Lúcia segurava o porta-canetas com força.— Solte isso! — Ameaçou Sílvio.Ela não soltou.— Vou contar até três, Lúcia. Se você não voltar ao trabalho, eu garanto que vai se arrepender. — Sílvio contou até dois.Ela, sem coragem, colocou o porta-canetas de volta na mesa com força.Depois enxugou as lágrimas e saiu correndo do escritório do presidente.Lúcia sentou-se nos degraus e chorou por um tempo, então foi ao depósito, onde trocou de roupa, vestindo o uniforme sujo de faxineira. Pegou a vassoura e os equipamentos de limpeza e começou mais um dia de trabalho."Miserável do Sílvio, só sabe me humilhar, humilhar quem mais te ama. Quero ver quem você vai torturar depois que me destruir."Ela pensou que Sílvio a odiava tanto que, se ela morresse, ele só ficaria feliz, talvez até fizesse uma festa. Ele não sentiria tristeza alguma. "Ele sequer iria ao meu funeral? Provavelmente não. Ele já deve ter preparado meu caixão, esperando que eu morra logo."Sílvio a torturava porque achava que
Basílio, claro, percebeu a provocação e, sorrindo, respondeu:— Presidente Sílvio, independentemente de eu estar ou não na família Araújo, continuo sendo o presidente do Grupo Araújo. Adeus.Dito isso, ele colocou as mãos nos bolsos e se virou para sair.Sílvio semicerrou os olhos e ordenou a Leopoldo:— Investigue-o.— Sim, Presidente Sílvio.— Que horas são? — Perguntou Sílvio.— Uma da tarde. — Respondeu Leopoldo.— Lúcia já almoçou? — Continuou Sílvio.— Não, a Sra. Lúcia ainda está no primeiro andar, limpando.— Vá pegar uma refeição para ela no refeitório.Leopoldo sabia que essa era a maneira de Sílvio demonstrar preocupação com sua esposa.Ele foi rapidamente ao refeitório, pegou a comida e a entregou a Sílvio.Sílvio pegou a marmita, entrou no elevador e apertou o botão para o primeiro andar.Ele lembrava que Lúcia tinha hipoglicemia severa e, se não comesse na hora certa, poderia desmaiar.…No primeiro andar do Grupo Baptista.Apenas Lúcia estava ali, segurando uma vassoura
Ele estava preocupado que ela não tivesse comido a tempo e tivesse uma crise de hipoglicemia. E ela ali, flertando com outro homem!Sílvio sentia uma mistura de raiva e irritação ao vê-los juntos. Jogou o almoço no lixo ao lado e avançou rapidamente, posicionando-se entre Lúcia e Basílio, com os olhos semicerrados e uma expressão de descontentamento:— Sr. Basílio, você tem um gosto peculiar. Até para uma reunião de negócios, você arranja tempo para flertar com uma mulher casada?A tensão aumentou instantaneamente.— Sílvio, do que você está falando? Eu só encontrei o Sr. Basílio por acaso. — Lúcia não pôde deixar de se defender.Se não fosse pelo chocolate de Basílio, ela já teria desmaiado...Como Sílvio podia ser tão grosseiro nas palavras?Para Sílvio, a explicação de Lúcia soou como uma desculpa e uma tentativa de protegê-lo. Ele lançou um olhar gelado para Lúcia:— Se você não falar, ninguém vai te tomar por muda.— Presidente Sílvio, é assim que você trata sua esposa? Nem o míni
Ela enxugou as lágrimas e continuou limpando o prédio de escritórios. Limpou os dois prédios inteiros até uma da manhã. Estava tão exausta que suas pernas tremiam e seu estômago roncava, mas ainda tinha que continuar.Quando terminou, já eram duas da manhã. Arrastando seu corpo cansado, ela finalmente saiu do prédio do Grupo Baptista. O ar frio da noite a envolveu imediatamente. Ela planejava ir à loja de conveniência comprar um hambúrguer, mas nesse momento, um Bentley preto parou à sua frente.A porta do carro se abriu e Sílvio, sentado no banco do passageiro, com uma expressão fria, ordenou:— Entre no carro.— Não precisa se incomodar, Presidente Sílvio. Eu mesma pego um táxi.Lúcia sorriu amargamente, sabendo que, se entrasse no carro, ele a insultaria e ofenderia. Ela estava muito cansada para ouvir mais humilhações naquela noite. Quando estava prestes a se virar, ouviu uma risada fria e ameaçadora atrás dela:— Esqueceu do que está no contrato? Lúcia, estou esperando você
Sílvio franziu a testa:— Isso mesmo.— A Srta. Lúcia, ela...O médico estava prestes a dizer que ela tinha pouco tempo de vida e que estava grávida, precisando urgentemente de um aborto. Mas nesse momento, ouviram um fraco som de tosse vindo da cama.Sílvio e o médico olharam para Lúcia, que abrira os olhos, com a aparência muito debilitada.— Sílvio, eu gostaria de beber um pouco de água, pode me trazer um copo? — Lúcia pediu, com os lábios secos e rachados, fitando-o.Sílvio, vestido com um sobretudo preto, camisa branca e uma gravata preta, estava imponente, observando-a com intensidade. Sem expressão, ele desviou o olhar do rosto magro dela. O médico disse a ele que havia copos descartáveis no bebedouro do corredor.Ele saiu do quarto. Lúcia esperou até que ele desaparecesse completamente antes de se virar para o médico:— Não conte a ele sobre a minha condição.— Mas, Srta. Lúcia, ele é seu marido. Além disso, ele parecia estar preocupado quando a trouxe para cá. — O médico diss
Ela o encarava fixamente. Era óbvio que tinha ouvido suas palavras.Lúcia não se surpreendeu com a resposta dele. Afinal, ele sempre desejou sua morte. Mas ouvir isso repetidamente ainda a machucava.— Por que não está deitada? O que está fazendo perambulando por aí? — Sílvio perguntou, impaciente.Ela já estava acostumada com aquele tom de desdém. Continuava repetindo para si mesma que deveria se acostumar, que tudo isso se tornaria rotina.Desviando o olhar, entrou no banheiro. Com uma mão segurava o soro, e seus passos eram incertos, como se estivesse andando sobre um chão de algodão, um pé alto, outro baixo.Quase caiu, mas ele foi rápido o suficiente para segurá-la pelo braço.Lúcia, entretanto, se desvencilhou, olhando para o chão:— Não preciso da sua falsa preocupação.Ela entrou no banheiro e fechou a porta. Sílvio tocou o nariz, riu ironicamente. Falsa preocupação? Ele a tinha trazido ao hospital! Como Basílio podia dar-lhe um chocolate e ela sorria tão docemente, com olhos
— Lúcia, pare de mencionar dinheiro. — Gritou ele.Lúcia não entendia como ele podia se irritar tanto. A pressão na mão que segurava seu queixo aumentava, e Sílvio rangia os dentes enquanto se controlava.Ela pensava em como ele era difícil de agradar, rejeitando até mesmo o café da manhã que ela comprara, e agora adiava constantemente as promessas do contrato que tinham assinado.Lúcia retrucou com um tom frio:— Presidente Sílvio, parece que entre nós só resta a relação contratual. O contrato está claro e explícito. Se não posso falar de dinheiro, sobre o que devo falar? É melhor que você cumpra o acordo.Acordo? Então era só isso que restava para ela! Sílvio a beijou com força, mordendo seus lábios. Ela, que dizia amá-lo tanto, agora só falava de dinheiro!Sílvio estava insatisfeito. Onde estava a Lúcia que o amava loucamente? Lúcia tentou empurrá-lo, mas ele a segurava ainda mais forte. Antes, ela nunca recusava seus beijos, sempre o esperava alegremente, ansiosa por seus cari
No início, quando começou a se relacionar com Lúcia, ele a rejeitava intensamente, a ponto de querer estrangulá-la com as próprias mãos.Mas ela era uma atriz nata, sabia como provocá-lo, e seu corpo era macio e perfumado. Não importava o quanto ele se irritasse ou a ignorasse, ela sempre voltava como chiclete, grudada nele.Ela se aninhava no peito dele com seu corpo macio, como uma gatinha, mordiscando de leve seu nariz e sussurrando carinhosamente, repetidas vezes após o ato: — Sílvio, eu te amo.Naquela época, ele sorria e perguntava:— E se depois de casarmos, eu não for gentil com você? Ainda vai gostar de mim?Ela ria confiante, batendo no peito e dizia que não acreditava que ele a trataria mal. E mesmo que tratasse, ela aqueceria seu coração frio.No começo, ele não acreditava, mas ela repetia tanto que ele acabou acreditando.Ela prometera que, não importava o que acontecesse, ela sempre o amaria incondicionalmente. E agora, tudo estava diferente, ela se envolvia com Basílio