As primeiras semanas foram um turbilhão de emoções e adaptações para Emma e Anthony. O apartamento que antes era tão bem organizado, agora tinha fraldas espalhadas por todos os lados, roupinhas jogadas no cesto e uma pilha crescente de mamadeiras para lavar. Sophie com seus chorinhos que intercalavam com sonecas curtas, dominava completamente a rotina deles.Na primeira noite em casa, Emma e Anthony mal dormiram. Sophie acordava a cada duas horas e os dois tentavam se revezar, mas a verdade era que Emma se sentia incapaz de descansar enquanto a filha estava acordada.— Eu prometo que na próxima vez eu levanto — Anthony murmurou com a cabeça tombando para o lado enquanto segurava a mão de Emma na cama.Emma com Sophie nos braços, olhou para o marido exausto e sorriu de leve.— Está tudo bem. Eu queria ter certeza de que ela estava bem.Anthony suspirou e passou a mão no rosto.— Ela está bem, amor. Nós que estamos um desastre. Mas um desastre funcional, eu acho.Emma riu baixinho, obse
O primeiro aniversário de Sophie chegou tão rápido que Emma e Anthony mal conseguiram acompanhar. Parecia que foi ontem que eles a trouxeram para casa, tão pequenininha e frágil. O último ano passou como um piscar de olhos, recheado de mamadeiras, trocas de fraldas, noites em claro e muitas risadas. Agora estavam preparando uma festinha simples, mas cheia de carinho para celebrar o primeiro ano de vida da filha. Era um momento especial, um marco que mostrava o quanto Sophie havia crescido e como a vida deles havia mudado para melhor desde sua chegada.O apartamento foi decorado com tons suaves de rosa e branco, balões espalhados pelo chão e uma mesa modesta com um bolo delicado e alguns docinhos caseiros. Amigos e familiares se reuniram para celebrar a pequena, que agora, mais esperta do
Anos atrásEu tinha medo de permanecer ali. Tinha medo do que ele poderia me fazer caso perdesse a cabeça como das outras vezes. Sabia que Ethan não mudaria, já havia anos que ele mantinha aquela postura autoritária, como se tivesse algum domínio sobre mim. E, de certa forma, ele tinha.Sentada na cama velha do meu quarto, encarei a parede cinza à minha frente, onde a tinta descascava em pequenas lascas. O teto exibia manchas de infiltração, e o chão de madeira rangia a cada movimento. A casa inteira precisava de reparos urgentes, mas nunca houve interesse em consertá-la. O cheiro de mofo impregnava o ambiente, tornando tudo ainda mais sufocante.Pensei em como minha vida poderia ser diferente se meus pais nunca tivessem me abandonado. Talvez, agora, eu estaria cursando uma faculdade, teria amigos que frequentariam minha casa e, quem sabe, um namorado. Nossa casa seria espaçosa, com quartos grandes e uma piscina nos fundos, onde passaríamos os finais de semana reunidos em família. Sim
Por um breve instante, o silêncio ensurdecedor pairou entre nós.O senhor Cooper não desviou o olhar, e eu senti um frio na barriga que chegava a doer. Não pelo medo, mas pela imponência que ele exalava. Seu olhar era avaliador, frio, calculista, como se estivesse determinando se eu era digna de ocupar aquele cargo.— Seja bem-vinda, senhorita Clarke — disse ele, finalmente, com uma voz grave e firme.Sua entonação carregava um tom de autoridade natural, daquele tipo de homem que está acostumado a comandar tudo e a todos com pulso firme. Ele estendeu a mão, e eu a apertei com profissionalismo, embora sentisse o calor e a força de seu aperto e o frio que antes sentia na barriga subir para a coluna.— Obrigada, senhor — respondi, mantendo a voz firme, tentando disfarçar o nervosismo.Ele soltou minha mão e virou-se para a loira que o acompanhava.— Alguma pendência para hoje? — perguntou sem rodeios.— Sua agenda está na sua mesa, junto com os contratos para análise — informou ela, mant
Voltei para minha mesa sentindo o peso daquelas últimas palavras: “Não me decepcione.” Não sei por que aquilo mexeu tanto comigo, mas a verdade é que Anthony Cooper não era um homem fácil de ignorar. Ele exalava autoridade, controle e… algo mais. Algo que fazia minha pele arrepiar sempre que seus olhos se fixavam nos meus. Era como se ele pudesse me decifrar, despir com aqueles olhos profundos como o mar.Respirei fundo tentando esquecer o que sua presença me causava, eu não podia me distrair. Tentei focar no trabalho. Passei as horas seguintes organizando reuniões, atendendo ligações e respondendo mais e-mails. Queria mostrar que estava à altura do cargo, que merecia estar ali porque eu era a melhor.O relógio marcava quase meio-dia quando a porta do escritório dele se abriu. Meu coração acelerou, outra vez, mas mantive a postura profissional.Anthony saiu da sala ajustando os punhos da camisa, agora com o paletó novamente no lugar. Seu olhar encontrou o meu por um breve momento ante
O silêncio que pairava entre nós era carregado de algo que eu não queria nomear porque sabia que era mais que errado.Sentada à frente do meu chefe, em um restaurante luxuoso no coração de Nova Iorque, eu sentia o peso da sua presença como uma tempestade prestes a se formar no horizonte vindo na minha direção. Ele me observava com aquele olhar afiado, desafiador como se pudesse me dissecar e descobrir cada segredo meu. Mas eu não cederia. Não ao jogo dele.O garçom serviu a taça de vinho à minha frente, e eu a girei entre os dedos, observando o líquido escarlate deslizar pelas laterais do cristal.— Você não bebe? — Anthony perguntou, erguendo uma sobrancelha. Seu tom era neutro, mas havia um interesse sutil em sua voz. Era perceptível.— Prefiro manter a cabeça clara no trabalho, senhor. — Respondi, antes de levar a taça aos lábios e dar um pequeno gole. Ele sorriu de canto, como se achasse graça da minha resposta.— Inteligente. Gosto disso.Fingi não perceber o elogio velado e foqu
O dia no escritório foi intenso. Depois do almoço tenso como o meu chefe, mergulhei de cabeça nas tarefas. Meu trabalho consistia em organizar sua agenda, filtrar ligações, responder a inúmeros e-mails e lidar com contratos e documentos importantes. A pressão era enorme, mas eu gostava de desafios, era uma maneira de provar a mim mesma que eu podia fazer aquilo. Me mantive ocupada, evitando pensar nos olhares prolongados do meu chefe e na energia carregada que pairava entre nós antes, durante e depois daquele estranho almoço. Onde é que eu estava com a cabeça quando aceitar almoçar com ele?Quando o expediente chegou ao fim, senti um alívio enorme percorrer meu corpo. Era como se um peso saísse das minhas costas me fazendo respirar outra vez. Peguei minha bolsa e saí do imponente prédio, respirando o ar frio da cidade. Caminhei até o ponto de ônibus e esperei pacientemente pela minha condução que estava atrasada.O trajeto de volta para casa foi longo. O ônibus estava lotado, como sem
O telefone em minha mão ainda vibrava, mas minha atenção estava longe da chamada. Meus olhos ficaram presos na porta por onde Emma havia saído. Era estranho como ela conseguia entrar e sair de um ambiente, deixando uma presença quase palpável, mesmo na ausência. Respondi ao telefonema com brevidade e voltei para minha sala, mas minha mente insistia em voltar àquela troca.De volta à segurança da minha mesa, tentei me concentrar nos relatórios do dia, mas cada linha lida parecia ser interrompida por flashes dela: o jeito que sustentava o olhar, o tom direto e profissional, aquele meio sorriso desafiador. Eu me irritava comigo mesmo por estar tão distraído, mas, ao mesmo tempo, não conseguia evitar.Algumas horas depois, enquanto o escritório começava a esvaziar, notei a luz acesa na sala de conferências. A curiosidade me venceu, e fui até lá. Emma estava sentada, o blazer pendurado na cadeira ao lado, os cabelos soltos agora, caindo em ondas suaves sobre os ombros. Ela estava absorta,