melancólico que parecia refletir sua alma.Lúcia o encarou, recuando alguns passos:— Quero.— Você acha que eu sou o assassino? Não importa o quanto eu explique, você sempre vai pensar que estou mentindo? — Continuou Sílvio, aproximando-se cada vez mais.Lúcia continuava recuando, mantendo a distância daquele homem que tanto desprezava:— Sim.Ao ouvir isso, os olhos de Sílvio ficaram rapidamente vermelhos. Ele a encarou com uma mistura de raiva e mágoa.Por um instante, Lúcia percebeu uma expressão de tristeza nos olhos dele. Mas o que ele tinha para se sentir assim? Que direito tinha de se sentir injustiçado?Ela lembrou a si mesma: "Lúcia, pense nos seus pais. Não se deixe enganar por essa
Naquela época, ainda na faculdade, Sílvio a segurava pela cintura com delicadeza. Ele, sempre tão frio e reservado, havia mudado completamente naquele momento, beijando suavemente seus olhos. Ele dizia que os olhos dela eram como estrelas no céu noturno.— Quero passar a vida inteira cuidando dessa sua estrela. — Ele sussurrava.Na primeira vez em que fizeram amor, Sílvio disse, com uma voz doce:— Lúcia, vai ser suave. Eu prometo.No começo do namoro, ele não gostava de se aproximar muito dela em público. Sempre que saíam para passear, ele andava à frente, enquanto ela ficava para trás, tentando acompanhá-lo.Depois de várias vezes, Lúcia começou a se irritar com essa atitude. Um dia, ela fingiu torcer o tornozelo e exigiu que ele a carregasse nas costas. Caso contrário, ela não iria se levantar.Sílvio ficou visivelmente desconcertado e constrangido. Ele não sabia como reagir, então ficou parado, com os lábios cerrados, sem saber o que fazer.Lúcia era bonita e logo atraiu a atenção
Sílvio ficou profundamente irritado com a atitude indiferente de Lúcia e a encarou por um longo tempo.— Lúcia, você está se superando. — Ele riu friamente. — Abelardo merece que eu pague com a vida por ele? Ele e sua mãe não valem nada, morrer foi só o destino cobrando o que deviam.Lúcia tremia de raiva.— Sílvio, sua hora vai chegar! Não vai demorar muito para você cair!Sílvio se virou, pegou o paletó que estava no sofá e o vestiu. Em seguida, enviou uma mensagem para Leopoldo, pedindo que viesse buscá-lo na Mansão Baptista. Sílvio tinha bebido e não podia dirigir.Ele estava com ferimentos nas costas e nas mãos e precisava ir ao hospital. Também mandou uma mensagem para o Dr. Arthur, pedindo que o esperasse no hospital. Depois, guardou o celular no bolso do paletó.Antes de sair, Sílvio olhou para Lúcia.— Estou curioso para ver como você pretende me colocar atrás das grades.Ele riu com sarcasmo e saiu do quarto.Lúcia estava à beira de um ataque de nervos. A forma como ele a men
— Claro, Sr. Sílvio. — Dr. Arthur inclinou a cabeça respeitosamente e passou as instruções sobre os cuidados com os ferimentos, além das datas para a troca do curativo.No caminho de volta, Sílvio pareceu lembrar de algo e perguntou a Leopoldo:— Aquela empresa com a qual tivemos a reunião hoje, qual o nome?— Construção AG. — Respondeu Leopoldo.Era uma empresa relativamente pequena, com apenas algumas dezenas de funcionários, mas que estava ganhando reconhecimento por sua competência e pelo fato de oferecer boas oportunidades de negócio ao Grupo Baptista.Sílvio, sendo um homem que priorizava o lucro, havia decidido colaborar com eles. Ao longo do tempo, a parceria havia se tornado estável, com ambos os lados satisfeitos. No entanto, a gerente que o acompanhou hoje foi extremamente inconveniente, chegando até a insinuar que Eduardo e Lúcia eram um casal e a fazer comentários desrespeitosos sobre ela.— Termine qualquer negócio com essa empresa.Leopoldo ficou surpreso.— E se eles p