Os dias foram se passando, cada um mais tenso e sem esperanças do que o anterior. Ashilley não sabia o que era pior: a dificuldade para encontrar Will ou o sarcasmo de Taylor. Evitava o marido tanto quanto possível, saindo cedo e voltando tarde. Uma noite, chegou depois de haver escurecido e encontrou Taylor zangado, andando pela sala. Foi o único momento em que ele perdeu o ar de indiferença.— Por onde andou até esta hora?— Foi difícil encontrar um táxi.— Não tem ideia de como é perigoso ficar perambulando sozinha nesta cidade?— Que diferença faz, afinal?— Pare com isso, Ashilley! Não quero mais que você chegue depois de escurecer. Se me desobedecer, não sairá mais desta casa, entendeu?Quando se viu sozinha no quarto, Ashilley tentou encontrar algum sentido no comportamento de Taylor. "Por que ele se preocupava tanto? Será que restava algum afeto?", Ashilley suspirou, ao pensar que a resposta era bem mais simples: ele apenas não queria tê-la como um peso na consciência.
Após a empregada se retirar, preparou um almoço substancial para Will: sopa, carne assada, salada, pão, manteiga e sobremesa. Embora não tivesse nem um pouco de pena, tinha que admitir que parecia fazer tempo que ele não comia direito. Depois de pôr a comida na mesa, voltou ao quarto para chamá-lo.A desordem com que se deparou fez os olhos de Ashilley faiscarem de raiva. As roupas de Ralph estavam empilhadas no chão e havia toalhas molhadas por toda parte. O espelho estava borrifado de água e o vidro de xampu sem tampa. Naquele instante, Will apareceu vestindo um robe de Taylor.— Você está bem aqui, não é? — ele observou. — O sujeito do quarto ao lado deve ser bem rico, a julgar pelo guarda-roupa.— Eu lhe disse para ficar neste quarto!— Você queria que eu voltasse a pôr aquelas roupas imundas? Ou talvez preferisse me emprestar uma de suas lindas camisolas? Não, garota, gosto mais disto aqui — ele disse, alisando a manga do robe de seda.— Você não tem o direito de mexer nas c
— É lindo! — murmurou.— Você está louca! — exclamou Will. — Se eu visse essa bugiganga em uma loja não daria mais de um dólar por ele.— Seu gosto é tão bom quanto o seu conhecimento das leis — comentou Taylor. — O roubo dessa "bugiganga" poderia lhe custar trinta anos na prisão.Will ficou mais pálido ainda.— Nós fizemos um trato! Você disse que eu ia escapar!— Não tenho nenhum interesse em mantê-lo aqui. Sente-se e fique comportado que eu vou dar um jeito de tirá-lo do país.O resto do dia foi marcado pela tensão. Taylor deu roupas limpas para Will e ordenou que ele permanecesse no quarto de hóspedes e não deixasse ninguém vê-lo. O rapaz estava tão apavorado que nem pensou em discutir as instruções.Após fazer alguns telefonemas, Taylor saiu de casa, deixando Ashilley ansiosa e irrequieta. "E se as autoridades não concordassem em fazer o acordo, mesmo tendo o amuleto de volta? Nunca acreditariam que ela não tinha nada a ver com o furto, ainda mais sendo uma especia
— Isso não é da sua conta.— Sempre gosto de saber o fim da história. Curiosidade de escritor. Você planeja fingir-se de noivinha tímida na sua noite de núpcias? E quando Ravier fizer amor com você? Será que vai conseguir demonstrar a mesma paixão com que respondeu a mim? — Ele levantou o queixo dela e fitou-a dentro dos olhos. — Responda, Ashilley!Ashilley sentiu que o quarto começava a virar na sua frente. Taylor segurou-a quando ela vacilou.— O que foi, querida? — perguntou, com ar preocupado. — Você não se sente bem?— Não é nada. Só fiquei um pouco tonta. Já estou bem.— Fique deitada. Vou buscar um pano úmido para colocar em sua testa. — Ele a ajudou caminhar até á cama e a ajudou a deitar.Quando Taylor saiu, Ashilley respirou fundo várias vezes. Precisava controlar o nervosismo ou ele começaria a suspeitar. Poderia até perder o bebê! Diante do pensamento terrível, colocou as mãos protetoras em torno da barriga.Taylor voltou logo depois com uma toalha úmida. Tirou-lhe
Ashilley Hilden sentou-se próximo à fogueira do acampamento, procurando se aquecer. Ao seu lado encontravam-se dois homens, que a luz do fogo iluminava em um vago tom dourado.— Não é espantosa a rapidez com que esfria no deserto? — ela comentou com os companheiros. — Parece impossível que aqui seja tão quente durante o dia e tão frio à noite.O mais jovem dos rapazes voltou-se para ela com um sorriso Sarcástico.— Isso não devia surpreendê-la. Não é assim com sua vida também? — O olhar dele percorreu-lhe o corpo como se quisesse tirar-lhes as roupas, usava shorts jeans e uma camisa branca de algodão.Os olhos verdes de Ashilley brilharam de raiva. Will Kennet havia sido desagradável desde que iniciaram a viagem a Yahren, o pequeno país desértico no Norte da África. Ela chegou à conclusão de que ignorá-lo era a melhor coisa que tinha a fazer. Levantou-se e dirigiu um sorriso para o homem mais velho.— Boa noite, Roby. Eu vou me deitar.— Eu também vou, embora não me seja nada agradáve
O que quer que ele estivesse dito, causou um tumulto de protesto entre os homens reunidos. Akmed, porém, exibia um ar de aprovação e seus olhos brilhavam de ganância ao estender a mão na direção do desconhecido, para receber dele uma pequena bolsa de couro. Ashilley assistiu atordoada à transação, sentindo a realidade fugir do alcance de sua compreensão. Mas, quando o retardatário aproximou-se da mesma e envolveu-lhe a cintura com o braço, ela recuperou a consciência e lutou com todas as forças de que era capaz seu corpo esguio.— Não pode fazer isso comigo! ― gritou, batendo com os punhos no peito sólido como rocha de seu raptor. O braço que lhe prendia a cintura com firmeza revelava que o esforço era inútil, mas mesmo assim Ashilley continuou a resistir freneticamente.Ele inclinou a cabeça até encostar-lhe a boca no ouvido.— Eu aconselharia você a cooperar, a menos que goste da ideia de se tornar um brinquedo nas mãos de um desses homens.Ashy ficou tão surpresa que amoleceu o cor
Após pentear os cabelos molhados, Ashilley voltou para o quarto com a vaga ideia de olhar o guarda-roupa. Talvez algum hóspede anterior pudesse ter deixado algo que ela pudesse usar. Antes de cumprir seu propósito, percebeu algo sobre a cama e aproximou-se para identificar o que seria. Encontrou um vestido branco de algodão, e roupas íntimas.Feliz por ele ter resolvido seu problema, Ashilley pendurou a toalha em um cabide e começou a se vestir. Foi então que se lembrou de que havia deixado a porta do banheiro aberta enquanto tomava banho. "Será que ele a tinha visto?", pensou. Sentiu o corpo todo esquentar diante da possibilidade, mas convenceu a si própria de que aquilo era apenas uma reação da raiva. O vestido lhe coube perfeitamente. Não havia como arrumar sandalias, mas não se importava por ficar descalça. Era um alívio estar limpa e vestida de modo decente. Os cabelos, já quase secos, foram penteados para trás.Taylor a esperava na sala, vestindo uma calça caqui que moldava os q
— Percebe o perigo em que se coloca se estiver mentindo para mim? Não posso escondê-la para sempre e, quando a polícia a encontrar, você vai pegar uma sentença dura. As prisões aqui não são lugares agradáveis, Ashilley. Odiaria ver você enfiada em uma dessas celas por alguns anos.— Eu também não vou ficar muito satisfeita. — Ashy tentou não demonstrar pânico, mas o tremor da voz a traiu.— Você jura que não está envolvida nesse negócio com Will Kennet?— Eu gostaria de nem estar no mesmo país que ele. Will tornou minha vida quase, insuportável desde o dia em que começamos o trabalho. Roby até teve que permanecer no acampamento depois de terminar sua parte, porque ficou com receio de me deixar sozinha com ele.— Parece o tipo de sujeito que faria mesmo uma estupidez, como roubar uma peça arqueológica de valor.Ashilley levantou-se, mais animada.— Quer dizer que você acredita em mim?— Acredito. Mas continuamos com um problema.Os olhos dela encheram-se de lágrimas. O pesadelo ainda e