Lúcia desabou em lágrimas, gritando e chutando Sílvio sem parar. Um dos chutes o jogou para debaixo da cama.Ela lutou para se sentar, chorando e tentando usar os lábios para desfazer a gravata que prendia suas mãos. Mas suas pernas foram bruscamente puxadas para a cintura estreita dele, que a carregou até o banheiro.No banheiro havia um grande espelho de corpo inteiro. Lúcia parecia saber o que ele pretendia fazer e começou a se debater, mas foi imobilizada pelas mãos dele.Ele arrancou a calcinha dela com força e a penetrou violentamente, enquanto segurava seu queixo com a mão que usava um relógio, forçando-a a olhar para o espelho.— Lúcia, olha. Abra bem os olhos e veja como você está sendo humilhada, sendo estuprada por mim.Ele era cruel, como se quisesse dilacerá-la.Lúcia chorava em desespero e humilhação:— Sílvio! Seu desgraçado!— Lúcia, estou te avisando pela última vez, minha paciência tem limite. Pare de fazer birra! Lembre-se bem das cláusulas do contrato! Você nunca te
Lúcia segurou o celular, sorrindo amargamente para si mesma. Sílvio se importava com ela? Por que ela não conseguia sentir isso nem um pouco?Lúcia não respondeu, e a voz suave e calma de Basílio voltou a soar no telefone:— Você saiu tão apressada hoje que não consegui te contar. Você está enganada. Eu não ajudei em nada com as despesas médicas do seu pai.— Como assim? — Ela ficou confusa.Basílio continuou:— O hospital devolveu o dinheiro que eu paguei. As despesas médicas do seu pai foram pagas pelo seu marido. Por isso eu disse que ele deve se importar com você. Ele não é tão ruim quanto parece.Lúcia nunca teria imaginado que Sílvio pagaria o dinheiro de Basílio. Ela estava cada vez mais confusa com o comportamento dele. As ações e palavras de Sílvio eram sempre contraditórias.Antes que pudesse se recuperar do choque, a porta do quarto principal foi aberta abruptamente.O quarto estava escuro. Na porta, a silhueta alta e imponente de um homem apareceu:— Com quem você está fal
Sílvio estava prestes a verificar o histórico de chamadas quando seu celular tocou. Lúcia aproveitou para pegar de volta seu celular:— Atende seu telefone.— Venha jantar. — Sílvio largou essa frase fria, atendeu o telefone e saiu do quarto.Jantar? Ele pediu comida? E para ela também?Lúcia ficou surpresa, mas obedeceu e o seguiu. Escutou enquanto ele discutia detalhes de trabalho com Leopoldo.Na mesa de jantar, havia vários pratos fumegantes e uma caixa de pizza. Lúcia sentou-se obedientemente, pegou os talheres e começou a comer em silêncio.Vatapá, cuscuz e baião de dois, todos estavam deliciosos, com uma aparência e aroma irresistíveis. Além disso, a pizza italiana estava coberta com bastante queijo e calabresa, de dar água na boca.Ela experimentou um por um, todos eram pratos que Sílvio fazia com maestria. Enquanto comia, Lúcia lançava olhares furtivos para o homem sentado à sua frente. Ele ainda vestia aquele terno escuro, de corte simples, que nele parecia elegante e charmo
Lúcia, de imediato, pensou que ele ia aprontar com ela de novo. Já estava com a recusa na ponta da língua. Depois de um dia cheio de altos e baixos, sentia como se todas as suas forças tivessem sido drenadas. Ainda precisava preparar os ingredientes para o café da manhã de amanhã. Ela queria pedir um dia de descanso para recuperar o fôlego!Mas logo se deu conta de que discutir direitos com Sílvio era um sonho impossível. Para ele, ela era apenas a filha do inimigo. Tinha muitos pecados a expiar.— Ok. Vou trocar de roupa.Obedecer sem questionar era a única forma de evitar mais sofrimento. Amanhã de manhã, ela ainda teria que ir ao hospital para fazer um aborto.Lúcia se trocou e viu que ele também havia mudado para um casaco bege, com uma camisa e suéter por baixo, calça jeans larga e botas de couro. Ela ficou surpresa, raramente o via usando roupas tão casuais, mas ele ainda parecia elegante e atraente.Assim que saíram do elevador, Sílvio percebeu sua silhueta frágil, carregando
Nem uma alma viva. Lúcia se perdeu em pensamentos, ela lembrava que, naquela época, era a presidente do grêmio estudantil, responsável pela recepção dos calouros. Vestia um casaco vermelho, maquiada com esmero, quando viu Giovana trazendo Sílvio para se apresentar.Sem querer, levantou os olhos e viu Sílvio usando uma jaqueta jeans desbotada. Apesar do frio intenso e da neve caindo, ele estava com pouca roupa, mas mantinha a postura ereta. O mais marcante era o olhar dele, cheio de desdém e ironia.Naquele tempo, ela não entendia por que Sílvio não tentava agradá-la como os outros, com aquele comportamento frio e distante. Agora, sabia que foi por causa das duas vidas que foram perdidas antes de se encontrarem.Pensando no passado, o coração de Lúcia se encheu de sentimentos contraditórios. Nenhum dos dois falou enquanto davam uma volta completa pelo campus. No campo de esportes, havia jovens correndo e estudantes dedicados recitando em voz alta. Sob a luz do luar, casais se beijav
Lúcia terminou de fazer seu pedido e abriu os olhos, vendo que ele também estava de olhos fechados, fazendo um pedido. Ela ficou um pouco surpresa, pois em sua mente, ele não acreditava nessas coisas. Ela levantou a cabeça, olhando para as estrelas cadentes iluminando o céu, uma após a outra. Quando Sílvio terminou, eles finalmente deixaram a cidade universitária de carro. Ela olhava para fora da janela, observando a paisagem e as árvores passarem, sem dizer uma palavra. Ele dirigia em silêncio, com uma expressão impassível no rosto, enquanto a luz verde das árvores passava por seu rosto bonito, tornando-o ainda mais enigmático.Lúcia avistou um supermercado e disse que precisava comprar os ingredientes para o café da manhã do dia seguinte. Sílvio encostou o carro na calçada e começou a soltar o cinto de segurança. Lúcia franziu a testa:— Eu vou sozinha. Você pode voltar. Depois eu pego um táxi.A mão dele parou no meio do caminho para soltar o cinto. Lúcia estava sendo gentil,
— Vai custar duzentos reais. — Disse o menino, com seriedade.Sílvio deu um sorriso. Vendo-o sorrir, Lúcia e a avó do menino respiraram aliviadas. A avó apressou-se em desculpar-se:— Senhor, ele é só uma criança, não entende muito bem as coisas.— Eu não estou mentindo, é caro mesmo. Duzentos reais é o que meu pai ganha em um dia de trabalho sem comer nem beber.A sinceridade e a seriedade do menino fizeram Sílvio rir ainda mais:— Eu te perdoo, mas é melhor você não correr por aí em lugares públicos como o supermercado. Se quebrar algo, o prejuízo é o de menos. Se machucar, vai doer em você e deixar sua família triste.— Tá bom, vou lembrar disso. Você é um homem legal.O menino, com um sorriso radiante, deu um beijo estalado na bochecha de Sílvio. Sílvio ficou um pouco surpreso. Era a primeira vez que alguém o chamava de "homem legal". No mundo dos negócios, ele era conhecido por ser astuto e imprevisível; mas, para aquela criança, ele era apenas um bom homem. O olhar simples e p
Lúcia apertou os lábios. Ele estava encostado no batente da porta, com um sorriso discreto nos lábios, claramente de bom humor. Só de ouvir que ela realizaria seu desejo, ele já parecia tão feliz?— Enfim, não vou te decepcionar. — Disse Lúcia, desviando o olhar para a batata que estava descascando. Sua saúde estava se deteriorando rapidamente, não demoraria muito para que ela desaparecesse completamente deste mundo. No seu funeral, ele provavelmente riria de satisfação, finalmente conseguindo o que tanto desejava.— Qual foi o desejo que você fez? — Sílvio perguntou, satisfeito com a resposta dela, mas ainda curioso.Lúcia piscou os olhos:— Se eu contar, não vai se realizar.“Sílvio, meu desejo é que minha família seja feliz e saudável. Espero que você viva muitos anos, que deixe o ódio de lado e que nunca mais franza a testa. Você quer que eu morra, mas eu não quero que você morra, mesmo que você me torture, mande Olga me matar, ou prepare meu caixão. Porque, apesar de tudo, eu ai