— Claro, Sr. Sílvio. — Dr. Arthur inclinou a cabeça respeitosamente e passou as instruções sobre os cuidados com os ferimentos, além das datas para a troca do curativo.No caminho de volta, Sílvio pareceu lembrar de algo e perguntou a Leopoldo:— Aquela empresa com a qual tivemos a reunião hoje, qual o nome?— Construção AG. — Respondeu Leopoldo.Era uma empresa relativamente pequena, com apenas algumas dezenas de funcionários, mas que estava ganhando reconhecimento por sua competência e pelo fato de oferecer boas oportunidades de negócio ao Grupo Baptista.Sílvio, sendo um homem que priorizava o lucro, havia decidido colaborar com eles. Ao longo do tempo, a parceria havia se tornado estável, com ambos os lados satisfeitos. No entanto, a gerente que o acompanhou hoje foi extremamente inconveniente, chegando até a insinuar que Eduardo e Lúcia eram um casal e a fazer comentários desrespeitosos sobre ela.— Termine qualquer negócio com essa empresa.Leopoldo ficou surpreso.— E se eles p
Lúcia esperou por horas uma ligação de Eduardo, que nunca veio. Ela estava tão ansiosa que mal conseguiu dormir, preocupada que poderia perder alguma notícia importante.Deitada, viu o céu escuro pela janela lentamente clarear, enquanto o sol vermelho subia pouco a pouco por trás das montanhas distantes, tingindo as nuvens de um brilho alaranjado. Naquela virada de ano, havia nevado por dias, mas hoje, finalmente, o tempo havia clareado. Será que sua vida também teria um dia claro como aquele?Lúcia estava preocupada com sua saúde; o médico havia dito que ela não tinha muito tempo. Além disso, havia o bebê em seu ventre, que, segundo os exames, estava passando por uma transformação incomum.Ela chamou um táxi e foi ao hospital.No caminho, finalmente recebeu uma ligação de Eduardo.— Lúcia, me desculpe, ontem terminei tarde e achei melhor te ligar hoje. Seu caso é complicado demais para resolver em poucas palavras por mensagem. Não queria atrapalhar seu sono, então liguei só agora. Nã
Mesmo que milagres existissem, eles nunca aconteciam para Lúcia. Se fosse assim, ela teria sido recompensada por todos os seus esforços para manter o casamento com Sílvio. Seu pai não teria caído da varanda, sua mãe não teria morrido voltando do funeral dele, e ela não estaria com câncer em estágio terminal.Lúcia balançou a cabeça.— Fale a verdade, doutor.— Eu também não acreditava em milagres. Até ver o que está acontecendo com você.— O quê?— Srta. Lúcia, pela lógica, você não deveria estar viva agora. Fiquei surpreso quando você chegou hoje no hospital. E, ao olhar os seus exames, vi algo ainda mais inesperado: seu corpo está melhorando. As células cancerígenas pararam de se espalhar. — O médico sorriu. — Se isso não é um milagre, então o que seria? Em pacientes com câncer de fígado em estágio terminal, o esperado é muito sofrimento, dor constante, acúmulo de líquido no abdômen, e a imobilidade. Ou seja, eles basicamente esperam a morte. Mas você não apresentou nenhum desses sin
— Então me diga, onde você foi estúpida? — Sílvio perguntou, com um sorriso frio no rosto, enquanto afastava a perna da calça de modo discreto, evitando o toque da mulher que tentou agarrá-lo.As lágrimas escorriam pelas longas e falsas cílios da gerente, arruinando sua maquiagem impecável.— Eu... Eu não deveria ter tido pensamentos inapropriados sobre o senhor ontem... — Murmurou, gaguejando.— E o que mais? — Sílvio semicerrava os olhos, claramente se divertindo com a situação.A gerente ficou em silêncio, sem conseguir pensar em outra coisa, claramente sem saber o que dizer.Sílvio soltou uma risada sarcástica.— Você ofendeu a pessoa errada!— Quem? — A mulher ficou confusa. Ela pensava que, além de Sílvio, não havia mais ninguém que ela pudesse ter ofendido.— A mulher que estava jantando com o Dr. Eduardo ontem. — Sílvio disse em um tom cortante. — Ela é minha esposa!A gerente ficou paralisada, suas pernas fraquejaram, e ela caiu de joelhos no tapete, completamente atônita. Com
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co