Apaixonada pelo meu chefe
Apaixonada pelo meu chefe
Por: Viviane
Capítulo 1

Anos atrás

Eu tinha medo de permanecer ali. Tinha medo do que ele poderia me fazer caso perdesse a cabeça como das outras vezes. Sabia que Ethan não mudaria, já havia anos que ele mantinha aquela postura autoritária, como se tivesse algum domínio sobre mim. E, de certa forma, ele tinha.

Sentada na cama velha do meu quarto, encarei a parede cinza à minha frente, onde a tinta descascava em pequenas lascas. O teto exibia manchas de infiltração, e o chão de madeira rangia a cada movimento. A casa inteira precisava de reparos urgentes, mas nunca houve interesse em consertá-la. O cheiro de mofo impregnava o ambiente, tornando tudo ainda mais sufocante.

Pensei em como minha vida poderia ser diferente se meus pais nunca tivessem me abandonado. Talvez, agora, eu estaria cursando uma faculdade, teria amigos que frequentariam minha casa e, quem sabe, um namorado. Nossa casa seria espaçosa, com quartos grandes e uma piscina nos fundos, onde passaríamos os finais de semana reunidos em família. Sim, seria muito bom. Mas essa não era minha realidade.

O estrondo da porta do quarto ao lado me trouxe de volta ao presente. Levantei-me depressa, o coração acelerado, esperando mais um ataque de fúria dele. Mas, dessa vez, o silêncio prevaleceu. Um alívio percorreu meu corpo quando ouvi o motor do carro dar a partida. Ele havia saído. Aquela era minha chance.

Peguei minha mochila velha e joguei dentro dela algumas peças de roupa, meus documentos e o pouco dinheiro que encontrei escondido debaixo de um jarro na cozinha. Não havia muito para levar. Nada ali era realmente meu, e mesmo que fosse, não queria carregar nada que me lembrasse do sofrimento vivido naquela casa.

Atravessei a porta sem olhar para trás. Deixaria aquela casa e tudo o que representava no passado. O medo, a dor e a submissão ficariam para trás. Era hora de recomeçar.

Mesmo sozinha, me senti livre pela primeira vez em anos.

Assim que o ônibus parou, caminhei apressada até a entrada da casa da minha única amiga. Olivia não fazia ideia do que eu passava. Nunca gostei de contar sobre minha vida, e sabia que ela não insistiria em saber, caso eu não quisesse falar. Era apenas uma das muitas qualidades que eu amava nela.

Olivia abriu o portão e sorriu ao me ver.

— Preciso de ajuda — disse sem rodeios.

***

Tempos atuais

As noites mal dormidas finalmente estavam valendo a pena. Depois de meses encarando ônibus lotados, batalhando por um emprego melhor que pagasse mais que algumas gorjetas, eu começava a ver os frutos do meu esforço.

Olhando para meu reflexo no pequeno espelho do apartamento de dois cômodos, um sorriso satisfeito brotou em meus lábios. O vestido vinho que Olivia me dera no ano passado finalmente estava sendo usado. O tecido leve abraçava meu corpo na medida certa, terminando no meio das coxas, dando a ilusão de pernas mais longas. Talvez fossem os saltos altos que me faziam parecer mais esguia. Meus cabelos ruivos, soltos e levemente ondulados nas pontas, realçavam meu rosto de traços delicados. A maquiagem era sutil, apenas o suficiente para iluminar minha pele clara e destacar os olhos verdes.

Peguei minha bolsa, mais um presente de Olivia, e saí de casa. O céu estava lindo naquela manhã. O sol começava a se erguer sobre os arranha-céus de Nova Iorque, pintando o horizonte com tons dourados. O frio leve fazia as pessoas apertarem os casacos contra o corpo enquanto caminhavam apressadas.

Olhei o relógio. Ainda tinha uma hora até meu expediente, tempo suficiente para pegar o ônibus e chegar ao escritório. Meu peito se encheu de orgulho ao pensar que, depois de tanto esforço, havia conseguido uma vaga em uma das maiores empresas de joias do país. Era um sonho que eu jamais ousara ter, mas ali estava eu, prestes a dar um grande passo.

Lembrei-me da emoção ao receber o e-mail de aprovação. Eu chorei feito criança na casa da Olivia.

— Parabéns, Emma! — ela me abraçou forte. — Eu sabia que você conseguiria.

— Obrigada, amiga. Se não fosse pelo seu apoio e ajuda, eu nunca teria passado.

Olivia sorriu.

— Eu só te apoiei. O mérito é todo seu!

Agora, caminhando rumo ao novo futuro que me aguardava, repassei mentalmente tudo o que havia aprendido nos cursos online. A internet me ensinara mais do que qualquer escola poderia ter feito.

Quando desci do ônibus, parei por um instante para absorver a imagem diante de mim. O prédio da Precious Ambition era imponente, feito de vidro reluzente e aço, refletindo o céu azul acima. Era elegante e sofisticado, com detalhes dourados que ressaltavam sua grandeza. Pessoas bem-vestidas entravam e saíam apressadas, como se carregassem o peso do mundo sobre os ombros.

Respirei fundo, tentando controlar a ansiedade.

— Você consegue — murmurei para mim mesma, como um mantra.

E então, com determinação, dei o primeiro passo para dentro do meu novo começo.

Depois de pegar meu crachá e preencher alguns papéis, finalmente assumi meu posto. Sentada atrás de um balcão imponente de granito negro, sorri ao atender as primeiras ligações, mantendo a postura impecável. Fiz tudo exatamente como me foi instruído, não podia cometer erros.

O ambiente ao meu redor era sofisticado, o piso de mármore refletia as luzes suaves do teto, e o sutil aroma de café misturado ao perfume caro das executivas preenchia o ar. Tudo ali exalava riqueza e poder.

O som das portas do elevador deslizando para os lados fez com que eu erguesse os olhos.

— Senhor O’Connel — anunciou uma loira alta e elegante, seu salto ecoando no piso. — Esta é Emma Clarke, sua nova secretária.

Foi então que o vi.

Ele saiu do elevador com passos firmes, vestindo um terno impecável que parecia moldado para seu corpo atlético. Alto, ombros largos, mandíbula esculpida como se tivesse sido esboçada à perfeição. Seus olhos azuis tão intensos quanto o oceano em um dia de tempestade, me analisaram com tamanha profundidade que quase senti minha respiração vacilar. Havia algo neles, um olhar afiado e calculista, como se estivesse tentando decifrar cada pensamento meu antes mesmo de eu ter consciência deles.

Engoli em seco, mantendo a compostura. Trabalhar ali já parecia um desafio, mas trabalhar para ele… seria um verdadeiro teste de fogo.

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