Lúcia apertava o celular com força, os dedos cada vez mais tensos. Ela não sabia como contar à mãe que Sílvio a tinha enganado novamente.A mãe continuava a falar, e ela ouvia em silêncio, cheia de culpa. A família Baptista estava naquela situação, e o pai dela estava daquele jeito, tudo por culpa dela.— Mãe, não se preocupe, amanhã eu consigo o dinheiro. — Lúcia disse, sentindo-se insegura e com medo de que a mãe percebesse. Desligou rapidamente.Ela então enviou uma mensagem para Sílvio: [O diretor do hospital disse que, se o pagamento não for feito amanhã, eles vão parar o tratamento do meu pai. Sílvio, por favor, não brinque mais, pode ser?][Sílvio, eu errei, não está bom assim? O que preciso fazer para você transferir o dinheiro para o meu pai?]Nenhuma resposta veio. Na manhã seguinte, ainda não havia resposta.Ela pensou em ligar para ele, mas temia perturbá-lo e tornar a situação ainda pior. Agonizou sozinha até o amanhecer. Por volta das nove da manhã, finalmente ligou para
Dizendo isso, ele afastou a mão dela com um movimento brusco, fazendo-a recuar alguns passos e quase cair. Felizmente, conseguiu se apoiar na parede.O homem saiu rapidamente e ligou para Leopoldo:— Encontre alguém para vigiar a Lúcia, para evitar que ela faça algo drástico.Lúcia saiu do Grupo Baptista, caminhando pelas ruas com os olhos cheios de lágrimas. Aos poucos, as lágrimas começaram a cair sem controle.Ela se sentia tão inútil! Sílvio a manipulava repetidamente!Como ela pôde ser tão tola? Ela era filha do inimigo de Sílvio e ainda assim esperava que ele ajudasse seu pai...Sentou-se no ponto de ônibus, observando os transeuntes e o trânsito, chorando sem parar.De repente, o celular tocou.Ela pegou o celular e viu que era Sandra ligando.A mãe obviamente estava ligando para cobrar o pagamento das despesas médicas.Ela não sabia o que dizer. Atenderia, mas o que diria?Finalmente, atendeu o telefone, e antes que pudesse falar, ouviu Sandra, preocupada, perguntar:— Lúcia, p
— Quem pagou? — Sílvio riu baixinho.O diretor do hospital informou que foi Basílio, o novo presidente do Grupo Araújo.Sílvio riu de raiva. Então ela realmente obedecera e procurara Basílio, como ele havia sugerido.— Use o dinheiro da minha conta para reembolsá-lo e diga a ele que eu sou o marido da Lúcia.Desligou o telefone, acendeu um cigarro e ligou para Leopoldo:— O que Lúcia está fazendo agora?Leopoldo sentiu um calafrio. O telefonema de Sílvio com certeza traria problemas.Ele observou Lúcia e Basílio sorrindo na churrascaria. Se contasse a verdade, Lúcia certamente seria punida pelo chefe.Lúcia havia sido uma boa amiga, e se não fosse por ela, ele e sua esposa nunca teriam se conhecido, muito menos se casado.— A Sra. Lúcia está fazendo compras. — Mentiu Leopoldo.Sílvio, desconfiado, perguntou:— Tem certeza?— Tenho sim, a Sra. Lúcia parece estar de bom humor.— Claro que ela está feliz. Se não estivesse, seria estranho. — Sílvio riu sarcasticamente e desligou.Leopoldo
Isso era algo que Sílvio certamente faria.— Se você não chegar em casa em dez minutos, arque com as consequências!Mais uma ameaça.Lúcia não queria mais ouvir, e desligou o telefone abruptamente.Na hora em que mais precisava de sua ajuda, ele a ignorou, a ridicularizou, a manipulou, mas não estendeu a mão para ajudá-la.Ela não queria mais lidar com ele, nem brigar.Voltando para a churrascaria, sentou-se novamente e olhou para o prato de carne e linguiça que ainda não havia terminado. Perdeu completamente o apetite.— Aconteceu alguma coisa? — Basílio, com a elegância de um cavalheiro, perguntou com um sorriso discreto nos lábios e uma voz grave e melodiosa.Lúcia sufocou seu desespero, sorriu e balançou a cabeça:— Nada demais, só um telefonema de um golpista. Hoje em dia, esses golpistas estão cada vez mais audaciosos. Me exaltei um pouco e discuti com ele.Basílio parecia entender, mas não disse nada.Ela mudou de assunto:— Sr. Basílio, de qualquer forma, muito obrigada pela aj
Lúcia ainda não tinha reagido quando a foto em suas mãos foi arrancada por uma mão grande.Ela levantou os olhos e viu Sílvio olhando para ela com raiva, rasgando a foto ao meio com um movimento brusco.— Sílvio, com que direito você rasga minha foto? Me devolva! — Lúcia ficou desesperada, esticando-se na ponta dos pés para alcançar a foto em suas mãos.Vendo-a tão desesperada, tão apegada àquela foto velha, Sílvio ficou furioso:— Você valoriza tanto isso? Hein? Basílio é esse amante, né?— Me devolva! Sílvio, você não tem o direito de rasgar minha foto!Lúcia tentou pegar os pedaços da foto da mão dele.Ele abriu a janela com um movimento brusco, e uma rajada de vento frio entrou, fazendo seus cabelos negros e ondulados voarem.Os fios de cabelo roçaram no rosto de Sílvio, que teve um momento de hesitação.— Me devolva a foto! — Lúcia estava tão desesperada que quase chorava.Sílvio jogou os pedaços da foto pela janela.Os fragmentos da foto caíram como borboletas sem asas, em um voo
Lúcia desabou em lágrimas, gritando e chutando Sílvio sem parar. Um dos chutes o jogou para debaixo da cama.Ela lutou para se sentar, chorando e tentando usar os lábios para desfazer a gravata que prendia suas mãos. Mas suas pernas foram bruscamente puxadas para a cintura estreita dele, que a carregou até o banheiro.No banheiro havia um grande espelho de corpo inteiro. Lúcia parecia saber o que ele pretendia fazer e começou a se debater, mas foi imobilizada pelas mãos dele.Ele arrancou a calcinha dela com força e a penetrou violentamente, enquanto segurava seu queixo com a mão que usava um relógio, forçando-a a olhar para o espelho.— Lúcia, olha. Abra bem os olhos e veja como você está sendo humilhada, sendo estuprada por mim.Ele era cruel, como se quisesse dilacerá-la.Lúcia chorava em desespero e humilhação:— Sílvio! Seu desgraçado!— Lúcia, estou te avisando pela última vez, minha paciência tem limite. Pare de fazer birra! Lembre-se bem das cláusulas do contrato! Você nunca te
Lúcia segurou o celular, sorrindo amargamente para si mesma. Sílvio se importava com ela? Por que ela não conseguia sentir isso nem um pouco?Lúcia não respondeu, e a voz suave e calma de Basílio voltou a soar no telefone:— Você saiu tão apressada hoje que não consegui te contar. Você está enganada. Eu não ajudei em nada com as despesas médicas do seu pai.— Como assim? — Ela ficou confusa.Basílio continuou:— O hospital devolveu o dinheiro que eu paguei. As despesas médicas do seu pai foram pagas pelo seu marido. Por isso eu disse que ele deve se importar com você. Ele não é tão ruim quanto parece.Lúcia nunca teria imaginado que Sílvio pagaria o dinheiro de Basílio. Ela estava cada vez mais confusa com o comportamento dele. As ações e palavras de Sílvio eram sempre contraditórias.Antes que pudesse se recuperar do choque, a porta do quarto principal foi aberta abruptamente.O quarto estava escuro. Na porta, a silhueta alta e imponente de um homem apareceu:— Com quem você está fal
Sílvio estava prestes a verificar o histórico de chamadas quando seu celular tocou. Lúcia aproveitou para pegar de volta seu celular:— Atende seu telefone.— Venha jantar. — Sílvio largou essa frase fria, atendeu o telefone e saiu do quarto.Jantar? Ele pediu comida? E para ela também?Lúcia ficou surpresa, mas obedeceu e o seguiu. Escutou enquanto ele discutia detalhes de trabalho com Leopoldo.Na mesa de jantar, havia vários pratos fumegantes e uma caixa de pizza. Lúcia sentou-se obedientemente, pegou os talheres e começou a comer em silêncio.Vatapá, cuscuz e baião de dois, todos estavam deliciosos, com uma aparência e aroma irresistíveis. Além disso, a pizza italiana estava coberta com bastante queijo e calabresa, de dar água na boca.Ela experimentou um por um, todos eram pratos que Sílvio fazia com maestria. Enquanto comia, Lúcia lançava olhares furtivos para o homem sentado à sua frente. Ele ainda vestia aquele terno escuro, de corte simples, que nele parecia elegante e charmo