Na manhã seguinte, Lúcia foi acordada pelo despertador às seis horas. Como não tinha folga, decidiu levantar cedo e ir até a Mansão do Baptista para buscar os itens essenciais que precisava levar para a casa de Sílvio.Ao abrir os olhos, notou que ele já não estava na cama. Sentiu o edredom ao seu lado, que estava frio, o que indicava que ele provavelmente havia se levantado há um bom tempo. Na noite anterior, ela havia sonhado que estava nos braços de Sílvio, com as pernas envolvidas em sua cintura, e ele não a empurrava, mas a abraçava com força. Infelizmente, os sonhos mais belos tinham um fim, e o que restava era a cruel e fria realidade.Depois de se arrumar, ela pegou um táxi de volta para casa, já que não estava se sentindo bem e preferia não dirigir. A empresa de mudanças, com a qual havia feito contato na noite anterior, estava esperando na porta.Após levar os itens para a mansão de Sílvio, já era sete horas. Ela se apressou em organizar as coisas, pendurou suas roupas
— Presidente Sílvio, eu errei ontem. — Lúcia começou, com uma voz hesitante.— É mesmo? Então me diga, o que você fez de errado? — Sílvio respondeu com frieza, continuando a folhear os documentos e assinando com uma caneta.Lúcia não sabia exatamente onde tinha errado, mas como precisava de sua ajuda, precisava se humilhar. O mais importante agora era conseguir o dinheiro.— Eu não deveria ter tomado a pílula anticoncepcional. Mesmo que eu a tomasse, deveria ter sido com a sua permissão. Vou me lembrar dos termos do contrato daqui para frente e serei obediente, sem discutir com você. Se você faz algo por mim, é uma oportunidade que você me dá e eu deveria agradecer, não te desagradar. Além disso, Basílio foi alguém que eu encontrei por acaso no supermercado. Ele me explicou que sua aposentadoria repentina não tem nada a ver com você e que eu havia entendido mal. Ele me ajudou a voltar para casa porque eu tinha muitas coisas, e eu paguei a ele pelo serviço, não foi um favor gratuito.Só
Lúcia segurava o porta-canetas com força.— Solte isso! — Ameaçou Sílvio.Ela não soltou.— Vou contar até três, Lúcia. Se você não voltar ao trabalho, eu garanto que vai se arrepender. — Sílvio contou até dois.Ela, sem coragem, colocou o porta-canetas de volta na mesa com força.Depois enxugou as lágrimas e saiu correndo do escritório do presidente.Lúcia sentou-se nos degraus e chorou por um tempo, então foi ao depósito, onde trocou de roupa, vestindo o uniforme sujo de faxineira. Pegou a vassoura e os equipamentos de limpeza e começou mais um dia de trabalho."Miserável do Sílvio, só sabe me humilhar, humilhar quem mais te ama. Quero ver quem você vai torturar depois que me destruir."Ela pensou que Sílvio a odiava tanto que, se ela morresse, ele só ficaria feliz, talvez até fizesse uma festa. Ele não sentiria tristeza alguma. "Ele sequer iria ao meu funeral? Provavelmente não. Ele já deve ter preparado meu caixão, esperando que eu morra logo."Sílvio a torturava porque achava que
Basílio, claro, percebeu a provocação e, sorrindo, respondeu:— Presidente Sílvio, independentemente de eu estar ou não na família Araújo, continuo sendo o presidente do Grupo Araújo. Adeus.Dito isso, ele colocou as mãos nos bolsos e se virou para sair.Sílvio semicerrou os olhos e ordenou a Leopoldo:— Investigue-o.— Sim, Presidente Sílvio.— Que horas são? — Perguntou Sílvio.— Uma da tarde. — Respondeu Leopoldo.— Lúcia já almoçou? — Continuou Sílvio.— Não, a Sra. Lúcia ainda está no primeiro andar, limpando.— Vá pegar uma refeição para ela no refeitório.Leopoldo sabia que essa era a maneira de Sílvio demonstrar preocupação com sua esposa.Ele foi rapidamente ao refeitório, pegou a comida e a entregou a Sílvio.Sílvio pegou a marmita, entrou no elevador e apertou o botão para o primeiro andar.Ele lembrava que Lúcia tinha hipoglicemia severa e, se não comesse na hora certa, poderia desmaiar.…No primeiro andar do Grupo Baptista.Apenas Lúcia estava ali, segurando uma vassoura
Ele estava preocupado que ela não tivesse comido a tempo e tivesse uma crise de hipoglicemia. E ela ali, flertando com outro homem!Sílvio sentia uma mistura de raiva e irritação ao vê-los juntos. Jogou o almoço no lixo ao lado e avançou rapidamente, posicionando-se entre Lúcia e Basílio, com os olhos semicerrados e uma expressão de descontentamento:— Sr. Basílio, você tem um gosto peculiar. Até para uma reunião de negócios, você arranja tempo para flertar com uma mulher casada?A tensão aumentou instantaneamente.— Sílvio, do que você está falando? Eu só encontrei o Sr. Basílio por acaso. — Lúcia não pôde deixar de se defender.Se não fosse pelo chocolate de Basílio, ela já teria desmaiado...Como Sílvio podia ser tão grosseiro nas palavras?Para Sílvio, a explicação de Lúcia soou como uma desculpa e uma tentativa de protegê-lo. Ele lançou um olhar gelado para Lúcia:— Se você não falar, ninguém vai te tomar por muda.— Presidente Sílvio, é assim que você trata sua esposa? Nem o míni
Ela enxugou as lágrimas e continuou limpando o prédio de escritórios. Limpou os dois prédios inteiros até uma da manhã. Estava tão exausta que suas pernas tremiam e seu estômago roncava, mas ainda tinha que continuar.Quando terminou, já eram duas da manhã. Arrastando seu corpo cansado, ela finalmente saiu do prédio do Grupo Baptista. O ar frio da noite a envolveu imediatamente. Ela planejava ir à loja de conveniência comprar um hambúrguer, mas nesse momento, um Bentley preto parou à sua frente.A porta do carro se abriu e Sílvio, sentado no banco do passageiro, com uma expressão fria, ordenou:— Entre no carro.— Não precisa se incomodar, Presidente Sílvio. Eu mesma pego um táxi.Lúcia sorriu amargamente, sabendo que, se entrasse no carro, ele a insultaria e ofenderia. Ela estava muito cansada para ouvir mais humilhações naquela noite. Quando estava prestes a se virar, ouviu uma risada fria e ameaçadora atrás dela:— Esqueceu do que está no contrato? Lúcia, estou esperando você
Sílvio franziu a testa:— Isso mesmo.— A Srta. Lúcia, ela...O médico estava prestes a dizer que ela tinha pouco tempo de vida e que estava grávida, precisando urgentemente de um aborto. Mas nesse momento, ouviram um fraco som de tosse vindo da cama.Sílvio e o médico olharam para Lúcia, que abrira os olhos, com a aparência muito debilitada.— Sílvio, eu gostaria de beber um pouco de água, pode me trazer um copo? — Lúcia pediu, com os lábios secos e rachados, fitando-o.Sílvio, vestido com um sobretudo preto, camisa branca e uma gravata preta, estava imponente, observando-a com intensidade. Sem expressão, ele desviou o olhar do rosto magro dela. O médico disse a ele que havia copos descartáveis no bebedouro do corredor.Ele saiu do quarto. Lúcia esperou até que ele desaparecesse completamente antes de se virar para o médico:— Não conte a ele sobre a minha condição.— Mas, Srta. Lúcia, ele é seu marido. Além disso, ele parecia estar preocupado quando a trouxe para cá. — O médico diss
Ela o encarava fixamente. Era óbvio que tinha ouvido suas palavras.Lúcia não se surpreendeu com a resposta dele. Afinal, ele sempre desejou sua morte. Mas ouvir isso repetidamente ainda a machucava.— Por que não está deitada? O que está fazendo perambulando por aí? — Sílvio perguntou, impaciente.Ela já estava acostumada com aquele tom de desdém. Continuava repetindo para si mesma que deveria se acostumar, que tudo isso se tornaria rotina.Desviando o olhar, entrou no banheiro. Com uma mão segurava o soro, e seus passos eram incertos, como se estivesse andando sobre um chão de algodão, um pé alto, outro baixo.Quase caiu, mas ele foi rápido o suficiente para segurá-la pelo braço.Lúcia, entretanto, se desvencilhou, olhando para o chão:— Não preciso da sua falsa preocupação.Ela entrou no banheiro e fechou a porta. Sílvio tocou o nariz, riu ironicamente. Falsa preocupação? Ele a tinha trazido ao hospital! Como Basílio podia dar-lhe um chocolate e ela sorria tão docemente, com olhos