Lúcia ainda não tinha reagido quando a foto em suas mãos foi arrancada por uma mão grande.Ela levantou os olhos e viu Sílvio olhando para ela com raiva, rasgando a foto ao meio com um movimento brusco.— Sílvio, com que direito você rasga minha foto? Me devolva! — Lúcia ficou desesperada, esticando-se na ponta dos pés para alcançar a foto em suas mãos.Vendo-a tão desesperada, tão apegada àquela foto velha, Sílvio ficou furioso:— Você valoriza tanto isso? Hein? Basílio é esse amante, né?— Me devolva! Sílvio, você não tem o direito de rasgar minha foto!Lúcia tentou pegar os pedaços da foto da mão dele.Ele abriu a janela com um movimento brusco, e uma rajada de vento frio entrou, fazendo seus cabelos negros e ondulados voarem.Os fios de cabelo roçaram no rosto de Sílvio, que teve um momento de hesitação.— Me devolva a foto! — Lúcia estava tão desesperada que quase chorava.Sílvio jogou os pedaços da foto pela janela.Os fragmentos da foto caíram como borboletas sem asas, em um voo
Lúcia desabou em lágrimas, gritando e chutando Sílvio sem parar. Um dos chutes o jogou para debaixo da cama.Ela lutou para se sentar, chorando e tentando usar os lábios para desfazer a gravata que prendia suas mãos. Mas suas pernas foram bruscamente puxadas para a cintura estreita dele, que a carregou até o banheiro.No banheiro havia um grande espelho de corpo inteiro. Lúcia parecia saber o que ele pretendia fazer e começou a se debater, mas foi imobilizada pelas mãos dele.Ele arrancou a calcinha dela com força e a penetrou violentamente, enquanto segurava seu queixo com a mão que usava um relógio, forçando-a a olhar para o espelho.— Lúcia, olha. Abra bem os olhos e veja como você está sendo humilhada, sendo estuprada por mim.Ele era cruel, como se quisesse dilacerá-la.Lúcia chorava em desespero e humilhação:— Sílvio! Seu desgraçado!— Lúcia, estou te avisando pela última vez, minha paciência tem limite. Pare de fazer birra! Lembre-se bem das cláusulas do contrato! Você nunca te
Lúcia segurou o celular, sorrindo amargamente para si mesma. Sílvio se importava com ela? Por que ela não conseguia sentir isso nem um pouco?Lúcia não respondeu, e a voz suave e calma de Basílio voltou a soar no telefone:— Você saiu tão apressada hoje que não consegui te contar. Você está enganada. Eu não ajudei em nada com as despesas médicas do seu pai.— Como assim? — Ela ficou confusa.Basílio continuou:— O hospital devolveu o dinheiro que eu paguei. As despesas médicas do seu pai foram pagas pelo seu marido. Por isso eu disse que ele deve se importar com você. Ele não é tão ruim quanto parece.Lúcia nunca teria imaginado que Sílvio pagaria o dinheiro de Basílio. Ela estava cada vez mais confusa com o comportamento dele. As ações e palavras de Sílvio eram sempre contraditórias.Antes que pudesse se recuperar do choque, a porta do quarto principal foi aberta abruptamente.O quarto estava escuro. Na porta, a silhueta alta e imponente de um homem apareceu:— Com quem você está fal
Sílvio estava prestes a verificar o histórico de chamadas quando seu celular tocou. Lúcia aproveitou para pegar de volta seu celular:— Atende seu telefone.— Venha jantar. — Sílvio largou essa frase fria, atendeu o telefone e saiu do quarto.Jantar? Ele pediu comida? E para ela também?Lúcia ficou surpresa, mas obedeceu e o seguiu. Escutou enquanto ele discutia detalhes de trabalho com Leopoldo.Na mesa de jantar, havia vários pratos fumegantes e uma caixa de pizza. Lúcia sentou-se obedientemente, pegou os talheres e começou a comer em silêncio.Vatapá, cuscuz e baião de dois, todos estavam deliciosos, com uma aparência e aroma irresistíveis. Além disso, a pizza italiana estava coberta com bastante queijo e calabresa, de dar água na boca.Ela experimentou um por um, todos eram pratos que Sílvio fazia com maestria. Enquanto comia, Lúcia lançava olhares furtivos para o homem sentado à sua frente. Ele ainda vestia aquele terno escuro, de corte simples, que nele parecia elegante e charmo
Lúcia, de imediato, pensou que ele ia aprontar com ela de novo. Já estava com a recusa na ponta da língua. Depois de um dia cheio de altos e baixos, sentia como se todas as suas forças tivessem sido drenadas. Ainda precisava preparar os ingredientes para o café da manhã de amanhã. Ela queria pedir um dia de descanso para recuperar o fôlego!Mas logo se deu conta de que discutir direitos com Sílvio era um sonho impossível. Para ele, ela era apenas a filha do inimigo. Tinha muitos pecados a expiar.— Ok. Vou trocar de roupa.Obedecer sem questionar era a única forma de evitar mais sofrimento. Amanhã de manhã, ela ainda teria que ir ao hospital para fazer um aborto.Lúcia se trocou e viu que ele também havia mudado para um casaco bege, com uma camisa e suéter por baixo, calça jeans larga e botas de couro. Ela ficou surpresa, raramente o via usando roupas tão casuais, mas ele ainda parecia elegante e atraente.Assim que saíram do elevador, Sílvio percebeu sua silhueta frágil, carregando
Nem uma alma viva. Lúcia se perdeu em pensamentos, ela lembrava que, naquela época, era a presidente do grêmio estudantil, responsável pela recepção dos calouros. Vestia um casaco vermelho, maquiada com esmero, quando viu Giovana trazendo Sílvio para se apresentar.Sem querer, levantou os olhos e viu Sílvio usando uma jaqueta jeans desbotada. Apesar do frio intenso e da neve caindo, ele estava com pouca roupa, mas mantinha a postura ereta. O mais marcante era o olhar dele, cheio de desdém e ironia.Naquele tempo, ela não entendia por que Sílvio não tentava agradá-la como os outros, com aquele comportamento frio e distante. Agora, sabia que foi por causa das duas vidas que foram perdidas antes de se encontrarem.Pensando no passado, o coração de Lúcia se encheu de sentimentos contraditórios. Nenhum dos dois falou enquanto davam uma volta completa pelo campus. No campo de esportes, havia jovens correndo e estudantes dedicados recitando em voz alta. Sob a luz do luar, casais se beijav
Lúcia terminou de fazer seu pedido e abriu os olhos, vendo que ele também estava de olhos fechados, fazendo um pedido. Ela ficou um pouco surpresa, pois em sua mente, ele não acreditava nessas coisas. Ela levantou a cabeça, olhando para as estrelas cadentes iluminando o céu, uma após a outra. Quando Sílvio terminou, eles finalmente deixaram a cidade universitária de carro. Ela olhava para fora da janela, observando a paisagem e as árvores passarem, sem dizer uma palavra. Ele dirigia em silêncio, com uma expressão impassível no rosto, enquanto a luz verde das árvores passava por seu rosto bonito, tornando-o ainda mais enigmático.Lúcia avistou um supermercado e disse que precisava comprar os ingredientes para o café da manhã do dia seguinte. Sílvio encostou o carro na calçada e começou a soltar o cinto de segurança. Lúcia franziu a testa:— Eu vou sozinha. Você pode voltar. Depois eu pego um táxi.A mão dele parou no meio do caminho para soltar o cinto. Lúcia estava sendo gentil,
— Vai custar duzentos reais. — Disse o menino, com seriedade.Sílvio deu um sorriso. Vendo-o sorrir, Lúcia e a avó do menino respiraram aliviadas. A avó apressou-se em desculpar-se:— Senhor, ele é só uma criança, não entende muito bem as coisas.— Eu não estou mentindo, é caro mesmo. Duzentos reais é o que meu pai ganha em um dia de trabalho sem comer nem beber.A sinceridade e a seriedade do menino fizeram Sílvio rir ainda mais:— Eu te perdoo, mas é melhor você não correr por aí em lugares públicos como o supermercado. Se quebrar algo, o prejuízo é o de menos. Se machucar, vai doer em você e deixar sua família triste.— Tá bom, vou lembrar disso. Você é um homem legal.O menino, com um sorriso radiante, deu um beijo estalado na bochecha de Sílvio. Sílvio ficou um pouco surpreso. Era a primeira vez que alguém o chamava de "homem legal". No mundo dos negócios, ele era conhecido por ser astuto e imprevisível; mas, para aquela criança, ele era apenas um bom homem. O olhar simples e p